Sérgio Bello - Gritos de Eros & Gritos da Terra
-
Upload
djafran-atico -
Category
Documents
-
view
249 -
download
4
description
Transcript of Sérgio Bello - Gritos de Eros & Gritos da Terra
Sérgio Bello44 anos de criações| 1968 ~ 2012 |
Gritos de Eros & Gritos da Terra
litogravuras
pinturas
Sérgio Bello & “Terra-bacia”Técnica mista | Bacia de madeira, pintura acrílico e colagem sobre tela
Formato: 1,50m x 1,50m | Paris, 2010
Seguramente que as iluminuras de Sérgio Bello falam pelos seus companheiros anjos, e por todos os guardiões da natureza.
Pintor de estilo rigoroso, de profundo e intenso pensar sobre as grandes questões do ser humano e da arte ao longo do seu caminhar, de tão longe, desde os verões cáusticos dos trópicos, até os gélidos invernos europeus, carregando sensibilidade e solidão, por vezes doloridas, estaciona agora de encontro ao soberbo de sua recente obra para dele tirar do grito famélico dos grandes criadores, o pedido de socorro pela natureza e pela vida, provocador e versátil como convém a um sábio.
Ele fez como ninguém um percurso em busca das harmonias, como uma ode à sobrevivência do planeta, e, exatamente estas suas miniaturas ficarão gravadas enquanto fábulas, e nas nossas memórias, como reflexos deslumbrantes de seus traços e cores sofridas dos invernos, suaves das primaveras, e agressivas nos verões, como signos e símbolos de perenidade, espero, por toda nossa aventura de existir.
Nesta série o que ele faz é um tipo de musica, ou quem sabe, a expressão e o impressionismo de todas as artes. – Sérgio Bello, que até a ousadia de sua juventude verde não conhecia Van Gogh e seus girassóis, ou as praias e os coqueiros que seduziram Gauguin, muito menos Renoir e seus jardins de sonhos, remetendo modernamente a seus temas os cobre de homenagens e a nós amantes de sua pintura, versejando, como quem chega verdadeiramente para fazer a revolução tão esperada para o planeta, nesse terceiro milênio: a da consciência estética, ética, e de imediato, a da consciência existencial. Por certo, e apesar de todos os ruídos, porque sabe a força que a arte encerra no ditado do necessário, e no guardar da história, que confiamos sobreviver.
Como convém a um sábiopara Sérgio Bello
Célia LabancaDiretora do MAC/PE
“Arte erótica na Grécia”Litogravura. Formato: 0,60mX0,80m. Paris, 1982.
“Arte erótica no Peru Pré-Colombiano”Litogravura. Formato: 0,60mX0,80m. Paris, 1982.
“Arte erótica no Egito Faraônico”Litogravura. Formato: 0,60mX0,80m. Paris, 1982.
“Origem do Mundo segundo Sérgio Bello”Detalhe - Técnica mista | Pintura acrílico e colagem sobre tela
Formato: 1,35m de diâmetro | Paris, 2012
Numa sinergia singular entre eu e a Diretora Célia Labanca, extremamente sensibilizado, decidi expor no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, para comemorar os meus 44 anos de atividades como artista plástico (Recife, 1968 - Paris, 2012).
Durante todos os muitos anos de minhas pesquisas, o centro da minha preocupação, de homem e de artista, sempre foi a grande capacidade da humanidade de criar e ao mesmo tempo de destruir - Eros e Tanatos. Nas grandes civilizações os homens construíram pirâmides, catedrais, anfiteatros; e os mesmos homens destruíram as Torres de Babel uns dos outros. A intolerância humana, tão desumana, a opressão entre os povos, sempre me moveu. Por vezes, sinto-me ferido, mas tenho a certeza de que os meus gritos picturais são os únicos meios que tenho de transcender minha indignação contra o que fazemos contra os nossos próximos e contra o nosso planeta.
Nós artistas, podemos e devemos interpelar como resistentes que somos. A pintura não é um afazer visual, ela é um afazer mental: já dizia o Leonardo da Vinci. Uma pintura, não é feita unicamente para ser vista ou admirada. Ela é concebida para o olhar, e principalmente, para fazer pensar. Quero que a minha pintura siga pelos olhos e que chegue aos cérebros comos meus questionamentos, que considero deviam ser de todos, e como uma crítica a todas as injustiças.
