Artigo de fisiologia: Dor

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1 DOR AIRES, Ana Larissa Almeida¹; FREIRE, Mirian da Silva Costa¹; SANTOS, Stéfany Lourany Pereira dos¹; SOUZA, Rithielly Ribeiro da Rocha de¹; AMORIM, Marcos Evaristo da Paixão² ¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Luterano de Palmas Universidade Luterana de Palmas (CEULP/ULBRA), Palmas -TO, Brasil, 2 Prof° M.sC do Centro Universitário Luterano de Palmas Universidade Luterana do Brasil (CEULP/ULBRA), Palmas TO, Brasil, 2014. RESUMO Dor é um sintoma extremamente relevante, que acomete pessoas de diferentes faixas etárias e econômicas. Em estado grave, ela pode gerar problemas de incapacitação, dificultando a realização de atividades diárias, chegando a interferir no estado de humor, nas relações sociais e profissionais. A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial. A dor fisiológica é um reflexo protetor do organismo, para evitar uma injúria ou dano tecidual. Frente à lesão tecidual a dor patológica providenciará condições para a cicatrização. Frequentemente uma pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor, está é chama de dor referida. Em estudos foi descoberto que os agentes semelhantes a morfina, principalmente os opiódes também atuam em vários outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. A encefaléia são dores referida para superfície da cabeça a partir de estruturas profundas das mesmas. Palavras-chaves: Tipos de dor, analgesia, receptores, opióides e encefaléia. ABSTRACT Pain is an extremely important symptom that affects people of different age and economic groups. Seriously, it can lead to problems of disability, making it difficult to perform daily activities, getting to interfere in mood, social and professional relationships. The pain can be defined as an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential damage. Physiological pain is a protective reflex of the body, to prevent an injury or tissue damage. Forward to tissue injury pathological pain conditions provide for healing. Often one feels pain in one part of the body far from the tissue causing pain, this is called referred pain. In studies it was discovered that similar to morphine agents, especially opioids also serve on several other points in the analgesia system, including the dorsal horns of the spinal cord. The encefaléia are referred pain to the head surface from deep structures of the same. Keywords: Types of pain, analgesia, receptors, opioid and encefaléia.

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DOR

AIRES, Ana Larissa Almeida¹; FREIRE, Mirian da Silva Costa¹; SANTOS, Stéfany Lourany Pereira dos¹; SOUZA, Rithielly Ribeiro da Rocha de¹; AMORIM, Marcos Evaristo da Paixão²

¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana de Palmas (CEULP/ULBRA), Palmas -TO, Brasil, 2 Prof° M.sC do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana do Brasil (CEULP/ULBRA), Palmas – TO, Brasil, 2014.

RESUMO

Dor é um sintoma extremamente relevante, que acomete pessoas de diferentes faixas

etárias e econômicas. Em estado grave, ela pode gerar problemas de incapacitação,

dificultando a realização de atividades diárias, chegando a interferir no estado de humor,

nas relações sociais e profissionais. A dor pode ser definida como uma experiência

sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial. A dor

fisiológica é um reflexo protetor do organismo, para evitar uma injúria ou dano tecidual.

Frente à lesão tecidual a dor patológica providenciará condições para a cicatrização.

Frequentemente uma pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do

tecido causador da dor, está é chama de dor referida. Em estudos foi descoberto que

os agentes semelhantes a morfina, principalmente os opiódes também atuam em vários

outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal.

A encefaléia são dores referida para superfície da cabeça a partir de estruturas

profundas das mesmas.

Palavras-chaves: Tipos de dor, analgesia, receptores, opióides e encefaléia.

ABSTRACT

Pain is an extremely important symptom that affects people of different age and

economic groups. Seriously, it can lead to problems of disability, making it difficult to

perform daily activities, getting to interfere in mood, social and professional relationships.

The pain can be defined as an unpleasant sensory and emotional experience associated

with actual or potential damage. Physiological pain is a protective reflex of the body, to

prevent an injury or tissue damage. Forward to tissue injury pathological pain conditions

provide for healing. Often one feels pain in one part of the body far from the tissue

causing pain, this is called referred pain. In studies it was discovered that similar to

morphine agents, especially opioids also serve on several other points in the analgesia

system, including the dorsal horns of the spinal cord. The encefaléia are referred pain to

the head surface from deep structures of the same.

Keywords: Types of pain, analgesia, receptors, opioid and encefaléia.

