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PORTO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO UNIVERSIDADE DO PORTO
Sílice Jofrh*. de >OÍ*ÍA *■ RfiMUf**4
/U» IKXM* M 200S/2006
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Indice
índice : ^ ; ^ ^ Z 2
Lista de Abreviaturas 3
Resumo 4
Summary 6
Introdução 8
Objectivos 12
Participantes, material e métodos 13
Resultados 18
1. Descrição da amostra 19
2. Frequência de idosos em risco nutricional e com desnutrição 23
3. Concordância entre os métodos 29
Discussão 31
Conclusões 37
Bibliografia 38
Anexos 43
3
Lista de Abreviaturas
CTM - Concelho de Torre de Moncorvo
MNA - Mini Nutritional Assessment
MUST - Malnutrition Universal Screening Tool
DFM - dinamometria da força muscular
PSI - libras por polegada quadrada
PMB - perímetro do meio braço
IMC - índice de massa corporal
EJSR - Eunice Joana de Sousa e Rodrigues
-
Resumo V :
Introdução: Não é hábito proceder-se ao rastreio nem à avaliação do estado
nutricional dos idosos internados nos lares e centros de dia, apesar de
internacionalmente recomendado. O Mini Nutritional Assessment (MNA) tem vindo
a ser descrito como a ferramenta de eleição para a avaliação do estado
nutricional de idosos e o Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) e a
dinamometria da força muscular da mão (DFM), como métodos de rastreio. No
entanto, desconhece-se a concordância entre cada um destes métodos com o
MNA.
Objectivos: (1) Caracterizar a população idosa que usufrui dos lares e centros de
dia do Concelho de Torre de Moncorvo (CTM). (2) Avaliar o estado nutricional e a
prevalência de desnutrição destes idosos. (3) Estimar a concordância entre o
MNA e o MUST, e entre o MNA e a DFM, no rastreio de desnutrição. (4) Avaliar a
relação entre a DFM e o risco de desnutrição.
Métodos: Estudo transversal realizado em utentes dos lares e centros de dia do
Concelho de Torre de Moncorvo. A amostra é constituída por 178 idosos (121
mulheres e 57 homens), com idades compreendidas entre os 65 e os 95 anos,
representando uma taxa de resposta de 72,95%. Recolheram-se dados sociais e
demográficos, clínicos, antropométricos, da capacidade funcional (índice de Katz)
e de força muscular da mão e aplicou-se o MNA e o MUST.
Resultados: A população que utiliza os lares e os centros de dia do CTM tem
idades muito elevadas, havendo uma elevada proporção (>60%) com idades
superiores a 80 anos e elevada capacidade funcional. Foram diagnosticados pelo
MNA 15 idosos (8,4%) em risco de desnutrição e 4 (2,2%) desnutridos enquanto
que pelo MUST foram detectados 5 idosos em risco médio (2,8%) e 4 (2,2%) em
5
alto risco. A concordância entre o MUST e o MNA foi de 91,0% {kappa ponderado
=0,41 com intervalo de confiança a 95%: 0,17 a 0,65), sensibilidade=31,5% e
especificidade=98,1%. Apesar de, tanto homens como mulheres desnutridos
apresentarem menores valores de dinamometria que os bem nutridos (p<0,001),
esta medida da força muscular revelou ser pouco apropriada para rastreio, com
elevadas sensibilidade=89,5% e especificidadde=77,8%, mas com kappa =0,13.
Conclusões: (1) Mais de 60% da população utente de lares e centros de dias de
Torre de Moncorvo tem idades superiores a 80 anos. Ainda assim, é uma
população que apresenta elevada capacidade funcional. (2) Segundo o MNA, a
prevalência de desnutrição é relativamente baixa, 8,4% dos idosos encontra-se
em risco de desnutrição e 2,2% estão desnutridos. (3) A concordância entre MNA
e MUST é elevada, apesar de através do MNA terem sido identificados mais
casos. Esta situação pode dever-se ao facto de, para além de ferramenta de
rastreio, o MNA ser também ferramenta de avaliação. Estes dados não justificam
a utilização do MUST e da DFM como ferramentas de rastreio para risco
nutricional, por si só, em idosos utentes de lares ou centros de dia. (4) A DFM
revelou estar fortemente associada e de forma independente, com um menor
risco nutricional.
Summary
Objectives: Although widely recommended, routine nutritional screening is not
implemented in day care institutions in Portugal. This study aims to: (1) describe
elderly people in nursing homes and day centres from the Torre de Moncorvo area
(2) to evaluate their nutritional status and the prevalence of undernutrition among
the elderly (3) assess the screening value of simpler method; the Malnutrition
Screening Tool (MUST) and handgrip dynamometry (HGD) and (4) evaluate the
independent association between the HGD and undernutrition.
Material & Methods: A cross-sectional study in all nursing homes of Torre de
Moncorvo district was undertaken; 178 elderly people (57 men), aged 65-95 years
were included, with a response rate of 72.95%. MNA, MUST, demographic and
socioeconomic data, health status information, activities of daily living data,
anthropometric and HGD were all measured.
Results: The median MNA score was 13 (8-25), 15 were at risk of undernutrition
(8.4%) and 4 were classified as undernourished (2.2%). According to MUST
results, 5 people were detected as being at medium risk (2.8%) and 4 (2.2%) at
high risk. Although concordance between the MUST and MNA was 90%, weighed
kappa was only 0.41 (95% confidence interval 0.17-0.65), sensitivity=31.6% and
specificity=98.1%. While both undernourished men and women had lower mean
values of handgrip strength than well nourished (p<0.001), handgrip dynamometry
was shown to have a low screening value, with an high sensitivity=89.5% and
specificity=77.8% but with /rappa=0,13.
Conclusions: 1) More then 60% of the nursing home and day centre subjects are
over 80 have high functional ability. 2) The prevalence of undernutrition among the
elderly Portuguese in nursing homes was 2.2% and the risk of developing
7
undernutrition was 8.4%, according to MNA. 3) Agreement between MNA and
MUST is high, even though more cases of MNA were reported. Our data does not
support the use of MUST or HGD, as a nutritional risk screening tool, for the
elderly in nursing homes. 4) We found a significant and independent inverse
association between dynamometry and nutritional risk.
