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01 02 AGO Allegro Vivace FORTISSIMO Nº 13 / 2019

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0102AGO

Allegro

Vivace

F O R T I S S I M O N º 1 3 / 2 0 1 9

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P R O G R A M A

CLAUDIO SANTOROFrevo

WOLFGANG AMADEUS MOZART Concerto para piano nº 17 em Sol maior, K. 453 Allegro

Andante

Allegretto

GEORGE GERSHWIN / Ferde Grofé

Rhapsody in Blue

I N T E R VA L O

GEORGE GERSHWIN / Robert Russel Bennett

Porgy e Bess: Um retrato sinfônico

Ministério da Cidadania eGoverno de Minas GeraisA P R E S E N TA M

0 1 / 0 8

0 2 / 0 8

Allegro

Vivace

FA B I O M E C H E T T I , R E G E N T E

A R N A L D O C O H E N , P I A N O

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Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas

Gerais desde sua criação, em 2008,

Fabio Mechetti posicionou a orques-

tra mineira no cenário mundial da

música erudita. Além dos prêmios

conquistados, levou a Filarmônica

a quinze capitais brasileiras, a uma

turnê pela Argentina e Uruguai e

realizou a gravação de nove álbuns,

sendo quatro para o selo interna-

cional Naxos. Natural de São Paulo,

Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Filarmônica

da Malásia, tornando-se o primeiro

regente brasileiro a ser titular de

uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechett i

esteve quatorze anos à frente da

Orquestra Sinfônica de Jacksonville

e, atualmente, é seu Regente Titular

Emérito. Foi também Regente Titular

das sin-fônicas de Syracuse e de

Spokane, da qual hoje é Regente Emé-

rito. Regente Associado de Mstislav

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Nacional de Washington, com ela

dirigiu concertos no Kennedy Center

e no Capitólio. Da Sinfônica de San

Diego, foi Regente Residente. Fez

sua estreia no Carnegie Hall de Nova

York conduzindo a Sinfônica de Nova

Jersey. Continua dirigindo inúmeras

orquestras norte-americanas e é

convidado frequente dos festivais

de verão norte-americanos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington. No

seu repertório destacam-se produções

de Tosca, Turandot, Carmem, Don

Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem

ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca,

Escócia, Espanha, Finlândia, Itá-

lia, Japão, México, Nova Zelândia,

Suécia e Venezuela. No Brasil ,

regeu todas as importantes orques-

tras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência

e em Composição pela Juil l iard

School de Nova York e vencedor do

Concurso Internacional de Regência

Nicolai Malko, da Dinamarca.

FOTO

: RAF

AEL

MO

TTA

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

FABIO MECHETTI

É sempre com grande alegria que

recebemos a visita de um dos

maiores pianistas brasileiros de

todos os tempos: Arnaldo Cohen.

O pianista carioca nos brindará com

duas obras extremamente contrastan-

tes: a vivacidade exuberante de um

dos concertos mais alegres de Mozart

em contraponto com a famosíssima

Rhapsody in Blue do norte-americano

George Gershwin.

A celebração dos 100 anos de Claudio

Santoro continua, desta vez com o

seu efervescente Frevo, uma obra

célebre da fase nacionalista do com-

positor amazonense.

O programa é concluído com um

retrato sinfônico daquela que talvez

seja a primeira grande ópera norte-

-americana, rica em elementos da

música popular dos Estados Unidos,

elevados a um grau de maturidade

artística por aquele que veio a ser,

por muito tempo, sinônimo da música

daquele país.

Um concerto vibrante, que certamente

marcará a memória de todos vocês.

Muito obrigado.

FAB IO MECHET T I

D I R E T O R A R T Í S T I C O

E R E G E N T E T I T U L A R

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Após uma das apresentações de Arnaldo

Cohen em Nova York, Shirley Fleming,

do The New York Post, assinalou: “[...]

