Sede de Amor - @Romances

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8/18/2019 Sede de Amor - @Romances http://slidepdf.com/reader/full/sede-de-amor-romances 1/81 S S EDE EDE  DE DE  A A MOR MOR Golden Boy  Lucy Gordon Um acidente em Mônaco... o início de uma vida. Connie entrou na casa cercada de árvore e beleza e respirou fundo, tomando coragem. Seria difícil cuidar de Lance Hamilton agora... O homem que povoara seus sonhos, o grande ídolo da !rmula " havia sido for#ado a esquecer o sabor das vit!rias. Seria ela que o guiaria nesta difícil fase da vida. Com seu amor procuraria romper as barreiras da solid$o que Lance criara, despertando%o para o encanto de mágicas descobertas, brindando%o com a revela#$o de um segredo guardado há nove anos& Doação : Mana Digitalização: lê M. Revião: Re!ane

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SSEDEEDE DEDE AAMORMOR

Golden Boy 

Lucy Gordon

Um acidente em Mônaco... o início de uma vida.

Connie entrou na casa cercada de árvore e beleza e respirou fundo, tomando coragem. Seria difícilcuidar de Lance Hamilton agora... O homem que povoara seus sonhos, o grande ídolo da !rmula "havia sido for#ado a esquecer o sabor das vit!rias.

Seria ela que o guiaria nesta difícil fase da vida. Com seu amor procuraria romper as barreiras dasolid$o que Lance criara, despertando%o para o encanto de mágicas descobertas, brindando%o com arevela#$o de um segredo guardado há nove anos&

Doação : M a n a

Digitalização: l ê M .

Revião: R e ! a n e

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"ulia #$$ Sede de A%or Lucy Gordon"ulia #$$ Sede de A%or Lucy Gordon

Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos, de fãs para fãs.Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida.

ultura! um bem universal.

"#$%E& '#( ' "()* Luc+ ordon

Originalmente publicado pela Silhouette -oos,/ivis$o da Harlequin 0nterprises Limited

' "()) para a língua portuguesa 0/12O34 5O64 C7L2734L2odos os direitos reservados, inclusive o direito de reprodu#$o total ou

parcial, sob qualquer forma.0sta edi#$o 8 publicada atrav8s de contrato com aHarlequin 0nterprises Limited, 2oronto, Canadá.

Silhouette, Silhouette /esire e o colof$o s$o marcas registradas daHarlequin 0nterprises -.6.

2radu#$o9 ernando Sim$o 6ugman

0/12O34 5O64 C7L2734L L2/4.4v. -rigadeiro aria Lima, :;;; < = andar

C0> ;"?@: % S$o >aulo % S> % -rasil CaiAa >ostal :=*:0sta obra foi composta na 0ditora 5ova Cultural Ltda. e

impressa na /ivis$o ráfica da 0ditora 4bril S.4.

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Connie /enver entrou na sala das enfermeiras e viu com alívio que n$o havianingu8m. 0ra uma Bovem alta, elegante, com um rosto suave emoldurado por fartos cabeloscastanhos. Seus olhos verdes irradiavam toda a vitalidade dos vinte e seis anos.

4fundou o corpo numa poltrona e tirou os sapatos, eAausta, depois de várias horas detrabalho numa cirurgia longa e difícil. Olhou ao acaso para a televis$o, que algu8m haviadeiAado ligada. 7m comentarista esportivo falava eAcitado para a cmera, em meio D

confus$o que precede um grande evento. < 0stamos a poucos minutos do início dessa magnífica corridaE mais uma edi#$o do

rande >rFmio de Gnaco. /entro de alguns minutos os pilotos tomar$o seus lugares e vaicome#ar a grande emo#$o. 4qui no boAe da -arra+ Cars est$o todos ansiosos, esperando queseu primeiro piloto, Lance Hamilton, ven#a o campeonato mundial outra vez.

Connie n$o se alterou. 4penas seus dedos, que brincavam com um bot$o do uniforme,se imobilizaram de repente. O comentarista prosseguiu9

 < 0le 8 conhecido pela imprensa como o Iaroto de OuroI, e alguns Bá o declaramcampe$o em Gnaco. 6eBam como a torcida vibra, ou#am os aplausos. J ele quem estáchegando. Lance Hamilton&

4 cmera se moveu para focalizar um Bovem alto de corpo atl8tico, vestido com omacac$o de corrida. 6inha acompanhado de uma loira estonteante, que ria e acenava como sea torcida se agitasse para ela. 4o perceber que estava sendo filmado, Lance aproAimou%sesorrindo e cumprimentou o rep!rter com intimidade, dando%lhe um tapinha nas costas.

 < Lance, sei que tem poucos minutos para os Kltimos preparativos, mas gostaria quefizesse uma rápida análise das suas chances.

O Bovem corredor abriu um largo sorriso.

 < O seu palpite 8 t$o bom quanto o meu, 2ed. 6ocF sabe que esta pista 8imprevisível.

4 cmera deu um close em Lance Hamilton. Seu cabelo brilhava como fios douradossob o sol. O rosto era bonito e atraente, muito conhecido do pKblico desde o início de sua

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carreira, quando várias vit!rias o transformaram num ídolo. 4gora n$o havia empresa que n$odeseBasse contratá%lo para anunciar seus produtos em grandes campanhas publicitárias. >orisso, Lance Bá era dono de uma fortuna incalculável, e o apelido Iaroto de OuroI caía%lheperfeitamente.

 < -em, Lance, agora vocF está com trinta e dois anos...

 < Shh& < fez o piloto, interrompendo%o com um sorriso. < 5$o conte a /elia. 0lapensa que tenho vinte e um. <Lan#ou um olhar para a loira a seu lado. /8lia 2ellson era umamodelo muito requisitada, especialmente depois de come#ar a ser vista com Lance.

 < S! estava imaginando se n$o tem planos de se aposentar da carreira de piloto. áconquistou mais prFmios do que qualquer outro corredor de !rmula " e, ao que parece, vaiterminar esta temporada como tetracampe$o mundial. 5$o seria hora de pensar em pararM

/8lia soltou uma risadinha afetada. Lance sorriu e respondeu9 < 4inda acho queposso vencer muitas corridas e acredito que, quando chegar a hora de desistir, as pistas v$oencontrar um Beito de me avisar.

4 um sinal vindo dos boAes, Lance encerrou a entrevista e despediu%se da modelo comum rápido beiBo na boca. 4 cmera o seguiu enquanto caminhava para o carroE discutiu ent$oos Kltimos detalhes com a equipe. /epois colocou o capacete vermelho e, acenando para atorcida, assumiu sua posi#$o ao volante.

/o outro lado do vídeo, Connie observava com aten#$o. Sem perceber, havia seinclinado para a frente, como que atraída por um ím$.

4 corrida come#ou. Gonte Carlo era uma pista estreita e sinuosa, com poucas retasque permitissem ultrapassagem. >or isso aquela disputa era considerada uma das maisdifíceisE cada avan#o s! seria conquistado com muito arroBo e perícia.

Logo na largada, Lance assumiu a lideran#a. Ganteve a posi#$o por cinco voltas, semproblemas. 0nt$o o segundo colocado o alcan#ou, seguindo%o de perto curva ap!s curva. 4disputa era tensa. inalmente atingiram uma das poucas retas e, saindo de trás, o outroavan#ou, pondo%se lado a lado com ele. 7ma curva se aproAimava sem que houvessenenhuma defini#$o. 0mparelhados, avan#avam a quase trezentos quilmetros por hora, e oronco dos motores era quase insuportável. >or um instante Lance deu a impress$o de quelevaria vantagem e passaria D frente, mas a curva Bá estava pr!Aima demais.

4ntes que pudesse frear, seu carro saiu da pista derrapando e foi bater violentamentecontra as grades de prote#$o. 4 eAplos$o foi instantnea, e as chamas ergueram%se numanuvem trágica.

Nuando a cmera mostrou os bombeiros mergulhando no fogo para resgatar Lance,Connie Bá n$o olhava mais. /esesperada, enterrara o rosto entre as m$os.

)-U$# /)-U$# /

O dr. 4rthur raAton se voltou, e um sorriso de satisfa#$o iluminou seu rosto.

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 < Connie, seBa bem%vinda. Como foi de f8riasM

 < Guito mal < respondeu, sentando%se numa cadeira Bunto D escrivaninha. < iqueio tempo todo aBudando meus pais com o trabalho da fazenda. oi t$o cansativo que n$o via ahora de voltar para o hospital. Gas, assim que entrei, levei um choque. Ouvi dizer que v$ofechar a ala norte por falta de verba.

Connie, apesar da pouca idade, Bá era enfermeira%chefe de uma se#$o de cirurgiaoftalmol!gica do Hospital St. Lue, em Londres e, como sua ala seria desativada,provavelmente perderia o emprego. 4rthur ficou aflito.

 < Gas que p8ssima notícia& 5$o podemos perder uma enfermeira competente comovocF.

Connie observou%o com simpatia. 0ra um homem alto e magro, e seus cabelosgrisalhos conferiam D eApress$o severa um ar paternal que a confortava. Com cerca dequarenta anos, 4rthur Bá era considerado um dos maiores especialistas em oftalmologia nomundo todo. >or isso, seu consult!rio particular era muito procurado. Gas achava importante

dedicar parte do dia ao hospital pKblico de St. Lue, onde estendia seu trabalho Ds pessoas demenos recursos.

 < -em, acho que n$o vai adiantar nada ficarmos pragueBando, menina. 6amos aotrabalho.

Come#aram ent$o a conversar sobre dois pacientes de 4rthur que estavam internadosna ala norte. Connie captava muito bem as condi#Pes dos doentes e tinha uma eAtremasensibilidade para perceber como evoluía um tratamento e como o paciente reagia. >or isso, odr. 4rthur fazia quest$o de ouvir suas observa#Pes diariamente.

Nuando terminaram, o m8dico pegou as fichas dos pacientes e dirigiu%se D porta.

 < Obrigado pela aBuda, Connie. Suas avalia#Pes s$o sempre muito Kteis. 4gora voueAaminá%los e depois tentarei chegar at8 minha clínica. 2omara que aqueles rep!rteres medeiAem passar&

 < Nue rep!rteresM

 < Há dezenas deles acampados em frente D clínica. 0st$o lá desde a chegada de LanceHamilton.

Somente um bom observador notaria o tremor que a tomou ao ouvir aquele nome.2udo ocorrera há muito tempo, e ela Bamais contara a algu8m o que acontecera entre eles.5em poderia.

/ois meses haviam se passado desde o acidente em Gonte Carlo. Lance fora levadopara um hospital de Gnaco, onde ficara entre a vida e a morte por duas semanas. /epoisnoticiaram que havia saído do estado crítico e, passadas seis semanas, foi levado de avi$o paraa 1nglaterra. Os Bornais chegaram a publicar fotos dele caminhando com auAílio de umabengala, mas n$o mostraram nenhum close , de modo que Connie n$o pde ver se seu rostohavia sido atingido. 4s manchetes mencionavam Icontinua#$o do tratamentoI, mas nadacomentaram sobre a Clínica QellaRa+ do dr. 4rthur.

 < 5$o sabia que ele era seu paciente < Connie disse, interrompendo aquelespensamentos. < 1sso significa que a vis$o dele foi afetadaM

Gesmo habituada a lidar com os casos mais graves, Connie n$o podia admitir que o

pior acontecera Bustamente ao homem cuBos irresistíveis olhos azuis haviam conquistado seu

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cora#$o de modo t$o marcante. 3ezou para estar enganada, mas o m8dico logo acabou comsuas esperan#as, confirmando aquilo que ela mais temia.

 < 0le está totalmente cego, Connie. 4 vis$o do olho direito Bá estava perdida quandoLance voltou a si depois do acidente. 4 do olho esquerdo resistiu at8 o dia em que eleretornou D 1nglaterra, mas acabou afetada tamb8m. Lance disse que era como se a vidaestivesse ficando emba#ada aos poucos. 2entei aliviar a press$o no nervo !ptico, mas n$oadiantou.

Connie foi invadida por uma dor t$o aguda que chegou a sentir falta de ar.

 < 0 como ele está encarando issoM < conseguiu perguntar, afinal.

 < 4inda 8 muito cedo para dizer, mas acho que Lance n$o consegue aceitar oproblema. O sucesso e a fama de Iaroto de OuroI fizeram%no esquecer que era mortal, eagora está descobrindo de uma forma muito dura que isso n$o era verdade.

5o fundo, ela pr!pria sempre quisera acreditar que Lance Bamais sofreria um acidentenas pistas. 0 alimentara essa certeza por nove anos, desde que o vira pela Kltima vez.

>or isso ficou t$o abalada com a notícia, e a preocupa#$o tirou%lhe o sono naquelanoite. >obre Lance& O que seria dele agoraM

Nuando adolescente, Connie Bamais gostara de si mesma. Odiava seu rosto, seu nomee sua vida. Nueria chamar%se ade, que combinava com seus olhos verdes, sonhava com umavida diferente, eA!tica e cheia de aventuras. 1maginava%se sempre com vinte e cinco anos,

mulher feita, em vez da garotinha Constance, de dezessete.4chava seu rosto sem gra#a e infantil demais, queria ser atraente, mas s! conseguia

chamar a aten#$o como uma crian#a engra#adinha. Sua m$e sempre lhe dizia que com otempo ela desabrocharia num lindo cisne, mas Connie n$o conseguia acreditar que um diadeiAaria de ser aquele patinho feio refletido no espelho.

4ssim, vivia em dois mundos. 5um, imaginário, era uma semideusa de olhos verdes,mergulhada em aventuras e mist8rios. 5o outro, real, era a Bovem simpática e eficiente, comum grande talento natural para captar os sentimentos das pessoas e decidida a seguir aprofiss$o de enfermeira.

4ntes de come#ar o curso de enfermagem na universidade, trabalhou como datilografapara /ominic -arra+, um empresário de grande sucesso no mundo dos neg!cios, empenhadoem investir sua fortuna no sonho de construir o melhor carro de corridasE um carro quecertamente levaria o primeiro lugar no campeonato mundial. Contratou dois pilotos de futuro9ohn Catteric, que vinha com algumas vit!rias conquistadas, e Lance Hamilton, Bovempromissor, de quem se dizia possuir um enorme potencial.

Lance tinha ent$o vinte e trFs anos, e seus profundos olhos azuis povoaram os sonhosde Connie, que acompanhava seu sucesso com entusiasmo. 0ra um corredor ousado e emapenas dois anos emergiu da obscuridade, entrando com gl!ria para o mundo da fama. Osolhos meigos, o ar travesso e a simpatia natural o diferenciavam dos colegas, e a imprensalogo o apelidou de Iaroto de OuroI. 0ram freqTentes as reportagens sobre o seu estilo devida inconseqTente, despreocupado, onde n$o faltavam listas enormes de belas companhias

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femininas. Connie guardava todas as fotos publicadas, tomando o cuidado de recortar asmulheres que apareciam ao lado dele.

Sonhava conhecF%lo pessoalmente, mas Lance nunca aparecia no escrit!rio de/ominic. 4t8 que surgiu a grande oportunidade9 a secretária escalada para acompanhar aequipe numa corrida adoeceu e Connie foi chamada para substituí%la.

2ratava%se do rande >rFmio de Gnaco e /ominic havia fretado um navio para levartodo o pessoal a Gonte Carlo. O Knico obstáculo, seria a m$e de Connie, mas o pr!prio/ominic a convenceu de que n$o havia perigo, prometendo cuidar dela como se fosse suafilha.

Connie eAultou. inalmente conheceria seu ídolo& 1ria falar com ele, dizer tantascoisas...

>or8m, nada disso aconteceu. S! o via de longe, pois /ominic n$o pensou emapresentá%los, e o piloto sequer a notou em meio D agita#$o que reinara durante a viagem.

4lgumas noites depois de terem partido, Connie deiAou%se abater por uma imensatristeza. Sentada num canto do conv8s, observava o mar escuro que refletia o brilhp das luzesde Gonte Carlo. Sonhara tanto& 1maginara%se de bra#os dados com Lance, caminhando pelasruas da cidade, admirada e inveBada por todos... Gas isso agora lhe parecia impossível, e n$opde conter as lágrimas que teimavam em trair seus sentimentos. /e repente, a voz de/ominic causou%lhe um sobressalto9

 < /o#ura, onde está vocFM

Connie sabia que ele chamava as trFs secretárias por Ido#uraU, pois tinha uma p8ssimamem!ria para nomes, e encarava isso com bom humor. 0nAugou as lágrimas rapidamente evirou%se.

 < 4í está vocF& < eAclamou /ominic ao atingir o conv8s. < 5$o me ouviu chamarM < /esculpe, sr. -arra+. 4cho que estava sonhando acordada.

 < Oh, por favor, nem me diga uma coisa dessas& Nuero contar ao menos com vocFpara manter a cabe#a no lugar < desabafou, aproAimando%se com ar aflito. < Sabe o queaconteceu hoBeM /uas mo#as alugaram um barco a motor para virem at8 aqui e conseguiramsubir a bordo.

 < Geu /eus& 0 o que pretendiamM

 < O que mais poderia serM O Iaroto de OuroI, 8 l!gico& 0ncontrei%as na cabine dele,com os menores biquínis que eu Bá vi.

 < 0 Lance estava láM < perguntou Connie, fingindo desinteresse no tom casual.

 < 5$o, por sorte. J preciso um mínimo de concentra#$o antes de uma prova como ade Gnaco.

0la fez um gesto dando a entender que compreendia a importncia do isolamento antesde uma corrida. /ominic esfregou o rosto preocupado e confessou9

 < Gas, pelo menos, se elas o tivessem encontrado, eu saberia onde ele está. Nuerapostar que está no cassino se eAibindo para um bando de mo#as desocupadasM altam doisdias para a corrida, e toda energia 8 preciosa. Gas Bá cansei de falar, agora 8 com ele. Nuantoa n!s, temos trabalho a fazer. Se importaria de tomar uns ditados agoraM

O rel!gio marcava duas da madrugada quando terminaram o trabalho. -oceBando,Connie foi at8 a cozinha do navio tomar um chá e preparar uns sanduíches, que levou para

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comer no conv8s. 4comodou%se num banco, lanchando despreocupada, quando percebeu algoa distncia. 4os poucos, o pequeno obBeto foi se aproAimando do navio, o zumbido inicial setransformando num forte ronco. 0ra uma lancha, e o que viu deiAou%a furiosa9 uma loiraescultural num esvoa#ante vestido branco, todo transparente, sorria, divertida com os beiBosque o seu acompanhante lhe dava na nuca. 0ra Lance Hamilton&

4 lancha avan#ou os Kltimos metros com o motor desligado. /epois de despedir%se damulher com um longo beiBo, Lance aproAimou%se do navio e, com gestos ágeis, agarrou acorda que pendia no conv8s e subiu para bordo.

4inda ficou alguns minutos vendo a lancha afastar%se e, quando se dirigia D suacabine, deu com Connie a observá%lo. 0la enrubesceu, como se seu ciKme fosse perceptível noescuro, mas Lance apenas sorriu e perguntou9

 < O caminho está livreM

5esse instante ela ouviu a voz de /ominic e deteve Lance com um gesto.

 < 0spere um pouco, vou dar uma olhada < disse, pegando sua Aícara e olhando emvolta.

O escrit!rio de /ominic ficava do outro lado do navio, e provavelmente ele n$oescutara a lancha, mas se saísse da sala poderia vF%la se afastando. Sem hesita#$o, Conniedecidiu descer at8 o escrit!rio para verificar. 4o chegar ao topo da escada, por8m, viu%sefrente a frente com /ominic, que subia. 4ssustada, derramou chá no vestido.

 < ui eu que causei issoM < perguntou /ominic. < Sinto muito.

 < 5$o, n$o, foi culpa minha. 4cho que me assustei quando o vi subindo as escadas < disse, colocando%se D sua frente para impedi%lo de passar. Nuando ele afinal avan#ou, alancha Bá ia longe, sem que se pudesse supor que tinha partido dali.

 < 5enhum sinal do nosso Casanova, n$o 8M < perguntou /ominic.

 < Será que ele n$o voltou enquanto estávamos trabalhandoM < perguntou Connie,escolhendo as palavras com cuidado. < Se ele foi direto para a cabine, Bá deve estardormindo, agora.

 < 2omara que vocF esteBa certa, porque tamb8m preciso dormir. 0 8 isso o que voufazer, querida. -oa noite < despediu%se, e se afastou boceBando.

Connie esperou que ele desaparecesse e ent$o se inclinou sobre a borda do navio.

 < 0stá tudo bem, agora < sussurrou.

Lance tornou a subir a escada de corda e chegou ao conv8s com uma eApress$o marotano rosto. 0stavam bem pr!Aimos, a lua iluminando os cabelos claros de Lance, desalinhadospela brisa suave da madrugada. Connie teve vontade de beiBá%lo, mas n$o ousou fazF%lo.

 < Guito obrigado < disse Lance, inclinando%se numa reverFncia brincalhona. < oiuma noite incrível. Se /ominic me visse iria estragar tudo com aqueles sermPesintermináveis.

 < 6ocF estava no cassinoM < perguntou, curiosa.

 < 2amb8m estive lá, sim.

 < 0 ganhou alguma coisaM 0le sorriu.

 < Sim, mas n$o no cassino < respondeu, mudando de tom e sentando%se no banco aolado de Connie.

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 < /e qualquer modo, /ominic acha que vocF chegou enquanto estávamostrabalhando e foi direto para sua cabine < avisou, tentando disfar#ar o constrangimento devF%lo t$o de perto.

 < Sim, foi isso mesmo o que eu fiz < concordou Lance, e acariciou%lhe a face deleve. < O que eu teria feito sem vocFM

Connie n$o teve tempo de responder. 5uma fra#$o de segundo, ele desapareceu emdire#$o ao interior do navio, deiAando%a com uma sensa#$o de alegria e frustra#$o ao mesmotempo.

/ois dias depois, vinte dos maiores pilotos mundiais davam a largada no rande>rFmio de Gnaco. 4 corrida foi tensa e difícil, aquelas duas horas parecendo uma eternidade

para Connie. 0 sua torcida de pouco adiantou9 a equipe perdeu. ohn Catteric ficou emsegundo, e Lance em quarto lugar.

 < 0le nunca mais pilota um carro meu& < disse /ominic, furioso, quando Bá sepreparavam no navio para voltar. < >ara mim, Lance Hamilton está acabado&

6oltando%se em dire#$o D sua cabine, deiAou o grupo aturdido atrás de si.

 < 1sso n$o 8 Busto < Connie comentou com ran, o mecnico da equipe. < 0le n$opode dispensar Lance s! porque chegou em quarto lugar.

 < 5$o 8 isso, Connie. 2odo mundo tem o direito de n$o ir bem numa corrida, e umquarto lugar n$o 8 t$o mau assim. Gas Lance conseguiu bagun#ar a corrida toda. 6ocF se

lembra quando ele estava na lideran#a, e ohn vinha colado atrásM < Sim < respondeu, recordando que aquele fora o seu momento de maior emo#$o.

 < 6iu ohn tentando ultrapassá%loM

 < 4cho que sim.

 < 0sse foi o problema. O carro de ohn estava rendendo mais. Lance tinha de terpermitido a ultrapassagem. Se tivesse, ohn provavelmente venceria, e Lance chegaria emsegundo < ran eAplicou. < Gas, do Beito que ele agiu, os dois perderam tempo eacabaram sendo ultrapassados por outros pilotos. Sabe, Lance 8 um bom rapaz, mas o sucessochegou cedo demaisE ele n$o estava preparado. >recisa amadurecer, primeiro.

Connie pediu licen#a, recolhendo%se a sua cabine. icou deitada olhando para o teto,sem conseguir dormir, pensando no que ran lhe dissera. 0ra triste descobrir que seu ídolotinha defeitos, embora aquilo n$o mudasse em nada seus sentimentos por ele.

/eprimida, resolveu tomar um pouco de ar fresco quando o movimento do naviocessou e tudo mergulhou em silFncio. 6estiu um robe leve e foi para o conv8s, admirar asluzes de Gonte Carlo a distncia. 0staria Lance no cassinoM, perguntou%se. 5$o, talvezestivesse nos bra#os de uma daquelas mulheres fascinantes com quem costumava aparecer.

 < J a minha salvadoraM

Connie pensou que sua imagina#$o estivesse lhe pregando uma pe#a. 6irou%se,

espantada. < 0stou aqui < Lance insistiu.

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4gora podia vF%lo, sentado num banco no canto do conv8s.

 < 6enha se sentar aqui < ele disse. < 4 n$o ser que tamb8m esteBa me desprezando.

 < J claro que n$o estou < tranqTilizou%o, avan#ando pelas sombras at8 o banco. <>or que deveriaM

 < 2odos est$o me Aingando hoBe.

 < -em, 8 verdade < admitiu Connie, sem Beito. < 0st$o furiosos com vocF.

 < 4cho que n$o posso condená%los.

 < oi mesmo errado o que vocF fezM

 < /epende do seu ponto de vista. >ara mim as corridas foram feitas para seremvencidas... < Lance ficou em silFncio por alguns instantes. /epois censurou%se9 < 5$o, isson$o 8 verdade. 0u estava errado. /iabos& /evia ter deiAado ohn me passar, mas, quandoestou na frente, Ds vezes n$o penso direito e s! quero vencer.

 < Gas as corridas são 

feitas para serem vencidas < falou Connie, ansiosa em apoiá%lo.

 < Sim, mas n$o a qualquer pre#o. 0u ficaria furioso se um carro lento tentasse mebloquear a passagem. 4l8m do mais, do Beito que fiz, acabei em quarto, quando poderia muitobem ter cruzado em segundo, se agisse direito.

Connie ficou pensativa por um momento.

 < /ominic vai mesmo dispensá%loM < quis saber, preocupada.

 < 5$o. 0stive com ele agora há pouco. >edi desculpas a ohn. 7m rapaz formidável,ele. Ge recebeu bem, apesar de ter sido o maior preBudicado.

 < Gas vocF tamb8m saiu preBudicado < lembrou Connie, insistindo em defendF%lo. < Chegou em quarto lugar, e poderia ter pegado o segundo.

0le deu de ombros.

 < 1sso n$o 8 nada. O que importa 8 o primeiro lugar, 8 vencer. >ercebendo a rea#$oatnita de Connie, Lance riu.

 < >ronto, agora eu a choquei mostrando que tamb8m n$o sou um bom perdedor. Gasquem sabe perder bem demais, acaba se tornando um perdedor de fato.

Connie n$o pde conter um suspiro. 4li estava ela, sentada ao lado de seu maior ídolo,ouvindo%o falar sobre como encarava a vida e as competi#Pes.

 < 0nfim... n$o se pode estar no topo a vida inteira. 2odo mundo tem seus altos ebaiAos. O que vai fazer quando tiver de enfrentar uma fase ruimM

 < 5$o sei. 5$o me preocupo com o futuro. 2udo o que sei 8 que sempre eAistemtrof8us a serem conquistados. 0 quero conquistá%los sempre que for possível.

 < >or quFM < ela perguntou. < 6encer 8 t$o importante para vocFM

 < 0stá por acaso insinuando alguma coisa do tipo Itive um pai muito severo e porisso sou rebeldeIM >ois, se quer saber, meu pai sempre foi uma pessoa humilde, que consideravulgar o apelo D vitoria. icaria horrorizado se soubesse o que fiz hoBe... 0spero que ele n$otenha visto a corrida pela televis$o. 0u detestaria envergonhá%lo.

 < >ois acho que seu pai deveria sentir orgulho de vocF. 0le precisa pensar em tudoque vocF Bá conquistou at8 aqui.

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Lance sorriu com tristeza.

 < >ara ele isso n$o significa nada, n$o tem qualquer valor. O que importa 8 o caráterda pessoa < eAplicou, erguendo os olhos e sorrindo. < Geu velho ficaria muito satisfeitocom vocF, por me fazer parar um pouco para analisar o meu pr!prio caráter.

Connie percebeu que ele a observava com aten#$o, como se procurasse enAergá%lamelhor em meio Ds sombras do conv8s.

 < 4inda nem sei o seu nome < disse, ap!s uma pausa. 0la respirou fundo.

 < J ade. /eram%me esse nome por causa dos meus olhos. Lance achou gra#a.

 < 4 cor das sereias. oi por isso que surgiu sob as estrelasM >ara me enfeiti#arM

 < Nuem sabeM < ela respondeu num murmKrio provocante. Lance chegou mais pertoe passou um bra#o ao redor de seus ombros delicados.

 < 0stá sugerindo que eu tente descobrirM < disse com voz sensual.

Nuando os lábios dele tocaram os seus, Connie sentiu o cora#$o disparar. 7m sKbitocalor percorreu%lhe todo o corpo, e suas mais loucas fantasias pareceram prestes a se realizar.5$o sabia muito bem o que deveria fazer a partir daliE s! sabia que Bamais haviaeAperimentado tamanha felicidade.

Lance a acariciava com suavidade, descobrindo naquele corpo Buvenil a pureza quetanto buscava nas mulheres eA!ticas que o rodeavam.

 < 6enha < ele murmurou, fazendo%a ficar de p8. Connie hesitou, com medo do quepoderia acontecer a seguir.

 < S! quero olhar para vocF... Nuero ver se seus olhos s$o mesmo cor de Bade <murmurou Lance.

Com o cora#$o palpitando, Connie deiAou%se conduzir para o interior do navio,descendo as escadas trFmula e seguindo pelos corredores devagar, com medo de que algu8mos visse de m$os dadas.

