1
RelatRio aRqueolgico do Stio do MonfuRado
Plano de inteRveno eM eSPao RuRal no Stio do MonfuRado
(PieRSM)
cMaRa MuniciPal de voRadePaRtaMento do centRo HiStRico, PatRiMnio e cultuRa
2009
2 PIERSM - Relatrio final
3
RelatRio aRqueolgico do Stio do MonfuRado
Plano de inteRveno eM eSPao RuRal no Stio do MonfuRado
(PieRSM)
cMaRa MuniciPal de voRadePaRtaMento do centRo HiStRico, PatRiMnio e cultuRa
2009
4 PIERSM - Relatrio final
Prospeco:
Mrio Carvalho
Joo Santos
Texto:
Mrio Carvalho
Cartografia:
Gustavo Val-Flores
Mrio Carvalho
f i c H a t c n i c a
5
6 PIERSM - Relatrio final
2 Introduo
3 Objectivos do relatrio
4 Consideraes metodolgicas
4.1 A prospeco
4.2 A Cartografia
4.3 A Base de dados
4.3.1 Estrutura da base de dados e critrios
de preenchimento dos campos definidos
4.3.2 Tipo 4.3.3 poca
4.3.4 Rigor 4.3.5 Categoria 4.3.6 Proteco Legal
5 A Serra de Monfurado
5.1 Enquadramento fisiogrfico e paisagstico
5.2 Histria da investigao arqueolgica
5.3 Enquadramento arqueolgico
n d i c e
7
6 Balano e Consideraes Finais
7 Bibliografia
8 Anexos
8.1 Base de dados do Sitio Monfurado
8.2 Registo Grfico
8.3 Registo Cartogrfico
8.4 Registo Fotogrfico
8 PIERSM - Relatrio final
A arqueologia rural do distrito e do concelho de vora
era, at finais da dcada de 80 e incios de 90 do sculo XX,
bastante mal conhecida. O conhecimento das paisagens
arqueolgicas, at ento, resumia-se apenas a algumas dezenas de arqueositios, nos quais
predominavam, essencialmente, os monumentos megalticos e as grandes villae romanas.
Hoje, aps vrios anos de trabalhos de prospeco, levados a cabo, na sua maioria, por
Manuel Calado e pelas equipas que dirigiu, a imagem que temos bem diferente; sabemos
agora que neste territrio, actualmente denominado Alentejo Central, a paisagem se encontra
coberta por um vasto nmero de stios arqueolgicos, dos mais variados tipos, implantaes e
cronologias, onde, apesar das diferenas diacrnicas, somos transversalmente confrontados
com um quadro de intensa ocupao da paisagem.
Esta realidade, que actualmente se encontra bem patente em todo o concelho
de vora, ganhou uma dimenso particularmente relevante nas paisagens a Oeste da
cidade, mais concretamente num sector do territrio concelhio que engloba os ltimos
contrafortes orientais da Serra de Monfurado e as peneplancies adjacentes. Este territrio,
agora parcialmente includo no PIERSM, alberga a maior concentrao de povoados pr
e proto-histricos em todo o concelho de vora bem como alguns dos maiores expoentes
2 - B R e v e i n t R o d u o
9
do megaltismo Peninsular, destacando-se, entre os mais notveis, o mais alto Dlmen (Anta
Grande do Zambujeiro), o maior recinto megaltico (Almendres) e a maior concentrao de
menires (Almendres/Vale-Maria do Meio/Portela de Mogos).
A Serra de Monfurado situa-se numa zona do Alentejo que podemos, claramente,
considerar central, tanto no panorama geogrfico como arqueolgico. A uns escassos 15
quilmetros, para Nascente, dos ltimos relevos orientais da Serra de Monfurado, podemos
encontrar o nico ponto onde as linhas de festo das trs bacias hidrogrficas dos grandes rios
do Sul, o Tejo, o Sado e o Guadiana, se tocam. Esta encruzilhada geogrfica e os caminhos
naturais a ela associados (linhas de festo e linhas de gua) parecem ter representado um
papel fundamental na riqueza arqueolgica presente nestes territrios, e mesmo na gnese
do povoamento e do megalitismo alentejanos (Calado, 2005).
Esperamos com este relatrio poder contribuir, de alguma forma, para o registo,
salvaguarda, estudo e divulgao do patrimnio arqueolgico de uma das paisagens mais
ricas do concelho de vora e de todo o territrio centro-alentejano.
10 PIERSM - Relatrio final
11
12 PIERSM - Relatrio final
13
14 PIERSM - Relatrio final
15
16 PIERSM - Relatrio final
17
18 PIERSM - Relatrio final
No mbito do PIERSM, o presente relatrio procurou criar uma sntese dos dados crono-
culturais e paisagsticos, relativos arqueologia eborense do Sitio de Monfurado, tanto atravs
da recolha e anlise de dados obtidos por trabalhos anteriores, nesta regio, como atravs
da recolha de nova informao, recorrendo sobretudo a prospeces de superfcie.
Este relatrio serve tambm para propor as medidas gerais de proteco e de
minimizao de impacte arqueolgico, com base na legislao nacional, para o patrimnio
arqueolgico concelhio, relativo ao Sitio do Monfurado.
3 o B j e c t i v o S d o R e l a t R i o
19
4.1 A prospeco
(...) Prospectar e cartografar em arqueologia: Tijolos para um edifcio em contnua construo (...)
Victor S. Gonalves, 1998
Seguindo o modelo utilizado por trabalhos como a carta arqueolgica do Alandroal
(Calado, 1995), de Redondo (Calado e Mataloto, 1998), de Vila Viosa (Calado e Mataloto,
no prelo) ou a reviso do P.D.M. do Concelho de vora (Calado, 2003; Calado, Santos e
Carvalho, no prelo), procurou-se utilizar nos trabalhos de prospeco, efectuados para
este relatrio, um mtodo integrvel naquilo que podemos chamar uma estratgia de
prospeco selectiva.
Aps a consulta bibliogrfica e a recolha de informao oral, procurou-se, em
primeiro lugar, identificar as reas onde os trabalhos anteriores tivessem incidido com menor
intensidade. Na etapa seguinte, a anlise cartogrfica da paisagem (topografia, hidrografia,
geologia, toponmia) e a anlise directa desta (micro-relevos, particularidades geolgicas,
vegetao, grau de legibilidade do terreno) ajudaram a balizar o investimento a fazer nas
diferentes reas. Desta forma, os trabalhos de prospeco que se seguiram revelaram-se
mais rentveis, tendo sido possvel acrescentar mais de cinco dezenas de novos registos, entre
4 c o n S i d e R a e S M e t o d o l g i c a S
20 PIERSM - Relatrio final
stios de habitat (pr e proto-histricos, romanos e medievais) achados avulsos e monumentos
megalticos. Procurou-se tambm, de caminho (no sentido literal), revisitar o maior nmero
possvel de stios j identificados, aumentando o rigor da cartografia (recorrendo ao GPS),
sempre que tal se justificava e levando a cabo novas recolhas de material, sempre que estas
permitissem adicionar novos dados cronolgicos ou culturais queles j recolhidos.
Foi seguindo a metodologia acima descrita que procurmos cumprir os objectivos de
campo estabelecidos.
4.2 A cArtogrAfiA
Os stios foram cartografados sobre as folhas n. 447, 448, 459 e 470 da Carta Militar
de Portugal (Esc. 1:25.000, reduzida) e sobre as mesmas folhas n. 447, 448, 459 e 470 dos
Ortofotomapas de 2001. Foram utilizadas diferentes cores no preenchimento dos pontos no
mapa, para facilitar a diferenciao cronolgica, bem como diferentes tamanhos, para
assinalar as diferentes dimenses estimadas para cada stio arqueolgico.
Todos os stios identificados durante a realizao dos trabalhos de campo que
antecederam o presente relatrio foram cartografados com o recurso a coordenadas
tiradas por GPS.
A designao atribuda aos stios identificados relativa ao topnimo, ou microtopnimo,
21
mais prximo, em cada folha da CMP 1: 25000.
4.3 A BAse de dAdos
4.3.1 Estrutura da Base de Dados e critrios de preenchimento dos campos definidos
Uma parte dos campos que constituem a estrutura da presente Base de Dados (que
segue o modelo definido por Manuel Calado, em 2003) no justifica a definio de critrios
de preenchimento, por se tratar de aspectos unvocos, como o caso do N de Ordem (de
preenchimento sequencial) ou os campos de carcter geogrfico (Freguesia, N na Freguesia,
CMP, Meridiano, Paralelo) ou documental (Fotos, Data das Fotos, N de Processo).
Quanto aos campos de cariz arqueolgico, em particular o Tipo e a poca, foi,
efectivamente, necessrio fazer opes e definir critrios; de uma maneira geral, optou-se
por classificaes to especficas quanto possvel, embora, nos casos em que as evidncias
disponveis no o permitiram, se tenha optado por classificaes de carcter genrico.
A obteno de novos dados sobre os registos existentes ou a obteno de novos registos
podem, evidentemente, acrescentar as listagens das categorias consideradas.