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A dor faz parte do cotidiano da

maioria das pessoas desde os

primórdios de sua existência, e

quando esta não aparece, constitui-

se um fator relevante de disfunção

fisiológica, com graves

consequências para a segurança do

indivíduo.

A dor é, em grande parte uma

benção mista. Seu objetivo primário

é, obviamente, o de proteção.

Nitidamente, traz grandes

benefícios, a quem se afasta,

rapidamente, do estímulo que está

causando lesão tecidual, e as

pessoas, com limiares

extremamente altos para a dor,

como resultado de lesão ao nervo,

por exemplo, podem ter lesões

consideráveis, por sua percepção

reduzida a dor. (DAVIES, 2001)

A sensação de dor é bem

variada e particular, pois depende da

reação de cada um em traduzir as

lesões reais ou potenciais. Ela é

provocada por um determinado

estímulo, que afeta receptores

especializados em dor, e emitem

uma resposta. Desta forma, a

interpretação da dor varia de

indivíduo a indivíduo, assim como no

próprio indivíduo, em diferentes

momentos de sua vida, sob

diferentes circunstâncias. (PAIVA,

2006)

A dor foi conceituada pela

primeira vez em 1986, pela

Associação Internacional para o

estudo da dor, como uma

experiência sensorial e emocional

desagradável que está associada a

lesões reais ou potenciais. A

exposição da pele ou qualquer outro

órgão a estímulos potencialmente

nocivos induz à sensação

desagradável, informando o

indivíduo sobre o perigo real ou

potencial para sua integridade física.

Portanto, a informação processada

pode ser diferenciada como dor

fisiológica ou dor patológica.

(KLAUMANN, 2008)

Quando se trata de definir a

dor, é quase impossível dizer o que

ela realmente é; o homem sabe

intuitivamente como é, mas

especificar, definir claramente, ou,

mais ainda, descrevê-la

integralmente resulta praticamente

uma utopia. A criança “sabe” priori

quando tem dor, e precocemente

aprende a diferenciá-la; Além disso a

criança já pode separar bem essa

sensação como algo diferente das

outras sensações, e lhe confere a

maior importância. (DOUGLAS,

2006)

A dor ocorre sempre que qualquer

tecido é lesionado, fazendo com que

o indivíduo reaja para remover o

estímulo doloroso. Mesmo em

atividades simples como o ato de

sentar durante longos períodos

sobre os ísquios pode causar

destruição tecidual pela falta de fluxo

sanguíneo para a pele comprimida

pelo peso do corpo. (GUYTON,

2006)

INTRODUÇÃO

Page 3: Artigo de fisiologia: Dor

3

Aprofundar os conhecimentos

em relação à fisiologia da dor,

avaliando suas características, tipos

que podem ser sentidas pelo

homem.

Descrever que a dor pode

ocorrer sempre que qualquer tecido

é lesionado, fazendo o indivíduo

reagir para remover os estímulo

doloroso.

Contribuir para o

conhecimento teórico que

futuramente serão utilizados na

prática.

Analisar de forma completa os

motivos causadores de algumas

cefaléias, mostrando os receptores

de cada uma.

Verificar a aplicabilidade dos

conceitos destacados no estudo.

Comprovar a importância das

ferramentas gerenciais para a

transformação do conhecimento

tático e teórico, em prático.

Detectar as situações de

dores em que as crianças, adultos e

idosos vivenciam.

Descrever os trajetos em que

os sinais nervosos percorrem até o

momento de sentir a dor.

Trata-se de um estudo teórico

conceitual, abrangendo consulta a

artigos científicos de periódicos,

revistas indexadas e livros na área

bem conceituados nas classes de

fisiologia da dor.

TIPOS DE DOR

Os mecanismos fisiológicos

da dor envolvem conceitos de

sensibilização periférica e

neuroplasticidade na perpetuação

da dor, com ação através de

mediadores bioquímicos nas vias

nociceptivas. Pode-se estabelecer

correlações entre inflamação, dor e

status psicológico. A inflamação

persistente contribui para a

continuidade do ciclo de dor,

gerando hipersensibilidade. A dor

aumenta com o estresse psicológico,

que é capaz de induzir aumento de

citocinas inflamatórias. (DAVIES,

2001)

Na avaliação da dor, não

existem exames laboratoriais ou

testes objetivos, dependendo-se, em

grande, parte do relato do paciente

(subjetivo). Como instrumento de

avaliação, dispõe-se da escala visual

analógica, que avalia somente o

componente de intensidade da dor e

não outros aspectos, como o mal-

estar gerado pela dor ou o seu

OBJETIVO GERAL METODOLOGIA

REFERENCIAL TEÓRICO

OBJETIVO ESPECÍFICO

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impacto na qualidade de vida. Na

abordagem da dor reumática, as

medidas não-farmacológicas

incluem a fisioterapia, a terapia

ocupacional, terapias

complementares e exercícios.