4o chegarem num ponto iluminado, ele parou e puAou%a para Bunto de si. -eiBou%acom deseBo e paiA$o, os bra#os envolvendo%a com uma for#a que a assustou. Nuando seafastou para vF%la melhor, Lance deu%se conta de que aqueles olhos apavorados e inocentestraíam toda a ineAperiFncia de uma crian#a. Sim, ela era pouco mais que uma crian#a& 0mmeio Ds sombras do conv8s, e pela conversa que tiveram, achou que se tratava de uma mulhermadura, mas agora via que se enganara. 4quela garotinha o olhava com adora#$o e ansiedade,desdobrava%se para agradá%lo, mas Lance precisava acabar com aquilo de uma vez. 4lgo lhe

dizia que, se continuassem ali se acariciando, ele n$o resistiria D tenta#$o de torná%la mulher.

Soltou%a delicadamente e encarou%a.

 < S$o lindos. Seus olhos s$o mesmo como Bade... 0, agora que Bá os vi, por que n$ovolta para sua cabineM 4 conversa foi muito boa, mas... < hesitou, vendo a angKstiaestampada no rosto afogueado. < Gas 8 hora de dizermos boa noite.

Lance sabia que estava sendo grosseiro, mas nunca tivera tato para lidar com aspessoas. 2entou dizer algo que a consolasse, que a fizesse entender que era uma garotaadorável e inocente demais para se meter com algu8m como ele, mas n$o teve tempo.

Connie virou%se e saiu em disparada pelo corredor. 4chou a porta de sua cabine e

entrou, o rosto Bá coberto de lágrimas. 5$o entendia o que havia se passado, sentia%sereBeitada. Lance a deseBara como louco at8 o momento em que vira seu rosto na claridade.

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0nt$o, tudo perdeu o encantamento, e seu sonho se desvaneceu. 4tirou%se na cama e choroudesesperada, certa de que seu cora#$o Bamais se recuperaria daquele golpe.

0 n$o se enganara. Os anos se passaram, realizou seu proBeto de tornar%se enfermeira,transformou%se numa linda mulher, mas Bamais conseguiu esquecer que fora reBeitada.

>or8m, isso n$o influiu em sua carreira.

raduou%se com distin#$o e, mostrando rara competFncia e sensibilidade no trato compacientes, n$o demorou para ser promovida a chefe de uma enfermaria.

S! quando deiAava o hospital, lembrava%se de que era mulher. 0nt$o soltava oscabelos castanhos, que caíam em cachos sobre os ombros, formando um conBunto suave com

o rosto delicado. Seu olhar profundo e cristalino foi aos poucos abandonando aquelaansiedade Buvenil, e agora transmitia todo o calor da mulher atraente em que se transformara.

2entando superar sua primeira decep#$o, envolveu%se com outro homem e, depois deum namoro tranqTilo de vários meses, ficaram noivos.

Gas, pouco tempo antes do casamento, ele desistiu de tudo, abandonando%a por outramulher. Gais uma decep#$o& Gais um motivo para se sentir reBeitada...

4gora evitava se envolver com outro homem, temendo sofrer novamente. >or issovivia de sonhos, criando um mundo imaginário onde s! eAistia um grande amor9 Lance.

/evorava a se#$o esportiva dos Bornais sempre que havia uma corrida de !rmula ",

colecionava todas as revistas onde Lance aparecia. 4s fotos eram sempre parecidas9 o trof8unas m$os do aroto de Ouro, o sorriso da vit!ria e uma bela mulher ao lado.

4companhou a corrida que lhe valeu o título de campe$o mundial, e vibrou a cadasucesso que o consagrou como tricampe$o de !rmula ".

Lia tudo sobre sua vida, inclusive sobre as maravilhosas festas que dava em suamans$o no sul da 1nglaterra.

2udo o que dissera deseBar naquela noite, quando conversaram no navio, havia serealizado9 fama, vit!rias, prFmios... icava feliz por ele, pois, apesar de terem se passado noveanos, Lance ainda permanecia em sua mem!ria como o vira pela Kltima vez, irradiando vida evontade de vencer.

Gas agora tudo aquilo estava terminado, e Lance s! tinha trevas ao seu redor.

)-U$# //)-U$# //

4o saber que seria dispensada do St. Lue, Connie percorreu uma s8rie de outros

hospitais, mas n$o tardou a descobrir que seu mercado de trabalho estava saturado.

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 < Nuanto tempo faltaM < perguntou%lhe o dr. 4rthur, certa manh$.

 < Saio no fim da pr!Aima semana.

 < Guito bem, ent$o venha at8 a minha sala.

Connie o seguiu, intrigada com a eApress$o misteriosa que via no rosto do m8dico.

Sentou%se D sua frente e, ap!s alguns segundos, mal pde acreditar no que ouvia.

 < Connie, gostaria que vocF fosse a enfermeira particular de Lance Hamilton.

 < O quFM 6ocF n$o está falando a s8rio&

 < 5unca falei t$o a s8rio em minha vida. 0le está muito mal. 5$o fisicamente, mas nombito mental e emocional. Sua recupera#$o física tem sido surpreendente, considerando agravidade das lesPes que sofreu mas, desde que descobriu que estava cego, entrou em estadodepressivo. á superou o pior mas, se n$o tiver aBuda logo, pode mergulhar numa depress$oprofunda e irreversível.

 < Gas isso n$o 8 trabalho para um psiquiatraM

 < Seria o ideal, mas Lance n$o aceita a id8ia de modo algum. 4l8m disso, elenecessita de uma presen#a constante, algu8m que esteBa D sua disposi#$o durante vinte quatrohoras por dia, aBudando%o a superar suas dificuldades. 4lgu8m como vocF, Connie9 sensível epaciente.

0la n$o sabia o que dizer, tomada de pnico diante da perspectiva de conviver comLance naquelas circunstncias. icou em silFncio, deiAando que o dr. 4rthur prosseguisse.

 < 4t8 o acidente, toda a sua vida se voltava para coisas eAteriores9 a velocidade, osucesso, as mulheres... /e repente, ele se vF afastado de tudo isso, lan#ado bruscamente paradentro de si mesmo, em meio a uma densa escurid$o. /e agora em diante, Lance vai precisar

se apoiar em seus recursos internos, e eu n$o sei quais s$o. /uvido at8 que ele pr!prio saiba.0la continuou ouvindo, sem responder.

 < Gas isso n$o 8 tudo. 0le ainda precisa dos cuidados de uma enfermeira, embora asqueimaduras Bá esteBam cicatrizadas. O fogo n$o o atingiu muito, gra#as D roupa deisolamento t8rmico e D rapidez com que a equipe de resgate o tirou dos destro#os. Os pioresferimentos foram causados pela batida. Lance sofreu fraturas em uma perna, em váriascostelas e no crnio. Sua recupera#$o tem sido !tima, mas ainda eAige cuidados. >ortanto,oficialmente, essa será a raz$o da sua presen#a.

 < /r. 4rthur, espere, por favor. 4inda n$o disse que aceito o trabalho.

 < Gas vocF está desempregada. >or que recusariaM

Connie ficou em silFncio. O que poderia alegarM >oderia dizer que n$o queria tratar deum homem ferido por causa de uma decep#$o de adolescenteM 4bsurdo. 4l8m do mais, Lancecom certeza n$o a reconheceria. Como iria associar a dedicada enfermeira Constance /envera uma mocinha de nome IadeI, que ele provavelmente Bá havia esquecidoM /epois daqueleencontro noturno, nunca mais se tinham visto, pois na manh$ seguinte ele voltara D 1nglaterra,de avi$o, enquanto o resto da equipe seguiu no navio.

5$o, n$o havia um argumento convincente para Bustificar uma recusa D proposta do dr.4rthur. /e fato, Connie sequer podia eAplicar a si mesma aquela relutncia.

 < Olhe < o m8dico come#ou argumentar <, o tempo está correndo, e Lance está se

entregando. 4 casa onde ele vive parece um tKmulo. Ge informaram que mandou embora asecretária e que Bá n$o se interessa pelos amigos, parentes, nem mesmo por seus

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compromissos. Se conseguir despertar%lhe o interesse para alguma coisa, por mínima que seBa, Bá será um avan#o... 0 sei que vai gostar de lá, Connie. J uma bonita mans$o no campo, longeda confus$o que temos na cidade.

 < 5unca o imaginei vivendo no campo. Lance precisa de multidPes, gritos e barulhode motores. /eve ser terrível ficar encerrado naquela casa vazia, silenciosa...

4rthur olhou%a com interesse.

 < 5$o sabia que o conhecia t$o bem.

 < Vs vezes eu assisto Ds corridas pela televis$o e leio muito sobre esportes <admitiu, com cautela.

 < Wtimo& Se entende de !rmula ", ent$o 8 a pessoa certa. 2alvez ele se sinta mais Dvontade para se abrir com vocF.

 < 5$o sei, acho que Lance n$o gostaria de conversar sobre automobilismo agora./eve ser horrível lembrar%se de como as coisas eram antes.

 < 5esse caso, será seu dever dar%lhe outras motiva#Pes. 5o momento, 8 umprisioneiro de si mesmo. 6ocF o aBudará a escapar < disse o m8dico, n$o deiAando ConnieinterrompF%lo. < 5$o estou dizendo que vai ser fácil. Gas, se há algum homem no mundoque precisa de vocF, esse homem 8 Lance Hamilton.

/uas semanas depois, Connie tomava o trem para Chichester, a cidadezinha costeira

mais pr!Aima de -eech Hurst. 4 decis$o havia sido tomada no instante em que o dr. 4rthurdissera Iele precisa de vocFI. amais tinha recusado um paciente, e n$o pretendia come#ar porLance.

Chegando a Chichester foi recebida por um homem alto, de meia%idade, que seapresentou como -rendan, enquanto carregava suas malas at8 um carro luAuoso. 4rthur Bá ainformara sobre ele e 5orah, sua esposa. Os dois tomavam conta da mans$o e das poucaspessoas que restavam da enorme equipe que trabalhava ali antes do acidente.

0nquanto seguiam pelo campo, -rendan quase n$o conversou, como se algo oconstrangesse. /e repente resolveu falar.

 < Olhe, acho melhor eu avisá%la... 4s coisas n$o saíram como o dr. raAton

planeBou. < >or quFM O que há de erradoM

 < O sr. Hamilton n$o a quer em -eech Hurst.

 < Gas foi tudo combinado. O dr. raAton...

 < O dr. raAton me telefonou esta manh$, logo depois de sua partida. /isse que n$oa avisou que Lance tinha mudado de id8ia porque achava que vocF devia vir assim mesmo.2alvez consiga persuadi%lo.

 < >or que n$o tentou ele mesmoM

 < O doutor tentou. 0u ouvi Lance discutindo com ele pelo telefone. Gas parece quen$o conseguiu nada. Lance n$o a quer mesmo em casa.

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 < 0 agoraM

 < 6ou dizer a Lance que houve um desencontro de informa#Pes. 0le deve recebF%laao menos uma vez. O resto 8 com vocF.

 < >or que ele se opPe tanto a ter uma enfermeira em casaM

 < -em, acontece < -rendan come#ou, hesitante < que Lance meteu na cabe#a quese trata de uma enfermeira especializada em psiquiatria.

 < >ois pode dizer a ele que eu n$o possuo nenhuma qualifica#$o na área psiquiátrica,e que eu trabalhava numa enfermaria de cirurgia oftalmol!gica.

4lguns quilmetros adiante, pararam na frente de um s!lido port$o de ferro, rodeadopor um muro alto com arame farpado no topo. -rendan desceu para destrancar o port$o.Nuando voltou e entrou com o carro, Connie se ofereceu para descer e tornar a trancá%lo, masele recusou com firmeza.

6oltando%se para trás, ela pode vF%lo fechando a tranca e em seguida testando%a

repetidas vezes. < >arece que est$o se protegendo contra um ataque < comentou quando o viu

reassumir seu lugar ao volante.

 < 0 8 isso mesmo. 2emos sido atacados por Bornalistas. Galdito bando deintrometidos& 5o come#o era pior, mas ainda há um ou outro rondando a propriedade. >orisso usamos todo esse aparato.

O caminho que levava at8 a casa atravessava um pequeno bosque, que terminava numaalameda de árvores frondosas. 4o fundo, Connie avistou a imponente mans$o de tiBolosaparentes, recoberta por um v8u de hera. 2inha um ar acochegante, tranqTilo.

Nuando o carro parou, a porta da frente abriu%se e apareceu uma mulher de quarenta epoucos anos, de eApress$o serena e amistosa. -rendan apresentou%a como 5orah, sua esposa,dizendo que ela lhe mostraria o seu quarto enquanto ele cuidava da bagagem. 4ntes de sevoltar, preveniu Connie para que fizessem tudo sem ruído, para que Lance n$o pudesse ouvi%la.

Connie ficou maravilhada com o quarto que lhe fora reservado. Os m!veis eram demadeira maci#a, escuros e cheios de detalhes em estilo colonial. O carpete verde%escuro, querevestia o piso, afundava sob os seus p8s, e as paredes claras estavam repletas de quadros commotivos campestres. 2udo aquilo formava um conBunto harmonioso e aconchegante, mas oque a encantou mesmo foi a enorme cama coberta por um dossel. /eitou%se um pouco paraeAperimentar a maciez do colch$o e ficou admirando a paisagem que se desenhava pela ampla

 Banela9 um eAtenso gramado descia numa inclina#$o suave at8 um riacho de águas cristalinasque refletiam a luz do sol. Sentia%se flutuar.

Gas a lembran#a de que Lance Bamais poderia ver de novo tanta beleza despertou%adesse devaneio.

oi ent$o que percebeu uma figura se movendo perto de um pequeno arvoredo. >ensoutratar%se de um velho, pois andava devagar, encurvado, e parecia grisalho. Gas, quando saiudas sombras, o sol refletiu%se em seus cabelos loiros e esvoa#antes. 5$o era um velho, eraLance.

Connie pensava estar preparada para encontrá%lo, mas teve um choque com aquela

imagem t$o acabada de algu8m que admirara como a um semideus por tantos anos.

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Com imensa tristeza, ficou observando%lhe os movimentos cautelosos no Bardim. Cadapasso, pensado e testado, deiAara o corpo rígido e o rosto tenso, revelando o pavor diante daescurid$o que o cercava. Lance tentava chegar a um quiosque, a poucos metros de onde estavae, depois de uma penosa caminhada, apoiou%se na estrutura de palha com ar cansado. /eu avolta, tateando D procura da entrada, mas logo desistiu. /esesperado, sentou%se no ch$o e

enterrou o rosto entre as m$os.Connie afastou%se da Banela, contento o impulso de correr at8 o quiosque e tentar

confortá%lo. 4ntes de mais nada, precisava convencF%lo a deiAar que o aBudasse.

Gais tarde -rendan apareceu para dizer que Bá havia informado Lance de sua chegada.

 < 0le ficou aborrecido, por8m concordou em recebF%la. -oa sorte&

5aquela noite Connie foi conduzida D biblioteca. -rendan anunciou%a e em seguidasaiu, deiAando%a a s!s com o patr$o. O cmodo era amplo e estava mergulhado numaescurid$o quase total. 4 Knica luz vinha de um discreto abaBur sobre uma mesa Bunto dalareira. Nuando seus olhos se acostumaram D escurid$o, ela pde perceber as paredesrecobertas de livros, com apenas uma Banela alta e protegida por grossas cortinas. Lanceestava sentado do lado oposto ao da lareira, e seu rosto mal podia ser visto na penumbra.Logo compreendeu que aquele efeito devia ter sido cuidadosamente planeBado por ele,

 Bustamente para que n$o pudesse ser visto com clareza.

 < 0nfermeira /enverM < Lance disse por fim, num tom indiferente.

 < Sim. -oa noite, sr. Hamilton. < 5$o quer vir se sentar, por favorM

Connie caminhou em dire#$o ao abaBur, mas n$o percebeu uma cadeira no caminho etrope#ou.

 < 0stá tudo bem < ela apressou%se em dizer. < S! esbarrei numa cadeira.

 < >ode achar o caminhoM

 < Sim, Bá me sentei, obrigada.

 < 3eceio que esteBa muito escuro para vocF < ele disse num tom formal. < /eve me

desculpar. 0u prefiro assim e Ds vezes esque#o que isso dificulta as coisas para os outros.0la respirou fundo. O que ia dizer significava um grande risco, mas era uma tentativa

que n$o podia evitar.

 < 0u compreendo < replicou com calma. < 6ocF n$o quer que eu o veBa, n$o 8M/etesta a id8ia de que eu possa vF%lo enquanto n$o pode me ver.

Lance ficou tenso. 7ma sombra de !dio alterou sua fisionomia, mas logo cedeu lugar DeApress$o impassível que procurava manter. Ser visto sem poder ver Bá era ruim, mas o modocomo aquela estranha penetrava em sua alma era intolerável.

 < Suponho que -rendan tenha lhe avisado disso < disse, áspero.

 < 5$o era preciso, sr. Hamilton. Sou uma enfermeira. á conversei com muitospacientes sobre isso, e sei que 8 uma das coisas mais difíceis de se superar.

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 < Sim < ele concordou, relaAando um pouco. < Os tolos dizem que um cegosempre sabe se há algu8m por perto. Gas isso n$o passa de um mito. 4 gente não sabe... <murmurou, deiAando a frase incompleta com um tom de desespero.

 < 5$o 8 propriamente um mito < disse Connie, com voz fria e profissional. < Gasessa capacidade leva algum tempo para se desenvolver. Com o tempo será capaz de saber, eugaranto, e o medo diminuirá. 4s pessoas gostam de idealizar, ficam falando deIsensibiliza#$oI como se de repente, num passe de mágica, os outros sentidos compensassema falta da vis$o. 5ada poderá compensar o que perdeu, e Ds vezes deve sentir que 8 a Knicapessoa no mundo que compreende isso. 2alvez seBa essa sensa#$o que torna a solid$o t$ogrande.

Lance ficou im!vel no mais profundo silFncio, fazendo%a temer que tivesse ido longedemais. 4final, estava diante de um homem doente e arrasado. 2alvez incapaz de enfrentarverdades de modo t$o franco. Gas ainda confiava em seus instintos, e eles diziam que, entre oconsolo e a compreens$o, Lance preferiria mil vezes a Kltima.

 < 2em uma bandeBa perto de vocF < ele disse por fim. < >or favor, sirva%se de caf8.0u Bá tomei o meu.

0nquanto sorvia o caf8 em pequenos goles, Connie aproveitou para estudá%lo melhor.-rendan dissera que ele tinha se arrumado com esmero para a ocasi$o, e de fato estava muitoelegante e charmoso, com um terno bege%claro, sobre uma camisa de seda listrada no mesmotom e uma fina gravata marrom.

 < 6ocF parece o 4rthur < Lance comentou. < 0le tamb8m n$o costuma fazerrodeios.

 < 2rabalhei com ele um bom tempo. 4t8 poucas semanas atrás. 4rthur era ooftalmologista responsável por alguns dos pacientes internados na enfermaria que eu chefiava.

 < >arece um bom trabalho. >or que desistiuM < ele quis saber, desconfiado.

 < 5$o desisiti. O hospital fez cortes no or#amento, e a minha enfermaria foidesativada. 4ssim, passei a engrossar a fila dos desempregados.

 < 0 4rthur mandou%a para cá... >or quFM Connie cruzou os dedos e correu seusegundo risco.

 < J que eu tenho algumas afinidades com vocF...

 < 0 que afinidadesM < perguntou Lance, com frieza.

 < -em... sou f$ de corridas.

 < 5$o me diga& < Lance sorriu, com ironia. < Guito bem, ent$o quem foi ocampe$o na temporada do ano retrasadoM

 < 6ocF. Gas teve sorte.

 < O quFM

 < Lembro%me muito bem. 5a Kltima prova vocF estava empatado com 0ngerson emnKmero de pontos. /esde a largada ele vinha em primeiro, e vocF estava em terceiro, masmuito longe para alcan#á%lo. Nuando faltavam duas voltas para terminar, a gasolina do carrodele acabou, vocF cruzou em segundo e ganhou.

 < 0stou impressionado < come#ou Lance conservando a ironia. < Gas de que me

adianta isso agoraM 4s corridas terminaram para mim.

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 < Gesmo assim, vocF passa os dias pensando a respeito, n$o 8M

 < Vs vezes penso < admitiu em voz baiAa. < Gas outras vezes s! fico meperguntando por que n$o morri naquele acidente. 2eria sido bem melhor.

/iante do desespero contido em sua voz, Connie se calou. Nualquer coisa que dissesse

s! pioraria a agonia de Lance. /epois de algum tempo, ele tornou a falar, mas sua voz pareciavir de muito longe.

 < >elo menos vocF tem a decFncia de n$o falar frases misericordiosas do tipo Iondehá vida há esperan#aI. Nuando se perdeu algo que significava tudo na vida, n$o restaesperan#a nenhuma.

 < 0u n$o o insultaria dessa forma.

 < 5esse caso... < come#ou Lance. 0sperava que ela compreendesse por queprecisava ir embora daquela casa. Nueria dizer%lhe aquilo mas por alguma raz$o as palavrasn$o saíram.

0m meio D sua torturante escurid$o, Lance sentia que algu8m lhe estendia a m$o. 0, sen$o conseguia aceitá%la, tampouco era capaz de recusar a oferta.

 < ale%me um pouco mais de vocF < disse por fim.

Connie contou sobre sua carreira, tratando de deiAar claro que sua área n$o era apsiquiatria. Observou%o o tempo todo, mas Lance continuava com a eApress$o impassível. Ocorpo tenso revelava que nada do que lhe dizia a tornava mais simpática para ele. Se n$oconseguisse ganhar%lhe a confian#a, teria de admitir o fracasso. oi ent$o que algo totalmenteinesperado aconteceu.

5a sua ansiedade, Connie acabou engasgando com o caf8. Come#ou a tossir e, natentativa de recuperar o flego, desastradamente deiAou a Aícara cair ao ch$o.

Logo sentiu que Lance se aproAimava para bater em suas costas e aBudá%la a serecuperar.

 < Obrigada, Lance.

 < 2ome um len#o. 1magino que deve ter suBado a roupa.

Havia uma ponta de humor em seu modo de falar. 0ra como se tivesse se dissipado umpouco da escurid$o que o cercava.

 < /esculpe, quebrei a Aícara < falou Connie, enquanto tentava enAugar o uniformebranco.

 < 5$o ligue para a Aícara, n$o tem importncia. >rocure se acalmar.4gora Connie n$o estava mais nervosa. >elo contrário, o incidente servira para que

compreendesse muita coisa. 7m dos piores fardos que Lance carregava era sentir%sedependente de algu8m. O fato de se inverter a situa#$o, como acontecera há pouco, de elesentir%se Ktil, lhe fizera muito bem. Com o tempo, ponderou, ele descobriria que a deficiFnciavisual apenas limitava alguns aspectos de sua vidaE se superasse a depress$o, saberia avaliartoda a sua potencialidade que fora perdida com a vis$o.

Lance voltou D sua escrivaninha com a eApress$o bem mais tranqTila.

Sentindo que ela se voltava para observá%lo, perguntou9

 < 0 ent$oM O que acha do meu rostoM

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Connie respirou fundo antes de responder. O que a impressionou n$o foram as marcase cicatrizes, que n$o eram t$o profundas nem desfiguravam o rosto de tra#os bonitos.Chamou%lhe a aten#$o a amarguraE a fisionomia de Lance espelhava derrota, uma dorprofunda.

 < 5$o está t$o mal quanto vocF provavelmente imagina. Logo as cicatrizes ficar$oquase invisíveis.

 < 4cho que eu devia estar feliz por isso. Gas Ds vezes fico pensando que, se pudesserecuperar a vis$o, ao menos de um s! olho, n$o me importaria de ficar parecendo o Corcundade 5otre /ame. 5$o gosto de depender dos outros < concluiu, com tristeza.

 < 0u sei. Se me deiAar aBudá%lo agora, poderá reduzir essa dependFncia ao mínimo.5$o quer confiar em mimM

4 tens$o ressurgiu no rosto de Lance.

 < Se ao menos eu soubesse como vocF 8... -rendan me disse que tem os olhos verdesmais lindos que ele Bá viu... Será que eu poderia... < pediu com timidez, e seus dedos secontiveram a poucos centímetros do rosto de Connie.

 < J claro < concordou ela.

0nquanto o deiAava tatear o rosto em busca de conhecimento, Connie esfor#ou%se paralembrar que estava apenas diante de um paciente. Gas com aquela proAimidade eraimpossível n$o recordar de uma outra vez, quando ele tomara seu rosto entre as m$os... e ahavia reBeitado.

 < 6ocF tem uma testa alta. /izem que 8 sinal de inteligFncia.

 < 1sso talvez seBa um mito. 1nfelizmente n$o sou nenhum gFnio < Connie brincou,tentando quebrar a tens$o. echou os olhos e sentiu%o tocar suas pálpebras.

 < Seus olhos s$o grandes, e vocF tem cílios longos. 0 sua pele 8 macia como seda. <ez uma pausa quando chegou na boca. 0nt$o, como se tomasse coragem, apalpou%lhe oscontornos.

Connie apertou as m$os ao redor dos bra#os da cadeira, incapaz de evitar umestremecimento. 3ezou para que ele parasse antes que suas emo#Pes ficassem evidentesdemais. Como podia se deiAar dominar por uma atra#$o t$o antiga e que ela acreditava mortaMSerá que a paiA$o de adolescente estivera apenas adormecida por todos aqueles anosM

Lance tocou%lhe os lábios Kmidos com suavidade e, nesse momento, como se umpensamento secreto pudesse traí%lo, enrubesceu. 4pressou%se em percorrer a linha do queiAo

e, ent$o, a suave curvatura do pesco#o.Connie prendeu a respira#$o.

 < 0stá tudo bem, enfermeira < ele disse. < 5$o vou descer nem mais um milímetro.

4pesar de constrangida, Connie n$o pde conter um sorriso.

 < 6ocF deve ficar linda quando sorri < Lance comentou, levando a m$o aos cabelos,eAperimentando sua teAtura macia. Gas de repente parou. < O que 8 issoM

 < J o quepe do meu uniforme.

Sem dizer nada, ele o tirou da cabe#a dela e atirou%o para longe. /epois voltou para

sua cadeira, s8rio.

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 < Sinto muito < disse. < Gas odeio esses uniformes brancos. 6ai ter de meprometer n$o usá%los mais.

 < 0stá dizendo que posso ficarM

 < Sim. Se acha que pode me suportar...

 < 5esse caso < ela disse, levantando%se <, vou tomar minha primeira atitude comosua enfermeira e vou deiAá%lo. 0ssa conversa deve tF%lo esgotado, e sugiro que vá se deitarcedo. >odemos conversar de novo amanh$ de manh$.

 < Sim < Lance concordou, e ent$o disse com frieza9 < Gandarei chamá%la amanh$.

 < J claro. -oa noite, sr. Hamilton.

 < -oa noite.

Lance aguardou, tenso, at8 ouvir o estalido da porta se fechando. S! ent$o relaAou.Sua testa estava coberta de suor, e cada mKsculo do seu corpo doía. 4 situa#$o que haviaenfrentado há pouco lhe fora muito difícil. /esde que ficara cego, vivia fechado dentro de si

mesmo. 0 Connie /enver, em poucos minutos de conversa, penetrara%lhe a alma como se elefosse transparente, desvendando cada sentimento, cada sensa#$o.

>or um momento deseBara eApulsá%la de sua casa, mas sua voz calma e doce oimpedira. 0ra a voz mais feminina que Bá ouvira. 2eria sido aquela a raz$o daquela inesperadanostalgiaM

azia tanto tempo que n$o tocava uma mulher bonita& Sim, porque sem dKvida ela erabonita. Gesmo que seus recursos agora fossem outros, sabia reconhecer a beleza feminina, epensando nisso lembrou%se daqueles lábios quentes e macios que Bamais esquecera. 7ma ondade prazer e frustra#$o percorreu%lhe a espinha.

3espirou fundo. 2udo ao seu redor era silFncio e solid$o, depois que ela saíra. 4presen#a de Connie enchia o ambiente de calor, seguran#a e compreens$o, coisas que antesele desprezava e que agora lhe eram t$o vitais. /e repente lembrou%se do pai e ficouimaginando por que seus pensamentos tinham seguido da enfermeira para ele. 5$o vianenhuma liga#$o, a n$o ser a indefinível impress$o de que os dois se dariam bem. Gas issoele Bamais poderia saber ao certo, pois o pai morrera havia dois anos.

Lance nunca chegara a verter uma lágrima sequer pelo velho sr. Hamilton.Considerava as lágrimas uma fraqueza a que n$o podia se entregar.

Gesmo depois de recuperar a consciFncia e descobrir que es tava cego, negara comveemFncia seu sofrimento. 5as Kltimas semanas, trancara%se numa sombria pris$o interior,

n$o se permitindo dar vaz$o Ds emo#Pes.0 agora, depois de reprimir com tanto esfor#o qualquer manifesta#$o de tristeza, vinha

aquela mo#a de voz doce e feminina e, sem nenhum escrKpulo, derrubava sua barreira deprote#$o.

Sua ferida estava D mostra, e agora podia vF%la e senti%la em toda a sua eAtens$o. 0radoloroso demais, e Lance n$o se conteve. 5uma atitude que Bamais imaginara tomar,escondeu o rosto entre as m$os e desabou num pranto convulsivo.