22 PIERSM - Relatrio final
4.3.2 Tipo
a) Achado avulso categoria que inclui os vestgios em que a qualidade, a
quantidade, ou o contexto dos vestgios no permitem nenhuma outra classificao
tipolgica.
b) Habitat categoria muito genrica, definida, no mnimo, por concentraes de
cermica manual, no caso dos stios pr ou proto-histricos, e por cermica de
construo, a partir da poca romana.
c) Villa habitat romano definido pela grande dimenso da rea de distribuio
superficial dos achados, pelo tipo de elementos estruturais (colunas, opus signinum,
elementos arquitectnicos de mrmore, tesselas, etc.) e mobilirio mvel.
d) Sepultura categoria genrica que abrange todos os tipos de estrutura funerria
individual.
e) Cista sepultura individual de inumao, em posio fetal, de planta quadrangular
fechada e delimitada por lajes em cutelo.
f) Necrpole conjunto de sepulturas individuais de qualquer tipo, ocupando uma
rea relativamente restrita.
g) Anta sepultura megaltica (constituda por grandes blocos de pedra), com ou sem
corredor de acesso.
h) Sepultura proto-megaltica sepultura de planta alongada, constituda por blocos
de mdias dimenses, vestgios de mamoa e geralmente aberta a Nascente.
i) Menir bloco alongado, geralmente de grandes dimenses, originalmente cravado
na vertical.
j) Par de menires conjunto formado por dois menires, a curta distncia um do
outro.
k) Recinto megaltico conjunto de menires, organizados por forma a definir uma
rea geralmente exposta e aberta a nascente.
23
l) Pedra com covinhas Afloramento ou bloco solto, com gravuras cupuliformes.
m) Recinto estrutura de terra e/ou pedra, delimitando um espao total ou
parcialmente fechado.
n) Moinho de vento construo destinada moagem, aproveitando a energia
elica.
o) Azenha - construo destinada moagem, aproveitando a energia hdrica.
p) Aude represa destinada a desviar gua dos rios ou ribeiros, para fins agrcolas ou
industriais.
q) Barragem reservatrio de gua, para fins agrcolas, obtido atravs da construo
de um paredo de terra ou pedra.
r) Pedreira local donde foram extradas pedras.
s) Mina local de onde foram extrados minrios.
t) Barreiro - local de onde foi extrado barro.
u) Caminho antigo calada ou trincheira indicando a presena de uma antiga
estrutura viria.
v) Marco milirio bloco de pedra cilndrico, relacionado com o traado das vias
romanas.
Nota: em todos os casos em que subsistem fundamentadas dvidas sobre a atribuio
tipolgica dos vestgios, esta aparece acompanhada de (?). Para alm dos casos acima
listados, foram ainda usadas, pontualmente, algumas categorias excepcionais, como Muro
e Pedra com insculturas, por no parecerem integrveis em nenhum dos casos definidos.
4.3.3 poca
a) Neoltico Antigo definido pela abundncia relativa de cermica manual com
decorao impressa e plstica e de indstrias microlaminares em slex.
b) Neoltico Antigo/Mdio - definido pela presena, pouco expressiva estatisticamente,
24 PIERSM - Relatrio final
de cermica manual com decorao impressa, incisa e plstica e indstrias
microlaminares em slex.
c) Neoltico Mdio/Final definido pela presena de cermicas lisas, formas carenadas
e slex.
d) Neoltico Final definido pela presena de cermica manual lisa com formas
carenadas.
e) Neoltico categoria genrica que se aplicou sobretudo aos menires e sepulturas
proto-megalticas.
f) Neoltico/Calcoltico categoria genrica que se aplicou sobretudo s antas,
monumentos cuja poca de construo e utilizao decorre, geralmente entre o
Neoltico Mdio e o Calcoltico.
g) Calcoltico definido pela presena de cermica manual com bordos espessados,
barro de cabanas e pesos de tear crescentes, entre os principais fsseis
directores.
h) Pr ou Proto-histria categoria genrica que inclui sobretudo os habitats com
cermica manual, sem elementos de diagnstico seguro ou outros materiais
poucos caractersticos, como percutores, pedra polida ou ms manuais.
i) Idade do Bronze categoria genrica que se aplicou sobretudo s cistas e a
habitats com cermica manual, de bordos simples e perfis em S.
j) Idade do Bronze Final definido pela presena de cermica manual com carenas
de ombro, pegas alongadas ou ornatos brunidos.
k) Idade do Bronze/Ferro definido pela presena de cermica manual com carenas
de ombro, pegas alongadas e ornatos brunidos, associada a cermica de roda.
l) Idade do Ferro definida pela presena de bordos extrovertidos e ausncia de
cermica de construo, sem outros elementos de diagnstico precisos.
m) Idade do Ferro I definida pela presena de cermica manual e de roda, com asas
de seco circular, assim como decorao digitada sobre a pana e decorao
incisa sobre o lbio das peas.
25
n) Idade do Ferro II definida pela presena de cermica manual e de roda, com
decorao estampilhada ou pintada.
o) Idade do Ferro definida pela presena de cermica manual e de roda, com
bordos extrovertidos.
p) poca romana definida pela presena de tegulas, marcos milirios, inscries ou
elementos arquitectnicos caractersticos.
q) poca romana republicana definida pela presena de bordos extrovertidos,
cermica com decorao de estampilhas pequenas, nforas republicanas ou
cermica campaniense.
r) Idade Mdia definida por elementos arquitectnicos caractersticos ou
documentais.
s) poca romana/Idade Mdia definida pela presena de imbrex e tijolo (sem
tegula).
t) poca romana ou posterior categoria genrica aplicada aos caminhos antigos e
stios com tijolo (sem outros elementos de diagnstico).
u) poca medieval ou posterior categoria genrica definida pela presena de telha
fina ou cermica vidrada, e aplicada s diversas estruturas molinrias.
v) Indeterminada categoria que abarca os casos em que nenhum elemento permite
atribuir cronologias dentro das categorias atrs enunciadas.
4.3.4 Rigor
Trata-se de um aspecto fundamental, atendendo aos objectivos do PIERSM. No entanto,
sem uma adequada reviso da totalidade dos dados, no terreno, impossvel, com o mnimo
de segurana, determinar o grau de preciso cartogrfica das diferentes fontes utilizadas. Em
todo o caso, por se desconhecer qual o critrio aplicado, mantiveram-se as classificaes
(Bom, Razovel, Aproximado) constantes do Inventrio Arqueolgico de vora (Silva, 2000;
Calado, 2003), excepto nos stios acrescentados ou revistos, em que se optou por indicar a
26 PIERSM - Relatrio final
base cartogrfica utilizada para a cartografia de campo (por norma, a escala 1:25000, da
Carta Militar de Portugal CMP), para a cartografia publicada ou o recurso ao GPS (com
preciso superior a 25 m).
4.3.5 Categoria
Esta classificao, necessariamente subjectiva e, na maior parte dos casos, dependente
exclusivamente de informao de superfcie, resulta do cruzamento de diversos aspectos
como sejam a monumentalidade, a raridade, o potencial cientfico ou a importncia
sociocultural. As trs categorias propostas, por ordem de importncia, variam entre os stios
que importam preservar (A1) e os stios para os quais, sem implicarem qualquer tipo de
impedimento, se prope o acompanhamento arqueolgico de eventuais perturbaes
(A3).
Os registos de stios de carcter Etnogrfico, so categorizados, por critrios anlogos
em E1, E2, E3.
4.3.6 Proteco Legal
Este campo recolhe trs tipos de situao: os stios classificados que, por isso,
beneficiam de proteco legalmente estabelecida, os stios cuja classificao se prope
(o que pressupe, na maioria dos casos, um estudo mais aprofundado) e os stios no
classificados e cuja importncia aparente no justifica a abertura de qualquer processo
de classificao. Cada caso foi ponderado, como aconteceu com o campo anterior, com
base na monumentalidade, na raridade, no potencial cientfico ou na importncia socio-
cultural; para todos os monumentos megalticos funerrios no classificados foi proposta
a classificao, uma vez que, mesmo destrudos estruturalmente, podem conter sempre
esplios de grande importncia cientfica e museolgica.
Contudo, como determina a legislao nacional em vigor, todos os trabalhos que
27
impliquem remoo de terras devem ser sujeitos a acompanhamento arqueolgico e todos
os trabalhos que impliquem remoo de terras em stios arqueolgicos conhecidos devem
ser antecedidos de trabalhos de escavao arqueolgica.
28 PIERSM - Relatrio final
(...) um Alentejo um pouco diferente do meu, menos queimado e nu, visto ou sonhado noutra poca, com verdes searas onduladas e uma poeira sbita que s vezes se levanta nos carreiros, quando os pastores ao anoitecer conduzem o gado ao monte. Um Alentejo com sombras azuladas e charcos de gua morta, onde o lirismo delgado dos juncos se demora, e a serenidade poisa devagar como as cegonhas nos campanrios. Um Alentejo onde uma revoada de pssaros, ou uma fogueira, rompe do piorno e da esteva, deixando atrs uns estalidos breves. Um Alentejo quase plcido, com tonalidades foscas de elegia feita memria de algum que nos abandonou muito cedo. Mas o que no deixa nunca de estar presente, no meu e no seu Alentejo, aquele horizonte onde o olhar se estende e consome, e a solido sobe alta como a lua. (...)