Sempre quis pinturas poéticas e engajadas. Crier & Créer (Gritar & Criar), assim como Cris & Crises (Gritos & Crises), são palavras da língua francesa; minha segunda língua. Palavras como ecos afluentes e que guiam num afluxo constante minha postura de criador: sair dos gritos, sair das crises. Gritos e crises econômicas, financeiras, sociais, energéticas, ecológicas… Ecos lógicos! Gritos de humanidade, crise da humanidade: crise da civilização! Gritos pessoais, crise coletiva… Gritos familiais, crises familiares! Como transcender aos gritos? Como exorcizar as crises? - Os Gritos da Arte; a crise da Arte Contemporânea. Ser um artista em tempos de crises é ser o contrário de um conformista. Mais do que nunca, o artista deve ser um “grita-dor”... um pintor do grito! Eu pinto as crises em cores gigante ! Telas, como gritos em silêncio, para aliviar tantas crises! Para não somatizá-las! Minha melhor forma de “rebondir”, de reverter situações de desafio em novas oportunidades, é retomar o bonde. Fortalecer a minha resiliência. Tomar fôlego dentro do mundo de crises no qual parecíamos mergulhados. Quero tomar o pincel como uma flecha e visar o alvo! Ousar! Não calar! Resistir! Persistir! Insistir como água, que viva, que mole em pedra dura, tanto bate até que fura!
| 1995-2012 |
Sérgio BelloParis, 2012
“Gritos de Eros” & “Gritos da Terra”| 1982-1983 |
“Grito dos 4 cantos do Mundo”Técnica mista | Gravura, pintura acrílico e colagem sobre tela
Formato: 1,35m de diâmetro | Paris, 2011
Intérprete da Natureza
A natureza grita através de Eros e Gaia, grita através do sofrimento constante, sem choro, sem lágrimas e sem palavras, não mais suportando a falta de diálogo e entendimento.
Interpretar a natureza é poder estabelecer comunicação, permintindo que haja compreensão.
Falar com a natureza é ouvir seus lamentos e interpretar através de linguagem, aquilo que podemos talvez considerar o seu último grito.
Mas o que grita a natureza? Quais são as reivindicações destes gritos silenciosos? Como estabelecer com a natureza uma comunicação efetiva, após vários séculos sem dar a ela o privilégio do diálogo?
Tal grito silencioso somente pode ser entendido através de um grande intérprete, somente pode ser ouvido por aqueles que tem o privilégio de observar, entender e sentir, traduzindo através da expressão artística aquilo que não conseguimos entender através das palavras.
Sérgio Bello (1952), intérprete da natureza através da arte, usa seu trabalho artístico para estabelecer diálogo entre a natureza e o Homem, transformando gritos e protestos em poesia compreensível através da cor.
É através da arte-protesto de Sérgio Bello que podemos perceber a expressão da natureza e finalmente compreender o que está ocorrendo entre nós, ignorantes destas revindicações de diálogo há tantos séculos.
As obras de Sérgio Bello – Gritos de Eros e Gritos da Terra, são mais do que uma expressão pessoal do artista, são a interpretação e a tradução da evolução do íntimo da natureza que vem reivindicando seu espaço através da sua dor e de seu grito silencioso.
O trabalho de Sérgio Bello transcede à comunicação humana e entra no ambito da comunicação espiritual, fazendo-nos entender que a arte é a única linguagem que pode estabelecer diálogo entre a natureza e o Homem.
Ícone da arte pernambucana em Paris e pioneiro da internacionalização da arte contemporânea brasileira, Sérgio Bello dá ao povo pernambucano o privilégio de poder apreciar um acervo emocionante, numa exposição histórica, que depassando o deleite visual, nos trás a interpretação do que grita a Terra e do que deve respeitar o Homem.
Ricardo FernandesMembro da AICA
Paris, agosto de 2012
Sérgio Bello44 anos de criações| 1968 ~ 2012 |
Gritos de Eros & Gritos da Terra
litogravuras
pinturas
Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - MAC/PE
Rua 13 de Maio, 157 . Varadouro . Olinda . PE . BRASIL . CEP:53170-020Fone: +55 81 3184.3153
e-mail: [email protected]
Vernissage13 de setembro de 2012 | Das 19h às 22h
Exposição13 de setembro a 18 de novembro de 2012
Museu de Arte Contemporânea de PernambucoOlinda . PE . Brasil
Parceria:
Apoio: