Psicoterapia Breve

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PSICOTERAPIA BREVE PSICANALÍTICA Acadêmicas: Isabela Comparin Jordana Passos

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Psicoterapia breve psicanaltica

Psicoterapia brevepsicanalticaAcadmicas: Isabela ComparinJordana Passos

ORIGENS DA PSICOTERAPIA BREVEPor volta de 1920, quando Freud propunha um aprofundamento da metapsicologia, Ferenczipreocupava-se com a prxis, com o estudo da relao teraputica e com a contratransferncia. Para ele, a questo principal no seriam as lembranas, ou as construes em anlise, mas a vivncia dos conflitos do cliente na relao transferencial. Ferenczi acreditava que essa abordagem poderia encurtar o tempo da terapia, porque a rememorao do infantil no seria obrigatria em todos os seus detalhes.Em 1941, em Chicago, sob a influncia de Franz Alexander, ocorreu o primeiro congresso destinado psicoterapia breve. Na dcada de 1950, Balintpassou a divulgar os ensinamentos de Ferenczi e os utilizou no trabalho que desenvolveu na Tavistok Clinic, Inglaterra. Malancontinuou sua obra, demarcando a importncia da interpretao transferencial e do tempo limitado. Gillironprops o trabalho com as associaes livres, salientando a importncia da interpretao transferencial e do enquadre.VISO DE MUNDO E DE HOMEMO ser humano, a fim de que possa acontecer e emergir como si mesmo, precisa iniciar seu processo de constituio a partir de uma posio, um lugar, na subjetividade do outro. No possvel se falar de algum sem que se fale de um outro.Com a evoluo do self, medida que a pessoa caminha rumo ao campo social, h a necessidade de que o indivduo possa articular, ao mesmo tempo, a vida privada e a vida social, para encontrar, no campo social, inseres que preservem o seu estilo de ser e a sua histria. Ou seja, na relao com o outro e sua insero no meio social que determina o sentido de existncia do indivduo.

VISO DE MUNDO E DE HOMEMA sociedade contempornea est em constante transformao. Hoje encontramos uma sociedade imediatista, com padres de rotina ligada rapidez, fast-food, eficincia e dinamismo. As novas demandas sociais exigem do trabalho do psiclogo novas atuaes profissionais, a fim de acompanhar e dar conta dessa tendncia (MAHFOUD, 1999).Assim, a psicoterapia brevetem como caractersticaumfoco estabelecido eo limite do tempo reduzido,pode se dar em algumas sesses ou em poucos meses.Isto a fim de proporcionar um atendimento psicoterpico eficaz e rpido para a demanda imediatista do mundo atual.

TEORIA DO DESENVOLVIMENTOFASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUALFase oral: a boca constitui-se como a zona ergena que experimenta a libido oral e suas gratificaes, como no ato da amamentao. Corresponde ao primeiro ano de vida.Fase anal: o controle dos esfncteres a principal fonte de prazer, juntamente com as fantasias de agresso contra os pais ou como forma de presente-los, controle onipotente, gratificao, culpa etc. tpicas dessa fase. Corresponde ao segundo e terceiro anos de vida e pode ser dividida em expulsiva e retentiva.TEORIA DO DESENVOLVIMENTOFase flica: o prazer origina-se predominantemente pela excitao dos rgos genitais. Nessa fase entram em cena a masturbao, a curiosidade sexual, a fantasia da cena primria e o complexo de dipo.Complexo de dipo: fase em que a criana experimenta um conjunto de desejos amorosos e hostis com relao aos seus pais, ocorrendo por volta dos trs anos de idade. Abrange duas formas: positiva, que consiste no desejo sexual pelo genitor do sexo oposto e um cime ou desejo de desaparecimento do outro, e negativa, na qual h um desejo sexual pelo genitor do mesmo sexo.TEORIA DO DESENVOLVIMENTOPara a psicanlise, o complexo de dipo representa um papel organizador essencial para a organizao da personalidade, pois ele abre caminho para a triangulao, determina a formao de identificaes e surgimento da angstia de castrao e torna possvel o ingresso em uma genitalidade adulta.Perodo de latncia: fase em que ocorre uma represso da sexualidade infantil, com uma amnsia relativa s experincias anteriores e se estrutura um reforo das aquisies do ego. Esse perodo situa-se aps os seis anos de idade e considerado como aquele que consolida a formao do carter.TEORIA DA PERSONALIDADEFreud, em seu artigo Tipos libidinais, props trs tipos psicolgicos, classificados com base na situao libidinal. So eles:Tipo ertico: voltado para o amor Amar, mas acima de tudo ser amado, so dominados pelo temor de no serem amados;Tipo narcsico: independente e no se abre intimidao, no existe tenso entre o ego e o superego e o principal interesse do indivduo se dirige a sua auto-preservao, tende a ser auto-suficiente;Tipo obsessivo: distingue-se pela predominncia do superego, so dominados pelo temor da sua conscincia.TEORIA DA PERSONALIDADEBaseado nos tipos obsessivo, narcsico e ertico descritos por Freud, pode se inferir que eles correspondem respectivamente aos tipos neurtico, psictico e estado-limite descritos por Jean Bergeret no livro Personalidade normal e patolgica.Hegemberg utiliza esta descrio, pois, auxilia no processo de avaliao diagnstica j que ela permite uma apreenso imediata do funcionamento psicolgico do paciente, desde os primeiros momentos da sesso inicial.Bergeret descreve duas estruturas de personalidade (neurtica e psictica) e uma organizao (estado-limite). Para ele a estrutura definitiva e a organizao instvel.