A avalanche de notas escrita por Liszt

não chegou a ameaçar Cohen”. Sobre

a gravação das Variações sobre um

Tema de Haendel, de Brahms (Vox),

Harold Schonberg, do The New York

Times, escreveu: “não conheço nenhuma

gravação moderna que se aproxime

desta”. Para a Fanfare Magazine, a

interpretação de Cohen se encontrava

“no mesmo nível de Rudolf Serkin”.

A Gramophone incluiu a gravação de

obras de Liszt (Bis) na Escolha do Edi-

tor e justificou: “Sua interpretação não

fica nada a dever à famosa gravação

de Horowitz. Sua maturidade musical

e virtuosidade o colocam na mesma

categoria de Richter”.

Arnaldo Cohen graduou-se com grau

máximo em Piano e Violino pela UFRJ.

No Brasil, estudou com Jacques Klein;

em Viena, com Bruno Seidlhofer e Dieter

Weber. Aos 24 anos conquistou, por

unanimidade, o Primeiro Prêmio do

Concurso Internacional de Piano Busoni.

Desde então, cumpre uma carreira

internacional em teatros como o Scala

de Milão, Concertgebouw, Symphony

Hall de Chicago, Théâtre des Champs-

-Elysées, Gewandhaus, Teatro La Fenice,

Royal Festival Hall, Barbican Center e

Royal Albert Hall. Foi solista em mais de

quatro mil concertos com orquestras

como as filarmônicas de Londres e

de Los Angeles, Royal Philharmonic,

Philharmonia Orchestra, orquestras de

Cleveland e da Filadélfia. Apresenta-se

com a Filarmônica de Minas Gerais

desde a primeira temporada. Entre

outros, colaborou com os regentes Kurt

Masur, Wolgang Sawallish e Yehudi

Menuhin. Para Menuhin, “Arnaldo Cohen

é um dos mais extraordinários pianistas

que já ouvi”.

Depois de vinte anos em Londres, mudou-

-se para os Estados Unidos e assumiu

uma cátedra vitalícia na Universidade de

Indiana. Na Inglaterra, lecionou na Royal

Academy of Music e no Royal Northern

College of Music. Mantém uma intensa

agenda de masterclasses em todo o mundo.

ARNALDO COHEN

FOTO

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AÇÃO

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IO S

ÁVIO

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SANTOROM A N AUS , B R A S I L , 1 9 1 9 B R A S Í L I A , B R A S I L , 1 989

Claudio

INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,

corne inglês, 2 clarinetes,

clarone, 2 fagotes, contrafagote,

4 trompas, 3 trompetes,

3 trombones, tuba, tímpanos,

percussão, piano, cordas.

ED ITORA

Academia Brasileira de Música

PARA OUV IR

CD Claudio Santoro –

Sinfonias 4 e 9; Ponteio;

Frevo – Orquestra Sinfônica

do Estado de São Paulo –

John Neschling, regente –

Bis/Biscoito Fino – 2006

PARA ASS IST IR

Orquestra Sinfônica Brasileira

– Roberto Minczuk, regente

(a partir de 5min37seg)

Acesse: fil.mg/sfrevo

PARA LER

Vasco Mariz – Cláudio Santoro

– Civilização Brasileira – 1994

Compositor prolífico e talentoso, distinto violinista e maes-

tro, Claudio Franco de Sá Santoro, ou Claudio Santoro,

é um dos mais destacados compositores brasileiros.

Vieram do berço os dons da sua arte: a mãe, brasileira,

era formada em piano e pintura; o pai, italiano, dotado de

bom ouvido musical, tocava piano e cantava. Ele, o pai,

se chamava Giotto Michelangelo — provável homenagem

aos gênios da Renascença italiana Giotto di Bondone e

Michelangelo Buonarroti. Não é de se admirar que Claudio

Santoro também se dedicasse amadoristicamente à pin-

tura. Foi nos saraus, realizados na casa em que nasceu,

na capital amazonense, que o jovem Claudio estreou ao

violino acompanhado pela mãe ao piano. Tinha apenas

dez anos e iniciava ali, modestamente, uma longa car-

reira dedicada à música. O reconhecimento logo veio, e

Santoro percorreu os palcos do Brasil como violinista e,

após completar vinte anos, como auspicioso compositor,

estimulado pelos mestres Nadile de Barros, Francisco

Braga e Hans-Joachim Koellreutter.

