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WEB 2.0 E DOCÊNCIA: FORMAÇÃO E PRÁTICASPEDAGÓGICAS COM O
USO DO LAPTOP EDUCACIONAL
Renata Lopes Jaguaribe Pontes, Université de Montréal
Karla Angélica Silva do Nascimento, Universidade Federal do Ceará
Mixilene Sales Santos Lima, Universidade Federal do Ceará
Resumo. O presente artigo trata do processo de formação docente realizado em noves
escolas cearenses contempladas com o Projeto Um Computador por Aluno - UCA que
teve como objetivo capacitar os professores à integrar pedagogicamente as tecnologias
digitais de informação e comunicação - TDIC. Dentre os cinco modulos da formação,
focamos em dois que tratam sobre o uso dasferramentas da Web 2.0 no contexto escolar
e a elaboração de projetos. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo identificar
quais projetos foram desenvolvidos nas escolas cearenses utilizando ferramentas da
Web 2.0 e analisar se essas práticas exploraram as características destes recursos, como
a colaboração, autoria e o compartilhamento. A metodologia utilizada é de natureza
qualitativa e os dados foram coletados por meio de observações realizadas in loco
durante as formações, nos momentos de planejamento pedagógico e durante a realização
dos projetos. Dentre os resultados, constatamos que as ferramentas da Web 2.0 como o
blog, o Facebook, o Google Maps e o Google Docs auxiliaram na realização de
atividades colaborativas, propiciaram novos canais de comunicação e interação entre
alunos, professores e pais, e possibilitaram que alunos e professores criassem
conteúdos, estimulando e valorizando sua autoria. Também observamos que o formato
da formação em serviço foi adequado ao aliar momentos teóricos e práticos, já que, os
professores conseguiram tanto planejar os projetos como implementá-los.Contudo, para
que práticas como essas possam ser realizadas, os professores devem continuar
participando de momentos de formação que possibilitem o conhecimento e apropriação
tecnológica de novas ferramentas e de como elas podem ser utilizadas no ensino e
aprendizado dos conteúdos curriculares.
Palavras-chave:Web 2.0; Formação docente; Projeto UCA.
1. Introdução
As tecnologias digitais de informação e comunicação - TDIC fazem , cada vez
mais, parte do nosso cotidiano, transformando e causando impacto em todos os âmbitos
da sociedade , inclusive no contexto educacional devido as suas potencialidades como
auxiliadoras no processo de ensino e aprendizagem.
Entre as possibilidades de TDIC encontram-se as ferramentas da Web 2.0,
considerada como “a segunda geração de serviços on-line que caracteriza -se por
potencializar as formas de publicaçao , compartilhamento e organizaçao de info rmaçoes,
alem de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo” .
(PRIMO, 2007, p.1).
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Essas ferramentas nao foram desenvolvidas especialmente para a educação , no
entanto, seus potenciaispedagógicos estao sendo explorados por es timularem “a
experimentaçao, reflexão e geração de conhecimentos individuais e coletivos ,
favorecendo a construçao de um ciberespaço de interatividade que contribui para criar
um espaço de aprendizagem coletiva” (CARVALHO, 2008, p.6). Alem disso, essas
ferramentas tem uma grande vantagem : são de facil utilização e não exigem do usuario
um avançado conhecimento tecnologico , como por exemplo , em linguagem de
programaçao.
Outro motivo que corrobora para o emprego destas ferramentas e o fato dos
alunos as utilizarem no seu dia a dia. “Os alunos hoje têm um conjunto de aplicativos
web em suas maos que podem verdadeiramente facilitar e revolucionar seu
aprendizado” (VALENTE e MATTAR, 2007, p.88).
A partir deste contexto, o Governo Federal criou o Projeto Um Computador por
Aluno - UCA, coordenado pelo Ministério da Educação - MEC, que teve como objetivo
proporcionar aos professores uma formação docente continuada para o uso das TDIC
que abrange conhecimentos teóricos, técnicos e práticos. Do mesmo modo, favoreceu a
inclusão digital de professores, alunos e gestores de escolas públicas do sistema de
ensino do país por meio da inserção de laptops educacionais em situação de um-para-
um (1:1), ou seja, cada aluno da escola possui um computador à sua disposição e todos
estão conectados à Internet.