Eugnio de Andrade, 1989 Poesia em verso e prosa
5.1 Enquadramento fisiogrfico e paisagstico
() distncia, os grandes relevos ganham o significado de referncias territoriais, como delimitadores de territrios ou balizas de orientao e movimento. A distncia e as circunstncias atmosfricas condicionam a sua aparncia, de certa maneira abstracta, de regies ou lugares longnquos; assim ganham tambm o significado de presenas visuais mais ou menos constantes no horizonte, massas da Terra que moldam a paisagem. medida que nos aproximamos da serra ou da montanha, a imagem global vai dando lugar a vises parciais da sua fisionomia; as vertentes da serra invadem o nosso campo visual, onde a perspectiva e a proximidade j no permitem a percepo da montanha como um todo; a topografia local torna-se evidente, mostrando a dificuldade do terreno e os caminhos a seguir pelas lombas e vales. ()
Pedro Alvim, 2006 Paisagem, Paisagens, o recinto megaltico dos Almendres e a Serra de Monfurado
O Stio de Monfurado, com uma rea total de 23.946 hectares, abrange parte dos
concelhos de Montemor-o-Novo e de vora, estendendo-se entre altitudes de 150 metros
at aos 420 metros, numa regio tipicamente mediterrnica. Na rea ocorrem importantes
montados de sobro e azinho, bastante bem conservados, e resqucios de carvalhais de
Carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica).
5 a S e R R a d e M o n f u R a d o e o S i t i o M o n f u R a d o
29
O conjunto de relevos que forma o ncleo da Serra de Monfurado, ultrapassando em
alguns casos os 400m (Monfurado: 424; S. Sebastio: 441m; Carvalhal: 422; Serra do Conde:
431m), tem direco dominante NO-SO, sendo possvel observar direces NNE-SSO na
Serra de Montemuro. A fachada de Monfurado virada a SO, para a bacia do Sado, ntida
e rectilnea, acusa desnveis na ordem dos 150m, desenhando-se num contorno de colinas
alongadas, de direco NO-SE, entrecortadas pela rede hidrogrfica. (Alvim, 2005).
No territrio do concelho de vora, na margem Sudeste da Serra, a rede hidrogrfica
bem desenvolvida, em vales de fractura, espraiando-se para montante at s cabeceiras
das ribeiras do Xarrama, Peramanca, Valverde, S. Brissos e S. Cristvo, afluentes da ribeira
das Alcovas. Aqui, a frente da serra que constituda pela lomba de Montemuro, vai
diminuindo de diferena altimtrica em relao peneplancie que ganha altura, de Sul para
Norte, onde se vai adossar aos relevos que coroam as cabeceiras das ribeiras de Valverde e
Peramanca, entre o Alto de S. Bento e o Alto da Abaneja.
A Serra de Montemuro corresponde a uma lomba destacada, com desenvolvimento
N-S, situada no interflvio entre as ribeiras de S. Brissos e a ribeira de Valverde; o ltimo
contraforte Oriental de Monfurado, fechando a peneplancie de vora, a Poente.
Aqui afloram sobretudo rochas metamrficas, estando as rochas plutnicas limitadas
s vertentes Orientais da Serra de Montemuro e s reas de peneplancie adjacentes. Entre
Excerto da carta geolgica de Portugal - seg. Alvim, 2006
30 PIERSM - Relatrio final
as rochas metamrficas esto melhor representados os Gnaisses e Migmatitos, Ortognaisses
granticos, Anfibolitos e Corneanas. As cotas mais elevadas so constitudas por Gnaisses (S.
Sebastio e Bandeiras: 415m) ou Anfibulitos (Serra do Conde: 431m) (Crispim, 1995; Alvim,
2005).
5.2 Histria da investigao arqueolgica na regio
(...) Contudo, para um trabalho mais profcuo, ser necessrio proceder a reconhecimentos em vrios castelos e em distintos lugares da provncia, trabalho este que no poder ser executado por um nico arquelogo, mas sim por vrios em ntima colaborao. (...)
Afonso do Pao, 1960 Novos horizontes do Eneoltico Alentejano
As primeiras referncias arqueologia concelhia, a Oeste
da cidade, so da autoria do ilustre humanista eborense Andr
de Resende que, durante o sc. XVI, identificou uma lpide
funerria romana, epigrafada, e a sua respectiva provenincia, a
villa romana da Tourega (Valverde), situada na margem oriental
da Serra de Monfurado, informao que publicou na sua Histria
da Antiguidade da Cidade de vora, em 1576.
Durante o sculo XVIII, os padres Afonso da Madre de Deus Guerreiro e Joseph Gaspar
Simes foram responsveis pela identificao e divulgao de alguns dos Dlmenes dos
arredores de vora. O padre Espanca viria a publicar, mais tarde,
j no final do sculo, em 1894, os Estudos sobre as Antas e suas
congneres.
Durante o ultimo quartel do mesmo sculo, Gabriel Pereira, nos
seus Estudos Eborenses: histria, arte e arqueologia, fez referncia
aos vestgios arqueolgicos, conhecidos na poca, nas margens
orientais da Serra de Monfurado, onde incluiu uma ilustrao do
monumento 1 de Pinheiro do Campo (S. Sebastio da Giesteira). A
par com Gabriel Pereira, vrios outros humanistas e investigadores
da poca estudaram a arqueologia eborense, tendo demonstrado
31
interesse pelas paisagens arqueolgicas da Serra de Monfurado, a Oeste da cidade. Entre
estes devemos destacar os trabalhos oitocentistas de Cunha Rivara e Augusto
Filipe Simes, Joaquim Possidnio da Silva e Csar Pires, que surgiram como
a primeira fonte de informao arqueolgica, essencialmente descritiva e
quase exclusivamente dedicada ao megalitismo funerrio ou aos grandes
achados de poca romana.
Num registo mais amplo, podemos encontrar referncias arqueologia da Serra de
Monfurado no trabalho de Emile Cartailhac, mais concretamente no seu Les ages pr-
historiques de Espagne et Portugal, de 1886, onde o autor refere alguns dos monumentos
megalticos funerrios conhecidos nesta regio Alentejana, que enquadra nos seus modelos
interpretativos sobre a pr-histria Ibrica.
Jos Leite de Vasconcelos, humanista e intelectual oitocentista,
investigador entusiasta do megalitismo funerrio Alentejano que, durante
os finais do sculo XIX e incios do sculo XX, levou a cabo investigao em
territrio eborense, viria a publicar, em Portugal pr-histrico e Excurses
arqueolgicas, vrias referncias ao patrimnio arqueolgico concelhio,
nomeadamente na Serra de Monfurado e territrios adjacentes.
Contudo a investigao arqueolgica em Monfurado viria a conhecer uma nova
dinmica, durante o segundo quartel do sculo XX, com a chegada dos
pr-historiadores alemes Georg e Vera Leisner; a primeira visita do casal
regio de vora, em 1939, teve como objectivo a prospeco de territrios
a Oeste da cidade, situados na margem Oriental do actual stio de
Monfurado. Aqui, os investigadores germnicos, identificaram os primeiros
dlmenes do complexo megaltico de Vale de Rodrigo (O Dlmen de
falsa cpula de Vale Rodrigo, Leisner, 1944) bem como diversos outros
monumentos funerrios nas herdades do Barrocal, do lamo e da Pereira,
levando a cabo o primeiro trabalho sistemtico de levantamento,
bibliogrfico e de campo, dos monumentos megalticos eborenses
(trabalho este que estenderam a diversas outras regies de Portugal
32 PIERSM - Relatrio final
e Espanha). Este importante conjunto, que Georg e Vera Leisner publicaram no boletim A
Cidade de vora (Antas dos arredores de vora) em 1949 e no seu Die Megalithgrber der
Iberischen Halbinsel (Leisner e Leisner, 1956; 1959); trata-se de um conjunto de monumentos
bastante significativo e arquitectonicamente diverso que, desde a sua publicao, se tornou
numa importante referncia regional.
Tambm Tlio Espanca, ilustre historiador eborense, teve um papel importante no
levantamento e identificao do patrimnio artstico e edificado, trabalho este que executou
de forma exemplar e que deu a conhecer no seu Inventrio Artstico de Portugal, concelho
de vora, em 1966.
Durante as dcadas de 60 e 70, do sculo XX, verificaram-se avanos significativos
no conhecimento arqueolgico regional. O Coronel Afonso do Pao e Jos Fernandes
Boaventura levam a cabo, no incio da dcada de 60, duas campanhas de escavao no
emblemtico stio do Castelo do Giraldo (O Castelo do Giraldo: trabalhos de 1960, Pao e
Ventura, 1961; O Castelo do Giraldo e os novos horizontes do eneoltico Alentejano, Pao,
1962). O resultado destes trabalhos permitiu conhecer, em posterior investigao (Arnaud,
1979; Calado, 1995; Mataloto, 1999), a diacronia da ocupao do stio (Neoltico Final/
Calcolitico; Bronze Antigo/Mdio; Bronze Final; 2 Idade do Ferro; poca Medieval).