)-U$# ///)-U$# ///

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4ntes de ir se deitar, Connie ligou para o dr. 4rthur, que se desculpou por n$o a haverprevenido sobre a mudan#a nas decisPes de Lance.

 < Sinto muito... 4chei que, se vocF soubesse, iria desistir da viagem. 0, se Bá oencontrou, penso que compreende meus motivos.

 < Sim, eu sei. 0le parece convencido de que n$o há mais raz$o para viver.

 < 4 vida que levava acabou mesmo. 4gora tem de se adaptar Ds novas condi#Pes.

 < 0 quanto a /8lia 2ellsonM < perguntou Connie, referindo%se D loira queacompanhara Lance em sua Kltima corrida. 0nquanto ele pendia entre a vida e a morte, amulher dera uma entrevista para um Bornal contando sobre a sua Ilouca paiA$o pelo aroto deOuroI. 4liás, a mo#a aproveitara a reportagem para fazer uma descarada autopromo#$o.

 < Se quer saber, a srta. 2ellson fez algumas visitas quando ele ainda estava em minhaclínica, mas n$o pareciam ter muito o que dizer um ao outro. /epois disso, n$o se viram mais,que eu saiba. 0le está realmente s!, e vocF 8 minha Knica esperan#a... -oa sorte, Connie. Seique lhe reservei um trabalho duro, mas confio em sua sensibilidade.

/epois de desligar o telefone, Connie foi para o seu quarto. 4briu a Banela e,debru#ada no peitoril, observava a noite estrelada que envolvia a densa vegeta#$o. O rosto deLance voltou D sua mente. Lembrando%se da dor que vira nele, compreendeu por que relutaratanto em vir.

4o longo de nove anos Lance tinha sido o centro de suas fantasiasE a imagem dabeleza, da Buventude e do sucesso. 4 id8ia de encontrá%lo destruído e acabado significava uma

amea#a aos seus pr!prios sonhos e, agora que Bá o tinha visto, admitia que o impacto foramaior do que o esperado.

O tempo os havia transformado em duas pessoas diferentes. 0le Bá n$o era mais umher!i internacional com o mundo a seus p8s. 0 ela, de adolescente passara a ser mulher adulta,profissional competente e capaz de trilhar seu pr!prio caminho. 5o entanto... quando Lance atocara com seus dedos tímidos e curiosos, Connie mais uma vez se sentiu a garota dedezessete anos sonhadora e desaBeitada diante de seu ídolo. Como num passe de mágica, tinharetrocedido no tempo e revivera aquela noite no navio, quando um astro mundial acariciaraseu rostinho esperan#oso... e a reBeitara.

2entando afastar aqueles pensamentos, fechou a Banela e aprontou%se para dormir. Se

deiAasse o passado dominá%la, n$o aBudaria Lance em nadaE ele n$o precisava de uma tolaromntica, mas de uma profissional competente.

Nuando acordou na manh$ seguinte, sentiu%se mais segura e resolveu apagar de suamente aquelas lembran#as, convencendo%se de que estava ali a trabalho, e Lance era seupaciente.

4inda era cedo e, como todos dormiam, saiu para dar uma volta no Bardim. Caminhavadevagar, respirando o frescor da manh$ enquanto admirava a beleza dos canteiros bem%cuidados, repletos de pequenas flores coloridas.

5a volta encontrou -rendan, sentado nos degraus da frente e fumando seu cachimbo.á sabia que Connie ia ficar, pois no dia anterior, ao sair da biblioteca, ela surpreendera 5orahparada no corredor. Sem dKvida ficara escutando a conversa e nem mesmo se preocupara emtentar disfar#ar.

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 < O caf8 vai estar pronto daqui a pouco < ele informou. < 5orah acabou de servir ode Lance no quarto.

-rendan falava de Lance com um carinho quase paternal, e no seu olhar transparecia aafei#$o que tinha pelo patr$o.

 < az tempo que trabalha para o sr. HamiltonM < Connie perguntou. < Seis anos. 0le tem sido muito bom para n!s. Nuando o pai de 5orah adoeceu, há

cerca de dois anos, ele a dispensou por vários meses, deiAando%a livre para cuidar dele. 0pagou cada dia em que ela faltou. amais esqueceremos isso, porque significou muito para5orah poder estar ao lado do pai na hora de sua morte.

Connie se acomodou melhor na escada, interessada no que -rendan lhe contava.

 < Nuando o patr$o sofreu esse acidente, eu disse a 5orah9 IGulher, agora as coisasv$o ficar mais difíceis por aqui. 5!s vamos embora ou vamos ficarMI 1magine, ela nem quisouvir falar em partir, e eu s! pude concordar.

Connie sorriu, comovida com aquela dedica#$o a Lance. < >ensamos que tudo o que teríamos de fazer seria cuidar dele, e que aos poucos

acabaria superando a trag8dia mas... < -rendan fez uma pausa, como se procurasse palavrasque pudessem eAprimir a compleAidade da situa#$o. < -em, acho que as coisas ficaram maiscomplicadas do que n!s esperávamos.

-rendan suspirou com desgosto. 0nt$o levantou%se, e Connie o seguiu at8 a cozinha,onde 5orah os esperava com a mesa posta.

 < 0stava contando a Connie como tem sido difícil para n!s < disse -rendanenquanto tomavam o caf8. < Lance fechou%se para o mundo, impedindo que qualquer pessoase aproAime.

 < 0 ele mal toca na comida < acrescentou 5orah. < 5$o se pode sequer aconselhá%lo a comer que ele se aborrece. 5$o quer aprender braile e, quando sugerimos que arranBasseum c$o, ficou furioso. 5unca o tinha visto t$o bravo. Nuando penso em como ele vivia alegree bem%humorado...

 < J uma rea#$o normal. 0le n$o quer admitir que sua cegueira 8 irreversível, e a id8iade ser guiado por um c$o deve deiAá%lo arrasado < ponderou Connie.

5esse instante a porta se abriu ruidosamente, e um homem entrou. 0ra baiAo, comcerca de cinqTenta anos, e seu olhar duro percorreu o ambiente com desconfian#a. 2ratava%sede eorge, que aBudava -rendan e 5orah a cuidar dos assuntos de Lance. /edicava%se ao

patr$o de corpo e alma.4proAimando%se com o cenho franzido, deteve%se D frente de Connie.

 < Olá < disse, estendendo%lhe a m$o. < 0nt$o, vocF 8 a enfermeira... Lance medisse que vai ficar conosco. 5orah, ele quer mais um pouco de caf8. O outro esfriou.

Com seu Beito brusco, eorge hostilizava todos D sua volta. Gas Connie sentiu%se oprincipal alvo de sua frieza. 4 presen#a dela o incomodava e, enquanto 5orah passava umnovo caf8, lan#ou%lhe um olhar agressivo.

 < Gas por que ele foi deiAar o caf8 esfriarM < perguntou 5orah.

 < Lance está esquisito hoBe. /ormiu mal. 4lguma coisa operturbou. oi vocFM <

perguntou, encarando Connie.

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 < J bem possível < retrucou ela, com frieza. < 4 conversa que tivemos eAigiumuito dele. á esperava essa rea#$o, por isso n$o prolonguei demais o encontro < disse,tentando se convencer de que n$o falara nada de errado na noite anterior. Será que Lancemudara de id8ia de novoM Será que n$o a queria mais aliM 5$o. >rovavelmente ele come#ava ase conscientizar de seu sofrimento.

 < O que quer que tenha sido, ele está arisco e nervoso.

 < 2alvez esteBa precisando conversar. >oderia, por favor, dizer%lhe que eu gostaria devF%loM < pediu Connie, ignorando a maneira pouco amistosa de eorge. < 2emos dediscutir sobre o tratamento, tamb8m.

 < 0u direi < disse eorge com má vontade, e saiu com o bule de caf8.

/epois de algum tempo, voltou e levou%a at8 Lance, deiAando%os a s!s. Connie falouno seu tom mais natural9

 < -om dia, sr. Hamilton.

0stavam numa sala que dava para uma ampla varanda ensolarada. Lance estava Buntoda Banela, t$o absorto que, se n$o fosse por sua cegueira, se poderia imaginar que admirava asárvores lá fora. 4o ouvi%la chegar, voltou%se devagar. Seu rosto mostrava cansa#o esofrimento.

 < -om dia... Ou#a, eu poderia chamá%la de enfermeira /enver, mas isso me farialembrar daquele horrível uniforme. /e que outro modo posso chamá%laM

 < 4 maioria das pessoas me trata pelo apelido, Connie.

 < Connie... !timo. 0 eu sou Lance. 4gora me diga o que está vestindo.

 < uro que n$o estou de uniforme. 0stou usando um vestido comum. J verde, de

mangas compridas < garantiu e aproAimou%se para deiAá%lo tocar seu bra#o. < Sim, vocF está dizendo a verdade < ele disse. >ercebendo a indelicadeza de sua

atitude, virou%se. < /esculpe%me, n$o sei o que houve com as minhas boas maneiras. 4ndodesconfiado de todo mundo ultimamente.

 < 0stá tudo bem. 5$o me ofendi.

0m silFncio, Lance aproAimou%se e tocou%lhe os cabelos.

 < Nuero ver como fica sem o quepe < eAplicou. < Ontem D noite, com o cabelopreso para trás, vocF estava muito austera... Sim, desse Beito fica bem melhor. 0ssecomprimento, at8 os ombros, fica bem em vocF.

Connie se surpreendeu com a observa#$o. < 1magino que esteBa me achando maluco, falando desse Beito.

 < J claro que n$o. Gas como 8 que sabe que falei a verdade sobre minha roupaM 4manga do uniforme n$o 8 muito diferente desta.

0le franziu o cenho, pensativo.

 < 5$o tenho muita certeza. 4cho que a teAtura 8 diferente.

 < J verdade. 0ste tecido 8 diferente, mas muito pouco. 4 maioria das pessoas n$odesenvolve um tato t$o apurado em t$o pouco tempo.

 < -em, sempre fui muito atento. 0ra preciso < ele eAplicou. < Nue bom saber queestou apurando meus sentidos, afinal&

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Connie captou o sarcasmo da Kltima frase e, antes que pudesse fazer qualquerobserva#$o, ele se adiantou9

 < >or favor, n$o ligue para as minhas ironias. >rometi a mim mesmo que n$o merebaiAaria D auto%piedade, mas Ds vezes sofro umas recaídas. 5$o acontecerá de novo. 0 queroque entenda que tamb8m n$o quero piedade de ningu8m.

 < ico feliz em ouvir isso.

 < Geu pai costumava dizer que a auto%piedade, e n$o o dinheiro, era a raiz de todo omal.

 < 0le me parece um homem sensato. 6em visitá%lo de vez em quandoM

 < 5$o, ele morreu. Connie ficou desapontada.

 < 6ocF n$o tem mais ningu8m da famíliaM

 < Ginha m$e morreu há vários anos. 5$o tenho irm$os nem irm$s, s! alguns primosque eu n$o tenho visto, ou melhor, encontrado < corrigiu%se. < Será que um dia vou parar

de fazer issoM < 5$o se preocupe < ela assegurou. < Com o tempo vai poder usar palavras

relacionadas com a vis$o de forma natural. 4inda está muito sensível.

O telefone tocou. Lance virou a cabe#a na dire#$o do barulho mas n$o se moveu.

 < Nuer que eu atendaM < ofereceu%se Connie.

 < 5$o, eorge vai atender, ou -rendan. 5unca atendo o telefone porque quasesempre 8 um maldito Bornalista querendo Ia minha vers$o da hist!riaI, como costumam dizer.

 < 0u sei. -rendan me falou dos problemas que vocFs tFm tido com os rep!rteres.

 < 5$o me deram sossego at8 eu mandar colocar aquele arame farpado em cima dosmuros. >or sorte, -rendan Bá trabalhou como seguran#a. 0les ainda telefonam, e 8 provávelque vocF atenda aos chamados algumas vezes. Nuando isso acontecer, n$o quero que diganada. 5$o mencione meu nome. 5$o lhes diga quem vocF 8. 4penas desligue.

 < >ode ficar certo de que farei isso < garantiu Connie, tranqTilizando%o.

 < Obrigado... 4gora, mudando de assunto, vocF dirigeM

 < Sim.

 < O meu carro está sem uso na garagem, por isso pode pegá%lo quando quiser.

 < Obrigada, vai aBudar muito e...

Come#ou, mas foi interrompida por eorge, que entrou afobado.

 < J ela, Lance < foi logo dizendo.

Lance ia se levantar para atender, mas eorge adiantou%se, trazendo o aparelho ecolocando%o em sua m$o.

Observando a cena, Connie deu%se conta de como as pessoas subestimavam acapacidade dos cegos.

Saiu da sala para respeitar a privacidade de Lance, mas antes de fechar a porta aindapde ouvi%lo cumprimentar /8lia com alegria. Segundo o dr. 4rthur, a modelo o havia

abandonado logo ap!s o acidente, e era doloroso ver o entusiasmo de Lance ao lhe falar. -em,aquilo n$o era de sua conta, pensou Connie.

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Gais tarde, Lance tornou a chamá%la.

 < eorge me disse que vocF queria discutir o meu tratamento. 5$o vai ter muitosproblemas. Os ferimentos Bá cicatrizaram bem.

>or alguns minutos os dois discutiram o estado de saKde dele. 5o geral, estava bem,

mas com o peso abaiAo do ideal. < ostaria de corrigir um pouco a sua dieta alimentar < ela disse. < 5orah me

contou que tem se alimentado mal.

0le deu de ombros.

 < 0u me acostumei a comer pouco no hospital.

 < Lá vocF ficava deitado o tempo todo. 4gora precisa fazer eAercícios. 5$o podepassar a vida sentado dentro de casa.

 < 0u n$o fico parado. 0u nado.

 < 5ada& Gas ondeM < 2em uma piscina do outro lado da casa. /ei um bom mergulho outro dia. eorge

me aBuda a entrar, mas dentro da água eu fico D vontade. Sempre fui um bom nadador, e n$ohá risco de me afogar.

 < >arece%me uma !tima id8ia < disse Connie, animada. < /esde que haBa semprealgu8m por perto...

 < Oh, n$o se preocupe. eorge cuida de mim muito bem. 4liás, Ds vezes acho queeAagera. J uma !tima pessoa... 5$o quer ver a piscinaM >odemos dar uma volta pelapropriedade.

0la concordou com entusiasmo. Lance parecia de bom humor, e estava se revelandobem mais amistoso do que ela poderia esperar.

 < >ermite%me apoiar em seu bra#oM < ele pediu. < 0u usava uma bengala enquantoa minha perna n$o estava boa, mas larguei%a assim que pude.

/e bra#os dados, saíram pela varanda seguindo pelo gramado. Caminharam pelos Bardins em silFncio, cruzaram um denso bosque com bancos de madeira sob as árvores eatravessaram uma pequena ponte sobre o riacho. Connie ficou maravilhada. O filete de águacorrendo devagar sob seus p8s, a arma#$o de folhagens que cobria a ponte formando umacobertura natural, os canteiros de flores que via ao longe... >arecia um sonho&

Gais D frente, chegaram D piscina. 2oda cercada de gramado, dava a impress$o de

fazer parte da natureza, com suas águas límpidas e transparentes. 4o lado, ficavam osvestiários.

 < 0sse lugar 8 lindo& < eAclamou Connie, olhando em volta.

 < J mesmo bonito... 0u costumava dar festas aqui, quando fazia tempo bom.

 < á li sobre suas festas. 5$o eAistia Bornal que deiAasse de noticiá%las em sua colunasocial.

Lance sorriu.

 < 4 imprensa eAagerava, mas eram divertidas.

 < 6ocF devia voltar a receber pessoas. 5$o digo grandes festas, mas pequenasreuniPes com os amigos mais chegados < ela sugeriu. < /eve ter muitos amigos.

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O sorriso dele desapareceu.

 < 0les n$o viriam agora. O pessoal do automobilismo 8 muito supersticioso. 0les tFmmedo da minha má sorte.

 < 0 a srta. 2ellsonM 0la n$o o visitaM

5o silFncio que se seguiu, Connie sentiu a tens$o dominá%lo.

 < >ermita%me lembrá%la < come#ou Lance, com frieza < que está aqui comoenfermeira. Suas obriga#Pes n$o incluem se intrometer nos meus assuntos particulares.

 < /esculpe%me. 5$o quis ser inconveniente. Como ela ligou hoBe de manh$ eu melembrei e...

 < 6olte Bá para casa& < ordenou Lance, eom rispidez. < 6á logo, vocF me ouviuM

 < 0 vocFM

 < 0u voltarei quando quiser.

 < Gas n$o pode voltar sozinho& < a#a o que eu disse. 4gora vá&

 < 0stá bem, estou indo < concordou Connie, horrorizada com a pr!pria falta de Beito. Lance estava furioso, e ela n$o podia contrariá%lo agora. 1a se afastar, mas n$o perdF%lode vista. 5$o gostava de enganá%lo, mas tamb8m n$o podia deiAá%lo sozinho quando haviauma ponte no caminho de volta.

Lance, por8m, n$o tentou voltar sozinho, nem se arriscou indo para muito perto dapiscina. Sem maiores dificuldades, caminhou pelo gramado e sentou%se num banco.

icou ali uma meia hora, remoendo seu !dio, com os punhos cerrados e a eApress$o

tensa. 0nt$o se levantou e avan#ou na dire#$o de Connie. 0la recuou. oi at8 a ponte eesperou, observando. 6árias vezes Lance errou o caminho, saindo da trilha de pedras e seaproAimando da margem do riacho. Gas logo percebia a lama sob os p8s e retomava a trilha./e repente, por8m, pareceu perder%se e girou buscando o apoio das bordas da ponte.

 < 0stá bem < gemeu. < 0u sei que está aí. /iga%me onde estou.

 < 6olte%se e avance uns dois metros < respondeu Connie.

Lance calculou a distncia com perfei#$o, alcan#ando%a na ponte. 5$o pareciazangado com a presen#a dela.

 < Como sabia que eu estava aqui, LanceM

 < icou muito quietinha, enfermeira. S! n$o consegui imaginá%la me deiAando aquisozinho, n$o me abandonaria n$o importa o que eu lhe dissesse. Gal nos conhecemos, mas seique posso confiar em vocF.

Sorrindo, Lance tomou%lhe o bra#o.

 < /esculpe por ter gritado. J que vocF tocou num ponto sensível.

 < 0u 8 que pe#o desculpas, fui muito intrometida mesmo.

 < Connie, se imaginasse como está sendo difícil& á tentei aceitar que a vidamaravilhosa que tive acabou. >rocuro pensar no futuro, mas 8 t$o desanimador& Há barreirasque n$o consigo vencer. usto eu, que me considerava capaz de enfrentar tudo...

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Connie sentiu%se solidária a Lance. 4 batalha que ele teria de enfrentar era duríssimae, acontecesse o que acontecesse, iria aBudá%lo a vencF%la.

Chegaram quase na hora do almo#o. Connie n$o o viu mais at8 a noite, quando Lancemandou chamá%la na biblioteca.

4gora o ambiente estava bem iluminado, e ele estava t$o bem%vestido e tranqTilo quechegou a lembrar o radiante piloto de nove anos antes. 0nquanto servia o caf8 que estavanuma mesinha de canto, Connie n$o pde deiAar de admirar o homem que povoara tantos deseus sonhos.

 < 0spero que n$o tenha se entediado esta tarde < ele disse, aceitando o caf8. <4inda sinto necessidade de descansar bastante, e vocF vai passar longas horas sem ter o quefazer.

 < 5unca fico entediada no campo < ela confessou. < Cresci numa fazenda.

 < J mesmoM ale%me a respeito.

 < J uma propriedade pequena no interior. /á apenas para meu pai garantir seusustento. J terrível quando aviso que vou para lá porque ele sempre tenta economizar asdespesas com o veterinário, achando que posso resolver seus problemas com os animais. 5$ome importo de aBudá%lo, mas parece que n$o consigo convencF%lo de que um diploma deenfermagem n$o me qualifica para diagnosticar uma febre suína.

Lance achou gra#a e perguntou9

 < 6ocF 8 filha KnicaM

 < Oh, n$o. 2enho dois irm$os e uma irm$. O mais velho, Simon, aBuda papai nafazenda. 0le 8 um fazendeiro nato, e um dia vai tomar conta de tudo. Nuanto ao outro... bem,3ic+ vive em Londres. 0 Gar+ se casou com um fazendeiro da regi$o. 2em trFs filhos e Bá

está esperando o quarto.

4 conversa seguiu tranqTila e bem%humorada. Lance n$o pareceu ter notado a levehesita#$o de Connie ao referir%se ao irm$o ca#ula. Nuando ia se retirar, Lance a deteve comum tom casual9

 < 0spere, s! mais uma coisa. 6ocF n$o teria nada para me aBudar a dormirM 2ive umanoite ruim ontem.

 < eorge me contou. 5a verdade, n$o gosto muito de dar pílulas para dormir. J fácilcome#ar e difícil largar. 6ocF tem insnia com freqTFnciaM

 < Gais ou menos. Vs vezes s! cochilo, o que 8 pior, porque eu sonho, e nos sonhos

posso enAergar de novo. 0nt$o, quando acordo, fico desesperado por estar cego. Se continuarassim, vou acabar enlouquecendo.

 < >or hoBe está bem < disse Connie. < Gas vamos conversar sobre isso amanh$ ever se encontramos uma outra solu#$o.

Gais tarde eorge apareceu em seu quarto e pegou a pílula que ela lhe deu.

 < S! umaM J melhor dar mais uma, para qualquer eventualidade.

 < 5$o < rebateu Connie com firmeza. < 7ma será o suficiente. 4inda mais se elen$o dormiu na noite anterior.

 < 0 se n$o funcionarM < insistiu eorge. < 0nt$o venha me chamar. 0stou D disposi#$o vinte e quatro horas por dia.

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 < Gas...

 < -oa noite, eorge < disse, decidida, fechando a porta.

)-U$# /0)-U$# /0

5o come#o, a vida em -eech Hurst foi mais tranqTila do que Connie esperava. Lancepassava a maior parte do tempo isolado, vivendo num mundo do qual ela n$o fazia parte. 5oentanto, tratava%a com gentileza e esfor#ava%se para cooperar com o tratamento.

-rendan e 5orah estavam eAultantes, certos de que tudo corria bem, mas Connie tinhasuas dKvidas. Sabia que era por orgulho que ele n$o ficava se lamentando pelos cantos e que oaparente e superficial bem%estar mascarava uma dolorosa crise que um dia acabaria por semanifestar.

4p!s trFs noites, Connie suspendeu o rem8dio para dormir. 4pesar de insatisfeito,Lance acatou a decis$o. oi eorge quem criou caso.

Como ela previra, o homem vinha se revelando um grande problema. 4companhavaLance havia oito anos, fazendo reservas de hotel, arranBos de viagem e todo tipo de pequenosservi#os, de modo a deiAar o piloto livre para se concentrar nas corridas e neg!cios maisimportantes.

0stava saindo da cadeia pela segunda vez quando Lance o conheceu. 6ivia aplicando

pequenos golpes na pra#a, mas sempre era descoberto. Lance teve pena dele e, levado por suaconversa fácil, resolveu contratá%lo como assistente.

0nquanto 5orah contava%lhe a hist!ria, Connie compreendeu o porquF da devo#$o deeorge por Lance. 4chava bonita aquela rela#$o, e Lance precisava muito de amigos, maseorge continuava hostilizando%a e criando problemas. 5$o compreendia sua recusa em darmais pílulas para o patr$o, uma vez que este quase n$o dormia.

>ara atenuar a situa#$o Connie convenceu Lance a nadar mais e fazer longascaminhadas pelos Bardins. /epois de uma semana, conseguiu persuadi%lo a responder algumascartas que recebia deseBando melhoras. 0laboraram Buntos uma resposta%padr$o, D qual Lanceacrescentava uma ou outra frase, dando um toque pessoal a cada carta. /epois, Connie as

datilografava.Certa manh$, estavam sentados na varanda, envolvidos na carta de um f$, quando

eorge se aproAimou9

 < 2elefone para... < come#ou, mas Lance o interrompeu9

 < /iga para ligar depois. 5$o quero conversar agora.

 < 5$o 8 para vocF, Lance < replicou eorge. < 4lgu8m quer falar com Connie.

 < Nuem 8M < ela perguntou, intrigada.

 < 5$o sei. J um homem, mas n$o quis dizer o nome.

 < >ode atender aqui mesmo < disse Lance, conduzindo%a para a sala. < /epoistermine a carta do Beito de sempre e despache. 0u vou sair.

&*

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Gas ela pr!pria n$o aceitava.

 < 3ic+, eu n$o posso. 0stou lá para cuidar dele. Gesmo se ele estivesse bem, eu n$opoderia abusar da minha posi#$o para obter favores para os meus parentes. 1magine agora,que ele ainda está t$o mal... < ela se calou, pensando em como a entrevista perturbariaLance.

 < Ora, vamos... < 3ic+ insistiu. < >edir n$o vai machucar ningu8m.

0ra terrível ter que escolher entre 3ic+ e Lance, mas de repente lembrou%se de comoLance confiava nela e sentiu que devia preservá%lo.

 < 3ic+, vocF precisa entender que n$o há nada que eu possa fazer por vocF nessecaso. Se eu pedisse, ele me atiraria para fora daquela casa no mesmo instante.

 < -em, ent$o vocF poderia falar dele para mim. 5$o seria t$o bom quanto umaentrevista, mas seria mais do que qualquer outro Bá conseguiu. 0u poderia me referir a vocFapenas como Ifontes segurasI, sem mencionar nomes.

 < >or favor, n$o me pe#a isso. 5$o posso nem pensar em trair a confian#a dele desse Beito.

 < 5$o está sendo meio melodramática, ConnieM 2rai#$o 8 uma palavra forte. 6ocFsempre fica t$o envolvida com seus pacientes ou... ele 8 especialM

>or um momento ela ficou assustada. Gas logo compreendeu que seu irm$o nem deviase lembrar de sua breve passagem pela -arra+ Cars. /e qualquer maneira, n$o mencionara oepis!dio com Lance para ningu8m.

 < Sinto muito por n$o poder aBudá%lo < disse.

0le ainda a observou por um instante. 0nt$o, deu de ombros e se conformou9

 < 0stá bem. 6aleu a tentativa.Nuando Connie voltou para -eech Hurst, o Bantar Bá estava sendo servido. eorge, que

subia as escadas, cumprimentou%a secamente e disse9

 < 6ou avisá%lo de que vocF chegou.

Connie terminou de Bantar e esperou que Lance mandasse chamá%la at8 a bibliotecapara conversarem, como sempre acontecia. Gas, quando eorge voltou, disse%lhe que opatr$o fora deitar%se mais cedo.

5aquela noite Connie n$o conseguiu dormir, remoendo as palavras do irm$o. Será queestava mesmo se envolvendo demais com LanceM 5$o, sabia que faria o mesmo por qualquer

paciente.5esse instante, ouviu um ruído do outro lado da porta e saiu para o corredor, enquanto

vestia o roup$o. Sua porta ficava perto da escada, e Connie viu uma sombra nos degraus, noponto em que faziam uma curva. 4cendeu a luz e ficou atnita com o que viu&

 < Lance& < gritou, correndo para socorrF%lo.

 < 2udo bem, tudo bem. 5$o quebrei nada < disse ele, impaciente.

 < Gas o que vocF estava fazendo, andando no escuroM < perguntou Connie sempensar.

 < 4cha que eu devia ter acendido a luzM < retrucou Lance, com sarcasmo. < /esculpe...

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 < 0sque#a, s! me aBude a descer a escada.

Connie aBudou%o a se erguer e ofereceu o bra#o. /o andar de baiAo veio um ruído depassos e portas se abrindo. Lance ficou impaciente.

 < Oh, n$o, a Kltima coisa que eu quero 8 ter de ficar respondendo a perguntas idiotas.

Livre%se deles para mim, está bemM0la o levou para baiAo e o escondeu sob a escada, num canto escuro. 6oltou%se bem a

tempo de interceptar 5orah e -rendan.

 < /esculpe se os acordei < apressou%se em dizer. < 0u perdi o equilíbrio e tropeceinos degraus, mas estou bem.

O alívio dos dois foi evidente.

 < >ensamos que Lance pudesse ter se machucado < 5orah eAplicou. < 6ocF estábemM

 < Oh, n$o foi nada. >or favor, voltem para a cama.

4ssim que o casal de criados desapareceu, ela voltou para Bunto de Lance.

 < O caminho está livreM < ele perguntou.

4o ouvir a frase, Connie sentiu%se transportada para o navio ancorado em GonteCarlo, naquela noite em que o protegera da ira de /ominic.

 < O%o que foiM < balbuciou, tentando romper o sKbito devaneio.

 < >erguntei se o caminho está livre. á se livrou de -rendan e 5orahM

 < 0u... sim.

 < Connie, o que está havendo com vocFM >arece que viu um fantasma.

 < 5$o, nada < disse, tentando disfar#ar. < 2em certeza de que n$o se machucouM

 < 0stou bem, fique tranqTila. 6ocF 8 que está esquisita...

 < iquei preocupada. 4final, aonde pretendia irM

 < 5$o consigo dormir. 4s pilhas do meu rádio acabaram e eu pensei em pegaremprestado o rádio de 5orah, que fica na cozinha.

 < 0nt$o vamos at8 lá. -em que eu tomaria uma Aícara de chá.

Chegando D cozinha, ele se sentou e disse9

 < Se vai fazer chá, aceito uma Aícara. 0 obrigado por ter se livrado dos outros. 5$osuporto alvoro#o.

Connie ps a água para ferver.

 < 0spero que eorge n$o tenha ouvido nada < disse Lance. < Caso contrário, n$ovai me deiAar em paz.

 < 6ocF 8 um homem estranho < ela comentou, abrindo a caiAa de chá.

 < 0stranhoM ComoM

 < 6ive reclamando que eorge cuida demais de vocF, mas reBeita todas as coisas queo tornariam independente.

 < Se está se referindo a um c$o... < ele come#ou, irritado.

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 < >or enquanto eu estava pensando numa bengala. 6ocF ganharia uma enormeliberdade de a#$o se usasse uma, e provavelmente n$o teria caído na escada. 2amb8m n$oteria de ficar eAperimentando com os p8s cada centímetro do terreno.

 < >elo amor de /eus, Connie, será que n$o entendeM -engala, c$o, braile, tudo o queestá querendo me empurrar 8 a mesma coisa para mim. Se eu aceitar qualquer uma dessascoisas, vou aceitar que estou cego& < esbraveBou, descarregando seu desespero com um socona mesa. O suor recobria sua testa.

 < Gas vocF está cego <% replicou Connie com naturalidade.

Seguiu%se um pesado silFncio. 7ma vez, naquela primeira noite na biblioteca, correrao risco de desafiá%lo e vencera. Gas agora sentia que ousara demais e tudo podia acontecer.4guardou, tensa, pela rea#$o de Lance.

 < Sim < concordou ele em voz baiAa. < Sim, eu estou, n$o 8 mesmoM

5ovo silFncio recaiu sobre eles. Connie permaneceu calada, ciente de que nada maishavia para ser dito. Ocupou%se com o preparo do chá, enquanto Lance parecia absorver todo osignificado do que tinha acabado de admitir. Nuando ele tornou a falar, sua voz soou t$ocalma que Connie assustou%se9

 < 0stá tudo bem, Connie. 5$o vou ter uma crise de c!lera s! porque me fez encarar averdade. 0u Bá devia ter feito isso há muito tempo. 5$o sou nenhuma crian#aE isso 8 parasempre, e agora eu sei.

Connie aproAimou%se e pousou a m$o em seu ombro, em sinal de compreens$o eapoio. Lance ps a m$o sobre a dela e ficaram assim por um longo tempo. Nuando ela sesoltou e voltou para o fog$o, Lance virou%se, como se procurasse vF%la.

 < 6ocF está muito quieta. 0u n$o a magoei, n$o 8M

 < Claro que n$o. >or que pensou issoM

 < >orque n$o costuma ficar t$o calada. 5ormalmente está sempre me pondo a par doque está fazendo. J por isso que gosto de sua companhia. Gas esta noite está quieta... 4lgumacoisa a deve estar aborrecendo.

 < 5$o há nada me aborrecendo.

 < 5$o acredito. 4t8 sua voz está diferente, parece que fala automaticamente, com opensamento longe... 2alvez seBa porque nunca tem tempo de cuidar dos seus pr!priosproblemas.

 < J natural que me preocupe com os meus pacientes.

 < 0 quem pensa em vocFM Com quem a enfermeira desabafa quando tem algumproblemaM

 < 0u n$o tenho problemas < afirmou com seguran#a.

Lance permaneceu um tempo calado antes de tornar a falar.

 < /esculpe%me. /etesto pessoas intrometidas. /evia ter imaginado que vocF tamb8mn$o gosta.

 < 6ocF n$o estava se intrometendo < Connie disse com suavidade. < S! queeAistem coisas sobre as quais n$o posso falar.

 < 0sque#a. 0 essa Aícara de cháM < Sim < ela disse com alívio. < á está pronto.

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Serviu o chá e colocou a Aícara na frente de Lance.

 < O a#Kcar está ao lado da sua m$o direita. /eiAei para vocF ado#ar porque n$o seicomo gosta. unto da sua m$o esquerda tem um pratinho com duas fatias de torrada e umafaca. 4 manteiga está ao lado.

Lance mostrou%se surpreso, e Connie adivinhou que eorge devia se apressar em fazertudo por ele.

 < 6á em frente < incentivou%o. < 6ocF pode fazF%lo.

0le moveu os dedos de modo vacilante, mas, quando encontrou tudo no lugarindicado, sua confian#a aumentou. Conseguiu eAecutar as tarefas sem muitas dificuldades.

 < Como eu me saíM

 < -em. Com um pouco de prática se sairá melhor ainda disse, e tomou%lhe a m$opara guiá%la. < Se o a#ucareiro for sempre colocado precisamente aqui, em rela#$o D Aícara eao pratinho, vocF vai ficar t$o habituado que poderá se servir com a mesma facilidade que

tinha antes. Se me deiAasse aBudá%lo um pouco mais...0le se inclinou para trás, tenso.

 < Comer 8 uma das piores coisas. 5em sei o que está no garfo at8 colocar na boca. 0me sinto... me sinto t$o bobo < murmurou, cobrindo o rosto com as m$os trFmulas.

4t8 ali ele tinha agido com calma, protegendo%se sob um manto de ironia em rela#$o Dsua deficiFncia. Gas Connie vinha abrindo brechas em sua muralha de teimosia e orgulho, e,quando viu seu rosto transtornado pelo desespero, percebeu que o seu mundo fechadoamea#ava desmoronar.

/e repente, permitindo%se admitir todo o sofrimento e desespero que o atormentava,

Lance eAplodiu. < 4Bude%me, Connie& < implorou.

0la aproAimou%se dele, abra#ando%o para confortá%lo. >or um longo tempo ficaramassim e, aos poucos, Lance foi relaAando e tomando consciFncia de que tinha uma mulher emseus bra#os. Nueria saber como era, sentir seu corpo, enquanto deslizava as m$os devagarsobre o fino tecido do roup$o. Connie prendeu a respira#$o, procurando controlar as fortesemo#Pes que a assaltaram. Sentia uma vontade imensa de se entregar a um prazer proibido ecorresponder Dqueles carinhos, mas se conteve, permanecendo im!vel. /eiAava%se tocar coma respira#$o suspensa, invadida por uma enlouquecedora onda de deseBo. 2entava convencer%se de que Lance estava apenas carente, depois de meses sem uma companheira.

Seguiram%se minutos de torturante indecis$o. Se n$o o afastasse, seria impossívelresistir D paiA$o que a tomava, mas, se o fizesse, poderia magoá%lo. 0 Lance estava sensíveldemais para absorver uma reBei#$o.

>or sorte, logo em seguida ele a soltou por iniciativa pr!pria. Connie sentiu o rostoenrubescer, esquecendo%se por um instante que ele n$o podia ver%lhe a eApress$o de deseBo.

Lance parecia surpreso com o que fizera e estendeu as m$os, chamando%a para perto.

 < Sinto muito, Connie. 5$o sei o que aconteceu comigo, mas prometo que n$o vai serepetir... >or favor, n$o se ofenda nem vá embora por causa disso... < murmurou.

 < 0u n$o pretendo ir embora < ela assegurou com suavidade. < 6ou ficar enquanto

precisar de mim. S! me prometa que me deiAará aBudá%lo. /e nada adiantará eu ficar se n$oouvir os meus conselhos.

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 < 6ou tentar usar uma bengala, mas quanto ao braile e ao c$o, por favor, dF%me umpouco mais de tempo.

Connie sorriu satisfeita e, depois de servir mais uma Aícara de chá, conduziu%o at8 aporta do quarto.

 < 0u posso me virar sozinho daqui < ele disse. < -oa noite, Lance. Ginha nossa& 4cabamos esquecendo de pegar o rádio& >ode

deiAar, eu vou...

 < 5$o, n$o se incomode. 4cho que vou poder dormir, agora. -oa noite, Connie.

/epois de fechar a porta atrás de si, Connie deu%se conta de que era mais provável queela pr!pria tivesse insnia naquela noite. 4Budara Lance a encarar a verdade, mas agoraprecisava fazer o mesmo. 5$o era possível negar o prazer que havia sentido quando ele lhetocara o corpo... 2inha de admitir9 estava apaiAonada, eAatamente como uma adolescente quedizia chamar%se ade e sonhava ser amada por seu grande ídolo...

)-U$# 0)-U$# 0

4 partir daquela noite, Lance come#ou a descer para as refei#Pes, deiAando%seacompanhar por Connie. 5$o demorou para memorizar a posi#$o de cada obBeto em rela#$oao seu prato.

7m dia, por distra#$o, ela inverteu os vidros de sal e de pimenta. Logo na primeiragarfada Lance descobriu o equívoco e teve um acesso de tosse, provocado pelo eAcesso depimenta.

 < 5$o se desculpe < disse, assim que recuperou o flego. < ico felicíssimo em verque a t$o eficiente enfermeira /enver tamb8m comete erros, como o resto de n!s, mortais <brincou, divertido.

4gora aquelas brincadeiras eram comuns entre eles, e Connie constatava com alegriaque, aos poucos, ele recuperava o bom humor.

2amb8m passou a usar uma bengala, como havia prometido, e descobriu que assim

podia caminhar com muito mais desenvoltura. 4t8 o mundo eAterior o interessava mais, e Bárespondia a todas as cartas que recebia.

 < 0sta 8 de um editor < disse Connie uma manh$, enquanto trabalhavam Buntos. <5$o sabia que vocF estava escrevendo uma autobiografia.

 < 5$o 8 bem IescreverI. 7m Bornalista ficava me acompanhando por toda parte efazendo todo tipo de perguntas, que eu respondia para um gravador. /epois ele usava as fitaspara escrever o livro como se fosse eu.

 < O seu editor diz que ficou feliz por os manuscritos terem sido entregues antes doacidente. Gas, com o que houve, ele Bulga que um outro capítulo final seBa necessário.

>ergunta quando acha que vai poder fornecer os dados.

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 < 5unca < foi a resposta seca. < /iga%lhe que devolverei cada centavo que recebide adiantamento, contanto que me esque#a. 5$o posso falar sobre isso, ele precisa entender.

>ercebendo que Lance lutava com dificuldade para manter o controle, Connie tomou%lhe a m$o entre as suas, num gesto de compreens$o.

 < 2udo bem, Lance < tranqTilizou%o. < 0u vou escrever para ele.Com sua aten#$o voltada para Lance, Connie mal percebeu o telefone tocando. >ouco

depois eorge abriu a porta e encarou%a.

 < J para vocF... J aquele suBeito de novo.

Connie atendeu, irritada.

 < J a ovelha negra da família de novo, mana < disse 3ic+.

 < 6ocF n$o deve telefonar para cá. 5$o posso falar com vocF agora < sussurrou.

 < Nuando, ent$oM

 < 5$o sei. < >osso ir at8 aí para vF%laM

 < 5$o& < respondeu Connie quase gritando.

 < >or favor, mana.

0la respirou fundo e tentou controlar a raiva.

 < 6eBo vocF hoBe D tarde, no mesmo lugar da outra vez < disse e desligoubruscamente.

Nuando se virou para Lance, constatou com alívio que ele parecia absorto demais nos

pr!prios pensamentos para ter prestado alguma aten#$o D conversa. < Onde estávamosM < ele perguntou de repente.

 < 6ocF n$o prefere pararM < sugeriu Connie, lembrando%se do aborrecimento que acarta do editor lhe causara.

 < 5$o, vamos em frente. 4cho melhor eu mesmo responder essa carta.

/e repente, soltou uma gargalhada.

 < 4posto como nunca imaginou que ia acabar como minha secretária. J um abuso daminha parte usá%la assim. 5$o 8 sua obriga#$o.

 < 0stou aqui para facilitar a sua vida. Nualquer coisa nesse sentido 8 minhaobriga#$o.

 < O que seria de mim se vocF n$o soubesse taquigrafia e datilografiaM 6ocF Bá foisecretáriaM

 < 5$o propriamente < ela eAplicou. < 2ive um emprego temporário enquanto n$ocome#ava o meu curso de enfermagem. Ou#a, chegou uma outra carta que acho que deviaresponder.

Se Lance percebeu a rapidez com que ela fugiu do assunto, n$o se manifestou.>rosseguiram com a correspondFncia como se nada tivesse acontecido. Gas ent$o o telefonetornou a tocar. 0 dessa vez Connie atendeu na hora, ouvindo uma afetada voz feminina.

 < 0u gostaria de falar com Lance, por favor.

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Connie conhecia aquela voz. á a tinha ouvido na televis$o. Cobriu o fone com a m$oe disse9

 < J a srta. 2ellson.

0le apressou%se em atender.

2$o logo lhe passou o fone, Connie saiu da sala. 5$o queria presenciar o entusiasmode Lance, embora soubesse que vivia uma fantasia impossível. /esde que reconhecera seuamor por ele, vinha eAperimentando uma felicidade doce e amarga ao mesmo tempo. 2inha deesconder seus sentimentos, mas podia estar ao lado dele constantemente e acompanhar comeuforia os seus progressos.

>or8m, bastara ver a eApress$o de alegria no rosto de Lance ao escutar o nome de/8lia, para que todas as suas ilusPes se dissipassem. 0la era a enfermeira. 5ada mais.

5orah lhe contara que a modelo vinha ligando quase todos os dias nas Kltimassemanas. Gas n$o voltara a -eech Hurst depois do acidente, apesar de ter sido umafreqTentadora assídua em outros tempos.

Com esses pensamentos foi para seu quarto datilografar as respostas Bá esbo#adas. Gasmal teve tempo de come#ar, pois o interfone logo tocou.

 < >ode voltar, ConnieM < pediu Lance, num tom alegre.

0ncontrou%o de p8 Bunto da porta que dava para a varanda. /eu meia%volta ao ouvirsua chegada, e sua eApress$o estava radiante.

 < 0la vem me visitar esta tarde&

 < 1sso 8 muito bom, Lance.

 < >reciso apresentá%la a /8lia. 0 dizer o quanto vocF tem feito por mim. < 0le

avan#ou alguns passos com a m$o estendida, para ela. < 3eceio que vocF tenha de ligar parao seu amigo e cancelar o encontro de hoBe < acrescentou.

0nt$o ele tinha prestado aten#$o na sua conversa com 3ic+& 4inda bem que n$o sabiaquais eram as inten#Pes do irm$o, pensou Connie, com alívio.

 < 5$o posso desmarcar < protestou. < 5$o sei de onde ele ligou.

 < -em, mande eorge procurá%lo em Chichester. 4 cidade 8 t$o pequena que ele n$oterá dificuldade em encontrá%lo, se der seu nome e uma descri#$o. Seu amigo deve estar naKnica hospedaria local.

0m pnico, Connie imaginou o que o irm$o seria capaz de aprontar, sabendo%se diante

do protetor de Lance. >oderia convencF%lo a colaborar com a entrevista, revelando dadossobre a vida do piloto, e ent$o todos os progressos poderiam ser esquecidos.

 < >or favor, Lance. >rometo voltar logo. 4final, n$o vai querer que eu fiqueatrapalhando seu encontro com a srta. 2ellson.

0le soltou%lhe a m$o, franzindo o cenho.

 < J t$o importante assimM

>or um momento Connie considerou a possibilidade de dizer algo sobre 3ic+. Nuemal haveria em contar que se encontraria com seu irm$o ca#ula, t$o necessitado de apoio eamizadeM Se fizesse isso, por8m, correria o risco de Lance convidá%lo para uma visita.

 < J importante para mim < ela pediu.

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 < 5esse caso, creio que deve ir. Gas, por favor, esteBa de volta Ds cinco. 6ou precisarde vocF na hora do chá.

 < J claro < concordou, aliviada.

Connie chegou primeiro ao barzinho e viu 3ic+ se aproAimando devagar. >arecia

s!brio, mas havia uma certa tens$o em seus gestos que a deiAou preocupada. < 3ecebi um telegrama do editor do  Newstime  < ele disse. < >erguntou%me se fiz

algum progresso.

 < Lamento, 3ic+, mas nada mudou.

 < 0u s! pensei que talvez ele estivesse se sentindo um pouco melhor.

 < 0le ainda se recusa a falar com rep!rteres.

 < 6ocF perguntou, ConnieM

Lembrando%se da rea#$o de Lance diante da carta naquela manh$, ela n$o teve

dKvidas. aria qualquer coisa para aBudar o irm$o, eAceto trair o homem que amava, Bustamente em seu ponto mais vulnerável.

 < 5$o. 5em seria preciso. O sr. Hamilton fica furioso s! de pensar no assunto. Sintoque tenha perdido o seu tempo. 0u poderia ter%lhe dito isso pelo telefone.

 < -em, tenho sondado os moradores das redondezas. >ensei que seria um !timo panode fundo para a entrevista. Gas se vocF n$o consegue arranBar o encontro... acho que a coisaacaba por aqui.

Conversaram ainda por algum tempo enquanto tomavam o chá, mas era difícil Conniese descontrair quando tinha de tomar cuidado para n$o revelar nada sobre Lance.

 < Sai um trem para Londres em meia hora < 3ic+ declarou com um suspiro. < 0u o levo at8 a esta#$o.

4o ver o luAuoso carro de Connie, 3ic+ soltou um assobio de admira#$o. >or sorteevitou qualquer pergunta a respeito, o que a tranqTilizou. >arecia finalmente ter aceitado umIn$oI como resposta.

Nuando faltava pouco mais de um quarteir$o para chegar D esta#$o, um carro esportebranco apareceu de repente na transversal, em alta velocidade. Connie teve o refleAo de frearem cima, e por pouco n$o bateram. 5uma atitude de cautela retardada, o outro veículotamb8m freou.

 < Gulheres no volante& < 3ic+ eAclamou, eAasperado. < 5$o foi culpa minha < retrucou Connie, indignada. < oi o outro que me fechou.

 < 5$o a estou culpando. 0stava me referindo D mulher do outro carro < eAplicou,voltando%se para ver melhor. < /irige mal, mas 8 uma garota linda&

Connie engatou a marcha e partiu. O outro veículo estava do lado oposto, de modo quen$o pde ver muito bem o rosto da motorista.

/epois de deiAar o irm$o acenando da Banela do trem at8 este se perder na distncia,voltou para -eech Hurst sem se apressar. 5$o pretendia chegar atrasada, mas tamb8m n$otinha nenhuma vontade de presenciar o encontro de Lance e /8lia por mais tempo do que o

necessário.

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2$o logo atingiu a larga alameda dentro da propriedade, Connie avistou um carromuito parecido com o que vira na estrada. Nuando chegou mais perto e estacionou, teve quasecerteza de que se tratava do mesmo veículo. Subia os degraus da frente considerando oassunto, quando eorge abriu a porta e anunciou9

 < 0les est$o no Bardim, Bunto da varanda. Lance disse para vocF ir encontrá%los.

Lance e /8lia estavam sentados num banco de madeira, em meio Ds árvores maisbaiAas. 4 sombra escondia%lhes um pouco o rosto, mas assim mesmo Connie se impressionoucom a rara beleza de /8lia. >essoalmente era muito mais bonita do que pela televis$o. Seuvestido elegante e a maquilagem bem%feita compunham com perfei#$o o esplendor de umamodelo de sucesso.

Gas, quando se aproAimou mais, sentiu um clima de tens$o entre ambos. 4 rigidez nasfei#Pes de Lance demonstrava que ele fazia for#a para se controlar. >or outro lado, talvezestivesse irritado com o atraso de Connie.

 < /esculpe se os fiz esperar < ela foi dizendo ao se aproAimar, e viu que o

semblante dele se desanuviava. < 2udo bem... /8lia, quero que conhe#a Connie.

4 modelo se levantou, e no mesmo instante Connie foi envolvida por uma nuvem deperfume.

 < 0u estava morrendo de vontade de conhecF%la < declarou a mo#a, com afeta#$o. < Lance n$o pára de falar de vocF. /iz que 8 a melhor enfermeira que ele Bá teve e que o temaBudado muito. 6ai me deiAar agradecer, n$o 8 mesmoM

Connie ouviu aquele discurso irnico, captando o modo sutil como a outra a lembravade que n$o era mais do que uma simples enfermeira e reparando no modo possessivo com que

se referia a Lance.0nquanto falava, /8lia observava%lhe o rosto, como se procurasse identificá%la. Gas

n$o parecia conseguir atinar de onde a conhecia. Connie n$o viu raz$o para aBudá%la.

 < 0u tamb8m estava ansiosa por conhecF%la < respondeu num tom educado. < Nuepena vocF n$o ter vindo há mais tempo&

 < Sim, 8 verdade < replicou /8lia, ignorando a provoca#$o. < Se pudesse, estariaaqui o tempo todo, mas n$o imagina o quanto tenho andado ocupada&

I1magino, simI, pensou Connie. ISei muito bem o quanto tem lucrado Ds custas deLance, enquanto n$o lhe dedica um minuto sequer do seu tempo.I

4 modelo tornou a se sentar.

 < Lance sabe que tenho pensado nele o tempo todo, e 8 isso o que importa < disse. < J t$o maravilhoso nos vermos de novo&

Connie viu a tens$o no rosto de Lance, e seu desprezo pela modelo aumentou. 0lacontinuava falando sem parar, n$o dando chance para que Connie a interrompesse. 1ntrigada,imaginou como soaria sua voz afetada para algu8m que n$o pudesse ver seus treBeitos bemestudados e provocantes. 5$o resistindo D tenta#$o, fechou os olhos por alguns segundos.

5a mesma hora percebeu a hipocrisia de cada palavra. 0ra verdade, ent$o, que,quando n$o se tem o poder da vis$o, o som de qualquer voz se torna uma enorme revela#$oM

Seria possível que Lance estivesse t$o apaiAonado a ponto de n$o perceber tamb8mM < 4qui estamos.

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4 chegada inesperada de 5orah assustou%a. 4brindo os olhos, deu com a governanta aseu lado, com uma grande bandeBa de prata nas m$os. 4trás dela estava -rendan.

O mordomo puAou uma mesinha para o meio das cadeiras, onde a bandeBa foicolocada.

 < Obrigada, -rendan, esta mesa está !tima < disse Connie, mais para informarLance do que estava acontecendo. echar os olhos por alguns segundos tinha lhe dado umaoutra perspectiva das dificuldades causadas pela cegueira. Como seria fazer a eAperiFncia porvários diasM

4bsorta em seus pensamentos, ps%se a arrumar a mesa com gestos automáticos,colocando cada coisa na posi#$o a que Lance estava habituado. 5a hora em que foi servir ochá, /8lia se adiantou e arrebatou%lhe o bule de lou#a.

 < Nuerido, n$o acha que Bá está mais do que na hora de se livrar desse velho buleM <perguntou com uma risadinha.

 < 5em em sonho < ele rebateu com firmeza. < 4doro esse bule.

 < Gas Bá foi consertado tantas vezes que Bá nem tem lugar para mais cola <protestou /8lia.

4 eApress$o de Lance era de impaciFncia.

 < 4contece que esse bule me faz lembrar de minha m$e. 0la costumava dizer que,quando a gente encontra um bom bule de chá, deve guardá%lo at8 a morte. /izia isso como sefosse a solu#$o para os mist8rios do mundo < concluiu Lance, com um sorriso nostálgico.

Connie riu, mas a eApress$o da modelo mostrava aborrecimento, embora sua vozcontinuasse doce.

 < Gesmo assim < /8lia persistiu <, toda vez que o uso penso que devia arranBaroutro. Gas vamos falar disso outra hora. Connie n$o deve estar interessada em questPesdom8sticas.

4mbas trocaram um sorriso falso. /8lia n$o poderia ter sido mais clara em suainsinua#$o sobre quem ali era a dona da casa.

 < >ode me passar a Aícara de LanceM < ela prosseguiu.

 < 5$o < protestou Lance, erguendo a m$o. < /eiAe Connie me aBudar.

 < Gas, querido...

 < /eiAe Connie < ele insistiu com firmeza. < 5!s temos nosso ritual bem ensaiado,

n$o 8, ConnieM < Como dan#arinos de tango < ela concordou, e os dois riram.

/8lia falhou em sua tentativa de sorrir. Com um olhar frio, acompanhou osmovimentos de Connie, colocando o bule num lugar preciso, e notou como Lance enchia suapr!pria Aícara sem hesita#$o. Nuando ele ia se servir de a#Kcar, ela o interrompeu9

 < /eiAe%me fazer isso para vocF, querido. 6ocF n$o precisa fazer essas coisassozinho.

Nuase arrancando o a#ucareiro de sua m$o, /8lia se adiantou e ado#ou o chá. 4 m$ode Lance permaneceu parada no ar por alguns instantes, at8 que desceu bem devagar sobre a

mesa. Sua raiva s! era perceptível pelo modo como comprimia os lábios.Connie observava a cena com satisfa#$o, vendo /8lia se enforcar com a pr!pria corda.

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Como que para completar o servi#o, a mo#a recolocou a Aícara a vários centímetros doponto em que Lance estava habituado, com o comentário9

 < >ronto, pus bem pertinho para vocF n$o errar.

 < >onha de volta no lugar para mim, por favor, Connie < ele pediu em voz baiAa,

abafando a irrita#$o./epois disso, o resto da tarde foi um desastre. Lance permaneceu tenso o tempo todo,

e Connie sofreu por ele. /evia estar esperando tanto aquela visita...

Nuando a noite se aproAimava, /8lia consultou o rel!gio e riu fingindoconstrangimento.

 < Connie, sei que vai entender < ela disse. < Lance e eu temos ainda tanto paradizer um ao outro...

 < Claro < respondeu, levantando%se. < 4deus, srta. 2ellson. oi um prazerconhecF%la < disse, num formalismo proposital.

 < 4deus, querida < despediu%se /8lia, abra#ando%a. < >reciso mandar%lhe umpresentinho, por ter cuidado t$o bem de meu Lance.

 < 3eceio que n$o me seBa permitido aceitar presentes < respondeu Connie, s! n$oeAplodindo com muito esfor#o. < Nuando meu paciente estiver bem de novo, essa será aminha recompensa.

 < Gas que coisa mais graciosa para se dizer& 5esse caso deve estar se sentindo muitorecompensada pelo que ele Bá melhorou. 0ssa deve ser uma das tristezas de ser umaenfermeira. Nuanto mais se dedica ao seu servi#o, mais cedo 8 dispensada.

 < O dia em que n$o vou mais precisar de Connie ainda está muito longe < declarouLance.

/8lia soltou uma risadinha.

 < -em, querido, vocF mudou muito. 4inda posso lembrar quando dizia que n$o teriaaqui nenhuma maldita enfermeira...

 < 4deus, srta. 2ellson < disse Connie, interrompendo%a, decidida. < Sr. Hamilton,

estarei no estKdio quando precisar de mim.Connie voltou%se e se afastou sem dar tempo para nenhum outro comentário. Sentia

pena dele, mas tamb8m estava furiosa por ter sido eAposta D impertinFncia daquela mulhervulgar.

5o estKdio, trabalhou loucamente na máquina de escrever. >or uns trinta minutosdatilografou sem pensar em nada, martelando as teclas com raiva. 4os poucos foi seacalmando. ez uma pausa para respirar e ent$o foi dominada por uma onda de cansa#o. 0ntreLance e 3ic+, tinha passado as Kltimas horas sob eAtrema tens$o emocional. 3esolveu parare subir para seu quarto, mas lembrou que uns sapatos que tinha mandado consertar aindaestavam no carro e foi buscá%los.

usto quando ia fechar a porta do carro, ouviu vozes, e Lance e /8lia saíram da casa.

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 < 0nt$o era vocF& < a modelo eAclamou. < -em que eu pensei ter visto o carro deLance perto da esta#$o, hoBe. Gas na hora eu mal pude ver quem dirigia.

 < 0u estava pensando a mesma coisa quando vi o seu carro < observou Connie. <2amb8m n$o pude vF%la direito.

/8lia deu uma risada cheia de malícia. < 5$o 8 de admirar que vocF n$o estivesse prestando aten#$oE com o belo rapaz que

estava do seu lado& >or falar nisso, ele conseguiu pegar o tremM >elo Beito como vocF corria,imaginei que estivesse atrasado. 4inda bem que eu parei bem a tempo. Gas n$o importa, estáperdoada.

 < Será que algu8m pode me dizer o que houveM < perguntou Lance.

 < Nuerido, eu e Connie quase colidimos esta tarde. 0stou morta de inveBa. 6ocFnunca me deiAou guiar o seu carro.

I/o Beito como vocF dirige, n$o 8 de estranharI, pensou Connie, mas guardou sua

opini$o para si. < J bom que saiba que Lance ama esse carro mais do que a vida < prosseguiu /8lia,

numa fingida camaradagem. < >or isso, 8 melhor tomar mais cuidado, viuM Nuerido, precisomesmo ir agora.

Connie se retirou para dentro de casa. 5$o tinha inten#$o de assistir D cena romnticada despedida. Nuando ouviu o carro esporte se afastando, tornou a sair.

 < Lance...

 < 2udo bem, Connie. á me habituei ao modo como /8lia dirige. >osso bemadivinhar o que aconteceu.

 < 5$o se trata s! disso. J sobre outras coisas que ela insinuou. 0u queria lhe dizer... < Gelhor n$o < ele a interrompeu. < 5$o lhe pedi eAplica#Pes, e vocF n$o me deve

nenhuma.

0la mordeu o lábio, magoada com seu tom frio. Sofria ao pensar que Lance aimaginara nos bra#os de outro. Gas valeria a pena contar tudoM 0 se ele n$o acreditasse que3ic+ era seu irm$oM /e repente, sentiu%se uma tola. 4final, nada daquilo importava. 0lenunca seria seu...

)-U$# 0/

O ver$o Bá ia adiantado, e os dias estavam quentes e ensolarados.

Gas naquela manh$ o sol pareceu brilhar ainda mais para Connie quando, ao descerpara o caf8, recebeu um recado de Lance, pedindo que o encontrasse na piscina. 4l8m disso,pedia para que se vestisse Ia caráterI.

0ra maravilhoso saber que ele deseBava sua companhia para nadar, pois sempreresistira Dquela id8ia, preferindo ficar sozinho na piscina, remoendo seus problemas.

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0ntusiasmada, correu para o seu quarto e ficou feliz por ter trazido todo tipo de roupa,inclusive um biquíni.

O biquíni era diminuto mas, ao relutar diante do espelho, Connie lembrou%se de queLance n$o poderia vF%la e saiu para o Bardim.

Correu alegre pelo gramado, sentindo o vento quente sobre a pele, e atravessou a pontecom vontade de cantar. Gas, ao se aproAimar da piscina, n$o viu Lance e ficou assustada.Correu os olhos D sua procura e ent$o ficou paralisada de terror& Lance estava se preparandopara pular do trampolim mais alto&

>or milagre conseguiu sufocar um grito de pavor. 4ssustá%lo naquele momentopoderia precipitar o desastre que ela temia.

0nquanto Connie permanecia im!vel, ele levantou os dois bra#os, pondo%os nahorizontal, unidos D sua frente. 3espirou fundo e se lan#ou no espa#o. >or uma fra#$o desegundo pareceu que pairava no ar. Gas logo veio a queda, terminando num espirrar de águapor todos os lados e uma festa de bolhas prateadas vindas do fundo at8 a superfície. Connie

permaneceu com a respira#$o suspensa at8 que o viu emergir, parecendo muito feliz com aproeza.

O mergulho estava longe da perfei#$o, mas, considerando as circunstncias, tinha sidouma verdadeira fa#anha. Connie sentiu que nunca o amara tanto.

 < 0stou aqui, Lance < disse, aproAimando%se da borda. < 6ocF está a uns trFs ouquatro metros da beirada.

0le nadou com bra#adas confiantes, calculando bem a distncia a ser vencida. >areciaum menino com um brinquedo novo, e estava t$o entusiasmado que, ao se aproAimar dabeirada, come#ou a Bogar água para os lados, molhando Connie de brincadeira.

 < O que vocF achou dissoM < quis saber, mal disfar#ando o sorriso de felicidade. < 4cho que vocF 8 maluco& < eAplodiu Connie, furiosa, depois de ter passado o

maior susto de sua vida. < J tolice arriscar%se assim&

 < 5$o seBa desagradável&

0la suspirou, eAasperada.

 < >romete que n$o vai mais fazer issoM

 < 5$o. 4o contrário, pretendo voltar para lá assim que tiver recuperado o flego.

Connie suspirou, desesperada.

 < 1sso mesmo. a#a%me parecer uma idiota diante do dr. raAton. < ComoM

 < 6ai ser !timo quando eu tiver de eAplicar a ele como foi que deiAei vocF quebrar opesco#o&

 < -obagem& 0u caio na água. Cego ou n$o, n$o faz diferen#a.

 < 0 se vocF escorregar quando estiver subindoM >ode ser uma queda de seis metros. 0direto para o concreto&

 < Gas por que eu escorregariaM S$o vinte e sete degraus. Se eu contar enquanto subo,

vou saber eAatamente onde estou. 4l8m do mais, Bá treinei nos trampolins mais baiAos, antes.oi fácil.

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 < 4h, n$o, n$o foi < replicou Connie. < Se fosse fácil, vocF n$o iria querer pular.

7m brilho de satisfa#$o surgiu nos olhos claros.

 < Como vocF me entende& < ele disse. < Se n$o fosse arriscado, por que eu fariaMNuando eu corria, era a mesma coisa. Vs vezes eu fazia uma ultrapassagem que outros

achariam impossível, s! pela tenta#$o de arriscar. 0 quando a gente consegue vencer umdesafio perigoso... 8 como sentir%se um deus& 6ale todo o medo que se passa.

 < GedoM 6ocFM

 < Se n$o desse medo n$o seria divertido < ele afirmou com simplicidade. <Cheguei a pensar que nunca mais saberia o que 8 essa sensa#$o. Gas hoBe, me senti renascer&

Connie n$o viu como pedir%lhe para n$o correr riscos. 0stava claro que aquilo otornava feliz. 0 depois, cego ou n$o, ele era um adulto, capaz de decidir o que fazer da pr!priavida.

Observando%o em seu traBe de banho, constatou que ele Bá n$o era mais aquele homem

pálido e magro de antes. Seu apetite tinha voltado, e os mKsculos estavam riBos. Gais umpouco e ele recuperaria a boa forma de antes.

 < -em, acho que o feiti#o virou contra o feiticeiro. 0stou sempre dizendo a eorgepara evitar superprote#$o e o que foi que eu fiz agoraM < disse, com um suspiro. < 6ocFdeve fazer o que sentir vontade, mas fique sabendo que oficialmente, como sua enfermeira, eudesaprovo. >or isso, se algum dia vocF mencionar essa nossa conversa para o dr. raAton, eunegarei cada palavra.

 < Nue conversaM < ele perguntou, com ar inocente.

Os dois riram Buntos. 0nt$o, de forma inesperada, Lance tomou%lhe a m$o e puAou%apara Bunto de si na água. Surpresa, ela sequer teve tempo de reagir. Gas Connie n$o era uma

nadadora nem muito hábil nem muito coraBosa. 5unca se arriscava onde n$o dava p8. 4ssim,vendo que n$o alcan#ava o fundo da piscina, assustou%se e gritou por socorro.

/esesperado, Lance agarrou%a com firmeza.

 < Connie... eu sinto muito, nunca me ocorreu que vocF n$o soubesse nadar.

 < 0u sei < ela replicou, nervosa. < Gas n$o muito bem.

 < ique calma, agora. 0u estou aqui. Segure%se bem < disse, puAando%a para Buntode si. 0, com naturalidade, pegou as m$os de Connie, colocando%as em seus ombros largos, eenla#ou%lhe a cintura.

Connie quase morreu de vergonha. 2inha vestido aquele biquíni na certeza de que n$oficaria em contato t$o íntimo com ele. Gas agora... podia ver a curiosidade no rosto de LanceEsentia as m$os dele lhe eAaminando o corpo com indiscri#$o, e um arrepio de prazerpercorreu%lhe a espinha.

 < Connie, vocF está vestindo alguma coisaM

 < J claro que estou& < ela respondeu, indignada. < 0stou usando um biquíni.

 < -em, ent$o onde estáM < ele insistiu, sorrindo, levando os dedos a pontos aindamais indiscretos. < 5$o consigo encontrar nada.

O clima de intimidade foi se formando enquanto se aproAimavam mais e mais,

despertando deseBos.

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 < Lance < come#ou Connie, tentando romper o encantamento. 2odavia, o corpopedia por aquele contato, a vontade de ser acariciada por Lance quebrava qualquer resistFncia.S! havia um sentimento capaz de fazF%la emergir da onda de sensualidade9 o ciKme.Lembrou%se de /8lia 2ellson e o entusiasmo morreu no mesmo instante.

 < Lance, me solte < pediu, quase numa sKplica.

 < 5$o, querida < ele riu. < 6ocF pode se afogar.

 < á posso me virar sozinha, agora < ela insistiu, empurrando%o com as duas m$os.Gas, ao inv8s de soltá%la, Lance apertou%a ainda mais e, ofegante, come#ou a ro#ar%lhe oslábios no rosto, percorrendo com suavidade a pele macia, at8 alcan#ar a boca.

O toque suave foi%se tornando mais intenso e, quando pressionou a boca de Conniecom ardor, ela abriu os lábios, aceitando o beiBo. Como resistirM /e repente, um sonhoacalentado por nove anos se realizava. á n$o era mais possível negar9 Bamais havia deiAadode amá%lo.

4 água convidativa da piscina e as carícias gentis de Lance faziam Connie flutuar emfantasias, dominada pelo deseBo de se entregar ao homem que tanto a fascinava. /e repente,por8m, ao entreabrir os olhos, sentiu%se enriBecer. eorge se aproAimava.

2omada de pnico, ela se afastou debatendo%se e n$o conseguiu ficar na superfície. 4otocar o fundo da piscina, deu um impulso com os p8s e emergiu quando o ar Bá lhe faltava.

/esnorteado, Lance procurava saber o que estava acontecendo.

 < Connie, vocF está bemM 3esponda&

 < 0stou aqui& 4lcancei a borda. >or aqui.

0le seguiu a dire#$o da voz at8 alcan#á%la. 2ocou%a e notou que estava trFmula.

 < 2em certeza de que está bemM < ele insistiu. < Sim, foi s! um susto < respondeu Connie, impedindo%o de chegar mais perto. <

eorge está vindo para cá < cochichou, e saiu da água.

Lance soltou%a de imediato, tamb8m abandonando a piscina.

eorge agora Bá estava bem perto, carregando uma bandeBa. Seu olhar dizia quepresenciara a cena e que n$o a aprovara. Connie ignorou%o e voltou sua aten#$o ao conteKdoda travessa.

 < Sanduíches e champanhe& < ela eAclamou.

 < 4chei que seria bom fazermos um piquenique < disse Lance. < Onde querem que eu ponha issoM < perguntou eorge.

 < 5o trampolim mais baiAo < sugeriu Connie. < Se n!s nos sentarmos no ch$o, vaiser uma mesa perfeita.

Lance fez um ar maroto9

 < 0 será meio caminho at8 o topo...

 < 5$o devia fazer isso. á lhe disse que 8 perigoso < protestou eorge.

 < Gas eu tenho a permiss$o da minha enfermeira < Lance retrucou.

 < Lance, eu nunca... < 6ocF disse que eu deveria fazer o que tivesse vontade.

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 < 6ocF prometeu...

 < >rometi n$o contar ao dr. 4rthur. 5unca prometi nada em rela#$o a eorge.

4 despeito de seu desnimo, Connie n$o pde evitar uma onda de ternura ao verbrilharem os olhos azuis. 0ra a primeira vez que o via t$o feliz, t$o cheio de vida.

Gas eorge estava furioso. /eiAou a bandeBa na plataforma com brusquid$o e saiupisando duro.

)-U$# 0//

4ssim que ficaram sozinhos outra vez, Connie foi at8 os vestiários e trouAe toalhas eesteiras, que estendeu sobre a grama. 5$o poderia haver melhor lugar para um piquenique, doque o gramado, cercado de árvores e cortado pelo riacho sinuoso em cuBas águas límpidasrefletiam%se os luminosos raios do sol.

 < >or que eorge fez tanto barulho com a bandeBaM < Lance quis saber. < 0le seaborreceu com alguma coisaM

 < J o mesmo problema de sempre. 0le acha que eu n$o o proteBo o suficiente. 0 destavez ele está certo. Gergulhar lá de cima 8 muito arriscado. 4l8m disso, ele nos viu Buntos napiscina, o que n$o 8 8tico de minha parte.

 < Lamento que n!s... foi minha culpa. 6ocF parecia estar se afogando e eu fui tentaraBudar e... vocF 8 uma mulher maravilhosa.

>or um momento Connie n$o conseguiu dizer nada, assaltada pelas lembran#as dobeiBo e da troca de carícias na piscina.

 < 5$o, a culpa foi minha < Connie disse por fim, mas num tom tranqTilo. < 0u n$odevia esquecer a minha posi#$o de enfermeira.

0m seguida, serviu champanhe para os dois e saboreou a bebida gelada. Lance, porsua vez, permaneceu im!vel, com o semblante s8rio. Havia perdido a descontra#$o deminutos atrás.

 < Connie, foi s! por essa raz$o que escapou de mim, por causa de eorgeM

 < Com eorge ou sem eorge, eu estava agindo mal. 0stou aqui para aBudá%lo,Lance. Se nossa rela#$o se tornar muito pessoal, n$o será bom nem para vocF nem para mim.

 < 0ntendo... Gas vocF me daria a sua palavra de que n$o foi por outra raz$oM

 < Nue outra raz$o poderia haverM

 < 6ocF sabe do que eu estou falando... 2alvez vocF tivesse sentido afli#$o ao ver meu

rosto de perto.

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Connie ficou chocada, imaginando como Lance podia levantar uma suposi#$odaquelas se quase se entregara a ele na piscina. Nue absurdo ele alimentar compleAos quandoera um homem maravilhoso que lhe despertava ternura... e amor.

 < 5$o < disse, com certa dificuldade. < 6ocF 8 muito bonito, Lance& 4s cicatrizesquase n$o aparecem mais. 6ocF as imagina bem piores do que de fato s$o.

 < >ode ser < ele concordou. < J uma sensa#$o muito estranha n$o poder se olharno espelho. S! se pode Bulgar pela rea#$o das pessoas. 5$o 8 s! pelas cicatrizes, mas pelo

 Beito desastrado que a gente passa a ter... < sua voz morreu na garganta. < /á quase parasentir o horror dos outros como uma coisa palpável. J isso o que me atormenta. 4s pessoastentam agir com naturalidade, mas o tempo todo percebe%se que est$o nervosas e sentemrepugnncia.

Connie lembrou%se da atitude de /8lia e nunca a odiou tanto. Olhou para Lance,compadecida de ver um homem que antes fora t$o admirado pelas mulheres, agora com medode lhes ser desagradável.

 < 5$o quer falar um pouco sobre issoM < 1magino que Bá tenha adivinhado. /8lia n$o vai mais voltar aqui.

Connie tentou manter um tom despreocupado, apesar do aperto que sentia no cora#$o.

 < 0la disse issoM

 < 5$o diretamente. Gas n$o creio que ela volte aqui depois de saber que n$oconseguirá o que quer.

 < 0 o que ela querM

 < 2razer um fot!grafo aqui para tirar umas fotos de n!s dois Buntos.

 < O quFM < 0sse foi o motivo da visita. 0u tive esperan#as de que... bem, fui um tolo. Sempre

soube que /8lia gostava da vida que eu podia lhe oferecer. osta de se promover, usando aminha companhia, e agora isso 8 impossível. 5a verdade, primeiro ela me pediu paraacompanhá%la na estr8ia de uma pe#a importante.

Connie n$o teve dificuldade em visualizar a cena que a modelo tinha em mente9 nagrande entrada triunfal, ela, toda esvoa#ante, conduzindo Lance, que a seguiria com passosincertos. Cerrou os punhos de !dio.

 < 0u disse que nem podia pensar numa coisa dessas < prosseguiu Lance. < Gas ela

n$o quis entender. 4chou que eu apenas n$o queria aparecer em pKblico. 0nt$o veio com aid8ia das fotografias.

 < Nualquer coisa para promover%se Ds suas custas < eAplodiu Connie. < 0la querespremer at8 a Kltima gota as vantagens de ser sua namorada& 0 n$o dá a mínima para o queisso possa significar para vocF.

6endo que Lance ficava mais tenso, arrependeu%se de suas palavras duras eimpensadas.

 < Oh, me desculpe se fui ríspida demais.

 < 5$o, vocF está apenas me dizendo o que eu Bá sei. Gas n$o posso condenar /8lia.

2amb8m eu a usava, porque sua beleza me dava status.

S! que agora tudo mudou, e eualimentava a ilus$o de que houvesse algo mais profundo da parte dela.

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 < 0 vocFM Como se senteM < perguntou Connie, com a respira#$o suspensa.

 < Nuer saber se eu a amoM 5$o, creio que n$o. /urante as Kltimas semanas acrediteique a amasse. 2alvez, em minha mente, ela tenha passado a representar todas as mulheres. Se/8lia me amasse eu saberia que... eu n$o era t$o... t$o... desagradável. Gas ela sentiu noBo demim. 0vitou tocar%me de todas as maneiras.

Connie levou alguns segundos para conseguir falar.

 < Gas vocF n$o deve pensar que ela representa todas as mulheres. Cada pessoa 8 ummundo, e o mundo dela n$o 8 mais o seu. Nuando encontrar a mulher certa, vai ver como tudofica diferente. á vi isso acontecer muitas vezes.

 < J claro < ele come#ou devagar <, vocF Bá viu tudo isso muitas vezes. 6ocF 8 umaenfermeira. Sempre me esque#o disso porque vocF significa muito mais para mim. 0 gostariaque tamb8m me deiAasse penetrar no seu mundo, Connie. 7ma vez vocF disse que n$o temproblemas... Ora quem n$o os temM 6ocF quis fugir ao assunto.

 < 5$o foi isso < ela apressou%se em dizer. < 0stou aqui para aBudá%lo. 5$o possocome#ar a atormentá%lo com meus problemas pessoais.

 < 0 por que n$oM 2alvez me aBudasse a esquecer um pouco de mim. 4final, precisode uma amiga tanto quanto de uma enfermeira.

 < J, suponho que sim < ela concordou, pensativa.

 < 6ocF se tornou vital para mim, e no entanto n$o sei nada a seu respeito. á me falouda sua família e da carreira, mas nada sobre si mesma. 5em sei que idade tem.

 < 2enho vinte e seis anos.

Havia algo mais que Lance gostaria de perguntar. /epois de ter sentido o calor e a

volKpia de seu corpo, n$o entendia por que uma mulher sensível e atraente ainda estavasozinha. Gas receava ofendF%la e atenuou a pergunta9

 < 5unca se apaiAonouM

 < J claro que sim.

 < >or um dos seus pacientesM

 < 7ma enfermeira sensata nunca se apaiAona por seus pacientes.

 < 0 vocF 8 sempre uma enfermeira sensataM < arriscou, numa sutil e divertidainsinua#$o ao epis!dio da piscina.

 < 5$o t$o sensata quanto deveria < ela admitiu. < Gas eu tento. Sei compreenderas emo#Pes de um paciente. J t$o fácil para um homem achar que está amando a mulher que oaBudou num momento difícil& Gas, quando ele se restabelece, tudo volta ao devido lugar.

 < 0nt$o esque#a os pacientes. ale%me de um outro amor.

4o ver que ela n$o respondia, Lance insistiu.

 < 5$o quer me contarM 6ocF sabe tanto a meu respeito que poderia confiar pelomenos um pouco em mim.

 < 5$o há muito o que contar. Chamava%se /ere 5eRmanE era m8dico no mesmohospital em que eu trabalhava. Xamos nos casar, mas, cerca de um mFs antes da data marcada,

ele confessou que estava apaiAonado por outra mulher. 0nt$o rompemos o noivado. 1sso 8tudo.

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O tom obBetivo poderia ter enganado outra pessoa, mas n$o Lance, atento Ds mais sutisvaria#Pes na voz dela.

 < 1sso foi há um ano. á n$o penso mais nele < disse, tentando demonstrarnaturalidade.

 < 5$o acredito, Connie. 5$o creio que vocF esque#a as pessoas com tanta facilidade.icou muito magoada, n$o 8M

 < 5ingu8m gosta de ser reBeitado < confessou, pensando numa outra reBei#$o quesofrera há nove anos...

Lance assumiu%lhe a dor. 4chava absurdo que um homem fosse capaz de desprezarConnie.

 < 0le me parece um grande canalha&

 < 5$o, n$o 8. J apenas um homem bom que ficou confuso. /ere tinha tendFncia ase atirar de cabe#a nas situa#Pes para s! depois perceber que tinha se envolvido demais.

 < Gas n$o foi honesto com vocF. < 0le estava enganado quanto aos seus sentimentos. 5$o se pode condenar algu8m

por isso < observou Connie.

 < 0m outras palavras, está determinada a considerá%lo um santo, apesar de tudo. Ora& < criticou Lance, e logo se deu conta de ter sido ríspido demais. < >or favor, esque#a o queeu disse. 4final, n$o tenho direito de ficar me intrometendo.

 < 0stá bem.

4p!s um silFncio incmodo, Lance arriscou de novo9

 < á que hoBe parece ser o meu dia de meter o nariz onde n$o sou chamado, acho queposso fazer outra pergunta9 Bá amou outro homem, al8m desseM Se quiser, mande%me cuidarda minha vida.

Connie achava Busto que a confian#a entre eles fosse recíproca, por8m, n$o podiacontar%lhe a verdade. Como dizer%lhe que o amava loucamente, há muitos anosM

 < 5$o, n$o creio que tenha amado seriamente algu8m antes de /ere < confessou. < 5$o sou do tipo que se apaiAona com facilidade.

 < Gas quando ama 8 para valer < ele constatou, mais para si mesmo. < 0u sou ooposto. Sempre me apaiAonei com muita facilidade, para logo descobrir que n$o era nada t$oimportante assim.

icaram um minuto calados, pensando.

 < 6ocF chegou a conhecer a outra mulherM < perguntou Lance.

 < Sim. 0la era m8dica.

 < -onitaM

 < Sim. Logo que a vi, pude compreender aquela paiA$o. Gas, se quer saber, est$oseparados, agora.

 < 6ocF tamb8m 8 muito bonita < Lance afirmou.

 < 0u n$o acho.

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 < 6ocF s! diz isso porque a reBei#$o abalou sua autoconfian#a. >ois eu a acho muitobonita.

 < Gas vocF me vF de outro modo, n$o sabe realmente como sou < lembrou%oConnie.

 < Ginhas m$os dizem que sua pele 8 macia e delicada, e que seu corpo tem formassuaves e atraentes.

Connie n$o respondeu.

0nt$o, quase como se pudesse vF%la, Lance ps a m$o em seu ombro. Com uma caríciasuave, ro#ou%lhe a curva do pesco#o e desceu para um dos seios.

Connie mal respirava. Sabia que, se estivessem num lugar mais protegido, ele n$ohesitaria em avan#ar sob o fino tecido do maio, como fizera na piscina. 0 ent$o seria difícilresistir... >ercebendo o quanto o deseBava, estremeceu e se afastou, assustada.

 < O que foiM eorge está voltandoM

 < 5$o, n$o tem ningu8m D vista mas... < Wtimo& < Lance levou as m$os para a cintura de Connie, e comentou9 < -rendan

me disse uma vez que eu poderia dar a volta na sua cintura com as minhas m$os. Sempre quissaber se estava certo... 5$o, n$o dá, mas 8 por pouco.

Connie se viu mais uma vez envolvida por aqueles bra#os fortes, sentindo o vigor docorpo dele contra o seu. 4 paiA$o que os consumia traduziu%se num beiBo longo e ardente.

oi um momento de loucura, mas o bom senso a venceu t$o logo apartaram os lábios.0la estava ali a trabalho, e um envolvimento afetivo, em vez de aBudá%lo, poderia tornar%sepreBudicial. 5$o, n$o deviam se envolver...

 < Lance < disse, tentando escapar. < Lance, n$o, por favor...4o ouvir%lhe o tom desesperado, Lance ficou tenso e afastou%a sem gentileza. >álido,

cobriu o rosto com as m$os.

 < 5$o& < ela balbuciou, horrorizada. < 5$o, n$o 8 o que está pensando& 5$o hánada de errado com o seu rosto. Lance, vocF precisa acreditar em mim&

0le deiAou que Connie lhe afastasse as m$os, mas virou o rosto.

 < Como posso acreditarM Como posso saber o que vF quando me olhaM Sei apenasque algo a faz recuar.

amais ela o reBeitaria, mas como lhe eAplicar a situa#$o delicada que viviamM < Lance, entenda9 vocF está sob meus cuidados. 5$o posso agir por impulso e

esquecer o que 8 melhor para vocF.

 < 5$o sei se entendo o que vocF quer dizer < ele disse devagar.

Connie segurava%lhe as m$os e apertou%as com mais for#a.

 < 6ocF disse que precisa sentir a rea#$o das outras pessoas para saber como estáagora. >or isso quer uma prova de que ainda 8 digno de ser amado.

0le levantou a cabe#a, indignado.

 < J isso o que achaM 4credita que a estou usandoM

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 < 5$o 8 uma atitude deliberada. 6ocF n$o faria isso. Gas tamb8m n$o sabe muitobem o que quer. 4t8 pouco tempo, precisava do amor de /8lia para sentir%se seguro. 4goraprocura seguran#a em mim. 6ocF ainda está tentando se encontrar na sua nova vida, fazendoeAperiFncias para descobrir quem 8.

0le n$o respondeu.

 < Gas eu posso dizer quem vocF 8. 4inda 8 um homem atraente e charmoso.2amb8m 8 inteligente, sensível e possui grande coragem. 0, quando sentir que está prontopara retornar ao mundo lá fora, vai descobrir uma mulher que o amará por todas essasqualidades.

Lance ouviu%a com aten#$o. Nueria dizer%lhe que o seu deseBo por ela ultrapassava anecessidade de auto%afirma#$o. Gas Connie estava certa quando dizia que estava confuso.

 < Suponho que uma enfermeira entenda mais dessas coisas do que eu imaginava <admitiu, resignado.

 < 6á com calma, Lance. /F tempo a si mesmo.

0le esbo#ou um sorriso.

 < 5ascer de novo n$o 8 muito fácil. 4 gente vai tateando, esbarrando no mundo at8compreendF%lo melhor, e Ds vezes causa algum acidente... Gas tenho consciFncia de que errei,Connie. Será que pode me perdoar e esquecer o que houveM

 < 4cho que isso seria uma boa id8ia < ela afirmou com sensatez, embora um imensovazio agora ocupasse seu cora#$o.

>ara desviar a aten#$o, tornou a encher os copos e sugeriu que come#assem a comer.Lance aceitou um sanduíche e, enquanto o saboreava, n$o conseguia parar de pensar emConnie.

0ra uma mulher contradit!riaE Ds vezes, meiga e terna, outras, firme e decidida.>reservava a pr!pria intimidade, mas era compreensiva e sensível. >or tudo aquilo, Connie ocativava, despertando%lhe o deseBo de conhecF%la melhor, desvendar seus mist8rios.

>or8m, Connie determinara os limites dessa investida, e n$o lhe restava outra saídasen$o respeitá%los.

 < eorge está voltando < ela disse, interrompendo%lhe os pensamentos.

O assistente se aproAimou, dirigindo%se a ela9

 < 2elefone para vocF.

 < Nuem 8, eorgeM < ela quis saber. < O dr. raAton.

Connie captou%lhe um ar de triunfo e n$o entendeu o motivo. 1ntrigada, apressou%separa o interior da casa.

 < Como vaiM < perguntou o m8dico num tom Bovial. < 5$o preciso perguntar sobreo seu paciente. Se ele atingiu o estágio do trampolim, 8 !bvio que vocF está fazendo um !timotrabalho.

 < Como soube dissoM

 < eorge me ligou para contar algo Ique eu devia saberI. >or que ele a odeia tantoM

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 < >orque encoraBei Lance a se tornar independente. 4dmito que as coisas escaparamum pouco ao meu controle, hoBe. 0le insiste em pular do trampolim mais alto. 0u n$o aprovo,no entanto n$o posso impedi%lo.

 < J claro que n$o. 4l8m do mais, isso representa uma enorme mudan#a em Lance.6ocF está realizando um !timo trabalho, Connie. Geus parab8ns&

 < Obrigada, 4rthur. Gas agora me conte9 o que mais eorge lhe disseM

 < 0le me pediu para tirá%la desse servi#o, porque vocF está preBudicando Lance,encoraBando%o a fazer coisas perigosas e for#ando%o a n$o me contar nada. 0le acrescentououtros detalhes que eu achei incríveis mas divertidos. 5$o sei como teve imagina#$o parainventar tantas hist!rias < concluiu o dr. 4rthur aguardando um desmentido.

 < Se foi o que eu estou pensando, n$o 8 totalmente inven#$o < admitiu Connie comrelutncia.

 < Nuer dizer que vocF está nuaM

 < 0stou com uma roupa de banho < corrigiu, ofendida. < 0 se eorge lhe contoumais, devo contar%lhe que Lance me puAou para a parte funda da piscina, descobriu que n$osou boa nadadora e me aBudou.

 < 5aturalmente. 0 eorge chegou no momento em que ele fazia respira#$o boca%a%boca em vocF.

 < 4rthur, sei que essa n$o 8 bem a conduta normal para...

 < 5$o 8 preciso eAplicar nada, Connie. 5unca questiono a conduta de umaenfermeira, enquanto seu trabalho está colaborando na recupera#$o do paciente. Lance estáfazendo progressos, 8 isso o que importa.

5o caminho de volta para a piscina, a uma certa distncia, Connie pde ouvir frasesditas em tom áspero. 4s árvores ocultavam sua chegada quando ouviu eorge dizer9

 < ... e ela está brincando com vocF, mas mesmo assim ainda corre para se encontrarcom aquele outro suBeito, n$o 8M

5$o conseguiu ouvir a resposta de Lance e, como Bá estava perto deles, achouimprudente tentar ouvir mais.

 < Olá& 0stou de volta < disse, anunciando%se.

 < O que 4rthur queriaM < perguntou Lance. Connie sentou%se a seu lado.

 < 0stava s! querendo saber dos nossos progressos. icou maravilhado com o seu

mergulho. /isse que ficava feliz por ver que vocF está indo t$o bem < contou Connie,observando com prazer a ira de eorge. Lance ficou intrigado.

 < 0spero que ele n$o esteBa pensando em tirá%la de mim. J capaz de tentar, se acharque eu Bá estou completamente recuperado.

 < Gas ele n$o poderia < observou Connie. < J vocF quem me paga, n$o o dr.4rthur. 0nquanto vocF me quiser aqui, ningu8m pode me mandar embora. /e qualquer modo,ele n$o mencionou minha partida. 0le disse algo nesse sentido para vocF, eorgeM <desafiou%o.

eorge suava, e seu olhar estava carregado de !dio.

 < Olhe, eu sou apenas um criado por aqui. Contratar e despedir enfermeiras n$o 8comigo < disse e saiu.

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Lance parecia n$o ter captado a tens$o no ar. 0stava pensando em outro assunto e logotratou de mostrar o que o preocupava.

 < Nuando eorge disse que havia uma chamada para vocF, primeiro pensei que fosseaquele homem que costuma ligar.

Connie tomou uma rápida decis$o. 3ic+ havia retornado a Londres e Bá era hora deabrir o Bogo.

 < 5$o, eu n$o creio que o meu irm$o vá voltar a me ligar < disse com toda a calma.

 < Seu irm$oM < perguntou Lance, surpreso.

 < Sim. 2entei lhe dizer outro dia, quando /8lia esteve aqui. 0la fez muitasinsinua#Pes, como se eu tivesse saído correndo para encontrar o meu namorado. 4chei melhoresclarecer a situa#$o, s! que vocF n$o me deiAou falar.

 < 0nt$o era ele esse tempo todoM < perguntou, aliviado.

 < Sim. 2odas as outras liga#Pes foram de 3ic+.

 < Gas por que vocF correu para ChichesterM O que havia de t$o urgenteM

Connie escolheu as palavras com cuidado.

 < -em, 3ic+ 8 muito problemático e ultimamente está passando por uma fase difícil.0u n$o queria decepcioná%lo quando me pediu para vF%lo.

 < Gas por que n$o o trouAe para cáM < indagou Lance, mal escondendo a felicidadeque a revela#$o lhe havia trazido. >or8m, como ela n$o respondia, ficou intrigado. < >or queo manteve afastado de mim, ConnieM

4inda n$o estava certa se deveria ou n$o contar que o irm$o era Bornalista e por fim

abandonou a id8ia. 4pesar dos !bvios progressos, era preciso n$o se esquecer de que Lanceainda era um homem inseguro e desconfiado.

 < 1sso n$o teria sido uma boa id8ia < disse. < 0u e 3ic+ precisávamos de umaconversa tranqTila e particular.

0le sorriu.

 < 6ocF n$o imagina o quanto estou aliviado, Connie. iquei com medo... quando mecontou que esse /ere estava livre de novo... -em, n$o me sinto ainda em condi#Pes de ficarsem vocF, por muito tempo.

Gas esse dia iria chegar, pensou Connie, com uma pontada de tristeza no cora#$o. 0

imediatamente lembrou%se das palavras de /8lia9 INuanto mais se dedica ao seu servi#o, maiscedo 8 dispensadaI.

)-U$# 0///

Connie esperou que todas as luzes se apagassem e todos os ruídos da casa cessassem.

0nt$o trancou%se no quarto e respirou fundo. 5$o poderia ser importunada naquela noite.

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/e manh$, no estKdio, encontraria por acaso o manuscrito da biografia de Lance. >oralguns minutos hesitara entre a 8tica e a curiosidade. 4 segunda venceu. Lance n$o redigira oteAto, mas as informa#Pes tinham sido dadas por ele.

Connie leu todo o volume rapidamente, pois o livro era fraco e superficial, o que adeiAou desapontada. >ensava encontrar ali a essFncia de Lance, mas s! o que via em cadapágina era a imagem machista e leviana de um homem que desconhecia. 5$o, aquele n$o erao Lance que amava.

Nuando folheou o capítulo que tratava da infncia do piloto, ansiosa por saber maissobre seus pais, teve outra decep#$o. O autor escrevera de modo apressado, como se evitassedemorar%se num assunto que o incomodava.

O capítulo mais longo de todos, intitulado IGulheres, 4migas e 4mantesI, narravauma s8rie de liga#Pes breves, meras aventurasE ao menos Lance tivera a delicadeza de n$ocitar nomes, eAceto quando as pr!prias mulheres Bá houvessem dado entrevistas sobre oromance. 0, quanto a isso, Connie estava bem informada, porque sempre lera tudo sobre ele.

Nuando a madrugada Bá avan#ava, guardou o teAto. Gas n$o conseguiu dormir. Sentia%se triste e arrependida de ter invadido a privacidade de Lance. S! por volta das seis da manh$adormeceu, despertando quando o rel!gio marcava dez horas. 4prontou%se depressa e desceucorrendo as escadas, para ser logo informada de que Lance Bá terminara o caf8 da manh$ haviamuito tempo.

0ncontrou%o no estKdio, tateando cauteloso pelas estantes.

 < Connie, 8 vocFM Onde estouM

 < Logo D esquerda da Banela.

 < oi o que pensei, mas n$o consigo encontrar o que estou procurando.

 < 0 o que 8M < perguntou, aproAimando%se com o manuscrito nas m$os. >laneBararecolocá%lo no lugar sem ser notada.

 < J o meu livro, a autobiografia. 2inha certeza de que estava aqui...

2ateou numa prateleira onde havia um espa#o vazio.

 < 4chei que vocF gostaria de vF%lo e ia mostrar como estou independente achando%osozinho. Gas n$o consigo encontrá%lo, ent$o devo estar me confundindo < disse, deprimido.

Connie engoliu em seco.

 < Lance, sinto muito. 6ocF n$o se confundiu. 0u achei o manuscrito ontem D noite e

peguei%o para ler < confessou.Lance ficou aliviado.

 < 4h, 8 mesmoM -em, pelo menos minha mem!ria n$o está t$o ruim. 0 vocF leuM

 < Sim, li tudo durante a noite. oi por isso que me levantei tarde hoBe. /esculpe%me.

 < 5$o se desculpe. 6ocF nem imagina como fiquei feliz em conseguir tomar odesBeBum sem a sua aBuda < declarou, e caminhou at8 uma cadeira para sentar%se. < -em, oque achouM

5$o obtendo resposta, ficou intrigado.

 < >or que vocF está fazendo essa caraM < Lance& Como sabe que eu estava fazendo uma caretaM

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0le sorriu.

 < 7ma vez vocF me disse que eu aprenderia a ler os silFncios t$o bem quanto asvozes. 1sso está come#ando a acontecer. Ou talvez seBa porque eu a conhe#o t$o bem. /equalquer modo, pude captar suas vibra#Pes de desgosto. J t$o ruim assimM

 < -om... eu achei < ela confessou com franqueza. < 4 pessoa descrita n$o parecevocF.

 < 0 n$o deveria mesmo. O homem que o escreveu 8 pago para produzir livros e maislivros. O resultado 8 esse.

 < Gas este 8 sobre vocF. Será que n$o poderia ter sido mais profundoM

 < 4cho que sim, se eu lhe tivesse dado alguma aten#$o, mas tudo o que fiz foiresponder perguntas. 5unca tive de pensar no que gostaria que fosse publicado. 4liás, semprevivi assim9 sem pensar.

 < 1sso pode mudar agora. 6ocF ainda tem muita vida pela frente.

 < Sim, suponho que sim < ele concordou ap!s um momento. < O problema 8 o quefazer com ela.

 < 6ocF pode come#ar escrevendo esse livro direito. /iga ao seu editor que querescrevF%lo de novoE mas fa#a um livro seu.

Houve um silFncio pesado.

 < Nuer dizer, contar tudo, at8... hoBeM < Lance perguntou, n$o suportando pronunciara palavra IacidenteI.

 < Sim, isso mesmo. Sei que vocF detesta a id8ia, mas falar sobre o assunto talvezpossa aBudá%lo. 5$o 8 bom ficar guardando essas coisas dentro de si.

0le suspirou desanimado.

 < Sim, está certa. S! preciso de algum tempo para me adaptar. >or favor, n$o meapresse, Connie.

 < Claro que n$o. 6ocF saberá escolher o melhor momento para se abrir e falar sobreo que o atormenta.

 < 5aturalmente < ele prosseguiu, esfor#ando%se por manter a tranqTilidade <,haverá alguns problemas práticos. O escritor deve estar ocupado com outras coisas, agora.

 < Wtimo& /ispense%o, ele 8 p8ssimo& O rosto de Lance se desanuviou.

 < 6ocF 8 bem durona, heinM < comentou brincando. < 0u detestaria encontrá%lanuma noite escura... que diabo& >or que continuo falando como se pudesse enAergarM

 < >or que se importaM

 < 6ocF n$o fica constrangidaM

 < 5$o. Se vocF n$o se alterasse, eu nem lembraria que n$o pode enAergar.

 < 0u nunca tinha pensado nisso < ponderou Lance. < -em... ent$o, dispensamos oescritor. 0 depoisM >or onde come#arM

 < Se eu fosse vocF, reescreveria o livro desde a primeira linha, e com honestidade.2amb8m acho que deveria eliminar o capítulo das mulheres. az vocF parecer completamenteinsensível.

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 < 0stou come#ando a achar que seria melhor se eu fosse insensível mesmo. 5$o estásendo nada fácil agTentar o que vocF está fazendo comigo esta manh$. Como pode ser t$ocruelM < perguntou, fingindo desespero.

 < Ou#a...

Connie n$o precisou ler mais do que uns poucos parágrafos para que ele ficassevermelho de vergonha.

 < Certo, certo, pode parar. >are#o um terrível egoísta, admito. Sabe, o mais gozado 8que a mulher mais importante de todas sequer 8 mencionada, porque eu n$o dormi com ela. Oescritor achou que isso n$o despertaria a aten#$o dos leitores. >ensando bem, fico feliz que elan$o esteBa incluída nessa lista.

Connie se interessou.

 < Nuem 8 elaM < perguntou, sem poder evitar uma pontada de ciKme daquela queparecia ocupar um lugar especial no cora#$o de Lance.

 < Chamava%se ade. 0u a conheci num navio, na minha primeira corrida em Gnaco.Lembro que corri como um cretino e acabei estragando a corrida para mim e para a equipe./epois me senti muito envergonhado, mas ade conversou comigo de um Beito que me fezsentir um ser humano de novo. 5$o lembro bem o que ela disseE foi mais o seu Beito do que aspalavras. 0ra uma pessoa... especial.

>aralisada, Connie mal acreditava no que ouvia. Seu cora#$o come#ou a baterdescompasado.

 < 0nt$o, por que n$o continuou o relacionamentoM < perguntou com naturalidade,ap!s um momento.

 < 0u quase a levei para a cama, mas desisti quando vi sua carinha.

Connie cravou as unhas nas palmas das m$os. 2ocavam no assunto que vinhaatormentando seu cora#$o havia nove anos.

 < 0la n$o era mais do que uma garota, quase uma crian#a < continuou Lance comum leve sorriso. < 0stava escuro, e a princípio eu a Bulguei bem mais velha. Gas ela era purae inocente demais. iquei tentado por aqueles olhos verdes, os mais lindos que Bá vi. Gas n$opude. 2eria sido um abuso imperdoável de minha parte.

Connie apenas ouvia, sem conseguir falar.

 < 0nt$o eu a mandei embora... acho que de um Beito meio desastrado. /epois n$o nosvimos mais. -em que eu gostaria de saber dela, porque foi muito importante na minha vida.

5$o sei eAplicar direito o que ade fez com a minha cabe#a, mas foi por causa dela que eununca me casei. 5$o digo que me apaiAonei por elaE conversamos durante menos de umahora. Gas, mesmo sendo t$o Bovem, nunca encontrei uma mulher que me parecesse t$oprofunda e madura. 4cho que ade se transformou numa esp8cie de ideal para mim.

Connie Bamais sentira felicidade maior. 5$o seria um sonhoM Como era possível que Bamais tivesse pensado naquela possibilidadeM Sentiu um aperto na garganta enquanto aslágrimas lhe escapavam sem que pudesse detF%las.

Gas devia confessar%lhe sua identidadeM /everia dizer que era a IadeI de suahist!riaM 2alvez Lance ficasse desconfiado, perguntando%se por que ela n$o revelara o fato deconhecF%lo antes. 2alvez simplesmente n$o acreditasse, o que criaria uma situa#$o incmoda.Confusa, n$o sabia como agir.

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 < Connie, vocF ainda está aíM

 < Sim... Gas vocF disse que nunca mais soube delaM < perguntou, tentando ganhartempo para decidir o que fazer.

 < >ois 8. 5a manh$ seguinte eu tomei o avi$o. >erguntei a /ominic, mas ele disse

n$o conhecer ningu8m que se chamasse ade. 0nfim, n$o consegui localizá%la.Connie notou sua eApress$o sonhadora nos instantes de silFncio que se seguiram. Gal

acreditava em tudo aquilo&

 < J engra#ado, mas algo nos olhos dela me fazia pensar que... bem, acho que elagostava de mim. Gas n$o havia mais nenhuma pista do seu paradeiro < lamentou, com umsuspiro. < J a primeira vez que falo dela a algu8m. 2em certas coisas que n$o queremosdividir com os outros.

 < Sim, eu sei < disse Connie, quase num murmKrio.

 < 3esolvi contar%lhe porque sabia que vocF entenderia. Gas n$o podia colocar num

livro, tornando pKblico um fato t$o precioso para mim. >arece infantil, absurdo, masaconteceu.

Lance se calou, nostálgico.

 < Será que n$o está fantasiando demaisM < insistiu Connie. < S! a viu uma vez&

 < Sim, sei que pode parecer eAagero. Gas havia uma franqueza, uma honestidadenaquele rostinho... sei que n$o estou enganado. 1sso se torna ainda mais importante quando se8 cego. ade Bamais me iludiria Ipara o meu pr!prio bemI. 0la seria sempre t$o honestacomigo quanto vocF 8.

0nt$o Lance parou de falar. icou em silFncio, de repente atento ao que se passava

com ela. < ConnieM O que foiM

 < 5ada... 0u s! estava pensando... 6amos pr o livro de lado, está bemM

á n$o pensava mais em confessar%lhe a verdade. 4quilo s! serviria para confundi%lo.Haveria de chegar o momento certo de dizer%lhe. >or hora Lance precisava do apoio daenfermeira /enver. 0 era isso o que ela ia ser.

Connie n$o esquecera a descoberta feita quando fechara os olhos para sentir o mundocomo Lance. 0la, que sempre se considerara capaz de compreender os problemas enfrentadospor uma pessoa cega, desde aquele dia admitira a fragilidade de seus conhecimentos.

4ssim, decidiu continuar a eAperiFncia e pediu a Lance alguns dias de folga, semeAplicar o motivo. Lance concordou, e, com bom humor, fingiu%se desesperado.

 < Como vou me virar sem vocFM < perguntou, dramático.

 < /o mesmo modo como fazia antes de eu aparecer < retrucou Connie, divertida. <6ocF tem -rendan, 5orah e eorge, e possui muito mais habilidades do que antes.

Connie contou seu segredo aos trFs criados. -rendan e 5orah acharam a id8iaeAcelente, e eorge surpreendeu%a. /esde o incidente da piscina ele vinha mantendo umadistncia respeitosa. 4 descoberta de que a posi#$o de Connie era inatacável alterou suasatitudes e, t$o logo ela falou do plano, prontificou%se a colaborar.

7ma noite, -rendan levou%a at8 a esta#$o ferroviária, como se ela fosse mesmo viaBar.4quele estratagema convenceria Lance. 7ma hora depois, retornou e foi direto para a

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biblioteca, enquanto Connie subia para o quarto sem fazer barulho. 4 partir dali, era s! pr oplano em prática.

5aquela mesma noite ela vendou os pr!prios olhos, e de manh$ despertou naescurid$o. 2entando ir at8 o banheiro conBugado do quarto, errou a dire#$o e teve de irtateando pelas paredes. Lavar%se foi um suplício. O sabonete escorregou de suas m$os, e elapassou cinco minutos aBoelhada no ch$o frio at8 recuperá%lo.

5orah trouAe o desBeBum numa bandeBa, com os obBetos na mesma posi#$o a queLance estava habituado. Gesmo assim, Connie derrubou a faca no tapete e, quando a pegoude volta, descobriu que estava cheia de pFlos. /erramou chá no pratinho e molhou a torrada.4cabou desistindo antes de terminar e tentou relaAar escutando um programa de variedadesno rádio. Gas o locutor tinha uma voz irritante, que acabou deiAando%a ainda mais tensa.

V tarde ela come#ou a sentir uma estranha perda do sentido de dire#$o. 4os poucosseu medo foi aumentando. 2entou se acalmar, mas era difícil. 2ocava os obBetos, e elessempre lhe pareciam maiores, menores, ou at8 mesmo de formato diferente do que imaginava.Sua inseguran#a era terrível, pois, se n$o podia confiar no tato, nada mais lhe restava.

4 escurid$o parecia um manto sufocante. 0la Bá esperava por essa fase, mas n$o t$orápido. >arou para respirar fundo e lutar contra o pnico que a tomava.

5$o, a cegueira n$o significava s! esbarrar nas coisas, e sim sentir%se preso sem aop#$o de fugir.

/esesperada, flagrou%se perguntando como algu8m conseguia suportar aquilo semenlouquecer. S! ent$o compreendeu que Lance possuía uma coragem muito maior do que elaimaginara.

/ecidiu tomar um banho para se ocupar e tranqTilizou%se ao conduzir a opera#$o deforma mais ou menos eficiente. 4creditou que a água quente a aBudaria a dormir, masenganou%se. Custou a conciliar o sono e, quando finalmente adormeceu, sua noite foi povoadade pesadelos cheios de demnios. 4cordou tremendo.

/e manh$ tentou novamente ouvir rádio, mas estava mais nervosa e come#ou apercorrer as esta#Pes sem se satisfazer, at8 perder a paciFncia e dar um tapa na mesa,derrubando o aparelho.

4gora precisava achá%lo. 2ateou pelo tapete at8 que o encontrou, mas sua alegriadurou pouco9 o fio havia se soltado da tomada. O ritual de procurar Ds cegas recome#ou, eConnie bufava de !dio. >or um momento quase cedeu D tenta#$o de tirar a venda, mas suasm$os se detiveram a tempo e ela resolveu continuar tateando. Gas ao erguer%se bateu a cabe#adebaiAo da mesa.

 < Oh, inferno& < gemeu.

 < Calma, calma, n$o fa#a tanto barulho que ele pode ouvir.

O terrível choque de descobrir que eorge estivera ali observando causou%lhe umsobressalto, e ela tornou a bater a cabe#a.

eorge se apressou a segurá%la, aBudando%a a se sentar na cadeira, devagar.

 < ique aí que eu aBeito para vocF < ordenou.

O alívio por ter algu8m que a aBudasse foi indescritível.

 < Obrigada, eorge. Gais um minuto e eu ia enlouquecer.

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 < -em, vocF está cega, n$o 8M < ele retrucou um pouco agressivo. < >recisa deaBuda, n$oM

 < Sim, preciso < ela admitiu.

 < 6im buscá%la para um passeio. 0stá tudo arranBado. -rendan está com Lance na

piscina. < 0le se calou por um momento. < 6ocF n$o contou aquilo, n$o 8M < Nue vocF tentou fazer com que eu fosse demitidaM 5$o, n$o contei a ningu8m.

 < 0u 8 que teria sido demitido, se vocF tivesse contado. 0u n$o suportaria issoEestaria de volta D cadeia em um mFs. < 0le fez uma pausa. < Sabe, eu a estava observando.6i como quis tirar a venda, e como resistiu. 6ocF tem fibra, agora eu sei.

 < Obrigada, eorge < ela agradeceu, emocionada. < ico feliz em saber que estaráaqui para cuidar de Lance depois que eu me for.

 < 1r emboraM < perguntou, assustado. < Gas vocF e ele n$o est$o...

 < 5$o, n$o se iluda. J comum um paciente imaginar que sua enfermeira significa

algo especial, porque ela está sempre pronta a aBudá%lo, e 8 fácil confundir isso com amor. < >ode ser, mas quando ele souber que vocF fez isso...

 < 5$o, ele n$o deve ficar sabendo nunca. >rometa que n$o vai lhe dizer nada,eorge.

 < 0stá certo < ele concordou ap!s um momento. < >rometo que n$o direi umapalavra.

Vs dez da noite Connie se preparava para deitar%se. 0stava indo para o banheiroquando o ruído da porta se abrindo a deiAou paralisada. 0sperou que a pessoa dissesse algo,para que pudesse identificá%la, mas o silFncio persistiu.

/e repente, Connie sentiu%se totalmente indefesa, e a presen#a do desconhecido aamea#ava.

 < Nuem 8M < perguntou, nervosa.

2ateando pelo quarto, escutou ruídos semelhantes aos seus, como se tamb8m o outrose debatesse no escuro. 0nt$o suas m$os tocaram um corpo. 7m homem. 4s m$os deletamb8m a tocavam, nervosamente. Nuando ele alcan#ou os olhos e percebeu o tecido grossoque os cobria, o homem soltou uma eAclama#$o de choque.

5o instante seguinte ela estava nos bra#os de Lance.

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 < 6estir a roupa era quase impossível < contou Connie. < 0u marcava meus pontosde referFncia antes de come#ar, mas sempre acabava ficando perdida.

 < >ara mim tamb8m aconteceu o mesmo, no início < Lance admitiu. < /epoisdescobri que, sem querer, enquanto nos vestimos, damos uma meia%volta, e acabamos ficandodo lado oposto ao que estávamos quando come#amos. < 0le sorriu. < Lembre%se disso parao futuro.

5a noite anterior, quando Lance descobrira sua eAperiFncia, algo havia mudado entreeles. 4gora caminhavam sob as árvores, e de repente estavam de m$os dadas, com os dedosentrela#ados.

 < 0u deveria ter adivinhado que eorge n$o conseguiria manter segredo < disseConnie, divertida.

 < Gas ele está muito feliz consigo mesmo < contou Lance. < /iz que vocF n$opode acusá%lo de ter quebrado a promessa, porque, como prometeu, n$o disse uma palavra.4penas levou%me at8 o seu quarto, dizendo que havia algo lá dentro que eu precisava saber, efoi embora.

Connie sorriu, admitindo que, afinal, eorge era um homem de bom cora#$o.

 < 0le anda com umas id8ias esquisitas < disse Lance. < 4cha que vocF logo vaiembora daqui.

 < 5$o logo, mas n$o posso ficar aqui para sempre. 6ocF está melhorando a cada dia.1rei embora quando n$o precisar mais de mim.

Connie procurava falar como uma enfermeira competente e profissional, n$o como amulher apaiAonada que era. Gas, no fundo, esperava que Lance a contestasse, dizendo quesempre iria precisar dela. >or8m, isso n$o aconteceu.

 < O que vai fazer depois que for emboraM < Lance quis saber. >arecia indiferente,como se sua mente estivesse em outro lugar.

 < >rocurar outro trabalho < ela respondeu, do modo mais descontraído que pde.

 < Outro trabalho, outro paciente... 6ocF deve ter tido centenas, n$oM

 < Centenas < ela concordou.

 < 0 muitos deles deviam ser cegos... < Sim, muitos. 0specialmente no Kltimo ano, enquanto estive trabalhando com o dr.

4rthur < respondeu, sem perceber que estava indo direto para uma armadilha.

 < 0nt$o eu me pergunto9 por que vocF achou necessário vendar seus olhos depois detanta eAperiFnciaM

Connie ainda n$o havia percebido para onde estava sendo levada.

 < 5$o consigo compreender...

 < >or que nunca fez isso antesM >or que comigo e n$o com os outrosM

0la tentou dizer algo, mas balbuciava sílabas desconeAas. Lance estava agora D suafrente, e sua eApress$o era t$o atenta que Connie poderia Burar que ele a enAergava.

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 < >or que eu, ConnieM

Sentiu%se desnudada. Gesmo sem poder ver, Lance havia lido sua alma.

 < 0u nunca tratei de um paciente com tanta dedica#$o < gagueBou. < Sempretrabalhei em hospitais, e ali s$o muitos pacientes, mas aqui, estando em sua casa, no dia%a%

dia...Lance n$o a deiAou prosseguir. 2omou%a nos bra#os e beiBou%a com ardor. Nuando a

soltou, Connie tremia descontroladamente.

 < >or que fez isso, ConnieM < ele murmurou.

4ntes que pudesse pensar numa eAplica#$o plausível, seus lábios se perderam numoutro beiBo, ao qual ela correspondeu enlouquecida. /ominada pelo deseBo, disse a si mesmaque merecia aquele momento. Gerecia estar nos bra#os do homem que amava. Gas será queLance tamb8m a amavaM Ou s! precisava dela para sentir%se seguroM

 < 6ocF n$o vai me deiAar nunca, n$o 8M

 < Lance, eu... < 0stou pedindo que se case comigo < sussurrou e tornou a beiBá%la de leve. < /iga

sim, Connie. 6ocF precisa dizer.

 < 5$o posso. Lance, por favor, entenda... eu n$o posso.

O semblante dele tornou%se sombrio.

 < 0stá dizendo que sou um paciente como outro qualquerM

 < 6ocF sabe muito bem que significa bem mais do que um simples paciente paramim, Lance. Gas eu n$o posso falar dos meus sentimentos. 7ma enfermeira n$o deve...

 < >are com isso& < ele a interrompeu, áspero. < 5osso caso vai al8m da rela#$oenfermeira%paciente, e n$o tente negar.

Connie ps as m$os nos ombros dele, prevenindo%se contra a possibilidade de outrobeiBo.

 < 5$o estou negando < disse. < 0u n$o posso... oh, Lance, por que torna tudo t$odifícilM

 < >or que fez aquilo por mim, ConnieM >recisa me dizer.

 < 6ocF sabe por quF < admitiu, mas o manteve afastado quando ele tentou beiBá%la. < 5$o, Lance. >or favor, temos de conversar sobre isso.

 < Se vocF me ama, o que há para conversarM

 < Os seus  sentimentos. 5$o posso me casar s! porque vocF n$o quer perder suaenfermeira. 5$o seria Busto com nenhum de n!s. 5$o pode entender issoM

0le franziu o cenho, perpleAo.

 < Connie, vocF está falando bobagem. 0u n$o sou uma crian#a, sei o que quero.

 < 5$o pode saber agora, quando tantos medos ainda o atormentam. Nuando estiverseguro e independente, e Bá n$o precisar tanto de mim, ent$o será a hora de tomar decisPes.

 < Gas Connie, eu...

 < 5$o& < interrompeu%o, aflita. < 0spere sentir%se em condi#Pes de enfrentar a vidasozinho, antes. >ara o seu pr!prio bem < disse, quase numa sKplica.

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icaram calados durante algum tempo, antes de ele pedir9

 < 0nt$o prometa que n$o vai partir de repente.

 < á disse que ficarei aqui enquanto precisar de mim.

 < 0nt$o, por ora, tentarei me satisfazer com as coisas do Beito que est$o.

/e bra#os dados, retomaram o passeio. 0, enquanto Connie procurava se convencer deque tinha tomado a atitude mais sensata, seu cora#$o lhe dizia que fora uma boba,desperdi#ando a maior chance de felicidade da sua vida.

Como o ver$o chegava ao fim, Lance insistia em aproveitar ao máAimo os Kltimos diasde calor. >assavam horas e horas bronzeando a pele sob o sol intenso. 5a piscina, Lance

aBudou Connie a superar seu medo, ensinando%a a se manter boiando em águas maisprofundas. 0la procurava controlar%se, mas era difícil ficar insensível quando os bra#os fortesde Lance a seguravam, protetores.

7m dia Lance conseguiu romper essa resistFncia. 0stavam D beira da piscina, e ele lhepassava bronzeador nas costas, quando suas m$os come#aram a se deslizar em caríciasprovocantes. Connie sentia ondas de deseBo sendo despertadas a cada toque. 4o perceber%lhe area#$o, Lance ousou acariciá%la com mais intimidade, deiAando%a mais e mais eAcitada.

 < >are com isso, Lance, eorge pode aparecer < pediu, aflita.

 < 5$o se preocupe. 5!s trouAemos a cesta de piquenique, e eu dei ordens para n$o

sermos incomodados sob nenhuma hip!tese. 4liás, acredito que ele está louco para ser nossopadrinho de casamento. 5$o iria nos interromper.

 < 6ocF concordou em esperar < lembrou%o.

 < 0u disse que ia tentar  < corrigiu Lance sorrindo. < 0 tentei. S! que falhei.

5aquele dia Lance estava mais sedutor do que nunca e as barreiras de Connie foramdesmoronando uma por uma.

Nuando ele soltou o la#o do biquíni, colando seu corpo quente ao dela, Connie n$otentou afastá%lo. 0, transbordando de deseBo, come#ou a acariciá%lo, enquanto seus lábiosro#avam%lhe o ombro, descendo devagar pelo peito, descendo mais...

Lance n$o se conteve e, abra#ando%a freneticamente, deitou%a sobre o gramado. < /iga que me quer < murmurou.

 < Sim, Lance, eu o quero.

 < 0 diga que vai se casar comigo...

Connie n$o precisou se eApressar em palavrasE seu corpo va a resposta, naquelaentrega apaiAonada.

7ma brisa suave anunciou o fim da tarde. 0 o inicio de ums nova vida para Connie,que agora se tornava mulher.

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)-U$# 1

Lance dormiu at8 tarde na manh$ seguinte, e Connie foi direto para o estKdio aolevantar%se. 0nquanto trabalhava, datilografando algumas cartas, n$o conseguia parar depensar em tudo o que estava acontecendo.

Haviam ficado at8 tarde abra#ados no sofá da sala, conversando sobre os preparativosdo casamento, mas ainda n$o falara nada sobre ade. 4gora, que estava certa de ser amada,poderia se abrir com Lance, e eles dariam boas gargalhadas Buntos, relembrando detalhesdaquela noite inesquecível.

/eiAou%se ficar na poltrona, imaginando a cena9 a alegria de Lance ao descobrir averdade e o longo beiBo de amor que trocariam depois. /e repente lembrou%se de que, naeuforia em que estava, havia esquecido de tomar o caf8 da manh$, e resolveu pedi%lo a 5orahpelo interfone. Gas apertou a tecla errada e, ao perceber o engano, ia desligar para tentar denovo quando ouviu as vozes muito familiares de Lance e /8lia conversando sobre uma pessoaque tamb8m lhe era muito familiar9 3ichard /enver&

 < O quFM < Lance estava furioso.

 < 3ichard /enver. J este o nome < confirmava a modelo.

4gora Connie come#ava a entenderE distraída, tinha entrado

na conversa telefnica dos dois ao pressionar a tecla errada. icou completamente sema#$o, D espera do desastre.

 < 6ocF n$o sabe do que está falando < Lance ia dizendo. < /eve haver algumengano...

 < 5$o há engano nenhum, querido. 0u estive viaBando e, ao voltar ontem D noite,encontrei cinqTenta mensagens gravadas na minha secretária eletrnica. 0ra uma pessoachamada 3ichard /enver. 2elefonei%lhe, e ele se apresentou como Bornalista, dizendo quehavia me reconhecido perto da esta#$o de Chichester, quando meu carro quase bateu no desua enfermeira. 0le queria uma entrevista, por isso disse%lhe que viesse esta manh$.

Lance n$o respondeu.

 < 0le 8 o Bovem que Connie vinha encontrando, e achei que devia avisá%lo de que eleestá muito interessado em vocF. Suponho que Connie n$o lhe tenha falado sobre isso, n$oM

 < 5$o < ele respondeu com um n! na garganta. < 5$o falou.

Connie ouvia com um aperto no cora#$o, sem poder acreditar que aquilo estivessemesmo acontecendo.

 —   Newstime  < Lance falou ap!s uma pausa insuportável. < 0 8 claro que vocF lheconcedeu uma entrevista, n$o, /8liaM

 < Oh, bem, querido, afinal tenho de pensar na minha carreira. Gas sempre fui honestacom vocF, n$o fuiM 0 a sua adorável enfermeirinha parece que n$o foi t$o honesta assim. 0ladeve estar passando informa#Pes sobre vocF desde o come#o. S! me pergunto quanto ela n$oestaria recebendo por esse... servicinho < concluiu /8lia com maldade.

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 < Guito bem, /8lia < cortou Lance com frieza. < 4grade#o a informa#$o. 4deus.

Connie desligou com m$os trFmulas. 0ra !bvio que o veneno daquela mulher haviaatingido seu alvo. >recisava agir rápido. Lance tinha de saber a verdade. /esesperada,disparou como louca at8 o quarto dele.

 < Lance& < chamou, enquanto batia impacientemente na porta.Lá dentro, Lance conversava com eorge, e ela pde ouvi%lo ordenar com rispidez9

 < a#a o que eu disse, eorge&

Logo depois o homem abriu a porta e fechou%a atrás de si, saindo para o corredor.

 < 0le disse para vocF ir embora < informou. < O que foi que vocF fez, ConnieM 0leestá arrasado.

 < 5$o fiz nada < ela se defendeu. < J tudo um terrível engano. eorge, eu precisovF%lo. 2enho de vF%lo& 6ocF n$o sabe como 8 importante.

 < 5$o posso deiAá%la entrar. Lance me mataria. 0le está fora de si, Connie. 5unca ovi assim antes.

 < /iga%lhe que preciso falar com ele. Conven#a%o a deiAar%me entrar. >or favor,eorge < implorou, quase chorando.

O criado desapareceu pela porta e voltou segundos depois com uma eApress$o dedesnimo.

 < 0le vai falar com vocF mais tarde. Gandará avisar quando estiver pronto. 4t8 lá... < eorge engoliu em seco. < 4t8 lá, vocF n$o deve tentar se aproAimar de Beito nenhum. 0mandou%me ficar de olho nos seus movimentos.

7m vazio apoderou%se da alma de Connie. amais havia sofrido tanto& Gas aquilo n$oera Busto. Lance n$o podia acreditar em tudo o que dissesse uma mulher que o usarafriamente.

 < á que 8 assim, diga%lhe que nada disso será necessário. 6ou para o meu quarto.

O dia transcorreu como um terrível pesadelo. /eitada na cama, Connie n$o sabia o quefazer para convencer Lance de sua inocFncia. 4s horas se passavam e nada acontecia.

Somente no princípio da noite eorge foi procurá%la. Lance a esperava na biblioteca.

 < >elo amor de /eus, Connie, o que houveM

 < 0le n$o lhe contouM

 < 5$o. 5em tocou no assunto e proibiu que se pronuncie o seu nome nesta casa. Jmelhor ir vF%lo.

Connie encontrou a biblioteca mergulhada na penumbra. Como da primeira vez emque tinha entrado ali, apenas um pequeno abaBur iluminava fracamente um canto do cmodo.Sua primeira impress$o foi a de que Lance n$o estava lá. 0nt$o percebeu seu vulto de p8 BuntoD Banela, de costas para a porta. 4 mensagem era clara9 tudo estava destruído e voltavam Destaca zero. Como no primeiro dia, Lance n$o confiava mais nela, e n$o queria deiAar%se ver.

 < 6ocF está aíM < ele perguntou, rude.

 < Sim.

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 < 0ntre e feche a porta. Gas n$o chegue muito perto de mim. Sofrendo, ela obedeceu.0, mesmo sem fazer ruído ao caminhar sobre o espesso carpete, espantou%se quando o ouviudizer9

 < 4í Bá está bom&

0la estacou, ainda a alguns metros de distncia. < Nuero que me diga a verdade < ele prosseguiu com frieza.< O seu irm$o 8

rep!rterM

 < Sim, mas...

 < Limite%se a responder Ds minhas perguntas < interrompeu, brusco. < O seu irm$o8 Bornalista e trabalha para o Newstime?

 < 0le fez alguns trabalhos para o Bornal, mas isso n$o...

 < Guito bem, 8 o bastante < Lance a interrompeu outra vez. < Suponho que eracom esse seu irm$o que vocF se encontrava na cidade, n$oM

 < Sim, mas vocF tem de me ouvir, Lance...

 < 0u n$o deseBo tornar a ouvir a sua voz < cortou, enfático. < 4manh$ de manh$arrumará suas coisas e deiAará esta casa. Seus honorários ser$o pagos, e -rendan a levará at8a esta#$o. 0u n$o sei para onde irá depois e tamb8m n$o quero saber. S! quero esquecer quevocF eAiste. 4gora saia desta sala e n$o se aproAime mais de mim.

Connie respirou fundo e disse com firmeza9

 < 5$o, Lance, eu n$o vou.

0le se voltou com fKria em sua dire#$o.

 < O que foi que disseM < 5$o pode me condenar sem me ouvir. 6ocF nem sequer me acusou de coisa alguma

at8 agora.

 < 6ocF sabe muito bem por que estou fazendo isso, sua traidora& Saia desta sala,Connie. Saia desta casa& Saia da minha vida& 4gora&

 < 5$o vou sair enquanto n$o me escutar < ela gritou. < 2enho esse direito.

 < ora& < ordenou, avan#ando um passo. Seu rosto estava lívido de !dio.

 < Lance, deiAe%me eAplicar. 0u n$o fiz nada...

 < 5adaM 0ntrou na minha vida e ganhou a minha confian#a para depois me venderpara as colunas de fofocas& Saia, Connie. Saia antes que eu fa#a uma loucura&

Connie viu%o estremecer de raiva, mas s! notou a bengala quando ele a erguia no arpara agredi%la. 0la conseguiu desviar%se a tempo, antes que um vaso se espatifasse no ch$o.

O silFncio que se seguiu pareceu durar uma eternidade. Lance se apoiava com a m$osobre o espaldar de uma cadeira. 0stava pálido, e o suor frio cobria%lhe a testa.

 < 6ocF se feriuM < ele perguntou, preocupado e arrependido.

 < 5$o < mentiu Connie, e tocou o rosto onde penetrara um caco de lou#a.

4 porta se abriu com um estrondo, e -rendan entrou apressado, seguido de 5orah e

eorge.

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 < O que foi issoM < ele perguntou. < Houve algum acidenteM

 < 5$o houve nada < Lance respondeu, tenso. < 0u quebrei um vaso, s! isso.

 < Nue corte feio do seu rosto& < 5orah eAclamou olhando para Connie.

 < 5$o 8 nada < ela assegurou, tratando de cobrir o ferimento com um len#o.

 < Gas está sangrando...

 < O que foiM < perguntou Lance sem compreender.

 < 7m caco de lou#a me atingiu. J s! um arranh$o. /epois eu cuidarei disso.

 < 6ocF me disse que n$o tinha se machucado&

 < 0 8 verdade. 1sso n$o foi nada. 4gora, por favor, vocFs poderiam sairM Lance e eutemos de terminar um assunto.

2emia que Lance usasse a oportunidade para obrigá%la a sair tamb8m. Sabia que, umavez fora, nunca mais conseguiria lhe falar. Gas ele permaneceu calado at8 que estivessem a

s!s outra vez. < 6enha cá < ele ordenou. Nuando a sentiu perto, ergueu o bra#o. < Nuero sentir

esse machucado.

Connie levou%lhe os dedos at8 o corte no rosto.

 < >egue este len#o < ele ofereceu. < 0u n$o queria feri%la. 5$o estava tentandoacertá%la, estava s!... desabafando.

 < Sei que estava nervoso. Gas eu n$o poderia ir embora e deiAá%lo acreditando emmentiras. 0u n$o o traí, Lance.

 < 6ocF tem se encontrado com um rep!rter sem eu saber. 0 n$o me diga que ele n$oestava interessado em mim.

 < 5$o, n$o posso negar isso. 3ic+ me pediu que conseguisse uma entrevista comvocF. 0u disse que n$o era possível. >ensei que ele havia se conformado e me enganei.Nuando me procurou de novo, fui ao seu encontro em Chichester para repetir que n$o iriafazer o que ele queria. oi ent$o que vi /elia.

 < /8lia concedeu%lhe uma entrevista hoBe de manh$ < contou. Lance. < /ela eupodia esperar uma atitude dessas, mas nunca de vocF, Connie. Geu /eus, quando penso noquanto confiei... nas coisas que lhe disse... at8 o pedido de casamento... 6endeu isso a eletamb8mM < desafiou, num novo acesso de raiva.

 < 0u n$o contei nada& < esbraveBou Connie. < Como pode pensar que eu faria umacoisa dessas. Nue motivos tem para desconfiar de mimM

 < S! um9 o fato de vocF n$o ter me contado a verdade < ele disparou. < Seria muitosimples vocF me colocar a par dos fatos. 0u o manteria a quilmetros daqui. 5$o haverianecessidade de vocF ir encontrá%lo, a menos que tivesse algo para lhe dizer.

 < 5$o queria lhe contar. 0ra um problema meu, e achei que poderia resolvF%losozinha. Geu erro foi querer poupá%lo, Lance. Somente disso pode me acusar.

 < 5$o me soa muito convincente, Connie. 6ai ter de arranBar uma defesa melhor.

 < Lance, uma vez vocF mesmo disse que eu podia convidá%lo para vir aqui. Se eu

estivesse passando informa#Pes para 3ic+, por que n$o o traria para cáM

($

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5o silFncio de Lance, Connie sentiu que come#ava a convencF%lo. Gas quando elefalou, era como se lhe desferisse um tapa.

 < 0 como posso saber se n$o o trouAe mesmoM 6ocF pode tF%lo trazido várias vezessem que eu ficasse sabendo.

 < Geu /eus& < ela sussurrou entre lágrimas. < 5$o pode acreditar numa coisadessas.

 < 5$oM 0u posso acreditar em qualquer coisa, porque 8 muito fácil me enganarem. Seeu pudesse ao menos ver o seu rosto, eu saberia. Como vocF está agora, ConnieM 3indo doidiota ingFnuo que caiu na sua armadilha com tanta facilidadeM >ara quando posso esperar asmanchetes do Newstime?

 < >ara nunca& 0u nunca falei nada& 6ocF n$o pode me ver, Lance, mas n$o podedizer que n$o me conhece. 6ocF disse que confiava em mim. 0, se avaliar tudo o que houveentre n!s, terá de admitir que mere#o essa confian#a.

 < Confian#a cega& < ele ironizou. < Sabe o quanto 8 difícil para um cego confiarincondicionalmente em algu8mM

 < J o Knico tipo de confian#a que vale. 0, se depois de todas as minhas provas delealdade vocF ainda 8 capaz de desconfiar de mim, ent$o 8 melhor mesmo eu partir. Gas antesfa#o quest$o de provar a minha inocFncia. >reste aten#$o, Lance9 o  Newstime  8 um Bornaldiário. Se eu estivesse passando informa#Pes, eles as teriam publicado logo no dia seguinte,n$o concordaM

 < -em... < ele disse devagar.

 < 5orah lF o Newstime. Se ela tivesse visto algo, com certeza lhe diria, n$oM

 < 5$o necessariamente. 2alvez ela quisesse me poupar contrariedades.

 < 0nt$o chame%a agora e pergunte se ela viu nos Bornais qualquer men#$o a vocFdesde que eu vim para cá.

0le hesitou.

 < 6amos, chame%a. /iga%lhe que quer a verdade, n$o importa qual seBa.

6endo que Lance n$o se movia, ela mesma fez a liga#$o para a cozinha.

 < 5orah, poderia vir aqui um minutoM Lance tem algo a lhe perguntar.

Lance esbo#ou um movimento, mas desistiu. >ermaneceu onde estava, perpleAo.

 < 5orah Bá vem < ela informou. < 6ou deiAar que falem a s!s. < 4onde vocF vaiM

 < azer minhas malas.

 < 6ocF n$o parece muito segura de que 5orah vá limpar a sua barra < comentouLance com ironia.

 < 5orah vai  me inocentar, quanto a isso n$o tenho dKvidas. Gas depois eu vouembora. 5$o há mais sentido em ficar aqui. 5$o há mais nada que eu possa fazer por vocF,Lance.

 < 0u preferiria que vocF ficasse aqui enquanto falo com 5orah.

 < Como quiser.

((

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Connie atravessou a biblioteca e se postou perto da Banela, num canto mal iluminado.5$o queria que 5orah visse suas lágrimas.

4p!s alguns minutos de horrível espera, a criada apareceu.

 < Connie disse que deseBa falar comigo, Lance.

 < Sim... Há uma coisa que eu... < come#ou a dizer, mas de repente mudou de tom. < 6ocF faria a gentileza de nos preparar um caf8 forte, 5orahM

 < Sim, claro < respondeu, confusa. < oi s! para isso que me chamouM

 < Sim, obrigado < disse Lance, e, sentindo que Connie ia protestar, insistiu. < 1sso8 tudo o que eu queria, 5orah. >ode ir cuidar do caf8.

4 cozinheira se retirou, fechando a porta atrás de si. 0nt$o Lance apurou os sentidos,tentando localizar Connie.

 < 0stou aqui < orientou%o, sufocada pelas lágrimas.

0le avan#ou em sua dire#$o com passos decididos, esbarrando com indiferen#a emtudo o que encontrava pelo caminho. 0, quando a alcan#ou, enla#ou%a num forte abra#o.

 < >erdoe%me < implorou. < Connie, diga que me perdoa. 6ocF está chorandoM 5$ochore, por favor. Connie, Connie, perdoe%me.

0la, contudo, n$o conseguia falar. 4penas se deiAou ficar naqueles bra#os que Bápensava nunca mais poder sentir.

 < /epois de tudo o que fez por mim, como pude duvidarM

 < 6ocF devia ter perguntado a 5orah. 5$o quero que carregue sempre essa dKvida.

 < 5$o preciso perguntar. /evia ter acreditado em vocF logo no princípio. Oh,

querida, n$o chore.0nt$o acariciou%lhe o rosto suavemente, enAugando as lágrimas que escapavam sem

controle, e tomou%lhe o queiAo com carinho. 7niu seus lábios aos dela, num beiBo doce quen$o traduzia apenas amor, mas confirmava que ainda se pertenciam.

/epois de permanecerem um longo tempo abra#ados, Lance recriminou%se9

 < 0u mere#o um castigo& Como pude... 0stava fora de mim, e s! tomei consciFnciado que fazia quando percebi que vocF iria partir.

0la o beiBou de leve, confortando%o.

 < 5$o se preocupe mais. 4gora acho que a gente devia come#ar a pensar em 5orah < ela disse sorrindo. < Logo ela vai chegar com o caf8.

 < 5$o, n$o vai < garantiu Lance. < Olhe D sua direita. O caf8 está aqui. Ouviquando o trouAe.

Connie reparou com surpresa que uma bandeBa com o bule e as Aícaras Bá estava sobrea mesinha perto da lareira.

 < Nuer dizer que ela entrou enquanto n!s... -em, o que importaM 4cho que todosaqui Bá est$o sabendo de tudo, mesmo < disse sorrindo, enquanto servia o caf8.

 < 5$o consigo me conformar com o que fiz. Como posso remediar meu erro econvencF%la de meu amor, agoraM

()

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 < Nuerido, isso Bá faz parte do passado. 4gora deiAe%me contar o que houve... <pediu, enquanto tomavam o caf8.

 < 5$o. 5$o quero que me conte. 4penas venha para perto de mim.

Connie abra#ou%o e come#ou a beiBá%lo na nuca, insistindo em relatar, entre um

carinho e outro, a sua vers$o dos encontros com 3ic+. < Nuerida < ele disse, acariciando%lhe os cabelos. < 0u s! gostaria que tivesse me

contado tudo enquanto estava acontecendo. 4ssim eu poderia ter resolvido de uma vez.

 < 5$o& < ela replicou de pronto. < Lance, n$o 8 t$o simples assim.

 < 1sso tem a ver com os problemas pessoais do seu irm$oM < ele quis saber.

0la hesitou. 5$o mencionara o alcoolismo do irm$o para n$o parecer que usava dechantagem emocional.

 < 4 confian#a deve ser mKtua < ele insistiu. < >or favor, conte%me.

Connie cedeu. < 4t8 dois anos atrás, 3ic+ tinha um bom emprego. Gas foi despedido porque

come#ou a beber demais... < eAplicou, e contou%lhe a hist!ria toda.

 < Nuer dizer que o  Newstime  lhe daria um emprego se ele conseguisse meentrevistarM

 < 3ic+ parece pensar que sim.

 < 0 se fracassar vocF acha que ele voltará a beberM

 < 5$o sei. >arece que ele está se agTentando bem.

 < Gas vocF está preocupada com eleM

 < 4cho que n$o posso me livrar do hábito de me preocupar com 3ic+ < suspirou. < -em, talvez a entrevista com /elia lhe garanta o emprego.

 < /uvido < Lance observou secamente. < /8lia s! sabe falar sobre /8lia.

Os dois megulharam num silFncio pensativo. Lance parecia travar uma batalha mudadentro de si. 0, quando se decidiu, ergueu a cabe#a e disse a coisa mais inesperada que sepoderia imaginar9

 < Guito bem, ent$o traga o seu irm$o aqui. 6ou falar com ele.

 < Lance, n$o&

 < J isso o que vocF quer, n$o 8M

 < Sim, mas... n$o, n$o 8. 6ocF n$o pode...

 < 0u sou o melhor Buiz dos meus atos.

 < Gas vocF n$o sabe como isso poderá afetá%lo < insistiu Connie, com medo.

 < 0nt$o talvez Bá seBa hora de eu descobrir. Certa vez vocF me disse que eu mesmosaberia o melhor momento de falar sobre mim. >ois este 8 o momento certo... 4l8m disso, 8 agrande oportunidade de eu fazer algo por vocF.

 < Lance, se está fazendo isso porque se sente culpado pelo que houve...

0le a interrompeu com um gesto. Seus lábios se abriram num sorriso travesso.

(*

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 < 5$o 8 s! por isso < disse, com uma voz s8ria que contrastava com sua eApress$oradiante. < 0stou fazendo isso porque a amo.

)-U$# 1/

5$o havia nada que fizesse Lance mudar de id8ia. 0 Connie vacilava entre o deseBo depoupá%lo de um eAperiFncia talvez dolorosa e a esperan#a de dias melhores para 3ic+. Lancese divertia com sua indecis$o.

 < amais pensei que a eficiente enfermeira /enver vacilasse. Ligue para o seu irm$o,Connie.

 < 4goraM

0mbora indecisa, discou o nKmero. 4ssim que 3ic+ atendeu, Lance tomou o fone nasm$os.

Connie mal reparou nas suas palavras. 0stava atenta ao seu tom casual, agindo comose fizesse aquilo todos os dias. Gas tamb8m n$o deiAou de notar como, com a m$o livre, eleagarrava o apoio da cadeira com for#a.

 < 4manh$ de manh$, ent$o < Lance terminou. < -rendan irá buscá%lo na esta#$ode Chichester Ds dez e meia.

4ssim que desligou, ficou silencioso e tenso.

 < 6ocF n$o precisava fazer isso para me convencer do seu amor, Lance.

 < 4cho que sim. /eiAe%me fazer isso por vocF, Connie. J uma coisa que eu n$o fariapor nenhuma outra pessoa do mundo. 0 n$o há muito que eu possa fazer na minha situa#$oatual.

0la se calou. 5esses termos, a entrevista seria mais um passo de Lance rumo D suaindependFncia.

5aquela noite, mais uma vez, custou a dormir. >erguntava%se se agora poderiaacreditar no amor que Lance dizia sentir. 4final, ele decidira fazer por ela algo que n$oconcordara em fazer nem por /8lia. 4quela era a mensagem implícita em seu ato.

Gas seus receios voltaram quando desceu para a cozinha na manh$ seguinte e recebeude eorge notícias pouco animadoras9

 < Lance disse que vai descer mais tarde. >ude perceber que n$o dormiu bem.

Connie ficou preocupada.

 < J melhor eu ir vF%lo.

 < 0le me pediu para lhe dizer que n$o vá < eorge informou. < 5$o há nada degrave, mas ele quer ficar sozinho.

4ssim, n$o lhe restava nada a fazer sen$o ficar andando de um lado para o outro da

sala, nervosa.

(+

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Vs dez da manh$, quando -rendan Bá saía para apanhar 3ic+ na esta#$o, Lance aindan$o havia aparecido. Cada vez mais ansiosa, Connie se torturava pensando que logo o irm$ochegaria e encontraria Lance aniquilado. 5$o hesitaria em relatar tudo ao Bornal, e asmanchetes do Newstime anunciariam sem piedade o fim do aroto de Ouro. 4 vida de Lanceficaria mais insuportável ainda, e ela assumiria a culpa por isso.

Nuando o rel!gio marcou onze horas, o carro de -rendan apareceu na alameda. 3ic+ Bá acenava da Banela, e ainda nenhum sinal de Lance.

 < 4 reda#$o está que 8 uma loucura& < contou 3ic+ t$o logo saiu do carro. <0stavam prestes a imprimir minha entrevista com /8lia quando eu liguei e disse parasegurarem a mat8ria. < 0le parou para tomar flego. < O mais engra#ado foi quando apr!pria /8lia me ligou para saber quando a entrevista seria publicada. 4o saber que eu iriaentrevistar Lance Hamilton em pessoa hoBe... bem, nunca ouvi palavras t$o obscenas saídas daboca de uma mo#a. /e qualquer modo, o editor praticamente me garantiu o emprego.

 < 1sso tudo 8 maravilhoso, 3ic+, mas quero previni%lo de que Lance andou passandopor maus momentos e n$o está muito bem hoBe. 5$o prolongue muito a entrevista. 4goraespere que eu vou avisá%lo da sua chegada.

 < Gas n$o 8 ele, aliM

Connie estava de costas para a porta da frente e, ao voltar%se, viu Lance no topo daescada. 0stava vestido com displicFncia mas muita elegncia. >arecia muito D vontade,sustentando nos lábios um discreto sorriso de boas%vindas.

 < Connie& < eAclamou, Bovial. < 4presente%me ao nosso convidado.

 < Lance < ela subiu os degraus com o irm$o logo atrás, < este 8 o meu irm$o3ic+.

Sem hesitar, Lance ofereceu a m$o, firme e confiante, que o outro tomou num apertoefusivo.

Connie os observava. 0la, que amava Lance e o conhecia, n$o deiAou de notar osdiscretos sinais de uma noite maldormida. 0 nem a leve tens$o enquanto ele falavaaparentemente despreocupado. Compreendeu que estava representando. 0 muito bem.

 < 6amos entrar < ele convidou afinal. < 1magino que deva querer alguma coisapara se refrescar depois da sua longa viagem.

0m todo o percurso at8 a biblioteca Lance se moveu com uma agilidade natural queConnie Bamais vira depois do acidente. 0, quando os trFs se acomodaram, 3ic+ no sofá e eleem sua poltrona habitual, seu domínio da situa#$o era completo.

Lance tinha prática em entrevistas e sabia eAatamente como conduzir aquela, a maisdifícil de todas. >erguntou a 3ic+ se ele ia usar um gravador ou apenas fazer anota#Pes porescrito. Nuando 3ic+ disse que a conversa seria gravada, narrou uma hist!ria divertida, sobreum rep!rter que o entrevistara por mais de uma hora, at8 que percebeu que a fita n$o estavarodando. 4 partir daí, o ambiente se descontraiu por completo.

5orah serviu caf8 e bolinhos, enquanto Lance eAplicava9

 < 4chei melhor servir algo leve agora, para podermos almo#ar mais cedo. /epoispoderemos nos sentar e trabalhar. 2eremos a tarde toda para fazer uma boa entrevista.

3ic+ lan#ou um olhar reprovador D irm$, pelo modo como ela havia tentadoconvencF%lo a n$o se demorar.

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Connie fingiu n$o notar. Concentrou%se na arruma#$o da mesa, pondo os obBetos nolugar habitual. >ara sua alegria, Lance encontrou a Aícara sem vacilar. 0nquanto isso, 3ic+terminava de preparar o gravador.

 < Guito bem, estou pronto para o teste.

 < O que vocF acha desta bibliotecaM < perguntou Lance, abrangendo com um gestoamplo os livros em volta. < S$o uma farsa, 8 claro. Herdei%os do Kltimo dono desta casa.Gas eles ficam bem aí.

3ic+, que pareceu n$o perceber a ironia daquela declara#$o, voltou a fita e ps paratocar. O gravador estava funcionando.

 < Guito bem < o rep!rter anunciou, satisfeito. < Gas n$o se trata s! de umabiblioteca, n$o 8M 0stou vendo algumas prateleiras com vários trof8us que vocF ganhou.

 < Oh, isso& J coisa de 5orah. >or mim eu os colocaria no ch$o, para segurar portas,mas...

 < O suBeito na fotografia me parece familiar < observou 3ic+. < 0sse 8 /ominic -arra+, meu patr$o. 2irei essa foto em Gonte Carlo, há nove anos.

iz uma confus$o dos diabos nessa prova, e quase fui despedido. >elo Beito como /ominicestá sorrindo, posso garantir que a foto foi tirada antes da corrida. /epois, lembro que mechamou de Ium incompetente que n$o devia dirigir nem uma carro#aI.

Connie riu Bunto com o irm$o. icou surpresa com tanto bom humor, mas suafelicidade seria maior se n$o estivesse observando Lance t$o atentamente. >odia ver comoestava tenso pela risada eAagerada, que revelava um esfor#o sobre%humano para mostrardescontra#$o.

5a meia hora seguinte ficaram falando sobre coisas sem importncia, numa conversa

descompromissada. 3ic+ estava dando a chance para que seu anfitri$o se acostumasse D suavoz e ao seu modo de ser. 1sso os aproAimaria mais, permitindo que o rep!rter fosse maisindiscreto nas perguntas que faria. Nuando 5orah entrou para anunciar o almo#o, eles aindariam das hist!rias sobre /ominic.

Gas, de tanto falarem em /ominic, aquilo que Connie mais temia aconteceu. Seuirm$o subitamente lembrou%se do seu tempo de secretária9

 < 0i, mana, vocF n$o trab... < come#ou, mas suas palavras foram cortadas por umgrito.

 < O que foiM < perguntou Lance.

 < 7ma vespa < Connie gemeu. < 3ic+, pelo amor de /eus, aBude%me a tirá%ladaqui.

 < OndeM 0u n$o estou vendo...

 < 4li& < ela insistiu com firmeza. < 0stá perto da Banela, agora. < 4bra%a para queela possa sair.

0nt$o, sem hesitar, 3ic+ obedeceu aos sinais que Connie fazia com as m$os. Livrou%se da vespa ineAistente e compreendeu que n$o deveria mais tocar naquele assunto.

 < /esculpe se o assustei < ela disse a Lance, assim que tudo se acalmou de novo.

 < 5$o sabia que vocF tinha esse medo, Connie. 2enho certeza de que Bá escutei ozumbido de muitas vespas perto da piscina e das árvores, e vocF nunca se incomodou.

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 < 0las n$o me assustam ao ar livre. J s! dentro de casa que me d$o medo < foi amelhor desculpa que pde inventar.

Lance fez uma cara de dKvida mas n$o insistiu no assunto.

