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Panorama dos Novos Movimentos Religiosos e Espirituais em Moçambique, Frei Amaral Bernardo, OFM 237 PANORAMA DOS NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS ESPIRITUAIS EM MOÇAMBIQUE Frei Amaral Bernardo, OFM Introdução É nos pedido para falar da realidade dos movimentos religiosos espirituais em Moçambique, no quadro dos estudos e reflexão pastoral sobre os espíritos, nesta Semana Teológica que já goza de uma certa tradição, como momento nacional de pesquisa, reflexão e partilha. Sinto imenso gosto de colaborar embora esteja consciente das minhas limitações, sobretudo por se tratar de uma área sobre a qual ainda não me tinha debruçado suficientemente.. O fenómeno da rápida expansão e proliferação de novos movimentos religiosos espirituais é uma realidade que nos entra pelos olhos a dentro, não somente nas zonas urbanas, como acontecia em épocas anteriores, mas também nas zonas rurais mais remotas do interior do País. Trata-se de um fenómeno que preocupa devido à sua força prolífera e ao ritmo vertiginoso com que cresce em todos os Países. Com efeito, de um total de 5.910.000 de seguidores em 1900, o número passou rapidamente para 108.505.600 em 1986 1 . números sobretudo preocupantes pelo que podem significar. Estas cifras são um sintoma claro de que uma “infecção grave” pode estar a minar todo o organismo social, cultural e eclesial tradicionalmente estabelecido. Moçambique não faz excepção. Tem se assistido a uma explosão de novos movimentos religiosos, os que entram de for a e os que nascem por “partenogénese” dos grupos e seitas já existentes. Tornou-se-me difícil conseguir dados estatísticos objectivos para falar da situação actual dos novos movimentos 1 Cf. Altino Alaiz PIETO, As Seitas e os Cristãos, Ed. São Paulo, Lisboa 1994 p.13

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PANORAMA DOS NOVOS MOVIMENTOSRELIGIOSOS ESPIRITUAIS EM MOÇAMBIQUE

Frei Amaral Bernardo, OFM

Introdução

É nos pedido para falar da realidade dos movimentosreligiosos espirituais em Moçambique, no quadro dos estudos ereflexão pastoral sobre os espíritos, nesta Semana Teológica quejá goza de uma certa tradição, como momento nacional depesquisa, reflexão e partilha. Sinto imenso gosto de colaborarembora esteja consciente das minhas limitações, sobretudo porse tratar de uma área sobre a qual ainda não me tinha debruçadosuficientemente..

O fenómeno da rápida expansão e proliferação de novosmovimentos religiosos espirituais é uma realidade que nos entrapelos olhos a dentro, não somente nas zonas urbanas, comoacontecia em épocas anteriores, mas também nas zonas ruraismais remotas do interior do País. Trata-se de um fenómeno quepreocupa devido à sua força prolífera e ao ritmo vertiginoso comque cresce em todos os Países. Com efeito, de um total de5.910.000 de seguidores em 1900, o número passou rapidamentepara 108.505.600 em 19861. números sobretudo preocupantespelo que podem significar. Estas cifras são um sintoma claro deque uma “infecção grave” pode estar a minar todo o organismosocial, cultural e eclesial tradicionalmente estabelecido.

Moçambique não faz excepção. Tem se assistido a umaexplosão de novos movimentos religiosos, os que entram de for ae os que nascem por “partenogénese” dos grupos e seitas jáexistentes.

Tornou-se-me difícil conseguir dados estatísticosobjectivos para falar da situação actual dos novos movimentos

1 Cf. Altino Alaiz PIETO, As Seitas e os Cristãos, Ed. São Paulo, Lisboa1994 p.13

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religiosos espirituais em Moçambique. Procurei obter dadosestatísticos do Departamento Nacional dos Assuntos Religiosos,em Maputo e do Departamento Provincial dos AssuntosReligiosos da Beira. Mas percebi que os registos aí encontradosjá estão ultrapassados pelo ritmo diário de nascimentos eentradas de novos movimentos. Há muitas seitas que não estãoregistadas. A nível da Beira contactei algumas associações deseitas e pude colher mais informações.

Tenho, Portanto, a consciência dos limites deste trabalho,não conseguirá dar uma informação exaustiva do panoramaactual dos movimentos religiosos espirituais em Moçambique.Mesmo assim encoraja-me a confiança que em mim depositaramos organizadores desta Semana Teológica, especialmente oPadre Odilo, Director deste Centro Catequético de Nazaré - Beira;encoraja-me também a esperança de ampliar os meusconhecimentos à medida que for investigando e reflectindo sobreo assunto e com as contribuições que surgirem nos debates.Tentarei organizar o tema seguindo o esquema que passo aapresentar:

1. Movimentos Religiosos espirituais: O que são?2. Realidade: expansão e proliferação3. Acolhimento e impacto no Povo.4. Causas da rápida expansão e aceitação pelo povo.5. Interpelação à Igreja Católica6. Conclusões

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1. Movimentos religiosos espirituais: o que são?

Não é fácil dar uma definição do que chamamos “novosmovimentos religiosos espirituais” porque eles cobrem umarealidade extremamente vasta, heterogénea e complexa, comelementos de compreensão muito variáveis que nem a todosos envolvidos satisfazem. Estas palavras citadas por JeanFrançois Mayer no seu livro “Novas Seitas, um novo exame”são reveladoras da imensa dificuldade que nos espera aotentar penetrar nesta floresta virgem de rostos mais ou menosencobertos. Diz ele:

“É importante sublinhar (…) que a expressão ‘novomovimento religioso’ foi originariamente aplicada a umapluralidade de grupos observados de algum tempo paracá. Não se referia a algum grupo particular, isolando-o dofenómeno mais amplo. Significa isso que na aplicação amovimentos separados tomados isoladamente aexpressão é discutível: é colectivamente que ela se lhesaplica de maneira mais adequada”2

Nesta reflexão utilizaremos a expressão movimentoreligioso no sentido colectivo, enquanto fenómeno geral presentena sociedade e nas diferentes religiões, como exigência derenovação moral e espiritual. Para falar de cada grupo emparticular não conseguiremos esquivar do termo seita, emborareconheçamos uma certa carga de conotação negativa epejorativa que o termo granjeou, sobretudo no ocidente.

A palavra “seita”, na nossa reflexão, é tomada no seusentido derivado do verbo latino “sequi” seguir, quando nosreferimos à realidade actual de um movimento já iniciado dehomens e mulheres que seguem um chefe ou uma doutrina. Esteé o sentido da definição de seita dada por José Rodriguez no seuimportante livro sobre o poder das seitas, citado por Atilano Alaiz

2 Jean François MEYER, Novas Seitas, um novo exame, Ed.Loyola, SPaulo 1989, p. 17, citando Hal W. FRENCH e Arvind SHARMA,Religious Ferment in Modern India, New Delhi, HeritagePublishers,1980, p. 96.

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Prieto em “As Seitas e os Cristãos” : “uma seita, (…) não é maisdo que um grupo religioso de pessoas aglutinadas pelo facto deseguirem uma determinada doutrina e/ou um líder e que, comfrequência, se cindiram previamente de algum grupo doutrinalmaior, a respeito do qual, geralmente se mostram críticos“3.