(PAIVA, 2006)

A dor é classificada em dois

tipos principais: a dor rápida e dor

lenta. A dor rápida é sentida dentro

de 0,1 segundos após a aplicação de

um estimulo doloroso, enquanto a

dor lenta começa somente após um

segundo ou mais, aumentando

lentamente durante vários segundos

e algumas vezes durante minutos.

(GUYTON, 2006)

A presença de duas vias para

a dor, uma lenta e outra rápida,

explica a observação fisiológica de

que existem dois tipos de dor. Um

estimulo doloroso causa sensação

localizada, aguda, em pontada,

seguida por sensação surda,

intensa, difusa, desagradável. Essas

duas sensações são em geral,

chamada de dor rápida e lenta ou

primeira e segunda dor. Quanto mais

longe do cérebro por aplicado o

estímulo, maior a será a separação

temporal entre os 2 componentes.

Esta e outras evidências tornam

claro que a dor rápida é devida a

atividade nas fibras de dor A δ,

enquanto a dor lenta é devida a

atividade as fibras C da dor.

(GANONG, 1998)

DOR VISCERAL

No diagnóstico clínico, a dor oriunda

de diferentes vísceras do abdômen e

do tórax é um dos poucos critérios

que podem ser utilizados para o

diagnóstico de inflamação visceral,

doença visceral infecciosa e outros

males viscerais. Geralmente, as

vísceras possuem receptores

sensoriais exclusivos para a dor.

Além disso, a dor visceral difere da

dor superficial em vários aspectos

importantes. (GUYTON, 2006)

A dor visceral é a dor que se

origina nos órgãos internos,

diferindo, em muitos aspectos, da

dor profunda e superficial. Os

estímulos, produtores da dor

visceral, são, muitas vezes, muito

diferentes dos que produzem dor

superficial. Muitos órgãos internos,

como o fígado e os rins, parecem ser

insensíveis a estímulos, como corte,

ou esmagamento, que são muito

eficazes, para a produção de dor

superficial, na pele. Todavia, outros

órgãos viscerais, como o

mesentério, as gônadas, e a capsula

hepática, são muito sensíveis a

esses tipos de estimulo. (DAVIES,

2001)

Para PAIVA, 2008, além de

ser mal localizada, desagradável e

associada as náuseas e aos

sintomas autonômicos, a dor visceral

geralmente é irradiada ou referida

para outras áreas. O sistema

nervoso autônomo, assim como o

somático, tem componentes

aferentes, estações de integração

central e vias efetoras. Os

receptores da dor das outras

modalidades sensoriais resistentes

nas vísceras são semelhantes aos

receptores cutâneos, mas existem

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diferenças notáveis em sua

distribuição. Não existem

proprioceptores nos órgãos internos

e há poucos receptores para

temperatura e o toque. Os

receptores da dor estão presentes,

embora sua distribuição seja mais

esparsa do que nas estruturas

somáticas.

Os mecanismos neurais que

envolvem a geração da dor

inflamatória e da dor visceral, por

muito tempo foram tidos como

iguais, porém existem diferenças

relevantes. As vísceras raramente

são expostas a estímulos externos

mas são alvos comuns de diversas

doenças. O conceito de aferentes

nociceptivos ativados por um

estímulo direto sobre o tecido é difícil

de transferir para os tipos de dor

visceral. A sensibilidade do tecido

visceral a estímulos térmicos,

químicos e mecânicos difere

significativamente. As vísceras

parecem mais sensíveis à distensão

de órgãos cavitários de parede

muscular, sem dano tecidual,

isquemia, e inflamação. A área sobre

a qual o estímulo acontece pode ser

uma determinante crucial no

desenvolvimento dos tipos de dor.

(KLAUMANN, 2008)

DOR SOMÁTICA

A dor, que é mais sentida pela

maioria das pessoas, é a dor

superficial; em outras palavras, ela

se origina da pele ou de outras

estruturas superficiais do corpo.