Embora tenha recebido inúmeras premiações e convi-

tes de instituições internacionais, Claudio Santoro teve

uma vida nômade e repleta de vicissitudes. A década

de 1950 foi uma das mais turbulentas: após estudar

em Paris e assumir, no Brasil, a fazenda de seu sogro,

atuou como spalla da Orquestra Sinfônica Brasileira,

no Rio de Janeiro. Posteriormente, trabalhou como

compositor-arranjador na gravadora Odeon, na Rádio

Clube do Brasil e na Multifilmes, esta

última em São Paulo. As trilhas de

cinema compostas por Santoro na

Multifilmes renderam-lhe diversas

premiações, dentre elas a Medalha

de Ouro da Associação de Críticos

de Cinema do Rio de Janeiro. Nesse

período, iniciou a primeira etapa de

sua fase nacionalista, caracterizada

pela pesquisa do idioma folclórico

brasileiro. A nova orientação esté-

tica, fruto da inquietude pessoal do

compositor — em termos filosóficos,

emocionais e políticos — o fez retor-

nar à linguagem mais simplificada e

incorporar à sua música expressões

da cultura popular, como o baião, o

maracatu e o frevo.

O vocábulo frevo nasceu da pronúncia

errada do verbo ferver. Assim, na

primeira década do século XX, da

frevança da folia nascia a principal

dança coreográfica de rua do Carna-

val recifense. Diversos compositores

se encantaram pela energia meló-

dica e o poder rítmico dessa dança.

Santoro, em 1951, denominou Frevo

o movimento final de seu Concerto

para piano nº 1. Em agosto de 1953,

na capital paulista, compôs o Frevo

para piano solo, peça curta e vigo-

rosa, dedicada ao pianista Oriano

de Almeida e estreada somente em

1961 por Iris Bianchi. Em 1978, o

Frevo foi arranjado para dois pianos

e, em novembro de 1982, transcrito

para piano, cordas e percussão; no

mesmo ano, foi ampliado para grande

orquestra. Nessa época, Santoro resi-

dia em Brasília, embora demitido

da Orquestra do Teatro Nacional de

Brasília — que hoje leva o seu nome.

A versão sinfônica do Frevo demonstra

suas qualidades como orquestrador,

a exuberância da escrita para per-

cussão e metais e a pujança de seu

estilo nacionalista.

MARCELO

CORRÊA Pianista, Mestre em Piano

pela Universidade Federal de Minas

Gerais, professor na Universidade do

Estado de Minas Gerais.

1 98 2 3 M I N U TO S

FrevoPrimeira apresentação

com a Filarmônica

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Concerto para piano nº 17 em Sol maior, K. 453

INSTRUMENTAÇÃO

Flauta, 2 oboés, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

ED ITORA

Kalmus

PARA OUV IR

CD Mozart – Clavier-

Concerte 6 & 17 –

Anima Eterna –

Jos van Imerseel, piano –

Channel Classics

CCS1891 – 1991

PARA ASS IST IR

Wiener Philharmoniker –

Leonard Bernstein,

regente e piano

Acesse: fil.mg/mpiano17

PARA LER

Jean e Brigitte Massin –

Wolfgang Amadeus Mozart

– Fayard – 1970

Olívio Tavares de Araújo –

Procurar Mozart –

Síntese – 1991

Dos cerca de quarenta concertos compostos por Mozart

para quase todos os instrumentos, vinte e três têm o

piano como solista. Os aspectos que mais impressio-

nam no conjunto desses concertos são a diversidade e

riqueza de caráter, de inspiração e os meios utilizados

que fazem deles uma coleção de obras tanto ou mais

importantes que as sinfonias.