TEORIA DA PERSONALIDADETipos de PersonalidadeInstncia dominante na organizaoNatureza do conflitoNatureza da angstiaDefesas principaisRelao de objetoNeurticoSuperegoSuperego com o IdCastraoRecalcamentoGenitalPsictico Id Id com a realidadeFragmentaoRecusa da realidade, clivagem do ego, projeoPulsionalEstado-limiteIdeal de egoIdeal de ego com Id e realidadePerda do objetoClivagem dos objetosAnaclticaTEORIA DA PERSONALIDADEEsses tipos so tericos;Podem ser encontrados de forma mista: EL/N, EL/P e PN;No correspondem a quadros clnicos;Podem passar da normalidade patologia, em diferentes graus, assim como o psictico normal e o psictico patolgico.Todos temos caractersticas do trs tipos, no entanto, h um tipo que predomina.

FUNCIONAMENTO SAUDVEL E NO SAUDVELPara a psicoterapia breve quando se fala em saudvel ou no saudvel est se perguntando se o paciente est ou no em CRISE, ou beira dela.Ser entendido por crise: uma ruptura de equilbrio, um corte na subjetividade, uma ruptura no sentido da vida.

FUNCIONAMENTO SAUDVEL E NO SAUDVELCONCEITO DE CRISEA crise no ocorre, necessariamente, em funo da angstia, ou por causa das circunstncias da vida, como casamento, desemprego, promoo no trabalho, ou em virtude do falecimento de algum ou a uma doena grave, ou de momentos de passagem como a adolescncia ou a menopausa, entre outros.Cada pessoa segue o seu caminho baseando-se num sentindo para sua vida por meio das experincia em suas primeiras relaes significativas. importante conhecer o estilo pessoal de cada sujeito, o que ele faz, como se veste, seus hbitos, preferncias, sua viso de mundo. Porque durante a crise, as caractersticas da personalidade esto mais exaltadas ou inibidas.

FUNCIONAMENTO SAUDVEL E NO SAUDVELA CRISEA crise se instala quando o sentido da vida sofre uma quebra. Assim, o sujeito est impossibilitado de se auto-perceber, a nova situao o colocou fora da sua vida, est alienado, etimologicamente estranho a si mesmo. A crise geralmente leva aos sintomas.Por exemplo: a sndrome do ninho vazio.O EQUILBRIOO equilbrio se d na sustentao das experincias emocionais atuais, baseadas nas figuras significativas primitivas. Uma pessoa que est em crise ou beira dela tem por opo a mudana ou restabelecer o equilbrio anterior, cabe ao terapeuta identificar qual a demanda.

FUNCIONAMENTO SAUDVEL E NO SAUDVELO MANEJOPaciente fora da crise o foco ser estabelecido nas caractersticas da personalidade do paciente ligadas ao motivo da consulta, apropriada para pacientes que, embora em sofrimento, no est em crise.O terapeuta, aps a apreenso do estilo do paciente, centrar a terapia no esclarecimento de seu modo de funcionamento, a partir do trs tipos de personalidade. A compreenso de si mesmo a partir da analise de suas caractersticas de personalidade proporcionar reflexo sobre si mesmo e o auxiliar a lidar com a angustia.So pacientes que no resistiriam a um tratamento psicoterpico longo, geralmente dura de 2 a 4 meses, justamente pelo fato de que a pessoa pretende apenas deixar seus conflitos e sua angstia de lado.

FUNCIONAMENTO SAUDVEL E NO SAUDVELPaciente beira da crise Faz-se necessria uma avaliao da capacidade do sujeito atravessar (ou no) a crise. Caso no tenha condies, isto , esteja fragilizado demais para se aventurar a realizar mudanas com desfechos imprevisveis ou que no tenha demanda para tal, cabe indicar a PB para que o sujeito lide com as suas caractersticas de personalidade. So numerosos os pacientes nessa situao.Pacientes em crise necessita de maior tempo de terapia, devido crise e a demanda para a mudana. Dura de 6 meses a um ano. O foco centrado na crise, levando-se em conta a demanda e as caractersticas ligadas ao tipo de personalidade.