Ainda durante esta dcada, o arquelogo Henrique Leonor
Pina identificou a Anta Grande do Zambujeiro (onde procedeu
s primeiras campanhas de escavao do monumento) e
dos recintos megalticos dos Almendres e Portela de Mogos,
monumentos que publicou, j durante a dcada de 70 do sculo
XX, em Novos Monumentos megalticos no distrito de vora, no ano
de 1971, e em Cromelechs und menhire bei vora in Portugal, em
1976. Para alm das descobertas de Henrique Leonor Pina, ainda
de sublinhar o significativo acrescento que os trabalhos de Jos Pires
Gonalves e do chamado grupo do Hospital (que integrou nomes
como Galopim de Carvalho e Quintino Lopes) representaram para
33
o conhecimento do megalitismo local e regional. O arquelogo Jos Pires Gonalves traou
um primeiro Roteiro de alguns megltos da regio de vora (que publicou na revista A
cidade de vora em 1975), onde d particular relevncia ao patrimnio megaltico eborense
implantado no actual Sitio do Monfurado
Para a poca clssica, outro tema maior do panorama
arqueolgico concelhio, o trabalho sobre as Grandes vias Romanas
da Lusitnia, de Mrio Saa (Saa, 1963), ajudou, de alguma forma, a
enquadrar a Serra de Monfurado no contexto da rede viria de Ebora
Liberalitas Iulia.
Convm ainda referir que a cartografia geolgica regional, na
escala 1: 50.000, incluiu, por norma, alguma informao arqueolgica
(sobretudo referente a monumentos megalticos), embora esta no
ultrapasse, infelizmente, o nvel da listagem, sem qualquer elemento descritivo.
J no final da dcada de 70, Jos Morais Arnaud publica os resultados das suas duas
campanhas de escavao, levadas a cabo no povoado fortificado de Bronze final da Coroa
do Frade (Coroa do Frade: fortificao do Bronze Final nos arredores de vora, Arnaud,
1979), onde o autor revela a planta geral do sistema fortificado e um esplio invulgarmente
rico e diverso, atendendo dimenso do stio e da rea escavada. Esta publicao viria a
permanecer, desde ento, na bibliografia arqueolgica como uma importante referncia
para o conhecimento do Bronze Final do Sul de Portugal, colocando desta forma a Serra de
Monfurado no cenrio arqueolgico da proto-histria peninsular.
A dcada de 80 trouxe consigo os primeiros projectos de prospeco de superfcie
de carcter sistemtico e com alcance diacrnico, em territrio eborense; coordenado
por Jorge de Oliveira (Oliveira et al., 1987), o primeiro projecto de elaborao de uma
Carta Arqueolgica do Concelho de vora (CACE), na altura abandonado, e o Evora
Archaeological Survey (EAS), levado a cabo pelo arquelogo britnico Colin Burgess e por
equipas anglo-portuguesas (Burgess et al., 1987) que visava o estudo do territrio envolvente
do recinto megaltico dos Almendres. Estes trabalhos deram a conhecer vrios dos stios
34 PIERSM - Relatrio final
arqueolgicos actualmente conhecidos na rea do PIERSM.
O referido investigador britnico levaria a cabo, ao longo da dcada seguinte, vrias
campanhas de escavao no povoado do Alto do Castelinho da Serra (Alto do Castelinho
da Serra (Montemor-o-Novo, vora, Portugal. A Preliminary Report on the Excavations at the
Late Bronze Age to Medieval Site, 1990-1993, Burgess, 1998), onde foi escavado um povoado
fortificado do Bronze Final (com ocupaes consecutivas ao longo da 1 e 2 Idade do
Ferro, poca Romana e poca Medieval); muitos dos dados paleoambientais, estratigrficos
e artefactuais da Idade do Bronze e da Idade do Ferro, relativos a estas campanhas de
escavao, ainda se encontram neste momento em estudo (Mataloto, no prelo).
Em 1992, os arquelogos Antnio Carlos Silva, Rui Parreira e Panagiotis Sarantopoulos,
publicaram o Roteiro do Megalitismo na regio de vora, na sua maioria centrado em
territrios concelhios, onde, mais uma vez, dado particular destaque riqueza megaltica
do actual Sitio de Monfurado.
A dcada de 90 viria a conhecer alguns dos mais importantes trabalhos de prospeco
arqueolgica em territrio eborense. O primeiro, dirigido por Jos Manuel Mascarenhas,
decorreu no mbito do Programa Stride (Mascarenhas, 1995). Os outros dois, dirigidos
por Manuel Calado (Calado, 1995; Calado, 2003), deram a conhecer, em conjunto, uma
quantidade de stios arqueolgicos dos mais diversos tipos, cronologias e implantaes, tanto
nesta rea como no restante territrio concelhio. O primeiro destes trabalhos, a par com a
escavao e recuperao do monumento, incidiu principalmente na zona envolvente do
recinto megaltico de Vale Maria do Meio, deu a conhecer inmeros habitats pr e proto-
histricos e de poca romana, agora includos na base de dados relativa arqueologia
no Sitio do Monfurado. ainda de sublinhar a investigao acadmica de Manuel Calado,
relativa aos Menires do Alentejo Central, que deu a conhecer, entre inmeros monumentos
e povoados inditos, os mais recentes dados e interpretaes sobre o megalitismo no
funerrio da Serra de Monfurado (Calado, 2005) e sua contextualizao no panorama
regional, ibrico e europeu. Tambm Pedro Alvim contribuiu para o estudo desta realidade,
levando a cabo, no incio do sculo XXI, um elaborado levantamento das possveis relaes
arqueoastronmicas do recinto dos Almendres, dissecando a relao deste monumento
35
nico com a paisagem envolvente e com outros monumentos (Paisagem, Paisagens, o
recinto megaltico dos Almendres e a Serra de Monfurado, Alvim, 2006).
As campanhas de escavao levadas a cabo por Mariana Diniz no povoado de
Neoltico Antigo da Valada do Mato (Diniz e Calado, 1997; Diniz, 2000; Diniz, 2003 e Diniz,
2006) revelaram-se uma inestimvel fonte de informao arqueolgica acerca dos primeiros
povoadores sedentrios e construtores de monumentos megalticos desta regio Alentejana.
Ainda nos anos noventa, merece destaque o projecto de investigao levado a cabo
na necrpole de Vale de Rodrigo e rea envolvente (Kalb, 1993; Kalb e Hck, 1997; Larsson,
2000; 2001) o qual, para alm dos importantes dados de escavao (que permanecem
ainda, na sua maioria, por publicar), deu a conhecer novos stios arqueolgicos, na margem
oriental da Serra de Monfurado.
No incio do sculo XXI, Antnio Carlos Silva enceta a reviso da parte arqueolgica
do PDM concelhio (Silva, 2000), trabalho este que viria a ser concludo por Manuel Calado,
em 2003, aps uma das mais frutuosas campanhas de prospeco em territrio eborense
(Calado, 2003).
Merece ainda destaque o trabalho de Francisco Bilou sobre O sistema virio antigo da
regio de vora, publicado em 2005, no qual o autor fornece um importante contributo para
o estudo do sistema virio romano e medieval desta regio, fazendo inmeras referncias
aos percursos que passam por Monfurado.
36 PIERSM - Relatrio final
5.3 Enquadramento arqueolgico
() For the communities settled on the left bank of the Tejo and the Sado, the Central Alentejo would naturally constitute a kind of hinterland, regularly explored in hunter-gatherer expeditions. It coincides with the natural frontier between the Tejo and Sado hydrological basins, as formed by the ridge line that divides the two territoreis.It is thus possible that the increased value of the Central Alentejo landscape, and even the consecration of some of its structural elements, may have been the work of the last hunter-gatherers. The systematic placing of monuments in this landscape could therefore be attributed to those communities, on adopting a Neolithic way of life. ()
Manuel Calado, 2003 New Astronomically significant directions of Megalithic monuments in the Central Alentejo
Salvaguardando o caso episdico da Gruta do Escoural (Arajo e Lejeune,
1995), situada no concelho de Montemor-o-Novo, onde as ocupaes de Paleoltico
Mdio e Superior permanecem uma absoluta excepo no actual panorama
arqueolgico da Serra de Monfurado, parece ter sido durante o inicio do processo
de Neolitizao que as primeiras comunidades humanas comearam a habitar,
efectivamente, estes territrios (Calado, 1995). Os caminhos naturais, vindos dos
esturios do Tejo, Sado e Guadiana, cruzam-se no interior Alentejano, em territrio
eborense, a escassos quilmetros para nascente dos ltimos contrafortes da Serra
de Monfurado. Para alm da geografia, tambm certos aspectos da paisagem
(nomeadamente os abundantes e destacados afloramentos granticos da regio
de vora), parecem ter sido determinantes para a forma como as primeiras
comunidades neolticas ou em vias de neolitizao, se instalaram na Serra de
Monfurado (Calado, 2005).