O ano de 1784 foi particularmente rico para esse acervo,

e igualmente rico para o conjunto de obras-primas

mozartianas em todos os gêneros, nos últimos sete anos

de sua vida. Após um doloroso 1782, em que Mozart, com

Constance, visitou o pai e a irmã em Salzbugo — visita

malsucedida —, em 1784, sentindo-se definitivamente

senhor de sua vida, decidiu nunca mais voltar a Salz-

burgo. A sociedade de Viena o considerava o artista da

moda, tinha alguns alunos, tocava quase diariamente

em academias e saraus.

Ingressando na Maçonaria, Wolfgang conviveu ali com

Johann Pezzl — citado por Olívio Tavares de Araújo no

livro Procurar Mozart: “Quando da estreia de uma ópera

ou peça teatral, o estardalhaço das carruagens, o eco das

patas dos cavalos e a gritaria dos cocheiros ao cruzarem

o Graben e o Kohlmarkt criam um concerto infernal”.

Entende-se com esse comentário por que razão, durante

a Quaresma, os teatros da católica Áustria não abriam

para espetáculos de ópera e teatro. Multiplicavam-se,

por outro lado, os concertos e diferentes formas de fazer

e escutar música, menos festivas.

Estimulado, Mozart viveu então, na

Quaresma de 1784, um excepcional

período de impulso criativo.

De maneira geral, os concertos de

piano eram escritos por Mozart para

sua própria execução, quando obtinha

extraordinário sucesso pelo brilho

de seu virtuosismo. Porém, dos seis

concertos daquela Quaresma, dois

foram escritos para sua talentosa

aluna Babette Ployer, dos quais o

em Sol, único concerto composto

por Mozart nessa tonalidade.

O Concerto K. 453 traz estados de

alma bem diferentes dos concertos

anteriores: mais serenidade, caráter

às vezes pastoral, menos brilho e um

virtuosismo moderado, nada exte-

rior. O tema inicial se apresenta em

ritmo de marcha leve pelas cordas,

pontuada pelas madeiras. Todo o

desenvolvimento do Allegro, como

o constante diálogo piano-orquestra,

se faz com sabedoria tipicamente

mozartiana, e não propõe contras-

tes acentuados, preferindo as meias

tintas e a calma, porém com paixão

sempre subjacente.

O Andante (“não Adagio!” recomenda

Wolfgang) não oferece oposição ou

forte contraste ao primeiro movi-

mento; o tema que se apresenta na

orquestra, sem introdução, é de uma

expressividade das mais profundas,

com grande unidade de concepção,

e surge como uma continuação do

espírito do primeiro movimento.

No Allegretto final Mozart abandona

a forma rondó e utiliza o tema com

variações. É curioso como o tema

reproduz o canto de um passari-

nho, fato comentado numa anotação

de Mozart que, encantado com um

estorninho, comprou o pássaro. As

variações são bem distribuídas entre

orquestra e solista, terminando com

um Finale: presto.

BEREN ICE MENEGALE

Pianista, fundadora e diretora da

Fundação de Educação Artística

1 784 3 0 M I N U TO S

Primeira apresentação

com a Filarmônica

SA L Z BU RG O , ÁUST R I A , 1 75 6 V I E N A , ÁUST R I A , 1 79 1

Wolfgang AmadeusMOZART

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INSTRUMENTAÇÃO

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

clarone, 2 fagotes, 2 saxofones

soprano, saxofone tenor,

3 trompas, 3 trompetes,

3 trombones, tuba, tímpanos,

percussão, banjo, cordas.

ED ITORA

Belwin

PARA OUV IR

CD George Gershwin –

Rhapsody in Blue; Piano

Concerto in F (versão para

dois pianos) – Katia & Marielle

Labeque, pianos – Philips,

1981/1990 – Polygram do

Brasil, 1988

PARA ASS IST IR

New York Philharmonic –

Leonard Bernstein, regente e

piano | Acesse: fil.mg/gblue

PARA LER

François-René Tranchefort

– Guia da Música Sinfônica –

Nova Fronteira – 1990

Otto Maria Carpeaux –

Uma nova história da música –

Edições de Ouro – 1968

George Gershwin era filho de emigrantes russos, vindos

para a jovem nação americana que então despontava como

potência expansionista e imperialista. Deveria chamar-se

Jacob Gerchovitz, mas os pais, compreensivelmente, ame-

ricanizaram seu nome.