Essa dor, é caracteristicamente,

ocorre em resposta à lesão real, ou

ameaçada, desses tecidos. A dor é

bem localizada, pela pessoa, ao

ponto de lesão e, geralmente, é

focal; em outras palavras, a dor

percebida é limitada ao sitio da lesão

tecidual. A função dessa dor é,

claramente, protetora e, em geral,

causa a retirada, ou outra resposta,

que limite a lesão tecidual. A dor

profunda está, frequentemente,

associada ao tecido conjuntivo, aos

ossos, aos músculos e às

articulações. (DAVIES, 2001)

DOR ANORMAL

A dor, é geralmente acompanhada

por lesão tecidual. Essa pode ter

função protetora, diminuindo e, por

fim, desaparece com a cicatrização

da lesão. Esse é o tipo de dor

experienciado por todas as pessoas,

de tempo em tempos, sendo

descrito, por muitos autores, como

dor fisiologia. Todavia, a dor pode

não aderir a esse decurso temporal,

podendo cronificar e passar a ser

debilitante. A dor pode se tornar de

logo prazo, como resultado de

estimulo agindo de forma muito

prolongada, por exemplo, como

ocorre na artrite reumatóide.

(DAVIES, 2001)

DOR PROFUNDA

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A diferença principal entre as

sensibilidades superficial e profunda

é a natureza diversa da dor

provocada pelos estímulos nocivos.

Isso provavelmente à deficiência

relativa de fibras nervosas Aδ nas

estruturas profundas, de forma que

há pouca dor rápida e bem –

demarcada. Além disso, a dor

profunda e a dor visceral são mal

localizadas, provocam náuseas e

geralmente estão associadas à

sudorese e às alterações da pressão

arterial. A dor pode ser produzida

experimentalmente no periósteo nos

ligamentos, injetando-se solução

salina hipertônica nessas estruturas.

(DAVIES, 2001)

A dor produzida dessa forma

desencadeia a contração reflexa dos

músculos esqueléticos adjacentes.

Essa contração reflexa é semelhante

ao espasmo muscular associado às

lesões dos ossos, tendões e

articulações. Os músculos mantidos

em contração prolongada entram em

isquemia, que estimula os

receptores da dor neles existentes.

Por sua vez a dor desencadeia mais

espasmo, iniciando um ciclo vicioso.

(GANONG, 2007)

RECEPTORES PARA DOR E SUA

ESTIMULAÇÃO

Os receptores para dor são

terminações nervosas livres. Os

receptores para dor na pele e em

outros tecidos são terminações

nervosas livres. Eles estão

espalhados nas camadas

superficiais da pele, bem como em

certos tecidos internos como o

periósteo, parede das artérias,

superfícies articulares e a foice e o

tentório na abóbada craniada. A

maioria dos outros tecidos profundos

está esparsamente suprida com

terminações nervosas para dor;

porém, lesões teciduais extensas

podem-se somar e causar uma dor

lenta e crônica na maioria destas

áreas. (GUYTON, 2006)

Três tipos de estímulos excitam os

receptores para dor-mecânicos,

térmicos e químicos. A dor pode ser

desencadeada por vários tipos de

estímulos. Eles são classificados

como estímulos dolorosos

mecânicos, térmicos e químicos. Em

geral, a dor rápida é desencadeada

por tipos de estímulos mecânicos e

térmicos, enquanto a dor crônica,

pode ser desencadeada pelos os

três tipos de estímulo. (DAVIES,

2001)

Algumas das substancias que

excitam o tipo químico de dor são:

bradicinina, serotonina, histamina,

íons potássio, ácidos, acetilcolina e

enzima proteolíticas. Além disso, a

prostaglandinas e substancia P

aumentam a sensibilidades das

terminações nervosas, mas não

excitam diretamente estas

terminações. As substâncias

químicas são especialmente

importantes na estimulação do tipo

de dor lenta e persistente que ocorre

após a lesão tecidual. (GUYTON,

2006)