8
Introdução
A população idosa, no nosso país, representa 16,5% da população total,
sendo que no interior existe maior envelhecimento do que no litoral. A esperança
média de vida à nascença, em Portugal, era, em 2002, de 80,3 anos para as
mulheres e de 73,5 anos para os homens.1
Os idosos que vivem em instituições tendem a estar em pior estado
nutricional que aqueles que vivem em casa.2 Pensa-se que a desnutrição afecte
entre 5% a 10% dos idosos que vivem independentemente e 30% a 60%
daqueles que vivem em instituições.3,4 Segundo dados divulgados pela European
Nutrition for Health Alliance, 10% dos idosos residentes em lares perdem 5% do
seu peso corporal no período de um mês.5
Trata-se de uma população especialmente vulnerável à ocorrência de
problemas nutricionais, nomeadamente a desnutrição.3,6 Este é um problema
grave neste grupo etário, sobretudo devido à sua tendência para consumir menor
quantidade de alimentos e para fazer escolhas alimentares erradas.5,7
Os idosos são mais susceptíveis a uma nutrição inadequada do que os
adultos jovens e correm maior risco de desenvolver deficiências nutricionais.3,6,7
Situação esta que se deve, principalmente, a factores como: as alterações na sua
composição corporal, a perda de dentição, a disfagia, as mudanças no tracto
gastrointestinal, na função sensitiva (alterações no paladar e no olfacto, anorexia
e perda da sensação de sede) e na regulação de fluidos e electrólitos, a doença
crónica, a poli e a automedicação, a hospitalização, as restrições financeiras, a
alimentação monótona, o isolamento social, a viuvez e a diminuição da
independência.2,3,6"10
9
As consequências dos problemas nutricionais estão na base da diminuição
da saúde em geral, nomeadamente das capacidades funcionais, com perda de
autonomia, das capacidades mentais e, consequentemente, do aumento da
morbilidade (quedas frequentes, imunidade deficiente, aumento do risco de
infecções, depressão, aumento do risco de internamento hospitalar e do
prolongamento desse internamento) e aumento da mortalidade.2,3,11,12"17
Por outro lado, o aumento da longevidade nem sempre está associado a
maior qualidade de vida.18 Os objectivos do Healthy People 2010 utilizam agora a
qualidade de vida como padrão de saúde nacional.18 Melhorando a saúde e o
bem-estar dos idosos, com certeza se aumentará a sua qualidade de vida. Para
além disso, o bom estado nutricional promove uma melhoria dos estados
funcional e mental dos idosos.6,18
Sendo assim, é de fulcral importância o rastreio que conduza à intervenção
e à monitorização do estado nutricional da população idosa em geral, e daqueles
que se encontram institucionalizados, em particular, utilizando para isso métodos
simples e práticos.1,4,6,9,11,19,20
Torna-se, no entanto, complicado estimar a prevalência da desnutrição na
terceira idade, pois não existe consenso sobre os métodos utilizados para avaliar
o estado nutricional.2,21 Talvez a este motivo se deva, também, o facto de, nas
instituições que prestam cuidados a estes cidadãos, tantas vezes se ignorar e
negligenciar esta importante avaliação.4,15,22,23
Na presente investigação, a fim de avaliar e rastrear o estado nutricional
dos idosos institucionalizados no Concelho de Torre de Moncorvo (CTM), utilizou-
se, como método de referência, o Mini Nutritional Assessment (MNA).
10
Trata-se de um método simples, validado para rastreio e avaliação do
estado nutricional em idosos e que continua a ser o preferido, mesmo quando
comparado com outras ferramentas do género, nomeadamente o Subjective
Global Assessment, o Nutritional Risk Screening (NRS 2002) e o Nutritional
Screening Initiative Checklist.2,14,16,20,24"27 Engloba questões relacionadas com o
estado geral de saúde da pessoa, com o seu estado funcional e com a sua
ingestão alimentar, bem como com realização de medidas antropométricas.13,17,20
Apesar de o MNA ser o método consensualmente indicado para o rastreio
e para a avaliação do estado nutricional, não parece ser o ideal para utilizar como
rotina, pois necessita de um técnico treinado e demora cerca de 15 minutos a ser
aplicado.17
Assim, pretendeu estudar-se a validade relativa de dois possíveis métodos
de rastreio do estado nutricional, para esta população específica: o Malnutrition
Universal Screening Tool (MUST)17'19"22 e a Dinamometria da Força Muscular da
mão (DFM).23,24
O primeiro é um método de muito simples utilização, validado para rastreio
de problemas nutricionais em adultos.22,23,28,29 No caso do rastreio nutricional em
pacientes hospitalares idosos, mostrou ter uma óptima concordância com outras
ferramentas de rastreio, nomeadamente com a primeira parte do MNA (versão
rastreio).22
Através do MUST, prevê-se que 14% dos idosos que vivem
independentemente estejam em risco nutricional e que 20% a 50% daqueles que
dependem dos cuidados de algum tipo de instituição também estejam em risco.15
O segundo método avaliado, a DFM, é ainda mais simples e rápido, e está
também validado como técnica isolada para avaliação do estado nutricional.21,30
11
Está demonstrado que se trata de um forte indicador do estado funcional físico, da
morbilidade e da mortalidade, mas não se conhece a sua associação com o risco
nutricional em idosos.30'31
Os valores obtidos através da DFM dependem do sexo, sendo mais
elevados para os homens do que para as mulheres, e correlacionam-se
negativamente com a idade, diminuindo à medida que esta avança.21,30,31 Está
descrito que as incapacidades físicas e mentais não impedem a aplicação deste
método aos idosos.30
Sendo assim, e tendo em conta a dificuldade, atrás referida, em obter
informação sobre o estado nutricional dos idosos, seria absolutamente vantajoso
estudar a validade relativa destes dois métodos de rastreio e de avaliação do
estado nutricional, neste de indivíduos. Deste modo, exactamente pelo facto de se
tratar de ferramentas de utilização simples, rápida e barata, talvez se tornasse
mais frequente a prática destes procedimentos, tão expressamente
recomendados, nas instituições que acolhem as pessoas da terceira idade.
12
Objectivos
Foram objectivos deste trabalho:
1. caracterizar a população que usufrui dos lares e centros de dia do
Concelho de Torre de Moncorvo segundo parâmetros sociodemográficos,
clínicos, antropométricos e da sua capacidade funcional;
2. conhecer o estado nutricional e a prevalência de desnutrição dos idosos
dos lares e centros de dia do Concelho de Torre de Moncorvo;
3. saber se o Malnutrition Universal Screening Tool e a dinamometria da
força muscular da mão têm validade relativa suficiente para serem usados
como método de rastreio;
4. avaliar a relação entre a dinamometria da força muscular e o risco de
desnutrição.
13
Participantes, Material e Métodos
A presente investigação transversal abrange a população idosa utente dos
Lares e Centros de Dia do Concelho de Torre de Moncorvo.
A recolha de dados realizou-se nos nove lares e centros de dia do CTM,
nomeadamente: Fundação Francisco António Meireles (lar), Torre de Moncorvo
(Lar); Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Torre de Moncorvo; Centro
de Dia da Santa Casa da Misericórdia da Lousa; Centro de Dia do Felgar; Centro
Social Paroquial de Felgueiras (Centro de Dia e Lar); Centro Social Paroquial de
Carviçais (Centro de Dia e Lar); Centro Social Paroquial do Larinho (Centro de
Dia e Lar); Associação de Bem Fazer de Mós (Centro de Dia e Lar); Lar António
César do Peredo dos Castelhanos, entre Fevereiro e Março do corrente ano.
Como critérios de inclusão, utilizaram-se: estar inscrito na instituição, ter 65
anos ou mais1 e não estar em estado de saúde muito debilitado (acamado).
Todos os idosos foram esclarecidos acerca dos objectivos do trabalho e do
direito à recusa em participar. Apesar da natureza observacional da presente
investigação, foram considerados os princípios que constam da última revisão da
Declaração de Helsínquia.32
A informação foi recolhida sempre pela mesma entrevistadora (EJSR) e os
questionários foram aplicados por entrevista indirecta. Em alguns casos, quando
os idosos não se recordavam de algum pormenor ou estavam incapazes de
responder, solicitava-se a ajuda das funcionárias da instituição.
A entrevista era constituída por três partes (Anexos 1 e 2). Na primeira
parte, obtinham-se dados demográficos (idade, sexo, estado civil, grau de
escolaridade, com quem habita, tempo de internamento no lar), clínicos (número
14
de medicamentos e patologias mais relevantes) e antropométricos (perímetro do
braço, altura, peso). Realizava-se também a dinamometria.
A segunda parte destinava-se à avaliação da capacidade funcional do
idoso, através do índice de Katz.33,34 Esta ferramenta visa determinar o grau de
independência da pessoa ao realizar tarefas simples do dia-a-dia, tais como:
tomar banho, ir à casa de banho, vestir-se/despir-se, transferir-se/deslocar-se,
continência urinária e fecal e alimentar-se. Atribui-se pontuação conforme a
independência com que a pessoa desempenha as tarefas, cada ponto atribuído
corresponde uma tarefa que o idoso consegue desempenhar.
Da terceira e última parte, constava o rastreio do estado nutricional
aplicando o MUST131422 e o MNA13'3536. No MUST são avaliados três parâmetros,
nomeadamente: IMC, perda de peso não planeada nos últimos 6 a 3 meses e
efeitos da doença na ingestão alimentar. O resultado obtém-se através da soma
das pontuações obtidas em cada parâmetro.
O MNA consiste em duas fases. Na primeira, a fase da despistagem, são
colocadas 6 questões acerca da ingestão alimentar e apetite nos últimos meses,
peso, IMC, mobilidade, doença súbita e problemas neuropsicológicos. As
respostas são traduzidas em pontuações que, depois de somadas, permitem
saber se é necessário continuar para a segunda fase, de avaliação global, ou não.
Obtendo-se 12 pontos ou mais, o idoso é classificado como normal e não existe
necessidade de continuar. Se a pontuação for de 11 pontos ou menos, existe a
possibilidade de desnutrição e será necessário prosseguir a avaliação. A fase de
avaliação global é composta por 12 questões mais específicas sobre a
alimentação e o estado de saúde do idoso cujas respostas também equivalem a
pontos.
15
Por fim, somam-se as pontuações totais de cada uma das fases e deste
resultado se concluirá se o idoso está em risco de desnutrição ou já mesmo
desnutrido.
As medições antropométricas efectuadas foram baseadas em
procedimentos padronizados.36,37 Os idosos foram pesados numa balança de
plataforma, de marca Krups® com sensibilidade de 1kg, descalços e com roupa
leve. Para determinar a altura, colocou-se um objecto com superfície plana,
paralelo ao plano de Frankfort, fazendo um ângulo de 90° com a parede de modo
a marcar um ponto na mesma. Media-se então a distância do chão ao ponto
marcado na parede com uma fita métrica metálica, com sensibilidade de 1 mm,
até à altura do ponto marcado.
O cálculo do IMC37 realizou-se através da fórmula:
IMC =Peso (kg)/Altura2 (m)
A dinamometria da força muscular obteve-se utilizando um dinamómetro da
marca Sammons Preston, da Rolyan, que tinha como unidade de medida - libras
por polegada quadrada (PSI). As medições foram efectuadas com o cotovelo do
braço não dominante apoiado na mesa fazendo um ângulo de 90°. Media-se a
força conseguida num só impulso. O procedimento repetia-se três vezes e
registava-se o maior valor.30 Na literatura científica consultada, os valores de
dinamometria são sempre expressos em kg/f. Sendo assim, a fim de poder
comparar os valores, fez-se a devida através da fórmula:
kg/f = 2,255 PSI's-0,1344
16
O perímetro do braço era medido com o braço despido, estendido ao longo
do tronco. Media-se o comprimento do antebraço e encontrava-se o ponto médio.
Realizava-se a medição nesse ponto com uma fita métrica flexível.15,25
Nos casos em que era necessário medir o perímetro da barriga da perna,
fazia-se da seguinte forma: com o idoso sentado e a perna flectida a 90°,
media-se o perímetro no ponto mais largo da perna.15
Os idosos aos quais foi identificado risco nutricional, ou desnutrição, foram
referenciados para seguimento médico.
Análise estatística
Calcularam-se as médias e desvios padrão das variáveis contínuas e as
frequências das variáveis categóricas. Por vezes, os totais não perfazem 100%
devido a arredondamentos. Usou-se a prova de Bartlett para avaliar a
homogeneidade da variância. Compararam-se as médias pela prova t de Student
e recorreu-se à prova de Kruskal-Wallis, quando a distribuição dos parâmetros
estudados não era normal. Compararam-se as distribuições de frequências pela
prova de Qui-quadrado, com a correcção de Yates, quando o valor esperado em
algumas células era inferior a 20 ou pela técnica exacta de Fisher quando esse
valor era inferior a 5. Esta análise foi realizada através do programa estatístico
EPI INFO, versão 6.04 para DOS.
A associação entre a força muscular foi medida através do cálculo dos
odds ratios (OR) e respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%, em análise
univariada e ajustados por regressão logística não condicionada, recorrendo ao
programa SPSS 13.3.
17
O nível de significância utilizado foi de 5%.
Para avaliar o valor do MUST e da DFM como ferramentas de rastreio,
calculou-se a sensibilidade, especificidade e valores predictivo positivo e negativo.
Para estudar a concordância cada um dos métodos com o MNA, calculou-se a
percentagem de concordância, o valor de kappa e respectivos intervalos de
confiança a 95%.
Os participantes foram distribuídos por tereis de DFM, de acordo com a
distribuição da amostra total sendo que, ao tercil mais baixo corresponde o
número 0.
Para maior facilidade na análise dos dados, juntaram-se os 4 casos de
desnutrição com os 15 casos de risco nutricional, identificados pelo MNA,
considerando-se então um único grupo de risco, constituído por estes 19
indivíduos.
Foram utilizados, para comparação os percentis de IMC de Corish e col.
2003.37
Resultados
18
Do total de 257 utentes dos Lares e Centros de Dia do CTM, 13 estavam
acamados e não cumpriam, assim, todos os critérios de inclusão. Dos 244 idosos
que cumpriam os critérios de inclusão, 5 não foram incluídos na presente
investigação por se encontrarem em férias com familiares na altura da recolha
dos dados e 61 utilizavam as instituições (nomeadamente os centros de dia)
apenas para realizar as refeições, passando o resto do tempo nas suas casas.
Fizeram assim parte da presente investigação 178 idosos (72,95%),
correspondendo a 116 (65,2%) internados nos lares e 62 (34,8%) em regime de
centro de dia.
19
1. Descrição da Amostra
Encontram-se descritas na Tabela 1 as principais características
demográficas da amostra de idosos inquiridos.
Tabela 1 - Caracterização demográfica dos idosos inquiridos.
Características demográficas Sexo Feminino n (%)
Sexo Masculino n (%)
Sexo 121 (68,0) 57 (32,0)
Idade (anos)
6 5 - 6 9 3 (2,5) 4 (7,0)
7 0 - 7 9 38(31,4) 20(35,1)
8 0 - 8 9 64 (52,9) 27 (47,4)
>90 16(13,2) 6(10,5)
Escolaridade (grau)
Analfabeto 53 (43,8) 33 (57,9)
1o ciclo do E. básico incompleto 36 (29,8) 8 (14,0)
1o ciclo do E. básico completo 30 (24,8) 16(28,1)
> 1o ciclo do E. básico 2(1,7) 0 (0,0)
Estado Civil
Casado 14(11,6) 13(22,8)
Viúvo 97 (80,2) 31 (54,4)
Solteiro 9 (7,4) 11 (19,3)
Divorciado / Separado 1 (0,8) 2 (3,5)
0,449
0,087
0,004
A partir da análise da Tabela 1, pode observar-se a predominância do sexo
feminino e a idade avançada dos inquiridos, situando-se a maioria na faixa dos 80
- 89 anos. O analfabetismo é muito elevado e a maioria encontra-se viúva.
20
Uma elevada proporção dos idosos em regime de Centro de Dia mora
sozinha (66,1%). Daqueles que moram acompanhados, a maioria (66,7%) ainda
vive com os respectivos cônjuges.
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos valores de IMC dos idosos
estudados, por sexos.
Tabela 2 - Distribuição da amostra por intervalos de IMC, por sexo.
Intervalo de IMC Sexo n (%) Total Feminino Masculino n (%)
< 18,49 4 (3,3) 0 (0,0) 4(2,2) 18,50-24,99 39(32,2) 21(36,8) 60(33,7) 25,00-29,99 39(32,2) 17(29,8) 56(31,5)
S 30,00 39(32,2) 19(33,3) 58(32,6)
p = 0,529
Observa-se que, a maior parte dos homens se encontra num intervalo de
IMC normal. No entanto, existe uma elevada proporção que apresenta excesso de
peso e também obesidade. Foram apenas encontradas 4 mulheres com IMC
inferior ao normal.
A média de valores do PMB para o sexo feminino é de 30,0 cm (±3,69cm)
enquanto que para os homens é de 31,94 cm (±3,56cm) (p=0,001).
21
Verifica-se que a quantidade de medicamentos tomada por esta população
idosa difere consoante o sexo e a idade (Tabela 3).
Tabela 3 - Número de medicamentos tomados diariamente, por sexo e por idades.
Características N° medicamentos/dia
demográficas 0 1 - 2 3 - 6 £ 7 P
Sexo
Feminino 12(9,9) 34(28,1) 45 (37,2) 30 (24,8)
Masculino 8(14,0) 20(35,1) 20(35,1) 9(15,8) 0,042
Total n (%) 20(11,2) 54 (30,3) 65 (36,5) 39(21,9)
Idade (anos)
65-69 0(0) 3 (42,9) 1 (14,3) 3 (42,9)
70-79 7(12,1) 17(29,3) 19 (32,8) 15(25,9)
80-89 9 (9,9) 22 (24,2) 42 (46,2) 18(19,8)
>90 4(18,2) 12(54,5) 3(13,6) 3(13,6) 0,048
Total (%) 20(11,2) 54 (30,3) 65 (36,5) 39(21,9)
Facilmente se observa que a maior parte dos idosos tomam entre 3 a 6
medicamentos por dia. Apesar de haver alguma proporcionalidade entre os dois
sexos, a partir dos 7 medicamentos diários, são as mulheres a tomar mais.
Nota-se também que os utentes mais idosos tomam menos medicamentos.
Na Tabela 4, estão representados os resultados obtidos através da
avaliação da capacidade funcional pelo índice de Katz e sua relação com o sexo e
a idade.
22
Tabela 4 - Número de actividades pela avaliação pelo índice de Katz, por sexo e idade. — — — — ^ — — — — i — ■ — — ^ — — ^ — — Características demográficas Indice de Katz (n° de actividades)
0 - 2 3 - 5 6 Sexo
Feminino
Masculino
Total n (%)
Idade (anos) 65-69 70-79 80-89 >90
Total (%)
22(18,2) 56(46,3) 43(35,5) 6(10,5) 18(31,6) 33(57,9) 0,018 28(15,7) 74(41,6) 76(42,7)
1 (14,3) 1 (14,3) 5(71,4)
6(10,3) 18(31,0) 34 (58,6)
16(17,6) 46 (50,5) 38(31,9)
5 (22,7) 9 (40,9) 8 (36,4)
28(15,7) 74(41,6) 76 (42,7)
0,029
O grau de dependência das mulheres tende a ser mais elevado que o dos
homens. Ainda assim, a maior proporção dos idosos é totalmente independente.
Verifica-se ainda que os utentes com mais idade tendem a ter maior grau
de dependência, se bem que, mesmo entre os mais velhos, a proporção dos que
se encontram totalmente independentes é superior à dos totalmente dependentes.
23
2. Frequência de idosos em risco nutricional e com desnutrição.
Foram detectados, através do MNA, 15 (8,4%) casos de idosos em risco
nutricional e 4 (2,2%) realmente desnutridos.
Na Tabela 5, encontra-se a relação entre as principais características
demográficas e o estado nutricional dos indivíduos, pertencentes à amostra.
Tabela 5 - Relação entre as características demográficas da população e os resultados
do MNA
Caracte rísticas ráficas
Classes de MNA n (%) Total
demog rísticas ráficas Sem desnutrição Com risco de n (%)
desnutrição P
Sexo
Feminino 108(89,3) 13(10,7) 121 (68,0)
Masculino 51 (89,5) 6(10,5) 0,828 57 (32,0)
Idade (anos)
6 5 - 6 9 6 (85,7) 1 (3,9) 7 (3,9)
7 0 - 7 9 55 (94,8) 3 (5,2) 58 (32,6)
8 0 - 8 9 80 (87,9) 11 (12,1) 91 (51,1)
S 90 18(81,8) 4(18,2) 0,330 22 (12,4)
Escolaridade (grau)
Analfabeto 74 (86,0) 12(14,0) 86 (48,3)
1o ciclo do E. básico 42 (95,5) 2 (4,5) 44 (24,7)
incompleto
£1° ciclo do E . básico 43 (89,6) 5 (10,4) 0,258 48 (27,0)
completo*
Estado Civil
Casado 27 (100) 0(0) 27(15,2)
Viúvo 113(88,3) 15(11,7) 128(71,9)
Solteiro 16(80,0) 4 (20,0) 20(11,2)
Divorciado / Separado 3(100) 0(0) 0,135 3(1,7)
*Para maior facilidade de tratamento dos dados, juntaram-se os dois casos com escolaridade superior ao 1o ciclo do ensino básico. E. básico - Ensino Básico
24
As mulheres, os solteiros, os indivíduos com idades superiores a 80 anos e
os que têm menor grau de escolaridade, são os que se encontram em maior risco
de desnutrição.