A família passou por diversos bairros de Nova York – até

completar dezoito anos, George mudou de endereço 25

vezes! –, entre os quais o Harlem, precisamente quando o

jazz começava a ser conhecido. Não havendo ainda uma

tradição americana de música de concerto, o talento precoce

do compositor orientou-se no sentido da canção popular,

do ragtime e do jazz. Logo conseguiu emprego como

pianista: primeiro, no Tin Pan Alley, bairro especializado

em música ligeira; depois, em 1917, atuou na Broadway.

O piano, mais que instrumento de trabalho, era o catalisador

fundamental de suas ideias musicais, e a improvisação

permaneceu inerente ao seu estilo de composição.

A criação de uma música americana original, para além das

fronteiras estilísticas, tornou-se um ideal mais concreto para

Gershwin depois de seu encontro com o maestro Paul Whi-

teman, grande incentivador do que se convencionou chamar

jazz sinfônico. Na verdade, o repertório ligeiro e superficial da

orquestra de Whiteman estava longe do autêntico jazz; entre-

tanto, coube-lhe o mérito da encomenda da Rhapsody in Blue.

Em de janeiro de 1924, George jogava bilhar quando

Ira, seu irmão e letrista, mostrou-lhe um anúncio do

New York Tribune confirmando a

apresentação de nova criação de

Gershwin, em concerto marcado para

18 de fevereiro no Aeolian Hall. De

fato, a encomenda havia sido feita,

mas de maneira informal e sem prazo

determinado. O compositor aceitou

o desafio e começou a esboçar a

obra, escrevendo-a em três ou quatro

pautas, como uma partitura para dois

pianos – a orquestração ficaria a cargo

de Ferde Grofé, pianista e arranjador

de Whiteman. Até o dia previsto, os

dois ainda faziam modificações na

partitura e, na estreia, alguns trechos

pianísticos foram improvisados por

Gershwin. A Rapsódia abre-se com

um célebre glissando de clarinete,

revelando a fonte jazzística da obra

cujo fascínio associou-se indelevel-

mente à vida pulsante da Nova York

dos anos 1920.

Na sequência do sucesso, Gershwin

aprofundou sua aprendizagem teórica

e passou a orquestrar suas próximas

obras importantes: o Concerto para

piano em Fá maior, encomenda da

Orquestra de Nova York; Um americano

em Paris, poema sinfônico em que se

ouvem buzinas de automóveis (os táxis

parisienses), blues e um charleston.

Por fim, Porgy and Bess, saudada

como a primeira ópera verdadeira-

mente americana (a cuja consagração

mundial o autor não chegou a assistir),

com seus maravilhosos spirituals e

cenas corais inesquecíveis.

Em 1928, Gershwin viajou para a

Europa. Em Paris, quando tentou

convencer Ravel a dar-lhe lições, o

compositor francês, sabiamente, per-

guntou-lhe porque desejava tornar-se

um Ravel de segunda classe quando

já era um Gershwin de primeira. Em

Viena, Alban Berg também o incen-

tivou a seguir seu caminho original.

PAULO SÉRG IO

MALHE IROS DOS SANTOS

Pianista, Doutor em Letras, professor na

UEMG, autor dos livros Músico, doce

músico e O grão perfumado – Mário

de Andrade e a arte do inacabado.