Page 7: Artigo de fisiologia: Dor

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Natureza não-adaptativa dos

receptores para dor. Ao contrário da

maioria dos outros receptores do

corpo, os receptores para dor se

adaptam muito pouco e algumas

vezes não se adaptam. De fato, sob

certas circunstâncias, a excitação

das fibras dolorosas torna-se

progressivamente maior na medida

em que o estimulo persiste,

especialmente para dor lenta-

persistente-nauseante. Este

aumento da sensibilidade dos

receptores para dor é chamado de

hiperalgesia. Pode-se compreender

prontamente a importância desta

ausência de adaptação dos

receptores para dor, pois isto

possibilita que a pessoa esteja ciente

da presença de um estimulo lesivo

enquanto a dor persisti. (GANONG,

2007)

VIAS DA DOR

A dor é apreciada quando que

é, por definição, um estimulo

doloroso causa ativação de

receptores periféricos para dor

(nociceptores), resultando na

condução de impulsos nervosos, ao

longo da série de neurônios,

começando nos aferentes primários

periféricos dos nociceptores,

continuando por neurônios

medulares supramedulares, para

termina nos centros encefálicos

superiores. (GANONG, 2007)

Seria muito errado, contudo,

se pensar que a via para dor

representasse, apenas, série de

retransmissões neurais, da periferia

até o córtex cerebral. Por toda a

extensão da via da dor, os impulsos

nervosos e sua transmissão são

modulados por fatores estranhos à

via, incluindo mediadores

inflamatórios, na periferia, além de

vias nervosas locais e descendentes

na medula espinhal e acima dela.

(DAVIES, 2001)

Para GANONG, 2007, apesar

de todos os receptores para dor

serem terminações nervosas livres,

estas terminações utilizam duas vias

separadas para a transmissão de

sinais dolorosos ao sistema nervoso

central. As duas vias correspondem

principalmente aos dois tipos de dor

– uma via para a dor pontual-rápida

e uma via para dor lenta-crônica.

Fibras dolorosas periféricas –

Fibras “Rápidas” e “Lentas”. Os

sinais dolorosos pontuais-rápidos

são desencadeados por estímulos

mecânicos ou térmicos; eles são

transmitidos nos nervos periféricos

para a medula espinhal através de

fibras Aδ do tipo pequeno em

velocidades entre 6 e 30m/s.

Inversamente, o tipo de dor lenta-

crônica é desencadeado

principalmente por estímulos

dolorosos do tipo químico, mas

algumas vezes por estímulos

mecânicos ou térmicos persistente.

Esta dor lenta-crônica é transmitida

para a medula espinhal através de

fibras tipo C em velocidades entre

0,5 e 2m/s. (GUYTON,2006)

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Por causa deste sistema

duplo de inervação para a dor, um

estimulo doloroso súbito em geral

causa uma sensação dolorosa

“dupla”: uma dor pontual-rápida que

é transmitida para o cérebro pela via

de fibras Aδ, seguida em um

segundo ou mais por uma dor lenta

que é transmitida pela via da fibra

C.A dor pontual avisa a pessoa

rapidamente sobre o perigo e,

portanto, desempenha um

importante papel na reação imediata

do indivíduo para se afastar do

estímulo doloroso. A dor lenta tende

a aumentar com o passar do tempo.

Esta sensação eventualmente

produz um sofrimento intolerável de

dor continuada e faz com que a

pessoa continue tentando aliviar a

causa da dor. (KLAUMANN, 2008)

CARACTERÍSTICAS DOS

RECEPTORES QUÍMICOS DA

DOR

Os peptídeos algésicos são

destruídos no sangue pelas

cininases, que atuam rapidamente,

impedindo a ação da bradicinina,

quando injetada intravenosa ou

intramuscularmente. Isso sugere

que os quimiorreceptores da dor

estão localizados no tecido conectivo

pericapilar ou perivenular. Os

quimiorreceptores parecem ser

terminações nervosas livres, sem

mielina do tecido conectivo,

localizados nos capilares e vênulas.

Os agentes químicos deixam de agir

quando os nervos paravasculares

são destruídos pela extirpação dos

gânglios das raízes posteriores, mas

quando extirpados os gânglios

simpáticos e o fluxo sanguíneo de

altera, a bradicinina continua

invocando a resposta dolorosa.

(DOUGLAS, 2006)

Segundo GANONG, 2007,

esses quimiorreceptores são

excitados por substâncias de

configuração química muito variável

(K+, aminas, peptídeos). Postulou-

se, assim, a hipótese de que sua

estimulação depende da atração

eletrofílica. Os sítios ativos do

receptor seriam aniônico, ou seja,

ricos em elétrons. Os agentes

algésicos, desse modo, estão

carregados eletropositivamente. Isto

pode ser fundamentado pela

hipótese de Amoore para a olfação: “

a estima de substâncias odoríferas,

cuja ação é atribuída a radicais que

tem parte da molécula fortemente

eletrolítica”.