Estas primeiras comunidades agro-pastoris, sedentrias, da Serra de
Monfurado, viriam a deixar um legado arqueolgico, cultural e paisagstico, nico
37
no contexto peninsular aqui, os menires e recintos megalticos identificados constituem, por si
s, a maior concentrao de monumentos deste tipo em toda a Pennsula Ibrica; no total, a
serra de Monfurado, alberga, entre vrios menires isolados, 5 recintos megalticos (distribudos
pelos actuais concelhos de vora e Montemor-o-Novo), um dos quais (Almendres), o maior
da Pennsula Ibrica.
O elevado numero destes monumentos megalticos acompanhado por uma extensa e
complexa rede de povoamento de Neoltico Antigo/Mdio. Esta densa rede de povoamento
encontra-se, aqui, bem patente no maior nmero de stios de habitat desta poca, em todo
o territrio centro Alentejano. Os numerosos stios atribuveis s primeiras fases do Neoltico
Alentejano, no concelho de vora (Calado, 2005), caracterizam-se, paisagisticamente,
pela preferncia de relevos suaves, situados junto a linhas de gua, normalmente virados a
nascente ou a sul e, quase sempre, pontuados por destacados afloramentos granticos.
Embora os menires e recintos megalticos da Serra de Monfurado tenham sido,
durante as ultimas dcadas, alvo de investigao arqueolgica (a qual deu a conhecer,
simultaneamente, um vastssimo numero de stios de habitat da mesma poca) muito
permanece ainda por saber acerca dos contextos domsticos (arquitectnicos, estratigrficos,
crono-culturais e paleoambientais) do Neoltico Antigo na regio. Os grandes conjuntos
destes stios, identificados nas imediaes dos recintos dos Almendres, Vale Maria do Meio
e Portela de Mogos, permanecem um enorme manancial de informao arqueolgica,
com um contexto megaltico nico a nvel Peninsular e que actualmente se encontra quase
totalmente inexplorado, sobretudo em termos de escavaes.
Contudo, aquilo que sabemos hoje sobre os contextos
cronolgicos e sobre a forma como viviam (arquitecturas domsticas,
cultura material e eco-factos) estes primeiros construtores de
monumentos megalticos, pastores e agricultores que, durante os finais
do VI e incios do V milnio a.C., habitaram a Serra de Monfurado,
deve-se, essencialmente, aos dados de escavao obtidos por
Mariana Diniz, durante as suas campanhas levadas a cabo no stio
da Valada do Mato (Diniz, 2000; 2008).
38 PIERSM - Relatrio final
Exceptuando a informao disponvel das prospeces de superfcie, os contextos de
Neoltico Mdio nesta regio so ainda menos conhecidos; apenas na margem oriental da
Serra, na necrpole de Vale de Rodrigo, sob o monumento 2, foi escavado, por Philine Kalb e
Martin Holk, um contexto domstico desta poca, anterior edificao do monumento. Aqui,
foram identificadas e escavadas, pelos arquelogos alemes, estruturas negativas do tipo silo
onde foi possvel recolher um conjunto cermico importante, pautado pelas formas esfricas,
fechadas, com sulco abaixo do bordo e, em alguns casos, com a presena de decorao
almagrada (Kalb, Holk e Brumester, no prelo). Esta situao encontrou recentemente um
paralelo no concelho de vora, mais concretamente na sepultura 1 das Hortinhas (Torre de
Coelheiros), onde um contexto semelhante foi escavado em 2007 por Manuel Calado e
Leonor Rocha (Calado e Rocha, no prelo).
O Neoltico final e o Calcolitico, mais facilmente caracterizveis atravs das prospeces
de superfcie, encontram-se bem representados nesta regio. No concelho de vora, as
margens orientais da Serra de Monfurado, drenadas por uma extensa rede hidrogrfica e
adjacentes a frteis peneplanicies, a rede de povoamento de Neoltico Final e Calcolitico
extensa, com uma grande variedade de solues de implantao na paisagem. Embora
durante o Neoltico Final se note uma preferncia pelos relevos menos acentuados e mais
prximos dos solos cultivveis, durante o Calcolitico nota-se uma crescente preferncia pelos
relevos mais destacados e dominantes, situados nas margens da Serra (na envolvente dos
quais se situam a grande maioria dos monumentos megalticos funerrios, que abundam nas
margens da Serra e escasseiam no seu interior).
Merece destaque, pela proximidade geogrfica, o povoado Calcolitico do Monte da
Ponte, identificado por Philine Kalb e Martin Hck, onde, atravs do recurso a prospeces
geofsicas, foi possvel registar um complexo sistema fortificado, com muralhas e basties
(Kalb e Hck, 1995).
As fases iniciais da idade do Bronze (Bronze Antigo e Mdio) esto ainda, aqui como
no restante territrio nacional, mal conhecidas e caracterizadas, sendo no entanto de
sublinhar que recente investigao, relativa ao esplio proto-histrico do Castelo do Giraldo,
identificou um conjunto significativo de materiais atribuveis a este contexto crono-cultural
39
(Mataloto, 1999). Escassos quilmetros a Oeste, no povoado Serra 1 (Calado, 2003) Manuel
Calado identificou, igualmente, um conjunto de materiais de superfcie, atribuvel s fases
iniciais da Idade do Bronze (Mataloto, 1999).
O Bronze final, contudo, encontra-se melhor caracterizado, em grande parte devido
s escavaes levadas a cabo na Coroa do Frade (Arnaud, 1979) e no Alto do Castelinho
da Serra (Burgess, 1998). Em ambos os povoados foram identificados complexos sistemas
defensivos, edificados durante o final da Idade do Bronze e continuamente ocupados e
reorganizados at Idade do Ferro. A rede de povoamento parece ocupar, principalmente,
os relevos mais destacados ou mais defensveis da Serra, sendo contudo conhecidos outros
modelos de implantao na paisagem para esta poca (Calado, Barradas e Mataloto, 1998).
A maioria dos dados disponveis para a Idade do Ferro resulta dos mesmos trabalhos
de escavao que incidiram sobre os povoados de Bronze Final (Castelo do Giraldo, Coroa
do Frade e Alto do Castelinho da Serra). Nos dois ltimos, foram identificados contextos da 1
Idade do Ferro que parecem ter, como j foi referido, ocupado ininterruptamente o mesmo
espao, desde o final da Idade do Bronze. A ocupao tardia da Idade do Ferro identificada
no Castelo do Giraldo, contudo, parece estar directamente relacionada com uma outra,
recentemente identificada no relevo adjacente da Serra Pedrosa (Mataloto, Alves e Carvalho,
2008; Calado, Santos e Carvalho, no prelo). Aqui foram identificados vestgios de um provvel
acampamento militar indgena, usado eventualmente no contexto das Guerras Lusitanas
do sc. II antes de Cristo. De facto, a cronologia dos materiais, a ausncia de muralhas,
a posio estratgica e a prpria composio da cultura material, dificilmente encaixam,
no seu conjunto, nos padres conhecidos para o povoamento da segunda Idade do Ferro
regional; a confirmar-se uma tal interpretao, passaria a ter algum fundamento (involuntrio)
a presena de Viriato no territrio eborense, evocada por Andr de Resende, com base
numa lpide forjada, no intuito de engrandecer a histria antiga de Ebora (Encarnao,
1977, 1978). O Alto do Castelinho da Serra tambm parece ter conhecido um episdio tardio
dentro da Idade do Ferro, constituindo, a par com o Castelo do Giraldo e a Serra Pedrosa, um
importante conjunto da 2 Idade do Ferro, a nvel regional.
Durante a poca romana, as cotas mais altas da Serra parecem ter sido abandonadas,
40 PIERSM - Relatrio final
quase por completo, em detrimento dos relevos mais suaves, ao longo das margens e
peneplanicies adjacentes. Neste contexto, as ocupaes tardo republicas e imperiais do Alto
do Castelinho da Serra (bem como um importante conjunto de sepulturas, tardo romanas)
surgem como uma excepo regra, justificvel eventualmente pelo domnio excepcional
que este relevo tem sobre a paisagem envolvente.
Contudo, o importante contexto identificado na margem oriental da Serra, na villa da
Tourega (Pinto e Viegas, 1994) e a proximidade das vias que ligavam Ebora a Salacia e a
Emerita Augusta (Saa, 1963; Bilou, 2005), bem como um conjunto de pequenas ocupaes
rurais de poca imperial que se dispersam ao longo das linhas de gua que drenam as
margens da Serra (Oliveira et al., 1987; Calado, 2003), relembram-nos que durante a poca
romana, os recursos da serra (aquferos, mineiros, cinegticos e agro-pastoris) e as linhas
de transitabilidade naturais inerentes a esta (linhas de gua e linhas de festo) no so
negligenciados.
Os dados disponveis para a arqueologia rural de poca medieval baseiam-
se, essencialmente, nas prospeces de superfcie, as quais identificaram, nesta rea,
vrios pequenos assentamentos rurais. So igualmente conhecidas duas importantes
atalaias medievais, no Castelo do Giraldo (Pao, 1961) e no Alto do Castelinho da
Serra (Burgess, 1998). A primeira, no Castelo do Giraldo, ocupa um destacado lugar na
histria local por ter sido daqui que o famoso Giraldo Sem Pavor ter partido, com o seu
exrcito, para tomar a cidade de vora aos mouros, no Outono de 1165 (Espanca, 1966).
