Salazar, Censura e PIDE
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8/9/2019 Salazar, Censura e PIDE
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INFORMAO IMPORTANTE
O texto que se segue uma reproduo escrita, com
pequenas adaptaes e esclarecimentos, de um excerto do
documentrio exibido na SIC Sociedade Independente de
Comunicao sobre o estadista portugus Antnio de Oliveira
Salazar.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informao
constante deste documento foi apresentada pela citada estao
de televiso portuguesa, aquando da exibio do documentrio
referido.
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Antnio de Oliveira Salazar A censura e o veneno
A ideia no nova. J a Repblica ensaiara a censura, suspendendo
jornais hostis antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e, mais tarde,
em 1916, passando-os ao crivo censrio, com o pretexto de cuidar das
notcias sobre a participao portuguesa no conflito. Mas a prtica e os
propsitos sobem agora de consistncia
E assim, diligentemente, rotineiramente, os funcionrios da censura,
muitos deles militares reformados, trataro de deixar circular a verdade de
Salazar e de eliminar, com cortes, o que consideram veneno.
Dvidas sobre a bondade do sistema o prprio Salazar dir ementrevista a Antnio Ferro: Chego a concordar que a censura uma
instituio defeituosa, injusta por vezes, sujeita ao livre-arbtrio dos
censores, a uma digesto mal feita, s consequncias do seu mau humor.
Dessas dvidas, ditas com ironia, nada de bom resultar
A censura veio para ficar e Salazar est e fica
Antnio de Oliveira Salazar A PIDE e o inimigo
Para ministrar aquilo que, com ligeireza cruel, Salazar chamou os
safanes a tempo, surgiu, em 29 de Agosto de 1933, a Polcia de
Vigilncia e Defesa do Estado (PVDE), resultado da concentrao da Polcia
de Informaes e da Polcia Internacional, que vm dos tempos da
Repblica.
Nascida e treinada no combate aos restos da Primeira Repblica ou
reviralho, a PVDE que, em 1945, ser renomeada PIDE, no tarda a
eleger o inimigo principal: o Partido Comunista (PC). Quanto melhor
conhece o Partido Comunista, mais sucesso tem a polcia poltica na
descoberta de clulas e residncias clandestinas na identificao de
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militantes e nas prises. E a polcia sabia mais atravs dos seus agentes
infiltrados.
Prises sem culpa e sem mandado, confisses extorquidas, julgamentos
sem garantia de defesa. Para os comunistas, para o inimigo, no havia
trgua, nem compaixo, nem dvida. Para os anarco-sindicalistas, para os
comunistas e, mais tarde, para a oposio armada, a brutalidade e as
colnias penais! Para a oposio democrtica, porque tida, pelo menos,
perigosa ou porque os seus membros detm um estatuto social ou
profissional respeitado, a aco da polcia pode ir da relativa violncia,
pela deteno arbitrria, relativa maada de um interrogatrio corts.
O inimigo comunista podia contar com toda a ateno da polcia
poltica e do regime que a reorganizara. E o regime no hesita em recorrer
a aces de massas para combater o comunismo, aces como as grandes
manifestaes do dia 31 de Outubro de 1936, para as quais so at
convidadas delegaes estrangeiras. O inimigo comunista tem garantida
uma relao de dio com o Senhor Presidente do Conselho de Ministros
que, em 6 de Julho de 1937, dias depois de um atentado bomba de que
escapa ileso, discursa perante militares sobre o dio que lhe tem o
comunismo. E sobre o dio que lhe tm os comunistas, comenta: E devo
dize-lo, em plena conscincia, que o merecemos inteiramente. O inimigo
comunista pode at contar com essa forma especial de respeito, s devido
aos adversrios de morte e que est patente no filme A Revoluo de
Maio, uma obra do Secretariado de Propaganda Nacional, que retrata o
militante como um homem educado, dividido entre o amor e a aco
poltica, empenhado, consciente e que, na tipografia clandestina do
partido, vai exprimindo dos dilemas do PC:
No podemos sacrificar os nossos ideais pelo imperialismo e a vitria
rpida, mas incerta.
Ainda que, no final, o mesmo militante, tocado pelo feitio, se
arrependa sombra da bandeira nacional.