Apresenta o programa semanal Recitais

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

Última apresentação:

4 de setembro / 2008

Fabio Mechetti, regente

José Feghali, piano

1 924 1 6 M I N U TO S

O RQ U EST R A Ç ÃO D E F E R D E G RO F É

GERSHWINN OVA YO R K , ESTA D O S U N I D O S , 1 898 H O LLY WOO D , ESTA D O S U N I D O S , 1 93 7

George

Rhapsody in Blue

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1 93 5 24 M I N U TO S

O RQ U EST R A Ç ÃO D E ROB E RT RUSS E L B E N N E T T

GERSHWIN Porgy e Bess: Um retrato sinfônico

N OVA YO R K , ESTA D O S U N I D O S , 1 898 H O LLY WOO D , ESTA D O S U N I D O S , 1 93 7

George

INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,

corne inglês, 2 clarinetes,

clarone, 2 fagotes, 2 saxofones

soprano, saxofone tenor,

4 trompas, 3 trompetes,

3 trombones, tuba, tímpanos,

percussão, 2 harpas,

banjo, cordas.

ED ITORA

Schott

PARA OUV IR

CD George Gershwin –

Porgy and Bess, a symphonic

picture; Second Rhapsody;

Concerto in F –

London Symphony Orchestra

– Andre Previn, regente –

Cristina Ortiz, piano –

EMI Classics – 2009

PARA ASS IST IR

DVD George Gershwin –

Porgy and Bess –

Glyndebourne Opera –

Sir Trevor Nunn, diretor –

The London Philharmonic –

Sir Simon Rattle, regente –

Warner Classics – 2001

(ópera completa)

PARA LER

William G. Hyland – George

Gershwin: a new biography –

Praeger Publishers – 2008

Por sua fusão de elementos sinfônicos europeus com

o jazz americano, Porgy and Bess é uma ópera que

transita entre o erudito e o popular. Em sua grande

lista de apresentações, ela já foi montada como ópera,

musical, teatro musicado e filme para televisão e cinema.

Suas canções foram gravadas pelos grandes nomes da

música popular americana, tais como Ella Fitzgerald,

Billie Holiday, Sarah Vaughan, Louis Armstrong, Miles

Davis, John Coltrane e Janis Joplin.

A história se passa na favela de Catfish Row, nas imedia-

ções de Charleston, Carolina do Sul. Bess é uma prostituta

cujo amante, o estivador Crown, homem desonesto e

violento, comete um assassinato e foge, deixando Bess

entregue à própria sorte. Sportin’ Life, traficante de

drogas, a convida para ir a Nova York, mas ela o rejeita.

Sem casa, Bess bate de porta em porta pedindo ajuda,

mas é rejeitada por todos, menos por Porgy, mendigo e

deficiente físico que a recebe e lhe dá abrigo. Os dois se

apaixonam. Um dia, indo a um piquenique na ilha Kittiwah

com toda a comunidade de sua favela, Bess deixa para

trás Porgy, que não conseguira embarcar. Crown, que se

escondia na ilha, surpreende Bess. A moça tenta esca-

par, mas acaba rendendo-se e permanece na ilha. Após

alguns dias, muito doente, Bess retorna a Catfish Row.

Porgy a recebe e a abriga. Crown reaparece, salva os

pescadores de uma tempestade e exige a volta de Bess.

Porgy o mata. Preso como suspeito de assassinato, é

liberado na semana seguinte. Volta a Catfish Row, mas,

para sua tristeza, descobre que Bess

fugira para Nova York com Sportin’

Life. Porgy parte em busca de Bess

em sua carroça.

A ópera teve sua estreia no Colonial

Theatre, em Boston, em 30 de setem-

bro de 1935. Desde sua inauguração,

em 1900, o Colonial Theatre tem sido

um espaço em que os produtores da

Broadway testam suas montagens,

geralmente por uma temporada de

poucos dias, antes de levá-las a Nova

York. Porgy and Bess teve também

uma montagem destinada à Broadway.

Sua estreia em Nova York se deu

em 10 de outubro de 1935, no Alvin

Theater (hoje Neil Simon Theatre).