Usamos a palavra seita também no seu sentido derivadodo verbo latino “secare” que significa cortar: quando nos referimosà sua génese, ao modo como as seitas nascem, rompendo,cortando a ligação ou separando-se de outros grupos jáexistentes, segundo a conclusão de Jean-François MAYER: “ Otermo ‘sect’ designa um grupo de cismáticos formado por fiéis queabandonaram a sua Igreja de origem com o fim de criarem umnovo movimento, no qual pretendem ver um regresso àmensagem autêntica e não adulterada da tradição de queprocedem”4

Em todas as religiões e também nas sociedades e gruposque tiveram origem em volta de certo ideal, com o andar dotempo, aparece a necessidade de interpretação, de compreensãoe aplicação prática dos princípios de acordo com as novasexigências do tempo, do crescimento e dos novos desafios dasculturas dos povos abrangidos. No esforço de adaptaçãoverificam-se sempre diferentes atitudes mentais, ideológicas epráticas entre os adeptos: tendência para o comodismo, orelaxamento, o revisionismo, o progressismo e a glosa; ou paraum conservadorismo ortodoxo, um fundamentalismo, uma fixaçãorígida às origens idealizadas e exaltadas como dogmainsuperável. Surgem insatisfações que dividem o grupo em vários:uns reclamando inovações radicais; outros contentando-se compequenas reformas e adaptações, e outros revoltando-se contra aapostasia e infidelidade ao dado original, e exigindo a restituiçãodo estado primitivo.

3 Atilano Alaiz PRIETO, As Seitas e os Cristãos, Edições São Paulo,Lisboa 1994, p.58; citando José Rodríguez, El poder de las sectas,Ed.”B”, Barcelona 1989.4 Jean F. MEYER, As Seitas, Não conformismos cristãos e novasreligões, Edit.Perpétuo Socorro, Porto 1993, p. 9

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É assim que vemos nascer, não somente no seio detodas as grandes religiões como o cristianismo, o Judaísmo, oIslamismo, o Induísmo, o Budismo, mas também nos grandessistemas ideológicos e filosóficos, como o marxismo, o maoísmomovimentos reformistas, progressistas, fundamentalistas erestitucionistas. No campo religioso chamamo-los seitas oumovimentos religiosos. Neste sentido seita é expressão oumanifestação de um sentimento mais ou menos generalizado denão conformismo no seio de um grupo social, eclesial, político ouideológico que não satisfaz mais os seus adeptos ou parte destes,que buscam encontrar a forma mais autêntica e mais fiel àsorigens.

A noção de seita, como diz Jean François Mayer, “revela-semuito relativa e estritamente ligada a um ambiente sócio-cultural”5.

Neste trabalho quando falamos dos novos movimentosreligiosos espirituais em Moçambique excluímos as Igrejas játradicionalmente estabelecidas e reconhecidas no mundo e nonosso País, tais como as Igrejas Protestantes ou Evangélicas:Anglicana, Metodistas Unida e Livre, Presbiteriana, e outrastradicionalmente inscritas no CCM.

Os Movimentos religiosos no Cristianismo

Também no cristianismo a noção de “seita” não tem umacompreensão única e absoluta, depende da visão eclesiológica doambiente em que nasce e é usada. O que em Moçambique podeser considerado seita, na África do Sul ou na América do Nortepode bem ser a Igreja majoritária.

O fenómeno do aparecimento de movimentos religiosospercorre todas as épocas do Cristianismo. Não deveria causarespanto e admiração. Pelo contrário, deve ser visto comoexpressão da própria natureza e dinamismo do Cristianismo, elemesmo um movimento que irrompe dentro do Judaísmo.

5 Jean F. MEYER, As Seitas, op.cit., p. 7.

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A Igreja é um movimento que nasce de um movimento ecria movimentos. Os movimentos religiosos na história da Igrejasurgem como vontade de aprofundar a reflexão, a compreensãodo único grande Movimento do Filho de Deus que, na plenitudedos tempos, trouxe Deus Pai ao coração do homem e reconduziuo homem pela força do Espírito Santo à intimidade da comunhãocom Deus, na economia da salvação. Alguns movimentosnasceram das diferenças no modo de entender, interpretar eaplicar na vida prática os princípios teológicos e doutrinais da fécristã (séculos I-IV). Deste movimento resultou a definição eaprofundamento das grandes verdades da fé e do credo cristão.Outras vezes nasceram como reacção a um relaxamento moral eespiritual na Igreja, e como interpelação ao comodismo superficialdo Cristianismo oficial do Estado (séculos IV-V). Centenas defiéis saíram do reboliço da cidade e da sociedade emovimentaram-se para o deserto em busca duma vivênciaespiritual mais intensa e profunda de oração e encontro comDeus. Deste movimento resultaram as formas da vida consagradae monacal. Os movimentos religiosos na Igreja nascem tambémcomo resposta a momentos de profunda crise política, económica,cultural, e religiosa que ameaça estrangular todo o mundo cristãoe como desejo generalizado de maior unidade e melhororganização dos cristãos para fazer frente à ameaça comum(séculos XI-XIV). O movimento das cruzadas que na Idade Médiaaparece como resposta cristã à ameaça Árabe, teve como frutosa reconquista das terras cristãs, a formação e consolidação dosestados cristãos, o desenvolvimento do culto de devoção eveneração aos Santos, as peregrinações aos lugares santos(Terra Santa), aos santuários dedicados aos Apóstolos (Roma,Compostela), à Virgem Santa Maria (Éfeso) e outros. Nos séculosXIII-XIV, a profunda crise de valores morais, religiosos, sociais eculturais resultante do desmoronamento do feudalismo e doemergir da nova sociedade burguesa de comerciantes e artesãos,impeliu muitos cristãos à exigência de renovação da vida cristãpela refontalização bíblico-evangélica, especialmente pelo retornoao modelo do Novo Testamento e da vida de Jesus, dosApóstolos e da Comunidade primitiva como exemplos daautêntica vida evangélica de penitência, pobreza radical,simplicidade e itinerância. Do amplo e diversificado movimento

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religioso medieval dos séculos XII e XIII ficaram na Igreja asOrdens Mendicantes. Nos séculos XVI –XVII, quando Igreja anavegava ao sopro dos novos ventos da era moderna,caracterizada pelas descobertas em todas as áreas do saberhumano, nasceu o mais forte movimento religioso na Igreja doOcidente. Esta tinha sido o suporte do sistema social e religiosomedieval fundado no princípio da supremacia do poder religiososobre o poder espiritual; no universal reconhecimento dasacralidade do mundo, na unidade da Cristandade sob oindiscutível poder e autoridade universal do Papa e sobre o saberuniversal e unificado em todos os domínios. Os novos ares da eramoderna trouxeram consigo os vírus da pluralidade, deindividualismo, da secularidade, etc., que inspiraram ummovimento generalizado de reforma em todos os aspectos dasociedade e da Igreja. A vertente religiosa deste movimentoreformador assume e potência as correntes mais dominantes dosmovimentos anteriores6, e reivindica reformas profundas naIgreja. Alguns grupos protestaram veementemente contra todasas estruturas do sistema em que se apoiava a Igreja eadvogavam uma Reforma radical, é o caso dos Anabaptistas querecusam reconhecer a validade do Baptismo das crianças eobrigava os fiéis adultos a baptizarem-se de novo.

É sobretudo neste movimento reformista do século XVIque se encontram as raízes de todas as correntes actuais demovimentos religiosos de inspiração cristã.

2 Expansão e proliferação

Como dizíamos no início desta reflexão, os novosmovimentos religiosos espirituais em nossos dias constituem um

6 Jean-FrançoisMAYER, As Seitas…,p. 15 : « Não pensemos que aReforma protestante do século XVI irrompeu no terreno dumcristianismo ocidental monolílico. Não faltaram na Europa medieval(nem no cristianismo antigo), pregadores que contestassem determinadosaspectos da Igreja, (…). Perseguidos como heréticos, alguns gruposvaldenses manter-se-ão, apesar de tudo nos vales do Piemonte e juntar-se-ão à Reforma.”

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fenómeno que preocupa, não somente devido à sua forçaprolífera mas também devido ao ritmo vertiginoso com que cresceem todos os Países do mundo. Com efeito, de um total de5.910.000 de seguidores em 1900, o número passou rapidamentepara 108.505.600 em 1986.

Também em Moçambique, tem se registado nas últimasdécadas uma verdadeira explosão de seitas e novos movimentosreligiosos não só nos meios urbanos, mas também no meio rural.Muitas seitas novas entram sobretudo através dos países vizinhosespecialmente a África do Sul e o Zimbabwe, mas há muitasoutras que nascem dentro do Pais por sisões internas das jáexistentes. Torna-se muito difícil estimar o número actual destasseitas e novos movimentos religiosos em Moçambique. Durante apreparação deste tema contactei o Departamento dos AssuntosReligiosos em Maputo e na Beira, no esforço de conseguirinformações exactas sobre as seitas que constam nos registosoficiais.

Algumas seitas já conseguiram cidadania no seio doConselho Cristão de Moçambique. Fiquei sabendo que existemoutras organizações que reúnem um bom número de seitas aindanão oficialmente inscritas no D. A. R.7 nem são reconhecidascomo membros do CCM. Assim, na Beira contactei os escritóriosda organização “Encontro Fraternal das Igrejas em Moçambique”e no Dondo encontrei os responsáveis das “Igrejas membros daOrganização do Seminário e Cruzadas do Dondo” que tiveram aamabilidade de dar-me listas das seitas aí inscritas. No final destetrabalho apresentaremos as listas. Neste espaço contentamo-nosem apresentar apenas os números:DAR da Beira .……………………...... 86EFIM ………………………………...... 68IMOSCD…………………………......... 69Confissões em Caia………………...... 45

Como havemos de verificar depois, muitas Igrejasconstam nas diferentes listas. Mas há muitas outras pequenasseitas que não figuram em nenhuma destas listas.

7 DAR, iniciais de “Departamento dos Assuntos Religiosos”

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Todas elas são muito activas e desenvolvem uma grandeagressividade proselitista.Característica interessante e comum destes movimentos é quenão têm vocação propriamente missionária no sentido “adGentes”. Não se preocupam tanto em levar o Evangelho àquelesque ainda não são cristãos, pelo contrário, seus alvos preferidossão os fiéis das outras Igrejas. Como bem reclamava um Pastorda Igreja Metodista Livre em Jangamo Inhambane a respeito daseita dos Velhos Apóstolos: “Estes pescadores de agora, não seesforçam por ir ao mar, andam pelas casas dos outros a lançar oanzol para apanhar os peixes que já estão nas panelas a cozer.”Vão alistando nas suas fileiras um número cada vez maior deseguidores geralmente recrutados das outras Igrejastradicionalmente estabelecidas no País.

Os jovens constituem o objectivo principal da “caça-captura”das seitas. Elas, com efeito, oferecem aos jovens o fascínio danovidade e da possibilidade de fazer novas experiências que éaquilo de que eles estão mais ansiosos. Outras áreas de maiorflorescimento das seitas e novos movimentos religiosos são osmeios pobres das favelas ou bairros de caniço e as populações“abandonadas” das zonas rurais, mas também em áreas dapopulação mais privilegiada se faz sentir a sua influência.

3. Acolhimento e influência das seitas e novosmovimentos religiosos espirituais no meio do Povo

Na verdade, o mais importante a considerar nos novosmovimentos religiosos e espirituais não é apenas o seu rápidocrescimento quantitativo, mas também e talvez em maiorproporção ainda o seu espantoso crescimento em influência,aceitação e infiltração capilar nos vários estratos da população,desde os meios políticos, económicos, culturais da sociedade.

Hoje em Moçambique o surto das seitas e novos movimentosespirituais deve ser visto como um fenómeno social e não apenascomo uma moda passageira ou como um fenómeno casual. Talcomo aconteceu nos momentos históricos anteriormenteapresentados, os novos movimentos religiosos e espirituais em

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Moçambique têm um grande impacto no seio da sociedade erecebem uma resposta positiva das pessoas. Talvez estejam aser porta-voz e a veicular, mesmo que confusa edesordenadamente, uma mensagem que vai ao encontro dasverdadeiras preocupações e esperanças da nossa sociedade.Talvez sejam um sinal de algo mais profundo, um sintoma quedenuncia uma infecção grave que esteja a minar todo organismosocial e eclesial.

Neste sentido concordamos com as opiniões de algunssociólogos e psicólogos que se têm debruçado ao estudo destesfenómenos que afirmam: “As seitas são um subproduto de umasituação social e eclesial”. Não haverá uma espécie desentimento generalizado de insatisfação que atinge os diferentesaspectos do ser humano e da sociedade, e que não encontrandoresposta nem esclarecimento suficiente nas instituições vigentesquer religiosas, que políticas, quer económicas e sociais, acabapor se manifestar neste fenómeno?

4. Causas deste fenómeno

O que observamos no dia a dia é o espantoso edescontrolado crescimento do ritmo de aparecimento de novosmovimentos religiosos espirituais e o aumento vertiginoso donúmero de fiéis que abandonam as suas Igrejas para aderirem àsseitas e novos movimentos religiosos. A primeira questão que secoloca é como explicar este fenómeno de proliferação de seitas?Não que seja propriamente um fenómeno novo, mas a proporçãoe a velocidade que atingiram no último século sãoverdadeiramente preocupantes. Porque proliferam com tantarapidez e com tanta vitalidade as seitas? A segunda questão ésaber porquê milhares de fiéis abandonam a sua Igreja paraaderirem às seitas? O que é que oferecem as seitas paraseduzirem tantos homens, mulheres e jovens? O que é queencontram eles nas seitas que não encontram nas nossasParóquias, Comunidades, grupos juvenis?

Já tentámos fazer entender, no que concerne ao cristianismo,que uma das causas geradoras de movimentos religiosos é a sua

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própria natureza e a sua vocação universal. O cristianismo échamado a expandir-se em dupla universalidade: a geográfica,“até aos confins do mundo” e cronológica, “até ao fim dostempos”. É óbvio que sendo uma realidade que deve abarcar aimensa pluralidade de situações humanas, e responder às rápidastransformações e mudanças no tempo, tenha de ter uma grandecapacidade interior de renovação e adaptabilidade. Isto por si jácria uma situação permanente de movimento. Mas o fenómenonão se limita apenas ao cristianismo. Atingem também outrasreligiões.

Tratando-se de um fenómeno social, não pode ter uma sócausa. Pelo contrário, tem um leque diversificado de causas quese complexificam cada vez mais à medida que a sociedade actualvai passando de formas mais simples para formas maiscomplexas de inter-relações. Em África, de uma maneira geral,concorrem para esta situação as grandes mudanças verificadasnos últimos trinta anos na ordem política. A passagem do regimecolonial para as independências nacionais, trouxe consigotambém fortes interpelações às Igrejas e ao sistema religioso quevigorou e por vezes sustentou os regimes coloniais. Não faltou atentação de reinventar as Igrejas de acordo com o espíritonacionalista do movimento de libertação. As ideologias da“Autenticidade” e de “Africanização” inspiraram várias correntesde pensamento no seio dos cristãos africanos e gerarammovimentos religiosos que reivindicam uma espécie decristianismo africano, no qual os valores tradicionais africanossubstituam a ocidentalização do cristianismo trazido pelosmissionários brancos. Enquadram-se neste movimento o“Kimbanguismo” e as “Igrejas Independentes Africanas”.

Procuraremos apontar algumas dessas causas mesmo sem apretensão de aprofundá-las. Vamos organizar a nossa reflexãoem dois níveis: o nível geral e o nível particular da nossarealidade concreta de Moçambique.

A nível geral consideraria:

1. A crise da modernidade

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A modernidade é um fenómeno pluridimensional que trouxeno seu pacote a promessa e a ilusão da glorificação e realizaçãoplena da pessoa humana. Esta realização plena que pretendiasubstituir o conceito teológico de salvação, era prometida aqui naterra no plano imanente, prescindindo de qualquer referência aoespiritual e ao transcendente. Era a divinização do homem pelodesenvolvimento da razão e pelo progresso técnico e científicoprofundamente marcados por uma visão imanentista e laicizante,responsável pelo secularismo, e pelo ateísmo teórico e prático.

A modernidade desmantelou toda a autoridade central etodo o sistema de valores referenciais, abrindo caminho para opluralismo, o relativismo e o liberalismo desenfreados. A crise devalores arrastou consigo outros aspectos, como a crise dareligião, crise espiritual, ética e moral. Cada pessoa ou cadagrupinho de pessoas sente-se livre para criar o seu próprioproduto e expô-lo na praça pública para o consumo de quemquiser. É assim que nascem os “supermercados espirituais”, os“Txungamoyo da religião”8.

O modernismo veio liberalizar todas as coisas: opensamento, a expressão, a até a religião. Tudo pode serlivremente exposto e livremente adquirido na praça pública. Onosso é um mundo extremamente livre, inventivo e criativo porque no mundo do “marketing” quem não inventa não sobrevive. Oque importa é a novidade, pouco importa a qualidade. Tambémno mercado livre da religião há “produto para todos os gostos” e“gosto para todos os produtos e invenções”. Até o “Satanismo”encontra aí numerosos seguidores assíduos.

É claro que, negando à pessoa humana a dimensão espirituale transcendente, o modernismo mutilou-a em uma das suas

8 Txungamoyo ou Dhumbanengue(no Sul do País) é um termo usadopara significar aqueles mercados informais que aparecemespontaneamente de um momento para o outro, fugindo ao fisco e aocontrole da polícia, nos quais se pode encontrar de tudo.

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dimensões essenciais e deixou um vazio terrível no coração dohomem.

Depois de ter posto todas as coisas em crise, a própriamodernidade entrou também em crise. Não conseguiu satisfazertotalmente as expectativas criadas nem a nível tecnológico ecientífico, apesar dos muitos avanços registados, nem a nívelideológico e muito menos a nível político-social. Isto veio aagravar ainda mais a crise do sistema moderno. O aparecimentode seitas não poderá ser visto como um sinal desta desilusão edo esforço do homem para recuperar a dimensão religiosa? Nãoestaremos perante uma forte denúncia e contestação ao laicismoe outros “mitos” impostos9 pela modernidade?

2. A Crise de fidelidade e autenticidade evangélica na Igreja

Uma outra causa da fuga de fiéis para as seitas e novosmovimentos religiosos, é sem dúvida a superficialidade e inérciacom que os fiéis vivem e celebram a sua fé dissociada da vidareal. Há aspectos importantes do Evangelho que nas grandesIgrejas vão ficando esquecidos ou resfriam. Os insatisfeitosprocuram organizar-se nas seitas para recuperar esses aspectos,e criticar severamente a infidelidade e relaxamento da Igreja.Muitas seitas têm sido muito severas nas suas críticasespecialmente contra a Igreja Católica. As Testemunhas deJeová, em vários livros e panfletos chegam a ser injuriosos aoidentificar a Igreja Católica com “Besta do Apocalipse”. Pegam emfalhas e erros humanos dos membros da Igreja, exageram-nos egeneralizam-nos para toda a Igreja. A Igreja em vários momentostem reconhecido erros humanos cometidos ao longo da história.

9 Cf. Frei AMARAL Bernardo Amaral, Desafios à Vida Consagrada narealidade actual da Igreja e Sociedade Moçambicana, manuscrito, p. 3:“o modernismo com os seu mitos e ídolos: a exaltação do eu individualsobre o comunitário, o egoísmo, a indiferença e insensibilidade aosproblemas e sofrimento do outro.; o edonismo ou exaltação do prazerimediato, a qualquer preço; o comodismo preferência pelo fácil a tudo oque exige empenho e esforço; ganância , exaltação da acumulação do tere do lucro imediato sobre tudo o que exige tempo, sacrifício epaciência…”

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O Concílio Ecuménico Vaticano II abriu o caminho para a atitudede autocrítica na Igreja. Em alguns documentos expressou-oclaramente, por exemplo ao reconhecer a parte daresponsabilidade dos fiéis no nascimento e desenvolvimento doateísmo moderno nas suas diferentes formas.10 O Santo Padretem sido corajoso em pedir publicamente perdão por esses errosda Igreja.

Os novos movimentos religiosos nascem na tentativa debuscar uma renovação moral, espiritual e com o desejo dereconduzir a Igreja à fidelidade aos princípios da vida evangélicadas Comunidades Apostólicas.

3. Busca de uma expressão mais espontânea e viva dareligiosidade.

O homem moderno reage negativamente a tudo o que pareçaestruturas, rotina, normas fixas etc. Prefere mais aespontaneidade, a livre expressão dos sentimentos, de emoções,de canto, de dança, etc. Por isso muitos jovens passam para osnovos movimentos religiosos como contestação à religiãodemasiado tradicional e convencional, desligada da realidadeconcreta da vida das pessoas. Eles querem uma religiosidadeque celebre as suas angústias, as suas alegrias, as suasexpectativas e esperanças; uma religiosidade que fale da suafome, das suas secas, dos sofrimentos das famílias, dosdesempregados, dos doentes da sida; uma religião capaz demeter luz nos seus temores, nas suas superstições, e tenha umapalavra esclarecedora sobre os ritos tradicionais de purificaçãodas viúvas, sobre o culto e veneração dos Antepassados, etc.Portanto o homem de hoje quer sentir-se ele todo envolvido nareligião que pratica. Muito em matéria de religião não secontentam com qualquer coisa. Exigem compromisso, seriedadee coerência na observância dos princípios dogmáticos e éticos dasua religião. Ora, este aspecto falta muito nas grandes Igrejasonde as pessoas coexistem mas pouco convivem.

10 GS.19.

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4. Vazio cultural : A cultura tradicional (tanto a africana como acristã) oferecia um conjunto de valores axiais que serviam depontos de referência indispensáveis para o equilíbrio e osucesso da convivência social e comunitária: o sentidoreligioso do sagrado, o respeito pelos mais velhos, o sentidode família ampla, o sentido de partilha, de solidariedade ehospitalidade. A modernidade, porém, veio desmantelar osvalores espirituais sem os substituir ou compensar por outrosvalores. Isto provocou um vazio e desorientação nas pessoas.Esta situação leva as pessoas a procurar com sofreguidãoqualquer coisa para preencher o vazio espiritual. É parasaciar este variado e insaciável mercado de procura que semultiplica a oferta de novas seitas.

A nível da nossa realidade de Moçambique

Como dizíamos anteriormente, também em Moçambiquedisparou consideravelmente o número de novas seitas devido aosseguintes factores: positivos: a saída de um regime totalitário eanti-religioso para uma progressiva democratização do País; afacilidade de intercâmbio e circulação de pessoas entreMoçambique e Países vizinhos, especialmente a África do Sul, omais importante centro regional de nascimento e distribuição deseitas ou Novos Movimentos Religiosos na África Austral; aentrada de ONGs, muitas das quais são de inspiração religiosa,uma vez no País acabam exercendo também funções apostólicase de evangelização. Negativos: O aumento da miséria, dedoenças endémicas e epidémicas de calamidades naturais quedizimam milhões em África; o aumento considerável deperturbações mentais muitas vezes interpretadas como castigopor causa da transgressão das normas tradicionais de conduta edo abandono dos valores culturais e religiosos deixados pelosantepassados. A desestabilização económica, social e culturalprovocada pelas guerras prolongadas no continente, e tambémpelos erros da governação e da política económica escolhida; asuperficialidade da formação cristã espiritual, bíblica e doutrinaldos fiéis; a facilidade de divisões internas das novas seitas, querpor motivos de lideranças e prestígio, quer por razõeseconómicas e financeiras dos seus chefes, quer ainda por razões

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culturais. A verdade é que nos últimos 20 anos o número denovas seitas e de seus seguidores tem crescido de formaassustadora na nossa Sociedade.

A rápida expansão em Moçambique deve-se também arazões mais profundas: muitos destes movimentos fazemmiscelânea de elementos cristãos com usos, costumes e rituaispróprios da cultura e da religiosidade tradicional africana. Outrasapresentam teses do messianismo imediato e prometem alibertação “já” de todas as formas de sofrimento e de opressãoque afligem as pessoas.

Apresentamos resumidamente 2 dessas seitas: OsZiones e a Igreja Universal do Reino de Deus.

Os Ziones

A África do Sul é o maior centro do Zionismo da ÁfricaAustral e talvez do mundo. Há já várias décadas quecomunidades Ziones se estabeleceram, sobretudo nos arredoresda cidade de Maputo. Este serviço deve-se a trabalhadoresmoçambicanos nas minas do Rand que reentram no País comopregadores e iluminados. Em pouco tempo reúnem sob a sualiderança numerosos adeptos e fundam novas comunidades.

Hoje, os Ziones em Moçambique cobrem quase todo oterritório nacional. Não formam uma Igreja unida, mas sãonumerosos grupos e congregações distintas que se reúnem emtorno de “profetas” e por vezes se combatem. Os Zionesapresentam nas suas celebrações e manifestações religiosasuma grande mistura de elementos pentecostais (a ênfase dada àacção do Espírito, à profecia, ao dom de falar línguas, às curaspela fé); elementos taumatúrgicos (ênfase dada à realização demilagres; a comunicação com os espíritos dos defuntos e a vidado além-túmulo). O Zionismo apresenta também muitoselementos das “Igrejas Independentes Africanas” (a ênfase dadaaos rituais de purificação; aos sacrifícios de animais em honra dosantepassados)11.

11 Cf. Juan BOSH, Para conhecer as Seitas, Coimbra 1995, p.60.

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As diferentes formas do Zionismo em Moçambique sãouma tentativa de integrar elementos bíblico-cristãos com rituais eexpressões da religião tradicional africana. Quase todas asseitas adoptam uma política mais liberal e permissiva noconcernente à moral sexual, facilitando a poligamia, asseparações e novas uniões conjugais. Se considerarmos que amaior parte dos problemas dos fiéis com a Igreja Católica tem asua origem nas questões familiares (uniões for a do Sacramentodo Matrimónio, separações, poligamia, prostituição etc.),poderemos compreender melhor o volume de pessoas queencontram nestas seitas uma atitude de “compreensão”, deacolhimento e alívio de consciência.

A aplicação directa de textos bíblicos do AntigoTestamento, especialmente o livro do Levítico, muito próximosdos rituais das cerimónias e sacrifícios tradicionais (imolação davítima, aspersão com o sangue e outros rituais de exorcismos epurificações); o facto de associarem a palavra de Deus, e aoração à possessão dos espíritos, ao transe, ao curandeirismo(nyamusoro = profeta) e poderes espirituais de cura de doençasfísicas e mentais, com capacidade de descobrir o feiticeiro,desarmá-lo e proteger os fiéis da seita com uma blindagemespiritual tão eficaz que os torna inacessíveis à acção dosfeiticeiros e dos espíritos malignos, torna as seitas Ziones muitoatraentes para os africanos mergulhados no túnel obscuro dosofrimento, da miséria, do analfabetismo e atormentados pelomedo e pela insegurança.

Os “profetas” Ziones que também entram em “transe” sobo influxo do “espírito de Deus” têm a capacidade de ver os“espíritos malignos” dos feiticeiros e os “mipfhukwa” e o poder deos combater e expulsar, usando o mesmo ritual de “ku femba”12

usado pelo “nyamusoro”. Muitos cristãos vão ao “profeta” apenaspara resolver os seus problemas de saúde. Mas acabam por ficarlá porque sofrem chantagens e ameaças. As seitas Ziones

12 “ku femba” rito mágico pelo qual o nyamusoro em transe, com oauxílio de cauda de búfalo ou de boi apanha espíritos malfazejos docorpo do doente e os expulsa.

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apresentam como condição necessária para sair do círculo dainfelicidade em que vivem as pessoas, o elas entrarem epermanecerem dentro da seita que funciona como “Zonalibertada” de todas as influências do maligno. Aquele que foicurado e tratado com a “corda do Zione”, se ousar sair da seita(Zona protegida) arrisca-se a ser furiosamente assaltado pelosespíritos e o seu estado será pior que o anterior.

Outro aspecto decisivo para o grande impacto e aceitaçãodas seitas Ziones no seio do povo é que elas realizam os ritos dapurificação das viúvas e dos órfãos, dos familiares e parentes etambém dos bens da pessoa que morreu, seguem muito de pertoo calendário e o esquema do ritual da religião tradicional,tornando-se assim reconhecidos e aceites como substitutoscristãos dos curandeiros pagãos para realizar, válida eeficazmente a purificação da morte, sem a qual a família estariacondenada a desaparecer completamente.

Na celebração das “parentais”, isto é, nas cerimónias doculto de veneração aos antepassados, “o sacrifício aosantepassados”, as seitas Ziones seguem o esquema dos rituaisda religião tradicional, misturados com leituras da SagradaEscritura, orações, cânticos, tambores e danças. Não poucoscatólicos que não querem voltar ao curandeiro tradicional, mastambém ainda não acreditam suficientemente na eficáciapurificadora da liturgia e do Sacrifício Eucarístico, mandamcelebrar a Missa na Igreja, para a qual convidam a comunidadecristã e muita gente, mas secretamente convidam também, osresponsáveis das seitas Zione para dirigirem em casa ascerimónias da purificação da família e dos bens do morto, quetradicionalmente era feito pelo “N’yanga”.

A Igreja Universal do Reino de Deus

Existe ainda um outro aspecto não menos importante queatrai as pessoas para certas seitas, é o messianismo temporalsubjacente à sua mensagem. Prometem a libertação aqui e agorados problemas reais e de todas as formas de sofrimentos da vida

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diária das pessoas: a pobreza, as desgraças, a má sorte, falta dedinheiro, falta de amor, etc.

A Igreja Universal do Reino de Deus é um exemplo muitoclaro de uma dessas seitas que aparecem e em pouco tempoarrastam atrás de si multidões de seguidores. Originária do Brasil,já chegou a vários países não somente da lusofonia, mas tambémde outras falas. Ocupou cinemas, teatros, armazéns,transformando-os em salas de oração e de pregação. Ocupouestádios de futebol e outros recintos para sessões dedemonstração de milagres. Possui emissoras de rádio quedurante todas as horas do dia levam ao ar a mensagem do “amorde Deus” através de canções, pregações e orações, anúncios epropaganda.

A Igreja Universal do Reino de Deus, assim como asIgrejas Ziones de uma maneira geral, recorrem muito apromessas de prosperidade, de sucessos na profissão, nosnegócios, no lar, no amor, etc. Sabem manipular bem as técnicasda radiodifusão e programação para levar ao íntimo do coração amensagem. Como já dissemos anteriormente, as seitas explorammuito o lado afectivo, sentimental e emocional dos seusseguidores, o que torna as suas celebrações mais espontâneas eatraentes, mais quentes e envolventes em contraste com a friezadas liturgias da Igreja oficial demasiadamente amarradas pelasrubricas com muito limitado espaço para a criatividade.

De uma maneira geral, todas as seitas sabem manipularcertas técnicas e princípios de psicologia e sociologia paraconvencerem as pessoas e levá-las à sua corrente. Elas possuemum grande poder de sedução porque sabem diagnosticar comclareza as necessidades verdadeiras da sociedade e tocam arealidade da vida e dos problemas que afligem as pessoas, oslares e a sociedade e prometem dar “respostas”, embora dêem“respostas falsas a problemas verdadeiros”. Com a “Águaperfumada” prometem a “terapia do amor”, solucionar osproblemas dos lares; dar felicidade e sucessos aos desiludidosno amor. Com a oração e imposição das mãos prometem a curade todo o tipo de enfermidades.

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Muita gente, especialmente os jovens, correm para aIgreja Universal do Reino de Deus atraídos pela novidade dasformas da pregação, da oração mas sobretudo atraídos por estaspromessas.

5. Interpelação à Igreja Católica

As Seitas e Novos Movimentos Religiosos Espirituais são hojeuma forte interpelação e um desafio para os cristãos,especialmente para a Igreja Católica. Importantes documentosoficiais da Igreja reflectindo sobre as cisões dentro da IgrejaCatólica reconhecem que parte da responsabilidade deve serassumida também pela Igreja Católica: “Comunidades nãopequenas separaram-se da plena comunhão da Igreja Católica,algumas vezes não sem culpa dos homens dum e doutro lado.”13

Pois, em vista das circunstâncias das coisas e dos tempos houvedeficiências, quer na moral, quer na disciplina eclesiástica, quertambém no modo de anunciar a doutrina” que contribuíram paraas separações, por isso, para restabelecer a unidade pela via doecumenismo, é necessária uma verdadeira conversão interior “apartir da renovação da mente, da abnegação de si mesmo e dalibérrima efusão da caridade.”14

Perante a expansão e proliferação dos novos movimentosreligiosos na nossa sociedade há que se perguntar, quais asverdadeiras razões que levam muitos católicos a abandonarem asua Igreja para entrarem nas seitas? A Igreja deve reflectirseriamente sobre as verdadeiras motivações que levam os jovensa serem apáticos e indiferentes na Igreja, mas a aderirem comfervor e entusiasmo às seitas? O que é que eles encontram nasseitas que não encontram nas nossas comunidades e Paróquias,nos nossos grupos de Jovens?

Teremos de assumir a autocrítica que a Igreja universal fez noConcílio Vaticano II quando reflectiu sobre as causas do Ateísmoe da indiferença religiosa. Não será que a Igreja já não consiga

13 Conc. VATICANO II, Decreto sobre o Ecumenismo, n.314 Ibd. N.7

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satisfazer as aspirações dos seus próprios membros? Talvez aIgreja não tenha conseguido andar ao ritmo do homem de hoje;talvez a sua linguagem, as suas celebrações, os seus sinais esímbolos não sejam perceptíveis ao homem de hoje; talvez nãotenha conseguido provocar o encontro entre o homem de hoje eCristo; talvez a Igreja use fórmulas demasiadamente fixas,estereotipadas, expressões e métodos que não facilitem aparticipação, a espontaneidade e o protagonismo tão apreciadoem nossos dias. Seja como for, a Igreja deve deixar-se interpelarpelo crescente fenómeno das seitas.

Conclusão

Chegados a este ponto, gostaria de apresentar, a guisa desugestões alguns aspectos que julgo poderem ajudar a preparara Igreja para responder convenientemente aos desafiosapresentados pelos novos movimentos religiosos espirituais emMoçambique.

1. A conversão e renovação interior da Igreja.Face a toda a gama de desafios anteriormenteapresentados, a Igreja deve, antes de mais, assumir umaséria e sincera atitude de conversão e renovação interior.É necessário adoptar uma atitude de maior abertura aoEspírito do Evangelho e recuperar aqueles aspectos evalores evangélicos que vão ficando esquecidos ou nãose lhes dão a devida atenção e ênfase, e recuperaraquela disciplina ética e moral que o liberalismo foiesfriando.

2. Fidelidade à sua vocação evangélica: Uma cada vezmais transparente observância do Evangelho emconformidade com a vida e os ensinamentos de JesusCristo e dos Apóstolos ao estilo de vida das comunidadesapostólicas dos primeiros séculos da Igreja retirariam aosnovos movimentos religiosos espirituais o seu principal

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“cavalo de batalha” na feroz crítica que fazem à Igreja,acusando-a de “infidelidade” e de relaxamento.

3. Atitude de autocrítica: Face aos questionamentos dasseitas e novos movimentos religiosos, a Igreja, a exemplodo que fez no Concílio Vaticano II quando reflectia sobreas causas do Ateísmo e da indiferença religiosa, deveassumir uma atitude de autocrítica sincera. Pois, naverdade, também na génese destes novos movimentosreligiosos que se separam e se opõem ferozmente àIgreja “podem ter não pequena parte os crentes,enquanto com uma educação descuidada da fé com umaexpressão falseada da doutrina e com uma vida religiosa,moral e social defeituosa, ocultam mais do que revelam overdadeiro rosto de Deus” e da religião cristã 15.

4. Catequese aprofundada e esclarecedora: Asuperficialidade da fé e dos conteúdos doutrinais namaioria dos fiéis é a principal responsável pelainstabilidade e pela facilidade com que muitos se deixamlevar por argumentos falaciosos e muitas vezes semqualquer fundamento dos seguidores fanáticos das seitas,a abandonarem a Igreja. A resposta adequada a estainterpelação é promover uma catequese maisaprofundada, mais esclarecida e esclarecedora capaz derobustecer a fé e iluminar uma vida cristã mais autêntica,coerente e fiel às exigências do Evangelho.

5. Dinamismo e criatividade do Espírito Santo: Movidapelo Espírito Santo renovador, a Igreja deveria estar empermanente estado de renovação, sair de uma certaestagnação rotineira para ser mais criativa e actualizadanos seus métodos, linguagem, formas de vida, decelebração, a fim de responder ao espírito naturalmenteirrequieto e propenso às novidades do jovens sempreansiosos de novas experiências.

15 GS. 19

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6. Atitude de diálogo aberto: A Igreja não pode adoptaruma atitude de rejeição à prior dos novos movimentosreligiosos. Na situação actual de proliferação quasedescontrolada de movimentos religiosos contestatários, aIgreja”, Mãe e Mestra da Verdade e guardiã do tesouro dafé e da tradição cristã, deve fazer recurso à sua longaexperiência secular. A atitude de tolerância, diálogopaciente aliado à clareza e firmeza na direcção adoptadaspelos Papas Inocêncio III16, Gregório IX e seussucessores, quando na Idade Média a Igreja era assoladapor um vendaval semelhante a este, revelou-se ser maisfrutuosa e eficaz do que os métodos rígidos da inquisiçãoe excomunhões. A Igreja deve converter-se cada vezmais em comunidade de acolhimento, onde se cultive aparticipação activa, a corresponsabilidade a comunhãofraterna, a espontaneidade nas celebrações. Deveriapassar-se das comunidades grandes de massasanónimas e frias, para pequenas comunidadeshumanizadas, de relacionamentos mais personalizados,onde se cultiva o diálogo, a escuta de quem necessita serouvido.

7. Inculturação: Muitas vezes o africano não se senteverdadeiramente em casa na Igreja, embora apreciemuito a religião cristã, sente contudo que esta não seexpressa na sua linguagem e não tem em consideraçãoas suas legítimas tradições. A Igreja precisa de fazer umcaminho de integração cultural que permita a incarnaçãodo Evangelho na realidade do povo Moçambicano. Osconteúdos da fé e da moral cristã devem ser assumidos e

16 GRUNDMANN Herbert, Movimenti Religiosi nel medioevo (Bologna1974), p.118: Desde o início do seu pontificado dois pensamentosfundamentais dominavam a política antierética de Incêncio III: combatercom todos os meios possíveis a heresia obstinada e irremovível e tentarreconciliar com a Cúria aqueles grupos religiosos que tinham sidocontaminados pela heresia, impedindo ao mesmo tempo que outrasmedidas eclesiásticas lançassem ainda na brasa da heresia homenssinceramente religiosos.

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fielmente expressos em categorias mentais, linguísticos,artísticos, culturais próprios da índole africana. A Igreja teráque responder à grandes questões que a realidade africanalhe coloca:a) Será que a fé cristã tem a abertura e a adaptabilidade

(catolicidade) necessária para ser expressa segundo ascategorias da nossa cultura, de modo que ela (a fé) não seja umaimposição alienante de uma cultura estranha, que ataca e humilhaos costumes, tradições, valores e crenças indígenas?

b) Se o convívio e familiaridade com os antepassados, éessencial para a vida e o equilíbrio do Africano, será que a fécristã pode incarnar nesta realidade, de tal modo que nãomarginalize nem desacredite os seus antepassados?

c) Será que a Igreja Católica pode tornar-se em lugar ondeos Africanos se sintam verdadeiramente em casa, vivendo emcomunhão com os seus ancestrais?

d) Se o Cristianismo (a Igreja) não forem capazes de assumira dimensão africana de ser, de agir, de pensar e de expressar afé, então será necessário repensar a mensagem cristã hoje, einterrogar-se seriamente sobre a sua catolicidade. Por exemplo arecuperação dos ritos, das bênçãos, dos exorcismos e aspurificações com água benta; a introdução das comissões desaúde nas Comunidades que usem a oração e curas através deconhecimento e aplicação da medicina tradicional; ofuncionamento das comissões da esperança nas Comunidadescom rituais cristãos adaptados para a purificação da família ebens do defunto, poderia evitar que os nossos cristãos, além daMissa na Igreja, se vissem obrigados a recorrer ao Zione ou aonyamussoro17 para as cerimónias do “Kufa”18.

17 Nyamussoro, é o nome que se dá ao curandeiro tradicional “medium”que é possuído por espírito e entra em transe. Nyamussoro pode traduzir-se por “Cabeça grande”, provavelmente porque estes “medium” usaperuca “guikhubhu”, toda pintada com ocre vermelho. Há diferença entre

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RELAÇÃO DE ALGUMAS SEITAS EXISTENTES EM SOFALA

As listas que apresentamos não são exaustivas nem em relação àProvíncia de Sofala e muito menos ainda em relação ao Paístodo. Não chegou a tempo a resposta ao pedido dirigido àDirecção Nacional dos Registos – Departamento dos AssuntosReligiosos, a que solicitamos das Igrejas inscritas a nível do País.Portanto contentar-nos-emos em apresentar aquilo queconseguimos na nossa investigação. Para a finalidade que sepretende penso que estes números dão uma ideia elucidativa dagrande proliferação e expansão das seitas ou novos movimentosreligiosos no nosso País. Apresentamos 4 listas. 1. Igrejasinscritas no Departamento Provincial dos Assuntos Religiosos emSofala; 2. Igrejas Membros da Organização e Cruzadas doDondo; 3. Confissões em Caia; 4. Encontro fraternal das Igrejasem Moçambique.Não incluímos nestas listas as Igrejas estabelecidas etradicionalmente reconhecidas no País. Não consideramostambém os novos movimentos religiosos que existem fora doâmbito da religião cristã.

nyamussoro que trabalha na base da possessão pelos espíritos “madjoka”e nyanga que trabalha na base de raízes e plantas e não entra em transe.18 “Kufa” significa Morte. Há uma série de ritos e cerimónias que serealizam depois da morte de alguém para garantir um feliz repouso domorto entre os seus antepassados e devolver a família enlutada ànormalidade.

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1. Confissões Religiosos inscritas no DepartamentoProvincial dos Assuntos Religiosos em Sofala.

1. Igreja Apostólica de Moçambique2. Igreja Apostólica de Pentecostes3. Igreja Apóstolos Unida de Moçambique4. Igreja Assembleia de Deus Africana5. Igreja Assembleia de Deus Internacional6. Igreja Baptista do Dondo7. Igreja Betesta em Moçambique8. Igreja Caridade de Cristo em Moçambique9. Igreja Cristiana em Moçambique10. Igreja Deus Assembleia de Chuva11. Igreja de Cristo em Moçambique12. Igreja de Cristo Unido em Moçambique13. Igreja do Evangelho completo de Deus14. Igreja dos Apóstolos de São Lucas15. Igreja dos Apóstolos Johane Marangue

(Malangue)16. Igreja Primogénitos de Deus em Moçambique17. Igreja Evangélica Assembleia de Deus18. Igreja Evangélica Amor de Deus19. Igreja Evangélica da Graça de Jesus Cristo20. Igreja Evangélica Nova Aliança de Jesus21. Igreja Evangélica Salvação de Cristo22. Igreja Fé dos Apóstolos em Moçambique23. Igreja Guta Jeová de Moçambique24. Igreja Noé Apostólica em Moçambique25. Igreja Primeira Luz Episcopal em Moçambique26. Igreja Missão Fé Apostólica de Moçambique27. Igreja Velha Apostólica de Moçambique28. Igreja Velha Apostólica de África em Moçambique29. Igreja Santo dos Apóstolos em Sião de

Moçambique30. Igreja Sião Unida Apóstolo Cristão de

Moçambique31. Igreja Zione Christian Church de Moçambique32. Igreja Zione Apóstolo de Moçambique

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33. Igreja Zione Jerusalém de Moçambique34. Igreja Etiópia Luso-Africana de Moçambique35. Igreja Comunidade Bahá da Beira36. Igreja Evangélica Assembleia Livre de

Moçambique37. Igreja Betlehema Zione de Moçambique38. Igreja Ministério de Embaixadores39. Igreja Reformada em Moçambique40. Igreja Presbiteriana de Moçambique41. Igreja Assembleia Pentecostal de Moçambique42. Igreja Ministério da Vida Cristã aprofundada43. Igreja Internacional de Cristo44. Igreja Apostólica Zione Nazareth45. Igreja Fiel de Jesus Salvador46. Igreja Zion International47. Igreja Betânia Apostólica de Cristo Internacional48. Igreja Nazareno de Moçambique49. Igreja Jerusalém Betsaida de Moçambique50. Igreja de Família de Deus51. Igreja Fé Apostólica de Moçambique52. Igreja a Voz de Cristo no Mundo53. Igreja do Deus da Profecia54. Igreja Evangélica de Moçambique55. Igreja Evangelho de Apóstolos em Moçambique56. Igreja Evangélica do Carvalho Pentecostes de

Moçambique57. Cruzada Esperança da África58. Igreja Internacional Pentecostes de Cristo59. Igreja dos Discípulos de Moçambique60. Igreja Evangelho Cristão de Moçambique61. Igreja Irmãos Unidos62. Igreja da Unificação63. Igreja Evangélica de Cristo em Moçambique64. Igreja das Águas Vivas65. Igreja Zione Livre de Moçambique66. Igreja de Deus Internacional de Moçambique67. Igreja Independente em Cristo Internacional

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68. Igreja Pentecostal Vida Vitoriosa69. Igreja Graça de Cristo70. Igreja Conversão Amor de Cristo em

Moçambique.71. Igreja Missão da Igreja esperança S. A em

Moçambique72. Igreja Assembleia de Deus A N Moçambique73. Igreja Evangélica N. Moçambique74. Igreja Assembleia de Deus da Austrália Missão

Moçambicana75. Igreja Evangélica Missão de Jesus em

Moçambique

Contando com as Organizações Religiosas e as Igrejastradicionalmente estabelecidas, ao todo somam 86 no Registodos Assuntos Religiosos da Beira.