Menires de Vale Maria do Meio (segundo CALADO, 2005)
41
Castelo do Giraldo. Vista da paisagem envolvente
SRP/62
0 5cm
SRP/25
SRP/ 36
SRP/ 49
Sitio da II Idade do Ferro da Serra Pedrosa. Materiais de superficie que incluem uma pea da Idade do Ferro, de fabrico a torno e ricamente pintada. Constitui o melhor exemplar da chamada
cermica Ibrica no concelho de vora - Seg. Mataloto, Alves e Carvalho, 2007
Levantamento topogrfico do recinto megalitico dos Almendres, efectua-do por Pedro Alvim - Seg. Alvim, 2006
Vista ara sobre o recinto megalitico de Vale Maria do Meio - Seg. Ca-lado, 2003
42 PIERSM - Relatrio final
Os trabalhos de campo efectuados no mbito da execuo do relatrio arqueolgico
do PIERSM conduziram ao acrescento de mais de meia centena de novos registos base de
dados do Sitio Monfurado (55 no total). Em simultneo com os trabalhos de prospeco,
procedeu-se confirmao e reviso cartogrfica de stios identificados pelos trabalhos mais
antigos, conferindo-lhes assim preciso GPS (e efectuando a recolha de novos dados crono-
culturais, sempre que tal se revelou possvel). Este trabalho de reviso de dados anteriores
permitiu a relocalizao, correco cartogrfica e confirmao/infirmao de dados crono-
culturais, relativos a vrios monumentos megalticos e assentamentos pr e proto-histricos,
romanos e medievais do Sitio Monfurado (como por exemplo a Anta dos Almendres, Anta do
Pao, Antas da Abaneja, povoado dos Almendres, Pinheiro do Campo 3, etc.).
Os novos dados recolhidos (que apenas vem confirmar a excepcional riqueza
arqueolgica das paisagens do Monfurado), compreendem mais de duas dezenas de
habitats pr e proto-histricos (com cronologias situadas entre o Neoltico Antigo e a Idade
do Ferro), assentamentos rurais, romanos e medievais (incluindo um provvel Vicus, romano,
de grande dimenso e com inmeras estruturas e taludes ainda visveis superfcie), quatro
novos monumentos megalticos (duas antas e duas sepulturas proto-megalticas) bem como
diversos outros stios e achados avulsos/dispersos, resultantes da milenar ocupao humana
dos relevos do Monfurado.
6 B a l a n o e c o n S i d e R a e S f i n a i S
43
Apesar de todo o sector Oeste do concelho de vora, particularmente a zona da serra
de Monfurado, permanecer como um dos territrios mais intensamente prospectadas a nvel
concelhio, o trabalho de prospeco selectiva continua a revelar-se eficaz e necessrio,
numa paisagem onde cada relevo no prospectado um potencial stio arqueolgico.
O territrio onde actualmente se enquadra o PIERSM, como j foi anteriormente
sublinhado, , sem dvida, a mais rica paisagem arqueolgica do concelho de vora,
destacando-se, a nvel peninsular, pela excepcionalidade, antiguidade e diversidade dos
seus monumentos megalticos, quantidade e diacronia de espaos de ocupao pr e
proto-histricos e pelo elevado total de stios arqueolgicos, de todos os tipos, cronologias e
implantaes.
O conjunto de dados, antigos e recentes, de que actualmente dispomos para este
sector concelhio, atendendo sua diversidade, quantidade, relevncia e mesmo, em alguns
casos, excepcionalidade, deveria ser alvo de um particular investimento, tcnico/cientfico,
na interpretao dos mesmos, por parte dos tcnicos municipais, aquando da realizao de
uma futura Carta Arqueolgica do Concelho de vora, tendo em vista o destaque que deve
ser dado, nessa publicao, a uma das mais ricas e importantes paisagens arqueolgicas da
Pennsula Ibrica.
Este territrio constitui, a nvel concelhio e mesmo regional, um inestimvel recurso
estratgico no domnio do turismo que, se devidamente explorado e rentabilizado, poder
contribuir para um novo dinamismo turstico no concelho de vora, de mbito rural, cultural
(arqueologia, histria e etnografia) e ambiental (fauna, flora e geologia) com a oferta de
uma contrapartida de excelncia, grandemente enriquecedora e complementar ao turismo
urbano da cidade patrimnio mundial.
44 PIERSM - Relatrio final
Alfenim, R. (1994) O Territrio de Liberalitas Julia Ebora, Comunicao apresentada na
Mesa Redonda Organizacin y Estruturacin del Territrio Antiguo en el Suroeste Peninsular.
Madrid. Casa de Velszques
Almeida, F.; Ferreira, O. V. (1968) Molde de fundio encontrado no castro de S.Bento
(vora). O Arquelogo Portugus. Lisboa. 3 srie. 2, p.45-48.
Alvim, P. (1997) Sobre alguns vestgios de paleoastronomia no cromeleque dos Almendres,
A Cidade de vora, II 2, p.5-23, vora.
Barata, F.T.; Mascarenhas, J. M. (2000) - A preservao da memria do territrio. O Parque
Cultural de Tourega Valverde, vora.
Bilou, F. (2000) Testemunhos arqueolgicos da rede viria romana na regio de vora. A
Cidade de vora. II srie, 4, p.143-168.
Burgess, C. (1991/92), Fiedwork in thd vora District, Alentejo, Portugal, 1990-1991: A
preliminary report, Lisboa ( relatrio interno).
Burgess, C.; Gibson, C.; Correia, V. (1999), Hillforts, Oppida and Vitrificatrion in the vora Area,
Central Portugal. Northern Archaeology. Newcastle, Vol.17/18, p.129- 147.
Calado, M. (1993) - Carta Arqueolgica do Alandroal. Alandroal: Cmara Municipal de
Alandroal.
Calado, M. (1993) - Menires, alinhamentos e cromlechs, In Medina, J.; Gonalves. V.S. (dir.),
Histria de Portugal, Lisboa, p. 294-301.
8 B i B l i o g R a f i a
45
Calado, M. (1995) A rea envolvente do Cromeleque de Vale Maria do Meio e o traado
da A6 no concelho de vora: prospeco e avaliao. (relatrio indito).
Calado, M. (1995), A regio da Serra dOssa: introduo ao estudo do povoamento Neoltico
e Calcoltico. Lisboa: Faculdade de Letras de Lisboa (ed. policopiada).
Calado, M. (1995), Cromlech de Vale Maria do Meio (vora, Portugal): Contexto Geogrfico
e Arqueolgico. Rubricatum, 2, Gav-Bellaterra, p. 493-503.
Calado, M. (1996) - Recintos Ciclpicos no Alentejo Central. A Cidade de vora, II Srie,1,
vora, p. 275-285.
Calado, M. (1997a) - Cromlechs Alentejanos e arte megaltica. Actas do III Colquio
Internacional de Arte Megaltica. A Corua: Museo Arqueolgico e Histrico, p. 289-297.
Calado, M. (1997b) - vora pr-histrica. Um territrio antigo. vora. Histria e Imaginrio.
vora: Ataegina, p.11-18.
Calado, M. (1997c) - Vale Maria do Meio e as Paisagens Culturais do Neoltico Alentejano, p.
41-51 In Sarantopoulos, P. (Ed.), Paisagens Arqueolgicas a Oeste de vora, vora.
Calado, M. (2000a) - Neolitizao e megalitismo no Alentejo Central: uma leitura espacial.
Actas do 3 Congresso de Arqueologia Peninsular, Porto, p. 35-45.
Calado, M. (2000b) - O recinto megaltico de Vale Maria do Meio. I Colquio Internacional
Sobre Megalitismo, Monsaraz.
Calado, M. (2001a) Da serra dOssa ao Guadiana: um estudo de pr-histria regional.
Trabalhos de Arqueologia, 19. Lisboa: IPA.
Calado, M. (2001b) Prospeces arqueolgicas nas Herdades das Murteiras (Fundao
Eugnio de Almeida). (relatrio indito).
Calado, M. (2002a) Povoamento Pr e Proto-histrico da Margem Direita do Guadiana. Al-
Madan, II srie, 11, p. 122-127.
Calado, M. (2002b) - Standing Stones and Natural Outcrops. In Scarre, C. - Monumentality and
Landscape in Atlantic Europe. London: Routledge.
Calado, M. (2003) - Endovlico e Rocha da Mina: contexto arqueolgico. Ophiussa. Lisboa:
Instituto de Arqueologia da FLUL, 1, p. 56-70.
46 PIERSM - Relatrio final
Calado, M. (2005) Menires do Alentejo Central. Gnese e Evoluo da Paisagem megaltica
regional. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. http://www.crookscape.org/
tesemc/tese.html
Calado, M. (2006a) Megalitismo nas Herdades da Fundao Eugnio de Almeida: stios,
monumentos e paisagem. Cadernos de Patrimnio. vora: Fundao Eugnio de Almeida.
Calado, M. (2006b) - Territrios da Pr-Histria em Portugal. Alentejo, Tomar: Arkeos, n18.
Calado, M. (2006c) Les menhirs de la Pninsule Ibrique [Menhirs of Iberia]. Origine et
dveloppement du mgalithisme de l ouest de lEurope. Bougon. Vol. 1, p. 485-510.
Calado, M.; Barradas, M.; Mataloto, R. (1999) - Povoamento proto-histrico no Alentejo Central,
Revista de Guimares, n. 109, Guimares, p. 363-386.
Calado, M.; Costa, C.; Mataloto, R.; Barros, P. (2004) Povoamento pr-histrico e romano no
traado da A6 (Montemor-o-Novo e vora). Actas do II encontro de Arqueologia do Sudoeste
Peninsular. Promontrio Monogrfico. Faro: Universidade do Algarve, p. 293-297.
Calado, M.; Mataloto, R. (2001) Carta Arqueolgica do Redondo. Redondo: Cmara
Municipal.
Calado, M.; Rocha, L. (1996) - Neolitizao do Alentejo Interior: os casos de vora e Pavia,
Actas do I Congrs del Neoltic a la Pennsula Ibrica, Gav, p. 673-682.
Calado, M; Rocha, L. (1996) - Povoamento do bronze final no Alentejo Central. A Cidade de
vora, II Srie, 2, vora, p. 35-55.
Calado, M; Rocha, L. (2006) Megalitismo de Mora. Nas fronteiras do Alentejo Central. Lisboa:
Editora Apenas Livros.
Calado, M; Rocha, L. (2007) As Primeiras sociedades camponesas no Alentejo Central:
a evoluo do povoamento. In Cerrillo Cuenca, E,; Valads Sierra, J. (eds.) - Los Primeros
Campesinos de la Raya. Actas de las Jornadas de Arqueologia del Museo de Cceres.
Cceres: Museo de Cceres.
Cardoso, J.; Carvalhosa, A.; Pais, J. (2000) - Cromeleque de Portela de Mogos (concelho de
vora) estudos geoarqueolgicos e paleobotnicos, A Cidade de vora, II Srie, n. 4, vora,
p. 35-55.
Cardoso, M. (1941) - Monumentos Nacionais. Revista de Guimares. LI (1-2), p. 127-129.
47
Cartaillac, E. (1878) - Les ges Prhistoriques de l`Espagne et du Portugal. Paris.
Cartaillac, E. (1878) - Materiaux pour l`Historique Primitive et Naturelle de l`Homme, Paris, 14
ano, p. 362- 363.
Carvalho, A. G.; Pina, H.L. (1961) A anta da Velada das guas (Barrocal-vora). Junta Distrital
de Evora. Boletim. vora. 2, p. 159-202.
Correia, V.H. (no prelo) - A Idade do Ferro na Plancie Central Alto-Alentejana. Bases de um
projecto de investigao, Clio-arqueologia, Lisboa.
Costa, F.(1868) - Monumentos Pr- histricos: Descrio de alguns Dlmens ou Antas de
Portugal, Lisboa.
Da Silva, C.M. (2000) - Sobre o possvel significado astronmico do cromeleque dos Almendres,
A Cidade de vora, II srie, n. 4, vora, p. 109-127.
Dehn, W.; Kalb, P.; Vortisch,W. (1992) - Geologisch-Petrographische Untersuchngen An
Megalithgrabern Portugals, Madrider Mitteilungen, 32, Mainz, p. 1-28.
Diniz, M. (1995) - Neolitizao do Interior Sul de Portugal: Uma Proposta Alternativa, I Congres
de Neolitic Peninsular, Barcelona.
Diniz, M. (2000) - As comunidades neolticas no interior alentejano: uma leitura cultural e
cronolgica, Actas do 3 Congresso de Arqueologia Peninsular, Porto, p. 23-33.
Diniz, M. (2000) - Em torno do stio da Valada do Mato (vora) e das comunidades do Neoltico
antigo no interior alentejano, A Cidade de vora, II Srie, n. 4, vora, p. 109-121.
Diniz, M. (2003a) O Neoltico antigo do interior alentejano: leituras a partir do stio da Valada
do Mato (vora). In GONALVES, V.S. (ed.) Muita gente poucas antas? Origens, espaos e
contextos do Megalitismo. Actas do II Colquio Internacional sobre Megalitismo. Lisboa: IPA,
p. 57-80.
Diniz, M. (2003b) O stio da Valada do Mato (vora). Aspectos da neolitizao no nterior Sul
de
Portugal. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (tese de Doutoramento
policopiada).
Diniz, M.; Calado, M. (1997) - O povoado neoltico da Valada do Mato (vora, Portugal) e as
origens do megalitismo alentejano, II Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, p. 23-
48 PIERSM - Relatrio final
32.
Encarnao, J. (1977-78) Notas sobre epigrafia romana de vora. Humanitas. Coimbra.29-
30, p.75-97.
Encarnao, J. (1984) - Inscries romanas do Conventus pacensis. Subsdios para o estudo
da romanizao. Coimbra.
Espanca, T. (1944) Templum Dianae Sacrum. A Cidade de vora. 2 (6), p. 87-88.
Espanca, T. (1945) Fortificaes e alcaidarias de vora. (Cerca pr-portuguesa. Aro romano,
visigtico e muulmano. Portas da muralha visigtica...). A Cidade de vora. 3 (1-2), p.41-46.
Farinha, B.J.S. (1785) Colleco das antiguidades de vora, escriptas por Andr de Resende,
Diogo Mendes de Vasconcellos, Gaspar Estao, Fr. Bernardo de Brito e Manuel Severim de
Faria. Lisboa. Of. Filipe Silva e Azevedo, 180p.
Gomes, M.V. (1994) - Menires e cromeleques no complexo cultural megaltico portugus.
Trabalhos recentes e estado da questo. Actas do Seminrio. O megalitismo no Centro de
Portugal, Viseu, p. 317-342.
Gomes, M.V. (1996) - Almendres e Portela de Mogos- dois monumentos scio-religiosos do
Neoltico. Arqueologia em vora Ciclo de conferncias e Visitas Guiadas- CME, vora.
(resumo policopiado).
Gomes, M.V. (1997) - Cromeleque da Portela de Mogos. Um monumento scio-religioso
megaltico, p. 35-39, In Sarantopoulos, P., (Ed.), Paisagens Arqueolgicas a Oeste de vora,
vora.
Gomes, M.V. (1997) - Cromeleque dos Almendres. Um dos primeiros grandes monumentos
pblicos da humanidade. In Sarantopoulos, P., (Ed.), Paisagens Arqueolgicas a Oeste de
vora, vora, p. 25-34.
Gomes, M.V. (2002) Cromeleque dos Almendres. Um monumento socio-religioso neoltico.
Lisboa: Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universiadade Tcnica de Lisboa. (texto
policopiado).
Gonalves, J.P. (1970) Notcias. Arquelogo Portugus. Lisboa.4, p.299-328.
Gonalves, J.P. (1972) Notcias dos Jornais. Arquelogo Portugus. Lisboa.6, p.309-323.
49
Gonalves, J.P. (1975) Roteiro de alguns meglitos da regio de vora. A Cidade de vora.
vora.32 (58), p.241-261.
Hock, M.; Kalb, Ph. (1995) - Investigao geolgica na zona megaltica de Vale de Rodrigo,
vora, 3 Reunio do Quaternrio Ibrico, Coimbra, p. 459-474.
Hock, M.; Kalb, Ph. (1996) Vale de de Rodrigo. Projecto interdisciplinar para a investigao
do Megalitismo, Arqueologia em vora- Ciclo de Conferncias e Visitas Guiadas- CME, vora.
(resumo policopiado).
Hoskin, M.; Calado, M. (1998) - Orientations of Iberian Tombs: Central Alentejo Region of
Portugal, Archaestronomy, 23, Cambridge, p. 77-82.
Kalb, P.; Hck, M. (1997) O povoado fortificado calcoltico do Monte da Ponte, vora. In
Balbin,R.; Bueno, P. Actas do II Congreso de Arqueologia Peninsular. TII-Neoltico, Calcoltico
y Bronce. Zamora: Fundacin Rei Afonso Henriques, p. 417-423.
Kalb, Ph. (1993) - Grobsteingraber und Menhire, Funde in Portugal, Gottingen/ Zurich, p. 29-
45.
Larsson, L. (2000) Symbols in Stone Ritual activities and pedtrified traditions. Neolitizao e
Megalitismo da Pennsula Ibrica. Actas do 3 Congresso de Arqueologia Peninsular. Porto:
Adecap, VIII, p. 445-458.
Larsson, L. (2001) Decorated faade? A stone with carvings from the megalithic tom Vale
de Rodrigo, monument 2, Alentejo, southern Portugal. Journal of Iberian Archaeology, 3, p.35-
46.
Leisner, G. (1934) - Die Malereien des Dolmen Pedra Coberta, Ipek.
Leisner, G. (1935) - A Estrela- menhir de Granja de Toniuelo. Investigacion y Progreso, Madrid,
9, Nr5.
Leisner, G. (1944) - O Dlmen de Falsa Cpula de Vale Rodrigo, Coimbra, Biblos, Tomo XX.