A cultura dos teatros musicais ame-

ricanos é baseada em trabalho de

equipe. Uma vez que a demanda por

novos musicais sempre foi frenética,

os compositores precisavam recorrer

aos arranjadores, que orquestravam

as músicas e as deixavam prontas

para o palco. Robert Russell Bennett

era um arranjador da Broadway e

de Hollywood que trabalhou, dentre

outros, com Irving Berlin e Cole Por-

ter. Em 1937, último ano de vida de

Gershwin, Bennett foi seu assistente

na orquestração da música para o

musical de Hollywood Vamos dançar

(Shall we dance), com Fred Astaire

e Ginger Rogers. Em 1942, através

de uma encomenda de Fritz Reiner,

regente da Orquestra Sinfônica de

Pittsburgh, Bennett criou uma versão

de concerto da ópera de Gershwin,

intitulada Porgy and Bess: Um retrato

sinfônico. A versão de Bennett inclui a

maioria das canções da ópera, embora

não exatamente na ordem em que

aparecem na música cênica. Esta

versão para concerto, que possui

uma orquestração muito próxima do

original, foi um dos grandes esforços

para tornar a música de Gershwin

conhecida do grande público.

GU ILHERME NASC IMENTO

Compositor, Doutor em Música pela

Unicamp, professor na Escola de Música

da UEMG, autor dos livros Os sapatos

floridos não voam e Música menor.

Última apresentação:

13 de março / 2012

Fabio Mechetti, regente

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CONSELHO ADMINISTRATIVOPresidente Emérito

Jacques Schwartzman

Presidente

Roberto Mário

Gonçalves Soares Filho

Conselheiros

Angela Gutierrez

Arquimedes Brandão

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Marco Antônio Soares da

Cunha Castello Branco

Mauricio Freire

Octávio Elísio

Sérgio Pena

DIRETORIA EXECUTIVADiretor Presidente

Diomar Silveira

Diretor

Administrativo-

financeiro

Joaquim Barreto

Diretor de

Comunicação

Agenor Carvalho

Diretora de

Marketing e Projetos

Zilka Caribé

Diretor de Operações

Ivar Siewers

EQUIPE TÉCNICAGerente de

Comunicação

Merrina Godinho

Delgado

Gerente de

Produção Musical

Claudia da Silva

Guimarães

Assessora de

Programação Musical

Gabriela de Souza

Produtor

Luis Otávio Rezende

Analistas de

Comunicação

Carolina Moraes Santana

Fernando Dornas

Lívia Aguiar

Renata Gibson

Renata Romeiro

Analistas de

Marketing

Eventos — Lívia Brito

Projetos — Lilian Sette

Relacionamento —

Itamara Kelly

Assistente de

Marketing e

Relacionamento

Henrique Campos

Assistente

de Produção

Rildo Lopez

Auxiliar

de Produção

Jeferson Silva

EQUIPE ADMINISTRATIVAGerente

Administrativo-

financeira

Ana Lúcia Carvalho

Gerente Contábil

Graziela Coelho

Gerente de

Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva

Analista

Administrativo

João Paulo de Oliveira

Secretária Executiva

Flaviana Mendes

Assistente

Administrativa

Cristiane Reis

Assistente de

Recursos Humanos

Jessica Nascimento

Recepcionistas

Meire Gonçalves

Vivian Figueiredo

Auxiliar Contábil

Pedro Almeida

Auxiliar

Administrativa

Geovana Benicio

Auxiliares de

Serviços Gerais

Ailda Conceição

Rose Mary de Castro

Mensageiro

Douglas Conrado

Jovem Aprendiz

Sunamita Souza

SALA MINAS GERAISGerente de

Infraestrutura

Renato Bretas

Gerente de Operações

Jorge Correia

Técnicos de Áudio

e de Iluminação

Daniel Hazan

Diano Carvalho

Assistente Operacional

Rodrigo Brandão

PRIMEIROS VIOLINOS Priscila Rato –

Spalla convidada

Rommel Fernandes –

Spalla associado

Ara Harutyunyan –

Spalla assistente

Ana Paula Schmidt

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Joanna Bello

Laura von Atzingen

Luis Andrés Moncada

Roberta Arruda

Rodrigo Bustamante

Rodrigo M. Braga

Rodrigo de Oliveira

Wesley Prates

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *

Hyu-Kyung Jung ***

Gideôni Loamir

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha de Moura

Pacífico

Matheus Braga

Radmila Bocev

Rodolfo Toffolo

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLASJoão Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Mikhail Bugaev

Nathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *

Robson Fonseca ***

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emília Neves

Lina Radovanovic

Lucas Barros

William Neres

CONTRABAIXOSNilson Bellotto *

André Geiger ***

Marcelo Cunha

Marcos Lemes

Pablo Guiñez

Rossini Parucci

Walace Mariano

FLAUTASCássia Lima *

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *

Públio Silva ***

Israel Muniz

Maria Fernanda Gonçalves

CLARINETESMarcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Franco

Alexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *

Victor Morais ***

Andrew Huntriss

Francisco Silva

SAXOFONESDouglas Braga****

Paulo Rosa****

Robson Saquett****

TROMPASAlma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Garcia Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONESMark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBAEleilton Cruz *

TÍMPANOSPatricio Hernández

Pradenas *

PERCUSSÃORafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

HARPASClémence Boinot *

Marcelo Penido ****

TECLADOSAyumi Shigeta *

BANJORogério Delayon ****

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Risbleiz Aguiar

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESHélio Sardinha

Klênio Carvalho

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA

Regente Associado

MARCOS ARAKAKI

Diretor Artístico e Regente Titular

FABIO MECHETTIOscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

Lei 14.870 / Dez 2003

OS — Organização Social

Lei 23.081 / Ago 2018

FORTISSIMO Agosto nº 13 / 2019

ISSN 2357-7258

Editora Merrina

Godinho Delgado

Edição de texto

Berenice Menegale

Capa Detalhe de foto de

André Cros do ensaio da

ópera Porgy and Bess no

Théâtre du Capitole, 1967

O Fortissimo está

indexado aos sistemas

nacionais e internacionais

de pesquisa. Você pode

acessá-lo também

em nosso site.

Este programa foi

impresso em papel doado

pela Resma Papéis.* principal ** principal associado *** principal assistente **** musicista convidado

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Seja pontual.Cuide da Sala Minas Gerais.

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Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.

Traga seu ingresso ou cartão de assinante.

Não coma ou beba.

Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.

Nos dias de concerto, apresente seu ingresso, cartão de Amigo ou Assinante

e obtenha descontos especiais. Saiba mais: fil.mg/restaurantes

Se puder, devolva seu programa de concerto.

Faça silêncio e evite tossir.

Evite trazer crianças menores de 8 anos.

NO CONCERTO

PRÓXIMOS CONCERTOS

Restaurantes parceiros

Rua Pium-í, 229

Cruzeiro

Tel: 3227-7764

R. Rio de Janeiro, 2076

Lourdes

Tel: 3292-6221

R. Rio Grande do Sul, 1236

Santo Agostinho

Tel: 2515-6092

Rua Curitiba, 2244

Lourdes

Tel: 3291-1447

Dias 8 e 9 ago, 20h30 P R E ST O E V E LO C E

Dia 13 ago, 20h30 F I L A R M Ô N I C A E M C Â M A R A

Dia 18 ago, 11h C O N C E R T O S PA R A A J U V E N T U D E

Dias 22 e 23 ago, 20h30 A L L E G R O E V I VA C E

Dias 29 e 30 ago, 20h30 P R E ST O E V E LO C E

Dia 14 set, 18h F O R A D E S É R I E / M Ú S I C A , G U E R R A E PA Z

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/ F I L A R M O N I C A M G

Sala Minas Gerais

www.filarmonica.art.br

R UA T E N E N T E B R I TO M E LO , 1 . 0 9 0 — B A R R O P R E TO

C E P 3 0 .1 8 0 - 0 7 0 | B E LO H O R I Z O N T E – M G

T E L : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 0 0 | FA X : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 3 0

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