Apenas um dos idosos, dos que moram sozinhos, se encontra em risco
nutricional, não havendo nenhum caso entre os que moram acompanhados.
Dos 15 idosos identificados como estando em risco nutricional, 1 estava em
regime de centro de dia e os restantes 14 internados nos lares. Eram também de
lares os 4 idosos aos quais foi identificada desnutrição.
No que se relaciona com o tempo de internamento nos lares, observa-se
que aqueles que se encontram em risco nutricional têm maior tempo de
internamento (4,50 anos, ±2,81) que os restantes (3,92 anos, ±3,00). Estes
resultados, porém, são desprovidos de significado estatístico.
Pode observar-se também, na Tabela 6, a relação entre as patologias mais
frequentemente apresentadas por estes idosos e o seu estado nutricional.
25
Tabela 6 - Patologias mais frequentes e sua relação com os resultados do MNA*
Patologias Total n (%*)
Classes de MNA n (%) Total n (%*) Sem desnutrição Em risco de desnutrição p**
Osteoarticulares 76 (42,7) 67 (88,2) 9(11,8) 0,026
Cardiovasculares 41 (23,0) 40 (97,6) 1 (2,4) 0,694
Respiratórias 18(10,1) 17(94,4) 1 (5,6) 0,930
Gastrointestinais 24(13,5) 23 (95,8) 1 (4,2) 0,477
Dislipidemias 11(6,2) 11 (100) 0(0) -
Hipertensão Arterial 75(42,1) 72 (96,0) 3 (4,0) 0,060
Diabetes Tipo II 29(16,3) 27(93,1) 2 (6,9) 0,926
Audição/Visão*** 33(18,5) 29 (87,9) 4(12,1) 0,978
Nenhuma 6 (3,4) 6(100,0) 0 (0,0) -
Outras**** 64 (36,0) 54 (84,4) 10(15,6) 0,177
* Dados referentes apenas aos idosos que apresentam a patologia referida. ** Comparação da presença/ausência da patologia por classes de MNA. *** Patologias relacionadas com a audição e a visão. **** De entre as quais se salientam: insónias (20,3%); problemas psicológicos (18,8%) e patologias relacionados com o tracto urinário (7,8%).
Neste grupo de idosos, as patologias com maior relevância são as
Osteoarticulares e a Hipertensão Arterial. Do mesmo modo, naqueles que se
encontram em risco de desnutrição, predominam os problemas osteoarticulares.
As Tabelas 7, 8 e 9 relacionam, respectivamente, os percentis do peso, da
altura e do IMC, com o estado nutricional da amostra inquirida.
26
Tabela 7 - Relação entre o percentil de peso e a classificação pelo MNA
Percentil de peso Classes de MNA* r i (%) Total
Sem risco nutricional Com risco nutricional n (%)
SP10 33 (20,8) 14 (73,7) 47 (26,4)
>PlO - £P25 17(10,7) 3(15,8) 20(11,2)
>P25 - SPSO 35 (22,0) 2(10,5) 37 (20,8)
>PõO — ^ 7 5 31 (19,5) 0(0) 31 (17,4)
>P75 - <P90 18(11,3) 0(0) 18(10,1)
>P90 - -P95 8 (5,0) 0(0) 8(4,5)
>P95 17(10,7) 0(0) 17 (9,6)
*p< 0,001
Dos idosos em risco nutricional, a maioria situa-se abaixo do P10. Porém,
mesmo daqueles sem risco nutricional, existe uma elevada proporção que se
encontra abaixo daquele percentil. Ainda assim, no geral, a maioria situa-se entre
o P25 e o P5o-
Tabela 8 - Relação entre o percentil de altura e a classificação obtida pelo MNA.
Percentil de altura Classes de MNA* n (%) Total Sem risco nutricional Com risco nutricional n (%)
SPs 58 (36,5) 14 (73,7) 72 (40,4)
>P5 - ^Pio 21 (13,2) 0(0) 21 (11,8)
>Pio - SP25 27(17,0) 2 (6,9) 29 (16,3)
>P25 - <;p50 35 (22,0) 3(15,8) 38(21,3)
>P50 - £P75 12(7,5) 0(0) 12(6,7)
>P75 - SP95 6 (3,8) 0(0) 6 (3,4)
*p = 0,047
A altura da maioria dos idosos situa-se abaixo do P5, tendência esta que
não muda ao analisar a população identificada como estando em risco nutricional.
27
Tabela 9 - Relação entre o percentil de IMC e a classificação obtida pelo MNA
Percentil de IMC Classes de MNA* r 1 (%) Total
Sem risco nutricional Com risco nutricional n (%)
SP10 7 (4,4) 8(42,1) 15(8,4)
> P i o - SP25 17(10,7) 5 (26,3) 22(12,4)
>p25 - <p50 30(18,9) 4(21,1) 34(19,1)
>PõO "~ ^ 7 5 33 (20,8) 0(0) 33(18,5)
>P75 - <P90 28(17,6) 2 (10,5) 30(16,9)
>P90 — ^ 9 5 14 (8,8) 0(0) 14 (7,9)
>P 95 30(18,9) 0(0) 30(16,9)
*p <0,001
Em relação ao IMC, verifica-se que a grande maioria das observações se
situa entre o P25 e o P75. Contudo, existem valores entre os P75 e P90 e mesmo
acima do P95. Como seria de esperar, no grupo dos idosos em risco nutricional, a
maioria das observações encontram-se abaixo do P10.
Em relação ao PMB, verificou-se que este é inferior nos doentes em risco
nutricional. Para os homens sem risco nutricional, a média destas medições é de
32,29 cm (±3,37cm) enquanto que para aqueles que se encontram em risco
nutricional é de 28,92 cm (±4,01cm) (p=0,012). O mesmo acontece com o sexo
feminino já que, as mulheres sem risco têm uma média de PMB de 30,38 (±3,30
cm) contra os 28,54 cm (±5,34 cm) das que estão em risco (p=0,058).
28
Tabela 10 - Relação entre o intervalo de IMC, índice de Katz e o número de medicamentos com o estado nutricional dos idosos.