Com base na formação docente realizada, o presente artigo tem como
foco as experiências pedagógicas desenvolvidas durante o módulo 4, que aborda a
elaboração de projetos, utilizando as ferramentas da Web 2.0 vistas no módulo 2, e visa
identificar quais projetos desenvolvidos nas escolas contempladas com o UCA no Ceará
utilizaram tais ferramentas. Assim como, se essas práticas exploraram as características
da Web 2.0.
Na seção seguinte, apresentaremos o quadro teórico, o contexto da pesquisa,
assim como os procedimentos metodológicos adotados para a sua viabilização.
2. Web 2.0 e a formação docente
Entre as principais ferramentas da Web 2.0 estão o blog, os siteswiki e as redes
sociais.O uso dessas ferramentas proporciona uma extensão dos espaços de
aprendizagens dos alunos para além das salas de aulas, preparando-os para a sociedade
tecnológica, já que, grande parte dos trabalhos atuais exigem uma competência para
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usar a Web 2.0. (DOHN, 2009).
Marinho et al (2009) discorrem acerca do processo de autoria propiciado pela
Web 2.0 e tambem enfatizam a importância da colaboraçao entre os usuarios para que a
web seja um grande repositorio de informaçoes e que , por consequência, possa ser uma
fonte rica de conhecimento.
A Web 2.0 e a rede no tempo de uma Sociedade da Autoria , onde cada
internauta se torna , alem de (co)autor ou (co)produtor, distribuidor de
conteudos, compartilhando a sua produçao com os demais individuos imersos
em uma cibercultura . O internauta deixa de ser apenas um leitor isolado ou
tão-somente um coletor de informaçoes . Ele agora passa a colaborar na
criaçao de grandes repositórios de informaçoes, tornam-se tambem semeador
e contribuindo para que uma riqueza cognitiva se estabeleça e se expanda em
um espaço cujo acesso e amplo, em tese possivel a todos. A Web 2.0 e a “web
da leitura/escrita” [read/write Web] (MARINHO et al, 2009, p.9).
Em conformidade , Primo (2007) afirma que os novos espaços originados pela
Web 2.0 estimulam interaçoes nunca antes possiveis : “a Web 2.0 tem repercussoes
sociais importantes, que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca efetiva,
de produçao e circulaçao de informaçoes, de construçao social de conhecimento apoiada
pela informatica”. (p. 1).
Para O’Reilly (2005), a participaçao dos usuarios e o combustivel da Web 2.0,
pois, e por meio da “inteligência coletiva” q ue os serviços da web se tornam melhores ,
partindo-se do pressuposto de que ninguem sabe tudo , mas que todos sabem algo . Lévy
(1998) caracteriza esse conceito da seguinte forma : “a inteligência coletiva e uma
inteligência distribuida por toda parte , [...] que resulta em uma mobilizaçao efetiva das
competências [...] a base e o objetivo da inteligência coletiva sao o reconhecimento e o
enriquecimento mutuos das pessoas”. (p. 29).
Chagas (2002, p.2) reforça a importância do trabalho colaborativo como
“condição necessária para que as redes de aprendizagem e conhecimento se constituam
e se mantenham, de forma a concretizar uma das suas potencialidades mais evocadas – a
construção de conhecimento pelos seus intervenientes”.
O trabalho colaborativo é um elemento essencial nos processos de aquisição do
conhecimento; o diálogo e a interação são fundamentais para a aprendizagem. Essa
crença fundamenta-se na concepção atual dominante relativa à aprendizagem, para onde
confluem duas correntes teóricas: por um lado, as perspectivas construtivistas, que se
inspiram em Piaget e Bruner, entre outros autores, e as interpessoais e socioculturais,
movidas pelo trabalho de Vygotsty e seguidores.