Dessa forma, os receptores

químicos da dor não seriam

receptores propriamente ditos, pois

são axônios mielínicos que

apresentam sítios ativos onde agem

os agentes algésicos. Os axônios

estão envolvidos por células de

Schwann, mas aparentemente

existiriam lugares onde faltaria essa

membrana neurilema ou células

Schwann, ficando nua a membrana

do axônio, em contado direto com o

liquido extracelular, onde poderiam

agir os agentes químicos algésicos.

A membrana axonal tem alta

resistência elétrica e capacitância;

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ao microscópio eletrônico aparece

como duas camadas eletrodensas

depois de se fixar com KMnO4.

(DOUGLAS, 2006)

SISTEMA DE SUPRESSÃO

DA DOR (“ANALGESIA”) NO

ENCEFALO E NA MEDULA

ESPINHAL

O grau de reação de uma

pessoa à dor varia tremendamente.

Isto resulta parcialmente de uma

capacidade do próprio encéfalo em

suprir as aferência de sinais

dolorosos para o sistema nervoso

através da ativação de um sistema

de controle de dor chamado sistema

de analgesia. Esse sistema consiste

em três grandes componentes: (1)

As áreas periventricular e da

substância cinzenta periaquedutal

do mesencéfalo e região superior da

ponte que circundam o aquedulto de

Sylvius e porções do terceiro e do

quarto ventrículo. (GUYTON, 2006)

Os neurônios destas áreas

enviam sinais para (2) O núcleo

magno da rafe, um fino núcleo da

linha media localizado nas regiões

inferior da ponte e superior da

medula oblonga, e o núcleo reticular

paragagigantocelular, localizado

lateralmente na medula oblonga. A

partir destes núcleos os sinais de

segunda ordem são transmitidos

através das colunas dorsolaterais da

medula espinhal, para (3) o

complexo inibitório da dor localizado

nos cornos dorsais da medula

espinhal. (DOUGLAS, 2006)

OPIÓIDES

Por muitos séculos, já são

conhecidas as propriedades

analgésicos dos agentes opiácios,

como o ópio, o láudano e a morfina,

derivados da capsula das sementes

da papoula Papaver somniferum.

Substâncias endógenas,

semelhantes aos opiáceos, foram

isoladas, na década de 70, incluído a

leu-encefalina, a β-endorfina e as

dinorfinas. Elas ocorrem em todo o

corpo, tendo participação intima na

modulação da dor, além de serem

neurotransmissores, fora da via da

dor. (PAIVA, 2008)

A leu-encefalina e a met-

encefalina são, ambas,

pentapeptídeos, que diferem, entre

si, apenas pelo aminoácido terminal,

leucina, e na leu-encefalina, e

metilnina, na met-encefalina. As

duas encefalinas são formadas na

clivagem de uma pró-encefalina,

grande polipeptídeo precursor. A β-

endofina é um polipeptídeo, com 31

aminoácidos, contendo a sequência

de aminoácidos que constitui a met-

encefalina. É clivada do pró-

opiomelanocortina precursor. As

dinofinas inclui a própria dinofina, a

α-neoendofina e a β-neoendofina,

formadas a partir do polipeptídeo

precursor, e pró-dinufina. (DAVIES,

2001)

A mais de 35 anos, foi

descoberto que a injeção das

diminutas quantidades de mofina,

tanto no núcleo periventricular ao

redor do terceiro ventrículo quanto

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na substância cinzenta

periaquedutal do tronco cerebral,

causa um grau extremo de

analgesia. Nos estudos

subsequentes observou-se que os

agentes semelhantes à mofina,

principalmente os opióides, também

atuam em vários outros pontos no

sistema de analgesia, incluindo os

cornos dorsais da medula espinhal.

Como muitas drogas que alteram a

excitabilidade dos neurônios o fazem

através da ação sobre os receptores

sinápticos, foi considerado que os

“receptores para mofina” do sistema

da analgesia deveriam ser os

receptores para algum tipo de

neurotransmissor semelhante à

mofina que fosse naturalmente

secretado pelo sistema nervoso.

(GUYTON, 2006)

Portanto uma extensa

pesquisa foi realizada a procura dos

opióides natural do sistema nervoso.