Classes de MNA n (%)
Sem desnutrição Em risco de
desnutrição P
IMC (kg/m2)
< 18,49 1 (0,6) 3(15,8)
18,50-24,99 46 (28,9) 14 (73,7)
25,00-29,99 55 (34,6) 1 (5,3)
> 30,00 57 (35,8) 1 (5,3) < 0,001
índice de Katz (n° de actividades)
0 - 2 18(11,3) 10(52,6)
3 - 5 67 (42,1) 7 (36,8)
6 74 (46,5) 2 (10,5) <0,001
Medicamentos (n°/dia)
0 19(11,9) 1 (5,3)
1 - 2 48 (30,2) 6(31,6)
3 - 6 59(37,1) 6(31,6)
£ 7 33 (20,8) 6(31,6) 0,629
A maioria dos idosos em risco de desnutrição encontra-se dentro de um
intervalo de IMC normal.
Considerando ainda os idosos em risco de desnutrição, a maior parte já é
bastante dependente da ajuda de terceiros para realizar as tarefas mais básicas
do dia a dia.
Apenas 1 destes idosos não toma medicamentos diariamente, mas não se
verificam diferenças com significado estatístico entre quantidade de medicação e
o risco referido.
29
3. Concordância entre os métodos
A Tabela 11 mostra o estudo da validade do MUST enquanto ferramenta
de rastreio nutricional, quando comparada com o MNA, nesta amostra de idosos.
Tabela 11 - Valores da validade do MUST no rastreio de desnutrição..
Sensibilidade %
Especificidade %
VP+* yp- ** Concordância %
MUST 31,5 98,1 66,7 92,3 91,0
kappa = 0,41 (intervalo de confiança a 95% 0,17-0,65) *Valor Predictivo Positivo; **Valor Predictivo Negativo
Apesar de, quando comparado com o MNA, o MUST ter apresentado alta
especificidade e alto valor predictivo negativo, a sensibilidade e o valor predictivo
positivo são demasiado baixos. Os resultados - pelo MUST foram detectados 5
idosos em risco médio (2,8%) e 4 (2,2%) em alto risco - mostram que o valor
desta ferramenta, a nível de rastreio nutricional em idosos, é reduzido, mesmo
com um valor bastante elevado de concordância total.
No que respeita à DFM, trata-se de um método de sensibilidade
significativamente alta e uma especificidade também bastante razoável, como se
encontra explícito na Tabela 12. Apesar disso, não se pode considerar uma boa
ferramenta de rastreio já que o valor de kappa e o valor predictivo positivo são
muito baixos, o que significa que são identificados como estando em risco
nutricional muito mais indivíduos do que os que realmente estão. Isto é
evidenciado, também, pela baixa concordância.
30
Tabela 12- Valores da validade da Dinamometria no rastreio de desnutrição.
Sensibilidade
%
Especificidade
% VP+* yp- ** Concordância
%
Dinamometria 89,5 77,8 17,2 97,5 50,0
Kappa = 0,13 *Valor Predictivo Positivo; **Valor Predictivo Negativo
No entanto, este, é um método fortemente relacionado com o risco, pois,
como se pode observar na Tabela 13, a maior parte daqueles que estão em risco
nutricional, ou já desnutridos, têm valores de dinamometria mais baixos. Esta
relação é independente do sexo, da idade e do perímetro do meio braço, como se
evidencia na Tabela 14 (análise multivariada).
Tabela 13- Relação entre a dinamometria e o risco nutricional.
Classes de MNA n (%)
Tereis de DFM Sem risco
nutricional
Com risco
nutricional Desnutridos
Total
n (%)
0
1
2
60 (37,7)
50(31,4)
49 (30,8)
11(73,3)
3 (20,0)
1 (6,7)
3 (75,5)
1 (25,5)
0(0)
74(41,6)
54 (30,3)
50(28,1)
Tabela 14- Relação entre a DFM e o risco nutricional (análise multivariada).
Odds Ratio Intervalo de Confiança a 95% p DFM kg/f 0,792 0,688 0,91 0,001 Sexo 5,038 1,280 19,83 0,021 Idade 1,034 0,954 1,12 0,417 PMB 0,822 0,709 0,95 0,009
31
Discussão
A ausência de recusas e a elevada taxa de resposta (72,95%), na presente
investigação, permitem-nos inferir para a população de utentes de lares e centros
de dia do concelho de Torre de Moncorvo.
Os idosos avaliados apresentavam uma particularidade bastante
interessante que era a idade muito avançada, sendo que 51,1% dos participantes
apresentava idades entre os 80 e os 89 anos e 12,4% superior aos 90 anos. Tal
poderá estar relacionado com elevados padrões de saúde desta população. Em
relação às demais características demográficas, observou-se a prevalência do
sexo feminino (68,0%), uma baixa escolaridade (48,3% de analfabetos) e o
estado civil da maioria ser de viuvez (71,9%).
Foi notória a diminuição da quantidade diária de medicação tomada, com o
avançar da idade. Fenómeno também algo curioso, já que seria de esperar maior
debilidade com o aumento da idade, e consequente acréscimo da necessidade de
medicação. Uma possível explicação para este facto era avançada por alguns
idosos que, por descrença na mesma, muitas vezes se recusavam a tomar a
medicação, apesar da insistência das funcionárias. Por outro lado, pode também
dar-se o caso de, aqueles que estavam em pior estado de saúde e que realmente
tomavam mais medicamentos, terem já falecido.
Foi objectivo da presente investigação caracterizar nutricionalmente esta
população.
No que diz respeito aos parâmetros antropométricos estudados,
observaram-se estaturas muito baixas, com 40,4% abaixo do Ps, acontecendo o
32
mesmo com o peso, com 26,4% dos idosos abaixo do P10. Daí que, quando
analisados os valores de IMC, a maior parte se situasse entre os P2se o P75-
Quanto ao IMC, os valores obtidos para o grupo dos homens estavam
preferencialmente dentro de um intervalo normal (36,8%) e os das mulheres
encontravam-se igualmente distribuídos entre, intervalo normal (32,2%), excesso
de peso (32,2%) e obesidade (32,2%). Nenhum homem e apenas 4 mulheres
(3,3%) tinham valores de IMC abaixo do normal.
Contudo, registou-se, alguma tendência para o excesso de peso (31,5%) e
para a obesidade (32,6%).
O facto de um terço dos idosos terem valores de IMC dentro de um
intervalo normal pode estar relacionado com a vida ainda bastante activa destas
pessoas, o que pode constatar-se pelo facto de a avaliação pelo índice de Katz
indicar uma maioria de idosos completamente independentes - 42,7% realizava 6
das actividades diárias avaliadas.
A idade é o factor com relação mais directa com a pontuação obtida pela
avaliação através do índice de Katz. À medida que a idade aumenta, o grau de
dependência dos idosos aumenta também. No entanto, quando surge a
comparação entre sexos, constata-se que são os homens que detêm maior grau
de independência (57,9% - 6 actividades), a nível de desempenho das tarefas
básicas diárias. Está previsto que, em Portugal, as mulheres tenham uma
esperança de vida sem incapacidades, muito mais reduzida que a dos homens,
apesar de viverem mais tempo que eles.38
Apesar de a ferramenta usada para a avaliação do risco nutricional e para
a desnutrição, o MNA, ser consensualmente considerada válida e indicada para
este fim, poderá não abranger a variação natural destas populações muito idosas.