A valorização do trabalho colaborativo demonstra o quao democraticos sa o os
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ambientes da Web 2.0 ao estimularem a construçao coletiva do conhecimento que ,
posteriormente, fica acessivel a todos os usuarios que navegam na rede . Por exemplo,
ao criarmos um blog fazemos registros de informaçoes relevantes que ficarao
armazenadas on-line e que poderao ser compartilhadas pela divulgaçao do seu endereço
eletronico; o mesmo acontece ao inserirmos um novo verbete na Wikipedia ou ao
gravarmos um video e posta-lo no YouTube.
No entanto, segundo Davies e Merchand (2009) para que uma prática
educacional com as ferramentas da Web 2.0 possa ser desenvolvida de forma bem-
sucedida quatro condições devem ser atendidas.
A primeira condição é quanto ao objetivo da atividade a ser realizada. A
ferramenta deve ser empregada para auxiliar a atingir o objetivo que o professor tem em
mente para determinada aula ou atividade e seu uso deve ser relevante para o
aprendizado do aluno. O uso da ferramenta pela ferramenta nāo se constitui em uma
prática educativa. A segunda e a terceira condições são a participação e as parcerias,
respectivamente. Ambas estão estreitamente ligadas, já que, a participação pressupõe
um envolvimento dos alunos, dos professores, dos pais e de todos os outros atores
envolvidos no contexto da atividade. Essa participação acaba nos reportando a ideia de
parceria (Idem, 2009).
No caso da experiência ser realizada em uma escola, a parceria pode ser com
outras instituiçōes de ensino, como por exemplo, uma universidade, ou com a própria
comunidade onde a escola se insere.
E, por último, temos como condição o planejamento. A atividade deve ser
planejada levando em consideração os pontos fortes da ferramenta a ser utilizada e as
suas adaptabilidades para o uso em sala de aula (Davies e Merchand, 2009).
Contudo, para que o professor possa usar as ferramentas da Web 2.0 como um
recurso pedagógico é necessário que ele se aproprie instrumentalmente e,
principalmente, que compreenda suas possibilidades pedagógicas. Daí, a importância de
uma formação docente que possibilite uma capacitação sólida que suscite no professor
novas formas de pensar a educação.
Neste sentido , a formação docente do Projeto UCA estimula a prática da
aprendizagem em rede que visa possibilitar o desenvolvimento de conteudos por
multiplas conexoes entre aluno s e professores da mesma e de diferentes localidades
visando a produçao de conteudo , troca de ideias, discussoes, entre outras possibilidades
(SANTOS e BORGES, 2010).
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Outro aspecto importante da formação é que ela aconteceu em serviço, portanto,
os professores tiveram possibilidades de usar o laptop educacional e os recursos da
Internet em sala de aula à medida que foram sendo capacitados.
Acompanhada por formadores do Núcleo de Tecnologia Educacional - NTE e
por uma equipe multidisciplinar do Instituto UFC Virtual, a formação docente abrangeu
momentos presenciais e a distância que contemplaram cinco módulos : 1) Apropriação
Tecnológica; 2) Web 2.0; 3) Formação na escola: Professores e Gestores; 4) Elaboração
de Projetos; e 5) Sistematização da Formação na Escola.
O processo de formação dos professores das escolas contempladas pelo projeto
se orientou pelos princípios expostos no documento “Projeto UCA – Formação Brasil:
projeto, planejamento das açoes/cursos” de 2009, e foram baseados na compreensão de
que foi necessario priorizar “o aprendizado de novas açoes pedagógicas com apoio da
tecnologia, visando mudanças no currículo escolar”(BRASIL, 2008, p. 5).
3. Contexto e Metodologia
A presente pesquisa foi realizada em nove escolas cearenses contempladas com
o Projeto UCA que serão denominadas de A, B, C, D, E, F, G, H e I. No total, elas
possuem 4.105 alunos e 190 professores, aproximadamente.
A formação docente do projeto contemplou cinco módulos, conforme descrito
anteriormente, no entanto, o foco desta pesquisa são os projetos desenvolvidos pelos
professores, juntamente com os seus alunos, durante a formação do módulo 4 utilizando
ferramentas da Web 2.0 vistas durante o módulo 2.
O módulo 2 abordou o uso pedagógico das ferramentas da Web 2.0. Para tanto, a
formação abrangeu momentos teóricos, nos quais foram realizados estudos acerca de
como integrar tais ferramentas nos planos de aula, e momentos práticos com a
exploração e uso dos recursos digitais on-line, tais como: objetos de aprendizagem,
sites, blogs, aplicativos do Google Drive e redes sociais, de modo que contemplasse a
“participação, produção de conteudo, autoria, armazenamento, compartilhamento,
interação e colaboração” (PONTES, 2011 p. 24), características inerentes à Web 2.0.
Enquanto que o módulo 4 foi constituído por momentos práticos direcionados
para o uso das TDIC em sala de aula.Para conclusão desse módulo, os professores
elaboraram um projeto que contemplou o uso de um ou mais recursos visto durante a
formação, integrando-o(s) ao currículo escolar. Vários projetos foram criados e postos
em prática em todas as escolas. Alguns destes serão detalhados nos resultados do
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presente trabalho.
Durante a formação, os docentes foram acompanhados pelos formadores por
meio de encontros presenciais e virtuais que fazem parte do curso, como também em
momentos de planejamento de aulas, nos quais os professores receberam orientações
sobre a construção dos projetos e planos de aula que contemplassem o uso de
ferramentas da Web 2.0.
Nesse contexto, a abordagem metodológica utilizada no presente estudo é de
caráter qualitativo tendo como estratégia o estudo de caso. Ludke e Andre (1986)
afirmam que a concepçao do estudo de caso nao advem de uma visao predeterminada da
realidade, mas visa apreender os aspectos ricos e imprevistos que envolvem uma
determinada situaçao. Esses autores ressaltam que algumas das caracteristicas principais
do estudo de caso são: visar a descoberta e enfatizar a interpretaçao em contexto.
Os dados foram coletados por meio de observações realizadas in loco durante as
formações, planejamentos pedagógicos e realização dos projetosdurante os meses de
setembro a dezembro de 2013.
Na proxima seção apresentamos os resultados obtidos a partir das analise dos
dados.
4. Resultados
Tendo em vista alcançar os objetivos especificados buscamos identificar os
projetos desenvolvidos por professores e alunos das nove escolas contempladas com o
UCA, no quais foram utilizadas ferramentas da Web 2.0. Dessa forma, os resultados
foram categorizados de acordo com as características da Web 2.0 que mais se
destacaram durante os projetos. As categorias são: canais de comunicação e interação,
produção de materiais e trabalho colaborativo, as quais serão discutidas a seguir.
4.1. Canais de comunicação e interação
Identificamos que o blog, o Facebook e as ferramentas Google Drive e Google
Maps foram usados em vários projetos como canais de comunicação aproximando
alunos, professores e pais e até mesmo estudantes de países diferentes, por meio da
interação que abrangeu a partilha de informações que auxiliaram a aprendizagem dos
conteúdos curriculares.
O projeto “Sem Fronteiras: Ponte Atlântica Brasil e Portugal”foi desenvolvido
com duas turmas do ensino fundamental, sendo vinte e cinco alunos do 9º ano da Escola
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E, e vinte do 10º ano de uma escola de Portugal. O projeto teve duração de três meses
com o objetivo de estabelecer discussões acerca da cultura de ambos os países. A
comunicação entre os alunos foi trabalhada de forma síncrona e assíncrona para
promover a criação de materiais digitais (apresentação de slides e textos on-line) e de
forma colaborativa nas aulas de História, Geografia e Cultura e História das Artes.
Durante as atividades, os alunos puderam realizar pesquisas na Internet, desenvolver um
material sobre o outro país por meio do Google Drive, participar de fóruns no Ambiente
Virtual de Aprendizagem Sócrates do Instituto UFC Virtual
(http://www.vdl.ufc.br/socrates/), além de estabelecer contato síncrono por meio de uma
web conferência que proporcionou trocas de informações.
Este projeto também utilizou a rede social Facebook como ferramenta de apoio
e, por iniciativa dos próprios alunos, cada turma criou um grupo restrito no site a fim de
postar as atividades propostas, enviá-las aos colegas quando faltavam, tirar dúvidas e
receber suas atividades corrigidas. Essa iniciativa proporciou um maior envolvimento
do aluno com a rotina escolar tanto em sala de aula quanto fora dela.
Nas Escolas B e D, o projeto “Nossos Lugares no Mundo” buscou desenvolver
aprendizagens acerca das culturas dos participantes para a construção de uma
convivência com a diversidade cultural. O projeto proporcionou a interação entre alunos
das Escolas B e D por meio da apresentação e discussão de elementos de suas culturas
locais e o contato presencial com alunos norte-americanos da Universidade de Utah, nos
Estados Unidos. O contato e o intercâmbio entre os alunos das duas escolas foram
realizados através dos comentários das postagens de trabalhos realizados por eles
(slides, textos, imagens) no blog do projeto
(http://nossoslugaresnomundo.blogspot.com.br/).
Outro projeto desenvolvido na Escola D foi “Eu conheço o meu bairro”que
permitiu aos alunos conhecer a história de lugares da cidade, se reconhecer como parte
dessa história e entender como os agrupamentos humanos ocupam o espaço urbano,
com base na constituição dos bairros. Assim, criou-se a oportunidade de pesquisar a
história do bairro. As ações no decorrer do projeto se deram por meio de debates e
pesquisas na internet sobre a origem do bairro, a localização da escola e da casa dos
alunos no mapa através do Google Maps, levantamento de dados sobre quem mora e
estuda no mesmo bairro, entrevistas com moradores antigos, aula de campo com passeio
pelo bairro e registro de imagens por meio da webcam dos laptops.
Na escola G, os alunos e professores desenvolveram o projeto “Facebook e
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História: a utilidade didatica das redes sociais” que se utilizou da rede social para
interação e discussão dos conteúdos da disciplina de História. Ao final de cada conteúdo
ministrado pelos professores, foi organizado um debate no Facebook, com intuito de
ampliar e fixar os conhecimentos pertinentes a essa disciplina dentro e fora da escola.
Assim como foram compartilhados outros tipos de materiais de consulta, tais como
vídeos, fotos, sites, todos relacionados com os assuntos da disciplina.
A partir dessas práticas, constatamos que uso pedagógico das ferramentas da
Web 2.0 pode ampliar o espaço e o tempo do ensino e da aprendizagem para além da
sala de aula, assim como oportuniza uma aproximação entre a familia e escola, parceria
fundamental para o sucesso escolar discente.
4.2. Produção de materiais
Além de auxiliarem na comunicação e estimularem a interação, também
observamos que as ferramentas da Web 2.0 facilitam a produção de materiais e, desta
forma, fazem com que os alunos se sintam parte integrante da construção do seu
conhecimento.
No projeto “Nem certo, nem errado: adequado” desenvolvido na Escola C, a
professora e os alunos do 1º ano do ensino médio trabalharam as variações linguísticas
presentes na musica “Asa Branca” de Luiz Gonzaga, com intuito de analisa-la por meio
das ocorrências de desvios da norma culta e da riqueza da cultura popular que possui a
letra da música. Esse trabalho colaborativo possibilitou aos alunos a elaboração de um
dicionario intitulado “ABC do Sertão” e a criação do blog
(http://blogonzagajvb.blogspot.com.br/).
A Escola H realizou o projeto “Vizinhança Americana/America's
Neighborhood” (https://sites.google.com/site/usubrasilproject/home) que teve como
principal objetivo integrar o laptop educacional e os recursos digitais no cotidiano
escolar e promover o multiculturalismo por meio da troca de referências culturais sobre
danças, músicas, vestimentas, culinária, dentre outras temáticas da cultura do nordeste
brasileiro, onde localiza-se o município no qual a escola está inserida e a cultura norte-
americana representada pela cidade de Utah. Foi possível compartilhar informações via
fóruns de discussões e troca de textos elaborados pelos dois grupos de alunos. A Web
conferência foi um recurso a mais para que os participantes pudessem se conhecer
virtualmente e trocar informações verbais sobre as temáticas abordadas.
Ja a Escola I desenvolveu o projeto “Produção de Laifis no Ensino de Biologia”
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com 33 alunos de uma turma do 3º ano do turno da manhã do ensino médio. Esta
iniciativa consistiu no uso do recurso digital Laifi que possibilita a interação por meio
de histórias e interesses em comum e a construção conjunta e registro de conteúdos que
vão desde uma simples imagem até uma história detalhada e ilustrada (www.laifi.com).
A criação do Laifi teve como assunto conteúdos visto em sala de aula (reino plantae,
reprodução humana). A cada exploração de conteúdo didático foi realizada a produção
dos Laifis por equipes que elaboraram textos, pesquisaram imagens e organizaram
apresentações.Este projeto foi premiado na Feira de Ciências e Cultura, promovida pela
6ª CREDE, da cidade, ficando em 10º colocado na categoria Ciências da Natureza e
suas Tecnologias.
Os projetos descritos destacam a importância dos alunos e professores
perceberem-se como construtores de conhecimento, reconhecendo a importância de
trabalhar colaborativamente, trocar informações e discutir ideias.
4.3. Trabalho colaborativo
O trabalho colaborativo apresenta potencial para enriquecer o pensamento, a
ação e a resolução de problemas. Assim, identificamos, em alguns projetos, ganhos em
termos de socialização e aquisição de capacidades e habilidades.
A Escola C desenvolveu dois projetos com foco no trabalho colaborativo. O
primeiro foi “Descendo a ladeira com o laptop: um passeio pela arborização no entorno
da escola”, realizado nas aulas de Biologia com os alunos do 2º ano do ensino medio e
que teve como objetivo promover reflexões acerca das condições das áreas naturais em
relação aos centros urbanos com enfoque no processo de arborização no distrito onde a
escola está localizada, como também, vivenciar os conteúdos a partir da exploração,
levantamento e mapeamento da região com o auxílio do laptop educacional e do Google
Maps. O segundo projeto, intitulado “O laptop educacional na trilha do artigo de
opinião: no meu lugar faço a intervenção”,proporcionou aos alunos melhores condiçoes
de leitura e escrita ao passo de levá-los a refletir, posicionar-se e propor intervenções
acerca de problemáticas locais e gerais da sociedade. Para tanto, foi necessário criar um
grupo no Facebook intitulado “3º A, e hora de opinar” para socializar os resultados das
ações e divulgar as produções textuais coletivas dos alunos.
Tendo como objetivo incentivar o trabalho colaborativo entre alunos e entre
professores e alunos, a escola A desenvolveu um projeto para formar alunos-monitores
que auxiliem os docentes em sala de aula durante as atividades realizadas com os
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laptops. A cada ano letivo o grupo é modificado de modo que os demais alunos da
escola possam vivenciar essa experiência e que possam ser passar pelos momentos de
formação que abrange a apropriaçao das ferramentas do laptops e de recursos da
Internet, entre eles da Web 2.0, como o blog.
A Escola F envolveu alunos da mesma sala de aula, de salas diferentes, entre
outra(s) contemplada(s) com o UCA e com alunos norte-americanos para desenvolver a
interculturalidade, nomeando o projeto de “A gente faz história”. Professores, alunos e
pais interagiram nos blogs, acompanharam o andamento das atividades pedagógicas e
utilizaram o GoogleDocs para a escrita colaborativa.