MTODOS E TCNICASNa psicoterapia breve no o tempo de durao da sesso ou a frequncia por semana que determina seu mtodo. O nmero de sesses ou meses tambm variado, contudo, o limite de um ano aceito para que se considere uma terapia como breve.No contrato inicial paciente e terapeuta entram em acordo quanto durao da terapia e ela ser respeitada, terminando no prazo previsto. O tempo limitado d contornos relao terapeuta-paciente, modificando-a em relao terapia sem prazo definido. MTODOS E TCNICASSegundo Gilliron (1983), a limitao do tempo na terapia tem um valor interpretativo, porque ela introduz o princpio de realidade, de limite e separao, remetendo castrao. Alm disso, a limitao do tempo de tratamento permite que o terapeuta tenha um papel ativo no processo.O limite de tempo inibe as satisfaes regressivas, altera o benefcio secundrio dos sintomas e a compulso repetio se modifica a partir da castrao.

MTODOS E TCNICASEm geral distinguem-se quatro fases no tratamento:Avaliao;Focalizao: nessa etapa faz-se necessrio um planejamento do tratamento e este decorre da focalizao;Elaborao: o paciente se situa entre resistncia e mudana. O terapeuta utiliza-se muito da interpretao;Fase final: coloca em jogo a separao.O foco tem origem emprica, e pode ser, por exemplo: o sintoma, as defesas, a pulso, a relao objetal, um trao de carter, um conflito, uma hiptese psicodinmica de base. Segundo Gilliron (1998), a focalizao incidir sempre no ponto fragilizado da personalidade. MTODOS E TCNICASQUATRO TAREFASNa psicoterapia breve psicanaltica, segundo Hegenberg, so utilizadas quatro tarefas iniciais que tm como objetivo estabelecer uma aliana teraputica e o incio da elaborao em torno da angstia que o paciente consulta. Essas quatro fases so:Formular uma interveno inicial baseada na angstia que motivou a procura por auxlio: interveno verbal permeada pela escuta do motivo da consulta e pela avaliao inicial da personalidade.Reconhecer se h crise ou no: identifica-se mediante por meio de perguntas dirigidas ao paciente, tais como perspectivas de vida, sentido da existncia, pretenses quanto ao futuro, com o objetivo de verificar se o sentido de vida se modificou.MTODOS E TCNICASDistinguir o foco: se d sobre as angstias (castrao, fragmentao ou perda do objeto) ligadas aos tipos de personalidade, respeitando sua subjetividade singular, bem como sua histria de vida.Decidir a indicao: o momento da indicao de psicoterapia (se ser breve, de apoio, longa ou termina nas quatro fases), do contrato. Para a indicao preciso ter clareza de alguns pontos, tais como demanda de anlise, possibilidade de atravessar a crise, possibilidade de focalizao, existncia ou no de crise e avaliao do tipo de personalidade do paciente.

MTODOS E TCNICASA psicoterapia breve considera as tcnicas utilizadas pelo vrtice psicanaltico organizadas em quatro pilares fundamentais: a investigao/anlise transferencial, a interpretao, a utilizao das associaes livres/ateno flutuante e o respeito neutralidade. Tanto a psicanlise clssica quanto a psicoterapia breve utilizam o vrtice psicanaltico, o que diferencia as duas o enquadre.

ALTANo trmino do tratamento, a separao complicada tanto para o paciente como para o terapeuta. Este deve abrir mo de seu narcisismo ao propor a realizao de uma psicoterapia breve, caso contrrio, seu desejo de perfeio poder comprometer o trmino do processo, no sentido de desconsiderar a melhora do paciente. A alta deve ser combinada na hora do contrato.H pacientes que sentiro a separao como abandono, outros como castrao, e ainda pode ser vista como um fator de desorganizao interna, por no se sentirem preparados para enfrentar um fato novo. Depois da alta, o terapeuta pode marcar um retorno, num perodo de seis meses.

INDICAOA indicao para uma psicoterapia breve mais restrita que para o tratamento padro, considerando que o paciente deve ser capaz de focalizar, de reconhecer os limites de tempo e de poder aproveitar a terapia neste menor espao de tempo, o que um psictico em surto, por exemplo, no conseguiria.A psicoterapia breve pode ser psicanaltica, egoica, psicodramtica, comportamental-cognitiva, gestalt, pode ser de carter individual, casal, grupal, familiar, pode ocorrer em consultrios, hospitais, instituies diversas, pode ser destinada a crianas, adultos, idosos.

REFERNCIASMAHFOUD, M. (org).Planto Psicolgico: novos horizontes.So Paulo: Editora: C.I., 1999.

HEGENBERG, M.Psicoterapia breve. 3. ed. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2010.

ZIMERMAN, D. Fundamentos psicanalticos: teoria, tcnica e clnica. Porto Alegre: Artmed, 1999.