33
Contudo, a sua comparação com métodos mais complicados e invasivos,
como as avaliações bioquímicas, reforça a sua escolha.13,35
Em relação à frequência de idosos em risco nutricional e desnutridos,
foram identificados, pelo MNA, 15 idosos em risco nutricional (8,4%) e 4
desnutridos (2,2%), prevalência esta, menor que a documentada em países
europeus.1218 Também estes resultados poderão estar relacionados com os
elevados padrões de saúde desta população, atrás referidos.
As mulheres, os indivíduos com idades superiores a 80 anos, os solteiros e
as pessoas com mais baixa escolaridade são as que se encontram em maior risco
de desenvolver problemas nutricionais.
Apesar de a maioria dos idosos que ainda possuem casa própria viverem
sozinhos (66,1%), não se verificaram diferenças a nível de estado nutricional,
quando comparados aos que moram acompanhados. Isto pode dever-se ao facto
de, estes idosos, utilizarem o Centro de Dia para realizar as refeições principais.
De todos os que moram sozinhos, apenas um se encontrava em risco nutricional.
Quase todos os idosos aos quais foi identificado risco nutricional ou
desnutrição estavam internados em lares (18 do total de 19). No entanto, este
resultado pode não significar a maior prevalência destes problemas naquelas
instituições. Pode, apenas estar relacionado com o facto de, a maioria dos
inquiridos (65,2%) ser constituída, exactamente, por idosos internados em lares.
Contrariamente ao que seria de esperar, os valores de IMC dos indivíduos
identificados como estando em risco nutricional ou já desnutridos, tal como os dos
restantes, situam-se, maioritariamente (73,7%), dentro de um intervalo normal. O
que indica que, a identificação de risco nutricional ou desnutrição, na maior parte
34
dos casos, não esteve relacionada com baixo peso, mas sim com a capacidade
funcional e o estado de saúde do indivíduo.
Em relação ao PMB, observou-se que aqueles que têm menores valores,
são os que se encontram em maior risco de desenvolver problemas nutricionais.
Este facto pode dever-se à diminuição da massa muscular nos idosos. No
entanto, está descrito que não será a massa, mas sim a força muscular, que está
relacionada com risco.39 Isto pode constatar-se pela independência da associação
encontrada entre a DFM e o risco nutricional, com o perímetro do braço.
No que diz respeito aos resultados obtidos através do MUST, verifica-se
que, quando comparados com os resultados obtidos através do MNA, o número
de pessoas identificadas como estando em risco nutricional, ou já desnutridas, é
menor. Esta situação pode dever-se ao facto de a avaliação através do MUST se
basear em alguns parâmetros que indicam alterações relativamente recentes -
perda de peso não planeada nos últimos 3 a 6 meses e paragem da ingestão
alimentar há mais de 5 dias - observados, mais frequentemente, em doentes
hospitalares. Ora, nesta amostra, foi muito raro o registo do primeiro parâmetro e
não se registou nenhum caso referente ao segundo. Como o terceiro dos
parâmetros avaliados por este método era o valor de IMC, e estando a maioria
dos homens e boa parte das mulheres, como já descrito, dentro de um intervalo
normal, tornam-se, então, reduzidas, as identificações positivas de risco. O único
estudo em que se estabelecesse comparação entre a concordância do MUST
com o MNA, fê-lo apenas para a fase de rastreio.17 Não foram encontradas outras
avaliações de concordância entre estes dois métodos.
Sendo assim, poderá concluir-se que o MUST não é uma ferramenta
adequada para o rastreio do estado nutricional dos idosos utentes de lares e
35
centros de dia já que, apesar de bastante específico (98,1%), é um método de
fraca sensibilidade (31,5%).
A DFM seria, também, um método simples, barato e fácil de aplicar.
Todavia, no que respeita aos resultados alcançados pela medição da força
muscular, existe um certo antagonismo. Os valores da força muscular são, no
geral, bastante baixos, em relação ao que seria de esperar.23,24 Ainda assim, os
valores mais baixos são os daqueles que foram identificados como estando em
risco nutricional, ou já desnutridos. O que acontece é que, os resultados baixos da
maioria, mascaram a identificação das pessoas em risco, por este método.
É, portanto, esta, uma ferramenta com alta sensibilidade (89,5%) e
razoável especificidade (77,8%), quando comparada com o método de referência,
mas que falha no valor predictivo positivo (17,2%), ou seja, identifica muito mais
pessoas em risco nutricional, do que aquelas que realmente o estão. Trata-se,
então, de um método de validade reduzida, para o rastreio do estado nutricional
dos idosos nos lares e centros de dia.
No entanto, esta ferramenta tem um altíssimo valor predictivo negativo
(97,5%), o que significa que identifica como não estando em risco, os que
realmente não estão. Estes idosos são aqueles que apresentam valores de DFM
mais altos. Assim, pode dizer-se que se encontrou uma fortíssima relação inversa
entre a força muscular e o risco nutricional, independente do sexo, idade e PMB.
Existe, porém, um factor que pode ter contribuído para os baixos valores de
dinamometria, trata-se de uma população muito idosa, com evidente dificuldade
de utilizar o dinamómetro. Justifica-se assim a utilização futura de dinamómetros
mais sensíveis.
36
O facto de ter sido a mesma entrevistadora para todos os participantes e
de a amostra ter sido bastante representativa, podem ser considerados forças
deste estudo. Quanto às fraquezas, pode apontar-se o desenho transversal da
investigação. Teria sido, talvez, mais conclusivo, o acompanhamento do
desenvolvimento da desnutrição, pois permitiria identificar os factores de risco
responsáveis, úteis no delineamento subsequente de estratégias preventivas.
Este estudo permite acrescentar que o MNA é o método mais indicado para
o rastreio do estado nutricional, também para a população de idosos
institucionalizados.
O último estudo, realizado em Portugal, no âmbito do rastreio e avaliação
do estado nutricional desta população, efectuou-se entre Outubro de 1988 e Abril
de 1989 com idosos, residentes em Vila Franca de Xira, com idades
compreendidas entre os 70 e os 75 anos. Avaliaram-se parâmetros
antropométricos, clínicos e de capacidade funcional.40 No que diz respeito aos
parâmetros em comum, os resultados obtidos na altura são semelhantes aos da
presente investigação.
A falta de rastreio e de monitorização do estado nutricional dos idosos
deveria ser assunto de maior interesse junto das entidades responsáveis. A
prevenção será sempre a melhor das armas contra quaisquer problemas
relacionados com a saúde. A quantidade e qualidade de vida iriam, com toda a
certeza, sair favorecidas com atitudes simples como controlar o peso corporal e
vigiar a ingestão alimentar! Ainda assim, pode dizer-se que se trata de uma
população bastante saudável e independente.
37
Conclusões
Poderá então, após análise e discussão dos resultados, concluir-se que:
1. os idosos utentes de lares e centros de dia no Concelho de Torre de
Moncorvo apresentam idade muito avançada, estando 51,1% entre os 80 e
os 89 anos e 12,4% com mais de 90 anos. Este grupo é constituído
maioritariamente por mulheres (68%), em estado civil de viuvez (71,9%) e
com um nível de escolaridade muito baixo (48,3% analfabetos). As
patologias mais frequentes são as osteoarticulares (42,7%) e a hipertensão
arterial (42,1%). A maioria toma entre 3 a 6 medicamentos por dia (42,1%).
A nível de capacidade funcional os homens são mais independentes,
57,9% - 6 actividades diárias.
2. a prevalência do risco nutricional, nestes idosos, foi baixa. Apenas 15
(8,4%), dos 178, se encontravam em risco nutricional e 4 (2,2%) já
desnutridos. Por outro lado, registou-se alguma tendência para o excesso
de peso (31,5%) e para a obesidade (32,6%);
3. nem a DFM nem o MUST representam ferramentas com valor razoável
para serem suficientes, por si só, no rastreio do estado nutricional.
4. a força muscular da mão está associada a um menor risco nutricional. Este
efeito é independente do sexo, da idade e do perímetro do meio braço.
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ANEXOS
ai
Indice de Anexos
Indice de anexos ai
Anexo 1 -Questionário, simplificado, aplicado aos idosos a2
Anexo 2 - Guião de procedimentos relativo ao índice de Katz e ao MUST a5
a2
ANEXO 1
DADOS SOCIOECONÓMICOS
a°>
Data da Avaliação: I I Código: Idade: Sexo:
Estado Civil: Grau de escolaridade:
Só para Centros de Dia
Mora Sozinho: S N Se Não, com quem mora:
DADOS CLÍNICOS
Problemas de saúde actuais:
N° medicamentos que toma por dia:
ANTROPOMETRIA
Peso Kg
Dinamometria: lamed 2amed
Altura m
3amed
Altura do joelho cm
Maior:
INDICE DE KATZ ACTIVIDADES Pontos (1 ou 0)
TOMAR BANHO Pontos: IR A CASA DE BANHO Pontos: VESTIR-SE Pontos: TRANSFERIR-SE Pontos: CONTINÊNCIA Pontos: ALIMENTAR-SE Pontos:
Total:
MUST (Pontuação)
1. IMC 2. Perda de peso 3. Efeitos de doença
Total:
Eunice Rodrigues FCNAUP
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Norrieii^rfír. Ida"de":7:.~;.7. ;-pesprKg:-'E£:;vr:Estatura, cm::
Sexo: : : : . 1 ¾ ¾ ¾ ¾ - - 1 - ^
(annas'quando seja impossível medir a estatura)
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PJXSTREIO
A o doente apresenta perda de apetite? O consumo diminuiu nos últimos très meses devido a perda de apetite, problemas digestivos, dificuldade de deglutição ou mastigação?
0 = perda severa de apetite 1 = perda moderada de apetite 2 = sem perda de apetite r n
B Perda recente de peso (< 3 meses) 0 = peso perdido > 3Kg 1 = não sabe 2 = peso perdido entre 1 e 3 Kg 3 = sem perda de peso □
C Mcbilidaoe 0 = limitado à cama ou cadeira 1 = autonomia no interior do domicílio 2 = sai do domicilio n
D Doença súbita ou stress psicológico nos últimos 3 meses?
0 = sim 2 = não Q
E Problemas neuropsicoiógicos 0 = demência ou depressão severa 1 = demência ou depressão moderada 2 = sem problemas psicológicos D
F IMC (Peso/(estatura)J em kg/m
2)
0 = IMC<19 1 = 1 9 s l M C < 2 1 2 = 21 <.MC<23 3 = IMC S 23 ú
PONTUAÇÃO DA DESPISTAGEM (máximo de 14 pontos) D □
12 pontos OU ÍTT.S
1 i .Yitos ou menos
normal. Sem necessidade de continuar a avaliação
possibilidade de desnutrição. Continuar a avaliação. \
AVAL IAÇÃO G L O B A L
G 0 doente vive independente no domic lio? D 0 = não 1 = sim • D
H Tema mais de 3 medicamentos ?
0 = sim 1 = não D
I Escaras ou feridas cutâneas? D 0 = sim 1 = não
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J Ouan>as refeições completas toma b doente por dia? '
0 = 1 refeição 1 = 2 refeições 2 = 3 refeições
D
K O doente consome, • uma porção de lactepredutos ou menos por
□ não □ dia? sim
• uma ou duas porções por semana de ovos ou de leguminosas?
sim E não O • carne, peixe ou aves todos os dias? '■;
sim □ n â o ' f j
0,0 = se 0 ou 1 sim 0,5 = se 2 sim 1.0 = se 3 sim
L Consome o doente duas ou mais porções de fruta ou legumes por dia?
0 = não 1 - sim D
M Quantos copos/chávenas de bebida consome por dia? (água. sumo, café. chá, leite, vinho, cerveja,...)
0,0 = menos de 3 cepos/chávenas 0,5 = de 3 a 5 copos/chávenas 1,0 = mais de 5 copos/chávenas c
. ' Maneira de se alimentar 0 = necessita de assistência 1 = come sozinho com dificuldade 2 = come sozinho sem dificuldade
D
O O doente considera-se bem alimentado? (problemas nutricionais) 0 = desnlrição severa 1 = não sabe ou desnutrição moderada 2 = nenhum problema nutricional L J
O doente sente-se melhor ou com mer JS saúde que a maior parte das pessoas da sua i Jade?
0,0 = não tão bem 0,5 = não sabe 1,0 = igualmente bem r
2,0 = melhor ^
Q Circunferência do braço (CB em cm) 0,0 = CB<21 0,5 = 21 á C B á 2 2 1,0 = CB>22
R Circunferência da barriga da perna (em cm) r—1 0 = CB <31 1 = C B P i 3 1
AVALIAÇÃO uLOBAL(máximode ISpuitos) PONTUAÇÃO DA DESPISTAGEM PONTUAÇÃO TOTAL (maximode 30 pontos) | | | |
APRECIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Do 17 * 23,6 pontoa. : . o risco cto desnutrição Mano«'d« 17 pottfoi '/'•'«( dwhutrjçàb y
a5
ANEXO 2
MUST
1. IMC
IMC > 20,0 = 0
IMC 18,5-20,0=1
IMC < 18,5 = 2
2. Perda de peso (não planeada nos últimos 3 a 6 meses)
Perda < 5% = 0
Perda 5-10% = 1
Perda > 10%-2
3. Efeitos de doença
Adicionar 2 pontos caso, por doença, não há ingestão nutricional há mais de 5 dias.
TOTAL:
Totais
0 = baixo risco. Cuidados clínicos rotineiros.
1 = risco médio. Observar.
> 2 = alto risco. Tratar.
Pontuação
Eunice Rodrigues FCNAUP
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