 < Sobre o que estávamos falando mesmoM < ele perguntou.

 < /e /ominic < 3ic+ lembrou. < 0le sempre foi um tipo e tanto, heinM Lembro%me de que a imprensa sempre contava hist!rias fantásticas sobre sua imensa fortuna.

Lance voltou a monopolizar as aten#Pes, e o almo#o transcorreu num clima agradávele divertido.

Gas afinal chegou o inevitável momento em que abandonaram a mesa e foram seacomodar para come#ar a entrevista. O sorriso desapareceu do rosto de Lance.

 < >odemos falar do acidenteM < 3ic+ props. < Conte tudo o que puder lembrar.

 < O que tamb8m n$o 8 muito. < 0le se acomodou melhor na poltrona. < Lembro%me de chegar ao fim da reta lado a lado com o carro de rederic. Se eu vencesse aquela

corrida, estaria dando um passo decisivo para conquistar o meu quarto título mundial. Oprimeiro tetracampeonato da hist!ria da !rmula ". < Lance fez uma pausa e respirou fundo.

 < rederic estava apenas um ponto atrás de mim na classifica#$o geral, e aquela era apenKltima prova da temporada. >or isso eu resolvi retardar ao máAimo o ponto de freagemantes de entrar na curva. 0nt$o... < fez uma longa pausa. < Gas Bá n$o dava para entrar nacurva, eu... havia confiado demais...

Connie apertou%lhe o bra#o, procurando dar%lhe nimo.

 < Lembro%me da grade de prote#$o se aproAimando muito rápido. 0nt$o senti oimpacto... chamas por toda parte. 0ra como o inferno, mas n$o senti nenhuma dor. S! o medodo fogo...

0le parou mais uma vez. Connie teve vontade de eApulsar o irm$o dali. 6ia, com ofundo da alma, que apesar de conservar sua pose Lance estava sofrendo como nunca.

 < Lembro que quando me tiraram do carro eu estava consciente. 0u pedia a /eus queme fizesse desmaiar... mas s! fui perder os sentidos quando abriram o meu macac$o eespetaram uma agulha no meu bra#o...

 < Lance, pare. 6ocF n$o...

 < /eiAe%me continuar < pediu, cortando os apelos de Connie.

 < Gas vocF Bá...

 < Nuerida, se disser mais uma palavra eu vou pedir que espere lá fora. 6ocF meaBudou a chegar at8 aqui, mas agora eu preciso seguir sozinho.

Sem alternativa, ela se calou. >ensando bem, aquela era a maior prova deautoconfian#a que ele Bá havia mostrado. /e fato, um sinal de que Connie havia tido FAito emseu trabalho. 0, no entanto, ela n$o conseguia se alegrar.

4 partir dali Lance ps%se a contar as semanas passadas entre o leito de hospital e amesa de cirurgia. 4 franqueza de sua narrativa destruiu a id8ia de 3ic+ de uma Iboahist!riaI. 4li estava todo o verdadeiro e intenso sofrimento de algu8m de carne e osso, e n$o alenda trágica de um mito criado pelos meios de comunica#$o.

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 < 2em uma árvore que fica do outro lado dessa Banela < continuou Lance, numa vozbaiAa e emocionada. < 5$o há nada de especial a seu respeito, mas vou me lembrar dela avida toda, porque foi a Kltima coisa que vi antes de a escurid$o se apoderar de mim.

Connie queria tocá%lo para de algum modo dizer%lhe que compartilhava seusofrimento, mas n$o se atrevia. 4quele homem conquistara o direito de seguir em frentesozinho.

 < 0 agoraM < 3ic+ perguntou, quase como se fosse uma heresia falar naquelemomento.

 < 4gora estou assim. 4inda n$o me encontrei nessa nova vida, mas estou mais pertode alcan#ar isso do que Bamais sonhei que chegaria. 4ntes, ficava deseBando morrer, masagora sei que ainda posso realizar muitas coisas e que simplesmente encerrei a primeira parteda minha vida. 0 n$o preciso lhe dizer quem me aBudou nisso < disse e estendeu a m$o, queConnie tomou entre as suas. 3ic+ observava os dois com aten#$o.

Lance come#ou a falar de Connie. alava com ternura, contando a dura batalha que

travaram no início, e em cada palavra deiAava transparecer seu amor. < Ontem eu estive com /8lia 2ellson < provocou 3ic+.

 < /8lia 8 uma !tima pessoa. 5!s nos separamos como os melhores amigos domundo. 5$o sei o que ela lhe disse, mas /8lia 8, digamos, notícia velha, n$oM

 < 0 qual 8 a notícia de hoBeM < 3ic+ ousou.

 < 4 notícia de hoBe 8 o que vocF está vendo. 4 de amanh$ ainda está por acontecer.Gas, eAtra%oficialmente < sussurrou, inclinando de leve a cabe#a na dire#$o de Connie < , 8muito provável que vocF seBa o primeiro a saber.

 < >elo menos uma vez na vida a minha irm$zinha mandona se deiAou cair por

algu8m& < ele eAclamou, satisfeito.

Lance caiu na risada e essa foi a primeira rea#$o espontnea naquele dia. Connietamb8m riu, embora com raiva por sentir%se corar envergonhada.

4 entrevista se encerrou ali. 4companharam 3ic+ at8 a porta da frente, onde -rendano aguardava, e depois de uma despedida alegre o rep!rter partiu de volta para Chichester.

Nuando o carro desapareceu de vista, Connie tomou Lance pelo bra#o e conduziu%o devolta ao aconchego da biblioteca. 0stava orgulhosa e muito feliz por ele.

 < 6ocF acha que o seu irm$o ficou satisfeitoM < ele perguntou assim que se sentou.

 < 6ocF foi maravilhoso < ela murmurou com afeto. < 0ssa entrevista vai aBudá%lo apromover sua carreira. Oh, Lance, eu n$o sei o que dizer.

 < 5$o importa. Eu tenho algo a lhe dizer, e quero que me ou#a com muita aten#$o.0u n$o preciso mais de vocF, Connie. 6ocF sabe disso, n$oM

 < Sim < ela balbuciou, tentando ocultar seu desnimo.

 < 6ocF precisa acreditar nisso, ou o que pretendo dizer a seguir vai ser muito difícil.

Connie hesitou. 2eria entendido tudo erradoM 2eria sido tudo aquilo uma esp8cie defesta de despedidaM Sentiu um aperto no cora#$o.

 < Connie...

 < Sim < apressou%se em dizer. < 0u acredito. 6ocF n$o precisa mais de mim, Lancee... eu estou contente por vocF.

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 < 0u tamb8m < ele disse, puAando%a para sentar%se ao seu lado no sofá. < 2alvezagora eu possa convencF%la de algo ainda mais importante9 eu a amo. O paciente n$o precisamais da enfermeira, Lance Hamilton vai precisar de vocF para o resto da vida.

0la tentou falar, mas sua voz n$o saía.

 < 7ma vez eu a pedi em casamento, e vocF pensou que eu poderia estar confundindoamor com inseguran#a. Gas agora sou capaz de me sustentar com minhas pr!prias for#as.5$o há mais medo e incerteza, s! amor. Connie, quer se casar comigoM

0la n$o conseguia responder. 0stava muda de emo#$o. 3espirou fundo e decidiuresponder%lhe de outro modo.

5aquele beiBo, havia a mais sincera declara#$o de amor, e Lance apertava%a forte, numsinal de que havia compreendido a mensagem.

5orah, que naquele instante entrava para recolher as Aícaras, retirou%se sem ruído ecorreu para contar as novidades. 2udo estava bem outra vez.

)-U$# 1//

4 hist!ria de 3ic+ nunca chegou a figurar nas páginas do  Newstime.  4lguns diasdepois da entrevista, ele telefonou D irm$ para eAplicar o motivo.

 < O editor%chefe e eu tivemos uma terrível discuss$o. 0le queria reescrever a mat8riatoda, para ficar mais sensacionalista, ent$o eu discordei e saí.

 < 0 agora, 3ic+M < ConrKe quis saber, orgulhosa mas chateada por ele ter perdido oemprego.

 < Calma, ainda n$o contei a melhor parte. /epois de deiAar a reda#$o, fui direto parao  Daily Record e ofereci a reportagem. 4divinhe& 6ai ser publicada amanh$, da maneiracomo a escrevi.

 < Nue bom& < ela eAultou. 4final, o Daily Record era um Bornal muito mais s8rio doque o Newstime.

4 reportagem mereceu mat8ria de primeira página, ocupando ainda duas páginasnobres de centro. Lance, depois que Connie leu tudo para ele, admitiu que 3ic+ tinha feitoum trabalho muito superior ao que ele esperava. 4 hist!ria havia sido tratada comsensibilidade, e sem dramatiza#$o.

5aquele mesmo dia, 3ic+ telefonou para saber o que tinham achado. Lance apressou%se em pegar o fone e mandar Connie sair da sala. Confusa com aquela atitude, ela n$o notou aeApress$o marota com que a tinha despachado.

/epois disso, uma rápida seqTFncia de eventos se seguiu. O editor do Daily Record

ofereceu a 3ic+ um emprego, mas ele recusou alegando estar muito ocupado nos mesesseguintes, escrevendo a autobiografia do futuro cunhado. O editor ent$o props manter%lhe a

vaga pelo tempo necessário, em troca dos direitos para a publica#$o do livro em capítulos.3ic+ respondeu que ia pensar.

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Connie n$o cabia em si de felicidade. 4gora, passava a maior parte do dia fazendo osarranBos para o casamento. 4 lua%de%mel seria pouco convencional. Como Lance se sentiamelhor num lugar familiar, passariam as nKpcias em -eech Hurst mesmo, mas 5orah e-rendan atenderiam a todos os telefonemas e chamados, com instru#Pes para dizer que n$ofaziam a menor id8ia de onde o Bovem casal se encontrava.

4 decis$o de Connie de contar tudo a respeito de ade se perdeu na avalanche decoisas por fazer. 0la ainda esperava encontrar o momento adequado para a confiss$o antes docasamento, mas as circunstncias pareciam conspirar contra seu prop!sito.

Lance convidou 3ic+ para ficar em -eech Hurst, a fim de que pudessem iradiantando o livro. Com isso, os momentos que tinham para conversar a s!s ficaram aindamais reduzidos, e quando estavam Buntos Lance s! falava do livro, pedindo%lhe para separarfotos, fazer anota#Pes e procurar cartas antigas.

 < 1sso n$o pode esperar at8 amanh$M < ela perguntou certa noite, quando Lance lhepedia para procurar um documento.

 < >or quFM < quis saber Lance. < >orque Bá passa da meia%noite, e eu gostaria de ir dormir < eAplicou

pacientemente.

 < Geu /eus& J mesmoM 6ocF deveria ter me falado antes, querida.

 < Gas eu falei. 4visei%o quando eram onze horas, e depois Ds onze e meia, mas nasduas vezes vocF respondeu9 IS! mais uns minutinhosI. 0stou conhecendo um outro lado seu,Lance. 6ocF 8 um eAplorador de m$o%de%obra barata.

0le riu.

 < /esculpe%me. Sempre fui perfeccionista, e esque#o que isso pode ser árduo para

outras pessoas. S! estou querendo acabar o livro antes da nossa lua%de%mel.

Connie ficava feliz de vF%lo absorvido no seu primeiro trabalho depois do acidente. 4onotar sua descontra#$o, pensou em falar%lhe sobre ade, mas estavam ambos cansados e, al8mdo mais, o assunto Bá n$o era t$o urgente. ade pertencia ao passado, e tudo o que ela queriaera viver intensamente aquela fase maravilhosa. O momento certo de revelar%lhe a verdadehaveria de chegar.

>or fim, 3ic+ pde retornar a Londres com uma pilha de páginas escritas e fitasgravadas. 5a manh$ seguinte, Connie foi acordada por eorge, batendo aflito na porta de seuquarto.

 < Connie, Connie, venha cá& < ele disse, preocupado. Connie encontrou Lance na cama, uma das m$os pressionando a testa.

 < 0stá tudo bem < ele avisou assim que a ouviu chegar. < J s! uma dor de cabe#a,mas está muito forte.

Connie lembrou que a ficha dele mencionava fortes dores de cabe#a logo ap!s oacidente. Gas uma nova crise depois de tanto tempo era motivo de preocupa#$o.

>rocurando manter uma frieza profissional, Connie administrou%lhe um analg8sicoforte e um sedativo, o que o fez dormir. Gas na manh$ seguinte a dor persistiu. 4pavorada,ligou para o dr. 4rthur.

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 < 5$o entre em pnico < disse o m8dico, tentando acalmá%la. < 0le levou um golpemuito forte na cabe#a, e os sintomas n$o v$o sumir muito depressa. Se a dor n$o tiverdiminuído at8 amanh$, ligue%me de novo e vamos pensar numas chapas de raios Y.

Gas na manh$ seguinte o quadro n$o havia se alterado. Lance tentava disfar#ar, mas aeApress$o de dor o traía. Connie voltou a ligar para o dr. 4rthur, que pediu%lhe para levarLance at8 a sua clínica.

 < 0 pare de se preocupar. 5$o deve ser nada grave < acrescentou.

Nuantas vezes ela mesma havia dito aquilo aos seus pacientes, a fim de acalmá%losM 0nem sempre a situa#$o era t$o despreocupante quanto tentava fazer crer...

Gas precisava controlar%se na frente de Lance, e, quando -rendan os levou a Londresdois dias depois, Connie foi conversando a viagem toda, falando sobre o livro, o casamento, oque lhe viesse D cabe#a.

5a clínica, Lance foi levado para fazer os raios Y, enquanto Connie e o dr. 4rthurdirigiram%se D sala de espera.

0ra um alívio poder falar francamente com algu8m sobre aquelas dores, e Connierelatou%lhe tudo em detalhes.

 < 4s radiografias dar$o o veredicto final < disse o doutor depois de ouvi%la. < Gaspor enquanto o meu palpite 8 que n$o há nada de errado com ele al8m de um desgasteemocional.

 < Nuer dizer que ele n$o deseBa de fato se casar comigo e essa 8 a maneira queencontrou para evitar o casamentoM < perguntou Connie com um peso no cora#$o.

 < >uAa vida, e pensar que eu sempre a achei perspicaz& 6ocF sabe que o stress podeser causado por emo#Pes boas e más. Lance vinha de um período muito duro de recupera#$o,

e de repente tudo come#ou a acontecer em sua vida talvez depressa demais. ique tranqTila,Connie, garanto que essas radiografias n$o v$o revelar nada de mais < assegurou, deiAando%asozinha.

>ouco depois mandou chamá%la para a cmara escura, onde as chapas estavam sendoreveladas.

 < Como eu previa& < ele eAclamou, satisfeito. < 6eBa, dF uma olhada. 5$o há nadade errado.

Connie observou as várias radiografias do crnio de Lance, enquanto o dr. 4rthur iamostrando como tudo estava normal.

 < /esculpe%me, dr. 4rthur. 0u devia ter acreditado quando o senhor me disse que n$odevia ser nada.

 < -em, nada de errado. Gesmo assim, surgiu algo muito interessante. 5$o posso tercerteza enquanto n$o eAaminar os olhos dele, mas, se eu estiver certo, valerá a pena fazer umanova opera#$o.

Connie parou um minuto, n$o ousando transformar em palavras o que pensava terentendido.

 < 6ocF está dizendo < falou devagar < que Lance pode voltar a enAergarM

 < S! com um olho. 5$o há nenhuma chance no direito. >or8m, talvez eu possa

devolver%lhe alguma vis$o no esquerdo. Sempre houve essa possibilidade, mas eu nunca a

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mencionei para n$o dar%lhe esperan#as sobre uma chance t$o remota. 4gora, por8m, posso verque houve uma evolu#$o favorável. 4s chances s$o maiores, sem dKvida.

 < 0 quanto ele vai poder enAergarM < perguntou, ansiosa.

 < 5$o terá uma vis$o perfeita, mas o bastante para se locomover sem aBuda. 2alvez

at8 para ler. /epois que eu fizer os testes, hoBe, poderei dizer com mais precis$o.Connie passou as horas seguintes na lanchonete do hospital, olhando para uma Aícara

de caf8 que n$o se lembrava de esvaziar. 5o primeiro instante, sua rea#$o Ds novidades tinhasido uma esp8cie de choque. Gas ent$o, aos poucos, foi compreendendo o que significava apossibilidade de Lance voltar a ver. Gesmo com um olho s!. 4 cada segundo que se passava,ela sentia crescer dentro de si uma enorme felicidade.

>or fim, depois do que lhe pareceu uma eternidade, sua entrada foi permitida. 4eApress$o de Lance Bá dizia que estava livre da dor e a par das boas novas. 3adiante, estendeua m$o para Connie, e quando ela a tomou entre as suas, Lance puAou%a para Bunto de si.

 < O dr. 4rthur acha que vale a pena fazer uma nova opera#$o < ele anunciou, assimque a soltou do forte abra#o. < 0le disse que talvez eu recupere a vis$o do olho esquerdo. ápensou, ConnieM

 < 2enho pensado nisso o dia todo, querido. 2udo será diferente&

 < 2udo eAceto n!s. 6amos nos amar do mesmo Beito. < 0le a puAou para um longobeiBo. Gas, ao se afastarem, suas pálpebras caíam, pesadas.

 < 6ocF está com sono, amorM

0le ficou sem Beito.

 < 0u sei que 8 feio cochilar durante um beiBo, mas 8 que me deram um sedativo forte

para a dor e...Connie riu, recuando um pouco ao ver que o dr. 4rthur entrava no quarto.

 < 6amos nos casar daqui a duas semanas < Lance contou. < 0nt$o, que tal marcar aopera#$o para depois da lua%de%melM

 < -em, acho que vamos ter um problema aí < disse o m8dico. < /entro de quinzedias vou viaBar para os 0stados 7nidos, s! devendo voltar depois de quatro meses. 0 antesdisso estou com a agenda lotada...

 < 0stá certo, o que s$o mais alguns mesesM < disse Lance, prontificando%secoraBosamente a esperar.

 < 0spere, eu n$o terminei. 0stou com a agenda tomada, exceto por uma cirurgia quefoi cancelada, para amanh$ de manh$. Sei que 8 um prazo muito pequeno, mas receio que seBao melhor que eu possa fazer.

 < 4manh$ de manh$& < Lance e Connie eAclamaram ao mesmo tempo, atnitos coma velocidade com que as coisas estavam acontecendo.

 < 0 quais s$o as minhas chances de voltar a enAergar, doutorM

 < 0u diria que a possibilidade 8 de cinqTenta por cento.

 < 0 quanto tempo vai levar at8 eu saber o resultadoM

 < 7ma semana. 2alvez dez dias. Lance respirou fundo. < 0nt$o vamos operar < decidiu%se.

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 < 0splFndido < concordou o m8dico. < 6ou deiAar tudo, preparado.

Os dois ficaram sozinhos no quarto, de m$os dadas. Gas n$o conversaram muito. Oefeito do sedativo se fazia sentir, e Lance Bá n$o conseguia resistir ao sono. Nuando fechou osolhos e seu corpo relaAou, Connie beiBou%o na testa e se retirou sem fazer barulho.

 < Chega a ser um choque < disse 3ic+ com falsa seriedade < descobrir que a irm$que eu sempre Bulguei calma, sensata e responsável tem agido como uma tolinha.

 < 2amb8m n$o 8 para tanto < Connie se defendeu.

 < Claro que 8. >or que diabos n$o contou quem era ade assim que ele tocou noassuntoM

Connie tinha ido passar a noite no apartamento do irm$o, e acabara por contar toda ahist!ria.

 < 5$o foi fácil < defendeu%se. < 0u n$o poderia ter contado logo no início, porquen$o sabia que ade havia significado tanto para ele. >ensei que Lance havia se afastado demim por ter me achado feia naquela noite, em Gonte Carlo.

 < Ou#a, mana, sei que teve suas razPes. Gas Bá conhe#o Lance o suficiente para dizerque ele tem um grande desprezo pelas pessoas que mentem. 0 que a ama acima de tudo. 6aificar furioso quando souber que ficou escondendo uma coisa dessas por tanto tempo.

 < Gas precisará entender que eu agi assim para seu pr!prio bem < ela disse, aflita.

 < 5o come#o, sim. Gas vocF devia ter%lhe contado tudo quando ficaram noivos. < 0u ia contar na manh$ seguinte, mas ent$o /8lia telefonou para fazer aquela intriga

e acabamos tendo uma briga terrível. /epois vocF veio para a entrevista e ... < comoverbalizar a mudan#a que se operara em LanceM Como eAplicar seu rápido amadurecimento,sua nova independFncia e for#aM 2udo isso a alegrava... e amedrontava tamb8m. Lance aindaestava sensível demais e qualquer atitude que o magoasse poderia pr tudo a perder. < S!esperei pelo momento certo < ela disse por fim. < Gas nunca parecia ser a situa#$oadequada... eu s! gostaria de poder recuar no tempo e ver onde foi que eu errei.

 < 6ocF estava ocupada demais sendo forte por todo mundo < disse 3ic+ comternura. < Connie, vocF Bá parou para pensar que os outros tamb8m gostam de ser fortesM

 < Gas... 8 o meu trabalho, eu...

 < 5$o. 6ocF foi sempre assim. J maravilhosa quando algu8m está precisando deaBuda, sei disso melhor do que ningu8m. Gas ent$o tudo tem de ser feito D sua maneira,porque I8 para o nosso bemI.

Connie ficou pensativa. /e fato, tinha negado a Lance uma informa#$o a que ele tinhadireito. 0 agora era tarde demais para consertar o erro.

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5a manh$ seguinte, Connie foi para a Clínica QellaRa+ e sentou%se na sala de espera.4tordoada com os Kltimos acontecimentos, come#ou a chorar descontrolada, at8 que percebeualgu8m se aproAimando. 4o erguer os olhos, deparou%se com 3ic+.

 < >ensei que n$o poderia deiAar de vir < disse ele, sentando%se ao seu lado. < /equalquer modo, tenho um interesse profissional nisso.

Gas Connie n$o se convenceu. 3ic+ viera para confortá%la, retribuindo toda adedica#$o da irm$. O alívio de vF%lo foi tamanho que o choro silencioso transformou%se numsolu#ar convulsivo.

 < ique calma, tudo vai dar certo. < 3ic+, abra#ou%a carinhosamente.

2alvez ele estivesse se referindo ao estado físico de Lance, mas Connie acolheu aqueleapoio de outro modo. 2emia que a hist!ria sobre ade destruísse sua felicidade. >or8m,afastou esses pensamentos, Bulgando%se egoísta demais num momento t$o importante paraLance.

Nuando finalmente o dr. 4rthur chegou, Connie ergueu%se de um salto.

 < 0 ent$oM

 < 2udo correu bem < anunciou. < Consegui aliviar a press$o no nervo !ptico.4gora nos resta aguardar para ver como o olho reagirá. 4ssim que tirarmos os curativos,saberemos o resultado. Gas tenho muitas esperan#as, Connie. J tudo o que posso dizer porenquanto.

O efeito da anestesia ainda n$o havia passado, e Lance dormia profundamente. Gasmesmo assim o m8dico permitiu que Connie o visse por alguns minutos, que ela aproveitoupara beiBá%lo e dizer que o amava, mesmo sabendo que n$o era ouvida.

Os dias que se seguiram foram de uma eApectativa desgastante. 5em ao menos podia

conversar com Lance. 0le dormia quase o tempo todo, sob efeito de sedativos, pois n$o podiamover muito a cabe#a. 5as raras vezes em que ficava acordado, parecendo consciente,conversava e ria, mas no dia seguinte esquecia tudo o que houvera. Connie n$o se preocupou,sabendo que era um efeito comum dos sedativos, mas isso impedia que lhe falasse sobre oassunto que tanto a atormentava. 0 o correr do tempo a deiAava cada vez mais aflita. >erdia ocontrole sobre o futuro, tudo dependeria de Lance.

0le sempre falava como se a recupera#$o da vis$o fosse certa, e uma vez tocou o rostode Connie dizendo9

 < 0sta 8 a coisa que mais quero ver no mundo.

 < Será que corresponderei ao que imaginaM < J l!gico que sim. Sei eAatamente como vocF 8 < disse, e tocou%lhe o rosto de leve,

percorrendo%o suavemente.

Connie sentiu%se sufocar, como naquela primeira noite, sob a penumbra da biblioteca.

 < Sei como 8 o seu sorriso < falou Lance, acariciando%lhe os lábios. < J uma bocasuave, bem%delineada. 0 sei muito mais. >osso at8 perceber como o seu rosto mudou nosKltimos dias. Há uma ruga de preocupa#$o na testa que n$o havia antes. 4lgo a temperturbado, Connie. O que 8M

IComo aquele garot$o inconseqTente pde transformar%se num homem t$o sensívelMI,

perguntava%se Connie. 4 deficiFncia física havia lhe dado uma outra perspectiva do mundo,

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ou talvez o passar dos anos tivesse eAercido a sua influFncia aos poucos, mas somente depoisdo desastre floresceu um novo Lance.

 < 5$o tenho problemas, Lance. Contanto que vocF sempre me ame.

 < 0nt$o n$o precisa se preocupar < garantiu num sussurro.

Gas Connie n$o podia esquecer seus temores. 0, quando o dr. 4rthur a procuroualguns dias depois, estava tensa.

 < 6ou retirar os curativos hoBe < o m8dico anunciou.

Seu cora#$o parecia prestes a eAplodir.

 < Como ele estáM

 < Calmo, at8 demais. 4cho que ele espera pelo pior.

Connie compreendeu sua depress$o assim que entrou no quarto e o viu sentado no sofáperto da Banela. Havia nele uma tranqTilidade estranha, como um mau presságio. >arecia um

homem D beira de um precipício, mantendo o equilíbrio por pura for#a de vontade.Nuando o cumprimentou, ele pareceu n$o tF%la ouvido. 0stava mergulhado em

pensamentos sombrios. 0 n$o mostrou nenhuma emo#$o, mesmo quando o m8dico come#ou aremover as bandagens.

4p!s a retirada do Kltimo curativo, permaneceu im!vel e de olhos fechados por algunssegundos. 0nt$o ergueu as m$os, tateando no vazio. Connie acolheu%as e sentou%se ao seulado, sentindo%lhe os dedos apertados de medo. Lance implorava sua aBuda, dizendo%lhe quesomente ela poderia lhe dar a coragem para dar o passo final. Connie inclinou%se e beiBou%onos lábios trFmulos.

 < 0 ent$oM 5$o vai olhar para mimM < murmurou.

/evagar, Lance voltou%se em sua dire#$o e abriu os olhos. 4 princípio, Connie n$oconseguiu saber se ele a via. Seus olhos ainda tinham uma fina camada branca. 0nt$o elepiscou como se tentasse focalizar melhor, e do olho esquerdo veio um raio de vida.

 < ade < ele disse suavemente. < 0u sabia que vocF voltaria um dia.

 < 6ocF sabia desde o inícioM < ela perguntou, quando voltou para vF%lo, horasdepois.

0stavam sentados Buntos e Connie repousava a cabe#a no ombro de Lance.

 < /esde o primeiro dia vocF me lembra ade, pelas coisas que dizia, pelo tipo depessoa que era. Gais tarde comecei a suspeitar, n$o que tivesse alguma raz$o l!gica, masporque vocFs duas eram pessoas especiais. 0u n$o poderia crer que eAistissem duas pessoasassim no mundo. 5unca tive certeza mas, quando pude ver seu rosto hoBe, n$o fiquei surpreso.0ra como se uma voz dentro de mim sempre tivesse dito9 IGas 8 claro. S! pode ser ela&I

Lance ergueu%lhe o queiAo e olhou novamente o rosto t$o amado. -eiBou%a comcarinho e, depois de um instante de silFncio, Connie disse9

 < >ensei que vocF n$o me reconheceria. 4final, foi há muito tempo.

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 < Gas vocF n$o mudou nada. Continua t$o linda como era naquela 8poca.

 < amais pude imaginar que vocF me visse desse modo. >ensei que tivesse mereBeitado por me achar feia e infantil. /urante anos me torturei com a lembran#a da cara quefez quando me viu no claro.

 < Nuerida... < come#ou Lance, beiBando%a no rosto. < 5unca me perdoarei por tF%lamagoado. 0u vi Buventude e inocFncia em seu rosto, e ent$o percebi o mal que poderia lhecausar.

 < Como me arrependo de n$o ter falado tudo antes& Gas temia sua rea#$o ao saberque eu vinha mentindo por tanto tempo.

 < 0u andava mesmo violento demais. /epois fui dimensionando melhor os meusvalores.

 < 0 quanto Ds corridasM < perguntou Connie, num teste final.

 < 4s pistas eram um outro mundo. 0u pensava que possuía tudo o que queria, mas

agora sei o que 8 realmente importante na vida. Obrigado por ter voltado, meu amor. /estavez n$o a deiAarei escapar.

Nuando chegaram em casa, Lance pediu a -rendan que os deiAasse no início daalameda.

Caminharam abra#ados, e Lance observava tudo encantado, como se visse os Bardins

pela primeira vez. < 6ocF consegue ver a casaM < perguntou Connie.

 < Gais ou menos. Há uma luz que atravessa as árvores e ofusca um pouco.

 < J o sol que come#a a se pr. O dia esta acabando < eAplicou Connie.

Lance tomou%a nos bra#os e deu%lhe um longo beiBo repleto de promessas para o futuroque construiriam Buntos.

 < 5$o < ele disse. < 0le está apenas come#ando.