Aproximadamente uma dúzia destas

substâncias opióides é encontrada

em diferentes pontos do sistema

nervoso; todas elas são produtos da

degradação de três grandes

moléculas proteicas: pró-

opiómelarnocortina, pró-encefalina e

prodinofina. Entre a as mais

importantes dessas substâncias

opióides estão a β-endorfina,

metencefalina, a leuencefalina e a

ginofina. (DOUGLAS, 2006)

SISTEMA OPIÓIDE

ENCEFALO-ENDORFINAS E

ENCEFALINAS

Segundo GUYTON, 2006, há

mais de 35 anos, foi descoberto que

a injeções diminutas quantidades de

morfina, tanto no núcleo

periventricular ao redor do terceiro

ventrículo quanto na substancia

cinzenta periaquedutal do tronco

cerebral, causa um grau estremo de

analgesia. Nos estudos

subsequentes, observou-se que os

agentes semelhantes à morfina,

principalmente os opiódes, também

atuam em vários outros prontos do

sistema de analgesia, incluindo os

cornos dorsais da medula espinhal.

Como muitas drogas que alteram a

excitabilidade dos neurônios ou

fazem através da ação sobre os

receptores sinápticos, foi

considerado que os “receptores para

morfina” do sistema da analgesia

deveriam ser os receptores para

algum tipo de neurotransmissor

semelhante a morfina que fosse

naturalmente secretado pelo sistema

nervoso.

Portanto uma extensa

pesquisa foi realizada a procura do

opióde natural do sistema nervoso.

Aproximadamente uma dúzia destas

substâncias opiódes é encontrado

em diferentes pontos do sistema

nervoso; todas elas são produtos da

degradação de três grandes

moléculas protéicas: pró-

opiómelanocortina, proencefalina e

prodimorfina. Entre as mais

importantes dessas substancias

opiódes estão a β-endorfina, a

metencefalina, a leuencefalina e a

dimorfina. (DAVIES, 2001)

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As duas encefalinas são

encontradas no tronco cerebral e na

medula espinhal, nas porções do

sistema de analgesia descrita

anteriormente, e a β-endorfina está

presente tanto no hipotálamo como

na hipófise. A dimorfina se encontra

principalmente nas mesmas regiões

em que ocorre as acefalinas, mas

em quantidades muito menores.

(DOUGLAS, 2006)

Assim, apesar dos detalhes

sutis do sistema opióde do cérebro

não serem compreendidos, a

ativação do sistema de analgesia

pelos sinais neurais que entram na

substância cinzenta periaquedutal e

na área periventricular, ou inativação

das vias da dor por drogas

semelhantes a morfina podem

suprimir quase totalmente muitos

sinais dolorosos provenientes dos

nervos periféricos. (GUYTON, 2006)

INIBIÇÃO DA TRANSMISSÃO DA

DOR POR SINAIS TATEIS

SIMULTÃNEOS

Outro evento importante na

saga do controle da dor foi a

descoberta que a estimulação das

grandes fibras sensoriais do tipo Aβ

oriunda dos receptores táteis

periféricos pode reduzir a

transmissão dos sinais da dor

oriundos da mesma área corporal.

Isto presumivelmente resulta da

inibição lateral local na medula

espinhal. Este fato explica porque as

manobras simples como massagem

da pele próxima às áreas dolorosas

geralmente são eficazes no alivio da

dor. E provavelmente também

explica porque linimentos

geralmente são utilizados para aliviar

a dor. Este mecanismo e a excitação

psicogênica simultânea do sistema

de analgesia central provavelmente

também são a base do alivio da dor

obtido pela acupuntura. (GUYTON,

2005)

TRATAMENTO DA DOR

POR ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA

Vários procedimentos clínicos

foram desenvolvidos para a

supressão da dor através da

estimulação elétrica. Eletrodos

estimuladores são colocados em

áreas selecionadas da pele ou,

ocasionalmente, implantados sobre

a modelo espinhal, supostamente

para estimular as colunas sensoriais

dorsais. (GUYTON, 2006)

Em alguns pacientes,

eletrodos podem ser colocados

estereotaxicamente em núcleos

intralaminares do tálamo

apropriados ou nas áreas

periventricular ou periaquedutal do

diencéfalo. O paciente pode

controlar pessoalmente o grau de

estimulação. Um alívio dramático já

foi registrado em alguns casos. Além

disso, foi registrado que o alívio da

dor pode durar até 24 horas após

somente alguns minutos de estimulo.

(GANONG, 2007)

CEFALÉIA

As cefaléias são um tipo de

dor referida para a superfície da

Page 12: Artigo de fisiologia: Dor

12

cabeça a partir de estruturas

profundas da mesma. Algumas

cefaléias resultam de estímulos

dolorosos provenientes de dentro do

crânio, enquanto outras resultam de

dores que se originam fora do crânio,

como nos seios nasais. (GUYTON,

2006)

Os tecidos encefálicos

propriamente ditos são quase

sensíveis a dor. Mesmo o corte ou a

estimulação elétrica de áreas

sensoriais do córtex cerebral apenas

ocasionalmente causam dor; em vez

disso, esta estimulação causa tipos

incômodos de parestesias na área

do corpo representada pela porção

do córtex estimulado. Portanto, é

provável que a principal causa da

cefaleia não seja a lesão de uma

região encefálica propriamente dita.

(DAVIES, 2001)

A estimulação dos receptores

para dor na calota craniana acima do

tentório, incluindo a superfície

superior do tentório propriamente

dito, desencadeia impulsos

dolorosos na porção cerebral do

quinto nervo e, portanto, causa

cefaleia referida na metade frontal da

cabeça, nas áreas de superfície

supridas por esta porção

somatossensorial do quinto nervo

craniano. (DOUGLAS, 2006)

O conhecimento da fisiologia

da dor ou nocicepção é uma

importante ferramenta para o

entendimento dos mecanismos

desencadeantes dos processos

dolorosos, sejam fisiológicos ou

principalmente patológicos. Tais

informações são essenciais para a

instituição de uma terapia analgésica

eficiente, preemptiva e multimodal,

pois a síndrome dolorosa pode ser

considerada uma doença, gerando

alterações na homeostasia orgânica

que implicam em perda da qualidade

de vida do paciente.

As consequências negativas

da dor de longe excedem alguma

preocupação especial para a

utilização de analgésicos. O estresse

causado por tal situação deve ser

impedido de tomar proporções

catastróficas para o indivíduo, ou

seja, antes que haja a exaustão das

reservas biológicas de energia.

Devesse ter em mente que não

existem efeitos negativos da

utilização dos analgésicos, mas sim,

relacionados à escolha inadequada

ou a dose. Qualquer dor, seja ela

aguda ou crônica, tenha ela causa

conhecida ou não, tem sempre um

componente psicológico que varia de

pessoa a pessoa.

A dor pode também ser

classificada segundo determinação

temporal em dor aguda ou crônica. A

nocicepção é o componente

fisiológico da dor e compreende os

processos de transdução,

transmissão e modulação do

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 13: Artigo de fisiologia: Dor

13

estímulo nociceptivo. Uma vez

instalado o estímulo nociceptivo,

diversas alterações neuroendócrinas

acontecem, promovendo um estado

de hiperexcitabilidade do sistema

nervoso central e periférico.

Sem dúvida alguma, o

adoecer é uma experiência muitas

vezes traumática, e com

repercussões na personalidade do

paciente e, não é incomum, que

venha acompanhado de algumas

dores. A relação do paciente com

essas dores produz sentimentos que

podem interferir diretamente no

processo de recuperação da

patologia apresentada.

Qualquer dor, seja ela aguda

ou crônica, tenha ela causa

conhecida ou não, tem sempre um

componente psicológico que varia de

pessoa a pessoa, e é modificado e

influenciado por fatores culturais,

étnicos, sociais e ambientais. Há

pessoas que, mesmo sentindo dor

forte, têm perfeito controle sobre si.

Outras, com a mesma dor tomam

atitudes irracionais, reagem de forma

anômala frente ao stress por ela

causado.

Page 14: Artigo de fisiologia: Dor

14

DAVIES, Andrew, Fisiologia humana. Porto

Alegre: Artmed, 2001

DOUGLAS, Roberto Carlos. Tratado de

fisiologia aplicada as ciências médicas. 6ª

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GUYTON, Artur C., HALL, John E. Tratado

de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro:

Elservier Ltda, 2006

GANONG, William F. Fisiologia médica. 17ª

ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil,

1998

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Dor. Rev Bras Reumatol da Universidade

Federal do Paraná, 2008

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BIBLIOGRÁFICAS