2. Confissões Religiosas Inscritas na Organização“ENCONTRO FRATERNAL DAS IGREJAS EMMOÇAMBIQUE NA BEIRA

1. Igreja de Cristo Unida (American Board)2. Igreja American Board3. Igreja Evangelho Completo de Deus4. Igreja Fé dos Apóstolos5. Missão Fé dos Apóstolos6. Igreja Evangélica Assembleia de Deus7. Assembleia de Deus Internacional8. Assembleia de Deus Africana9. Igreja Evangélica Nova Aliança10. Igreja Metodista Única11. Igreja Metodista Livre12. Igreja Luz Episcopal13. Igreja Zione Apóstolos de Moçambique14. Igreja do Apóstolo São Lucas

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15. Igreja Zion Christian16. Igreja Christian Church (ZCC)17. Igreja Zione Tenderukani18. Igreja Salvação de Cristo19. Igreja Amor de Deus20. Igreja Sião Apostólica de Moçambique21. Igreja Evangélica Graça de Cristo22. Igreja Guta de Jeová23. Igreja União Baptista24. Igreja Baptista25. Igreja Cristiana em Moçambique26. Igreja Zione Jerusalém27. Igreja Apostólica de Moçambique28. Igreja Santa Católica Zione Moçambique29. Igreja Caridade de Cristo30. Igreja Primogénita Zione de Deus31. Igreja Doze Apóstolos de Moçambique32. Igreja Pentecostes de Moçambique33. Igreja Internacional Corpo de Cristo34. Igreja Fiel Africana35. Igreja Assembleia Livre36. Igreja Etiópia Luso37. Igreja Assembleia de Chuva38. Igreja Ministério de Cristo39. Igreja Irmãos em Cristo40. Igreja Africana Metodista41. Igreja de Deus Internacional42. Igreja Genessarente Espírito43. Igreja Luz do Mundo Ministério R. P.

Moçambique44. Igreja Pentecosta Apostólica de Deus em

Moçambique45. Igreja Sons da Missão de Moçambique46. Igreja Comunhão na Colheita47. Igreja Celestial Moçambique48. Igreja Agora Viva49. Igreja Evangelho da Paz50. Igreja Internacional Jubileu de Cristo

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51. Igreja Peniel52. Igreja Pentecostal da União dos Apóstolos53. Igreja Colheita de Cristo em Moçambique54. Igreja Pentecostes Apostólica55. Igreja de Deus da Profecia56. Igreja Convenção Cristã57. Igreja Mensageiro de Cristo58. Igreja Baptista Renovada59. Igreja Missão Apostólica de Moçambique60. Igreja Missão Evangélica da Profissão Africana61. Igreja Pentecostal Jesus Esta Connosco62. Igreja Johane Massoe63. Igreja Johane Morange64. Igreja Exército da Salvação

3. Confissões Religiosas inscritas na lista das Igrejas daOrganização do Seminário Cruzadas do Dondo

1. Igreja Cristã Evangélica de Moçambique2. Igreja Evangélica da nova Aliança de Jesus3. Igreja União Apostólica de Moçambique4. Igreja Mediador da aliança com Deus5. Igreja Evangélica Quadrangular6. Igreja Fiel de Jesus Salvador7. Igreja Gaspel Assembleia de chuva8. Igreja Baptista Renovada9. Igreja Vida Vitoriosa10. Igreja Salvação de Cristo11. Igreja de Deus Pentecostal12. Igreja de Deus Covada13. Igreja dos Apóstolos em Comunhão com o

Espírito Santo14. Igreja Evangélica Noiva de Cristo Tabernáculo15. Igreja Evangélica Missionária16. Igreja Noiva de Cristo

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17. Igreja de Getsemane18. Igreja Evangélica de Cristo19. Igreja Ministério Corpo de Cristo20. Igreja Amor de Deus21. Igreja Santidade de Jesus22. Igreja Pão da Vida23. Igreja Evangélica do ultimo dia24. Igreja Evangélica Pedra Angular25. Igreja Missão Fé dos Apostólica26. Igreja Comunhão na Colheita27. Igreja Comunhão com o Espírito28. Igreja Evangélica Assembleia de Deus29. Igreja Centro do30. Igreja Corpo de Cristo31. Igreja da Paz32. Igreja União Baptista33. Igreja Paz com Deus34. Igreja de Deus Rocha Solica35. Igreja Apostolo em Comunhão com Cristo36. Igreja Primogénito Pedra Angular37. Igreja Missão a Voz da Fé38. Igreja Primogénito de Deus39. Igreja Pentecostal Triunfal40. Igreja Ministério Evangélica de Cristo41. Igreja Louvor Fé dos Apóstolos42. Igreja Palavra de Deus43. Igreja Reformada44. Igreja The Apostolic Tess Mission45. Igreja Santificado em Cristo, digo, Evangélica

Santificada em Cristo46. Igreja Ministério de Embaixador47. Igreja Etiópia Luz Africana de Moçambique48. Igreja Assembleia de Deus Internacional49. Igreja Assembleia de Chuva50. Igreja Noé Primogénito51. Igreja Sagrada Evangélica52. Igreja Convenção Cristã

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53. Igreja de Deus Profecia54. Igreja Assembleia Africana55. Igreja Genil56. Igreja Cristã Internacional57. Igreja Betel Emmanuel58. Igreja Missão da Fé em Moçambique59. Igreja Metodista Unida em Moçambique60. Zione Christian Church61. Igreja Betânia de Moçambique62. Igreja de Deus Gospel Church63. Igreja Assembleia da Nova Aliança64. Igreja nazareno de Moçambique65. Igreja Betsaida de Moçambique66. Igreja Evangélica Nova Pregação67. Igreja Convenção Cristã Internacional68. Igreja Família do Carvalho69. Ministério Despertação.

IV Confissões em Caia (Inquérito feito em 22 Comunidades sobre40)

1. Primeiro Filho de Deus2. 12 Apóstolos3. Adventista do Sétimo Dia4. Agalata 5,55. Água viva6. Amor de Deus7. Amor independente de Deus8. Apostoli9. Apostolic Church10. Assembleia de Deus11. Assembleia de Deus Africana12. Assembleia de Deus Internacional13. Azioni14. Azolana15. Azolana Adventista

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16. Betânia17. Bom Dia18. Comunhão na Colheita de Cristo19. Corpo de Cristo20. Discípulo de Moçambique21. Fé Africana22. Fé e Acção23. Golf Church24. Gospel25. Graça26. Igreja Africana27. Joni Malange28. Luz Internacional29. Missão e Fé dos Apóstolos30. Nazarena31. Nova Aliança32. Nova Jerusalém33. Pentecostes34. Profecia35. Igreja Reformada de Moçambique36. Reino de Deus37. S. Baptista38. S. Lucas39. Testemunhas de Jeová40. União dos Apóstolos41. Igreja Unida42. Unida Africana43. Velhos Apóstolos44. Ziono City.

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BIBLIOGRAFIA

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