Leisner, G. (1945) A Cultura eneoltica do sul de Espanha e suas relaes com Portugal.
Arqueologia e Histria. Lisboa. 8 srie. 1, p. 11- 28.
Leisner, G. (1945) - A Cultura Enelitica do Sul de Espanha e suas relaes com Portugal.
Arqueologia e Histria, Lisboa, 8 Srie das Pblicaes da Associao dos Arquelogos
50 PIERSM - Relatrio final
Portugueses.
Leisner, G. (1948) Antas dos arredores de vora. A Cidade de vora. vora.6 (15-16), p.3-40.
Leisner, G. (1949) Antas dos arredores de vora. A Cidade de vora. vora.6 (17-18), p.499-
528.
Leisner, G., V. (1943) - Die Megalithgrber der Iberischen Halbinsel. bdl Rmisch- Germanishe
Forschungen, Vol. XVII.
Mantas, V.G., (2000) - Ebora Liberalitas Iulia e o Alto Alentejo, Ebora Liberalitas Iulia- Ciclo de
conferncias e Visitas Guiadas- CME, vora. (resumo policopiado).
Manuel, C.C., (1896) A archeologia em vora. O Arquelogo Portugus. Lisboa.3, p.61-63.
Mascarenhas, J.M., (1995) - Evora: Archologie et Conservation du Paysage Environnant
in Clavel-Lvque, M & Plana-Mallart R. ( Edrs.), Cit et Territoire, Annales Littraires de l
Universit de Besanon, 565, Besanon, p.227-230.
Mascarenhas, J.M.; Barata, F.T., (1997) - O Territrio de bora, e a organizao e ordenamento
da paisagem envolvente, p. 61-67, In Sarantopoulos, P., (Ed.), Paisagens Arqueolgicas a
Oeste de vora, vora.
Mataloto, R., (1999) - As ocupaes proto-histricas do Castelo do Giraldo (vora), Revista de
Guimares, n. 109, Guimares, p. 333-362.
Mataloto, R.; Alves, C.; Carvalho, M. (2008) Instabilidade e Conflito durante a Idade do Ferro,
no Alto Alto Alentejo. Actas do III Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular.
Mntez, P. (1943) - Monumentos Dolmricos. Histria da Arquitectura Primitiva em Portugal.
Nunes, M.C., (1993), As covas de Montemuro. Notcia Priceps, vora.
Oliveira, J.; Caeiro, J.O.; Nunes, M.C.; Calado, M. (1987) Carta Arqueolgica do Concelho
de vora. Relatrio indito.
Oliveira, J.; Sarantopoulos, P.; Balesteros, C. (1997) - Antas Capelas e Capelas junto a Antas no
Territrio Nacional, Lisboa, p. 352- 354.
Pao, A. (1961) O Castelo do Giraldo (vora) e os novos horizontes do Neoltico alentejano.
Junta Distrital de vora. Boletim. vora.2, p.219-223. Tambm publicado em Congresso
Nacional de Arqueologia,7., Barcelona (1960). Saragoa (1962) Seminrio de Arqueologia
51
da Universidade de Saragoa, p.122-126.
Pao, A. (1962-1963) Arqueologia e turismo na regio de vora. Cidade de vora. vora.19-
20 (45-46), p.17-21.
Pao, A. (1965) Jias pr-histricas da regio de vora. Junta Distrital de vora. Boletim.
vora.6, p.159-186.
Pao, A.; Ventura, J.F. (1961) Castelo do Giraldo (vora). I Trabalhos de 1960. Revista de
Guimares. Guimares,71 (1-2), p.27-49.
Parreira, R., (1996) - Anta Grande do Zambujeiro: programa de salvaguarda e sua valorizao,
Arqueologia em vora- Ciclo de Conferncias e Visitas Guiadas, CME, vora. (resumo
policopiado).
Pereira, G. (1875) - Dlmens ou Antas dos Arredores de vora. Notas dirigidas ao Exmo Sr. Dr.
Filippe Simes, vora.
Pereira, G. (1875) - Notas d`Archeologia, vora.
Pereira, G. (1895)- Anta do Pinheiro do Campo. O Arquelogo Portugus, Lisboa. Tomo I.
Pereira, G. (1895) Anta do Pinheiro do Campo. O Arquelogo Portugus. Lisboa.1, p.312.
Pereira, G., (1875) Dolmens ou antas dos arredores dvora.. Notas dirigidas ao Exm Sr. Dr.
Augusto Filipe Simes. vora. Tip. Francisco da Cunha Bravo, 31p.
Pereira, G., (1880) Antiguidades Prehistricas. Dolmens dvora. O Universo Illustrado. Lisboa.4
(32), p.252-255.
Pina, H.L. (1969) Arqueologia e pr-histria. Carta Geolgica de Portugal, na escala 1-50000.
Notcia explicativa da folha 40-A vora. Lisboa. Servios Geolgicos de Portugal, p.22-23.
Pina, H.L. (1970) Novos monumentos megalticos do distrito de vora. Congresso Nacional de
Arqueologia, 2, Coimbra, 1970 Actas. Coimbra, Junta Nacional de Educao. p.151-162.
Pires, C. (1896) Antas dos Arredores de Machede. Arquelogo Portugus, Lisboa, Tomo II, p.
229.
Pires, C.A.A. (1896) Antas dos arredores de Machde (Concelho de vora). O Arquelogo
Portugus. Lisboa.2, p.229-230.
Resende, A. (1553) Histria da antiguidade da cidade de vora. vora. Reedies: 2 ed.
52 PIERSM - Relatrio final
vora, 1576; 3 ed., Lisboa, 1783.
Santos, A. (1994) Monumentos megalticos do Alto Alentejo, Lisboa.
Silva, A, C. (2000) Inventrio Arqueolgico de vora. Relatrio apresentado Cmara
Municipal de vora (indito).
Silva, A, C.; Parreira, R.; Silva, M.L.; Sarantopoulos, P. (1992) - Roteiro do Megalitismo de vora,
vora.
Silva, A. C.; Perdigo, J. (1998) - Contributo para a Carta Arqueolgica de Arraiolos. Arraiolos:
Cmara Municipal de Arraiolos.
Silva, J. P. (1880) Novos Monumentos Megalticos em Portugal. Boletim de Arquitectura e de
Arqueologia da Real Associao dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 2 Srie,Tomo II, p.90.
Silva, J. P. (1882) Dlmens recentemente descobertos em Portugal. Boletim de Arquitectura
e de Arqueologia da Real Associao dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 2 Srie,Tomo III,
p.124- 125.
Silva, J. P. (1890) Memria apresentada ao Congresso de Montpellier 1879, Notice sur les
Monuments Mgalithiques du Portugal. Boletim de Arquitectura e de Arqueologia da Real
Associao dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 2 Srie,Tomo VI, p.101- 102.
Simes, A. F. (1878) Introduo Arqueologia da Pennsula Ibrica: Antiguidades Pr-
histricas, Lisboa.
Vasconcellos, J. L. (1898) - vora e Arredores. Arquelogo Portugus, Lisboa, Tomo IV, p. 121
134.
Vasconcellos, J. L. (1901) Antiguidades dos Arredores de vora. Arquelogo Portugus,
Lisboa, Tomo VII, p. 218-223.
Vasconcellos, J. L. (1923-24) Monumentos Arqueolgicos. Arquelogo Portugus, Lisboa,
Tomo XXVI, Est.II, p. 165.
Vasconcelos, J.L. (1898) Excurso archeolgica ao Sul de Portugal. O Arquelogo Portugus.
Lisboa.4, p.103-134.
Vasconcelos, J.L. (1902) Antiguidades dos arredores de vora. O Arquelogo Portugus.
Lisboa.7, p.218-223.
53
Vasconcelos, J.L. (1923-24) Monumentos Arqueolgicos. Arquelogo Portugus. Lisboa.26,
p.164-166.
Vaz Pinto, I. (1995) A Villa Romana da Tourega e o seu enquadramento histrico, Revista
Lusada de Histria, n.3, Lisboa.
Vaz Pinto, I.; Viegas, C., (1994) - Les Thermes de la Villa Romaine de Tourega, Les Dossiers d
Archeologie, n. 198, p. 60-63.
Vaz Pinto, I.; Viegas, C.; Ferrer Dias L. (1997) - A Villa romana da Tourega : umas termas em
ambiente rural, p.73 81, In Sarantoupoulos, P., (Ed.), Paisagens Arqueolgicas a Oeste de
vora. vora: Cmara Municipal de vora.
Vaz Pinto, I.; Viegas, C.; Ferrer Dias L. (no prelo) - Terra sigillata and amphorae from Villa
Romana da Tourega (vora, Portugal 1), Close Encounters: sea and riverborne trade, ports
and hinterlands, British Archaeological Reports International Series.
Viegas, C.; Vaz Pinto, I. (2000) - As termas da villa romana da Tourega (vora, Portugal ). In
Fernndez Ochoa, C.; Garcia Entero, V. (eds.) - Termas Romanas en el Occidente del Imperio.
Actas del II Colquio Internacional de Arqueologia en Gijn, Gijn, p. 355-359.o do centRo HiStRico, PatRiMnio e cultuRa
2009
Top Related