Na Escola G, o projeto “Minha Terra na Web”teve como público-alvo alunos do
3º ano do ensino médio do turno manhã e estudantes universitários norte-americanos de
intercâmbio. O projeto teve como objetivo, promover o trabalho colaborativo entre os
alunos dos dois países. Nesses encontros, as atividades realizadas foram: discussões de
temas presenciais; elaboração de material; e exploração do Google Docs. Os temas
discutidos estavam relacionados à cultura de ambos os países. Em seguida, os alunos
produziram materiais (textos com imagens) de forma colaborativa sobre o assunto,
utilizando o Google Docs. Cada aluno tinha o seu próprio laptop e isso contribuiu para a
elaboração compartilhada de slides.
Oprojeto da Escola H, alinhado a categoria produção de materiais, foi o“Ficção
Científica: Mito ou Realidade” que teve como objetivo proporcionar a realização de
atividades colaborativas com o uso do laptop educacional e de recursoson-line, tendo
como tema o gênero ficção científica, cuja obra principal estudada foi “Viagem ao
Centro da Terra” do autor Julio Verne. Os participantes, alunos do 8º ano do Ensino
Fundamental, puderam explorar o livro e a partir disso elaborar seus próprios contos de
ficção científica. O projeto teve como produto final um livro de ficção impresso e
também digital que pode ser acessado pelo endereço eletrônico :
(http://www.calameo.com/read/00152285454d3ee440fa9).
Verificamos que o uso pedagógico dos recursos pode estimular o trabalho
colaborativo por meio da inteligência coletiva, já que, cada aluno e professor colaborou
com a construção do conteúdo como um todo.
Além dos projetos mencionados, as nove escolas possuem e utilizam blogspara
divulgar notícias sobre as aulas, bem como para disponibiliza um formulário eletrônico
on-line destinado à reserva e agendamento do laboratório de informática e dos laptops
educacionais. Com esse recurso, os professores de sala de aula podem acessar o blog e
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fazer seu agendamento prévio, facilitando, assim, as ações de gerenciamento da recarga
e organização dos laptops.
As práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores das nove escolas
possibilitaram o uso de recursos da Internet que auxiliam os alunos nos conteúdos
curriculares. Além disso, os professores desenvolveram algumas estratégias que
possibilitaram o uso contínuo dos laptops como ferramenta pedagógica, destacando-se a
criação de blogs para cada disciplina, nos quais postam seus planos de aula e passam a
ministrá-los utilizando o laptop como principal apoio.
Na seção seguinte, apresentaremos as considerações finais da presente pesquisa.
5. Considerações finais
Observamos que em todos os projetos analisados foram atendidas as quatro
condições para que a utilização de ferramentas da Web 2.0 possam ser desenvolvidas de
forma bem-sucedida. Os objetivos dos projetos são claros e foram bem formulados, a
participação dos alunos e professores foi evidenciada, assim como a parceria entre a
escola, a universidade e a comunidade escolar, representada pelos pais. E o
planejamento das atividades destacaram as potencialidades oferecidas por cada
ferramenta utilizada.
Confirmamos que as ferramentas da Web 2.0 podem trazer variadas vantagens
para a educação. Em relação aos projetos desenvolvidos, elas auxiliaram na realizaçao
de trabalhos colaborativos feitospelos alunos, assim como possibilitaram que alunos e
professores criassem conteúdos, destacando a autoria desses atores e, principalmente,
mudando o paradigma tradicional da educação, ao reconhecer o aluno como autor do
seu próprio conhecimento.
No entanto, em algumas escolas, a conexão da Internet era lenta e oscilante o
que dificultou e retardou o desenvolvimento de alguns projetos. Também constatamos
que o formato da formação docente em serviço que alia momentos teóricos e práticos
foi adequado, já que, os professores das escolas conseguiram tanto planejar projetos
como implementá-los. Contudo, para que práticas como essas possam ser realizadas, os
professores devem continuar participando de momento de formação que possibilitem o
conhecimento e a apropriação tecnológica de novas ferramentas e de como elas podem
ser utilizadas como auxiliares no ensino e aprendizado dos conteúdos curriculares.
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EdUECE- Livro 206685
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