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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
THÁLYTA BUENO MORAIS SANTOS
O PERFIL DA MÃO DE OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
DE ARAGARÇAS – GO
BARRA DO GARÇAS
2019
THÁLYTA BUENO MORAIS SANTOS
O PERFIL DA MÃO DE OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
DE ARAGARÇAS – GO
Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao
curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal
de Mato Grosso, Campus Universitário do
Araguaia, como parte das exigências para obtenção
do grau de bacharel em Engenharia Civil.
Orientadora: Profª. Deise Possati
BARRA DO GARÇAS
2019
À minha mãe Laura, meu filho amado Biel, meu
avô Lió e principalmente à minha avó Dorinha
“In Memorian”, a qual estaria aqui radiante e
orgulhosa da neta, quanta falta me faz!
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, que não foram
poucas.
A minha orientadora Deise Possati, pela suas correções e incentivos.
A meu avô Lió Rego que sempre nos ensinou a trilhar o caminho correto e a ter
sempre humildade.
A minha mãe Laura Vicunha pelo constante apoio, que sempre acreditou em minha
capacidade e sempre foi muito guerreira, e principalmente pelo suporte que me deu no
intercambio e nos momentos de maior dificuldade.
A meu filho amado Vittor Gabriel que é a luz em minha vida, no qual é o motivo
para eu me dedicar ao máximo a concretização dos meus objetivos.
A minha amada avó Maria Auxiliadora (Dorinha) “In memoriam”, que infelizmente
não pode estar presente em esse momento tão especial, que me faz tanta falta, foi difícil
conseguir continuar sem a senhora vozinha, mas creio que deve estar feliz por mais essa vitória
e que venha a tão sonhada formatura que sempre planejamos, te amo!
A todos os professores, colegas e pessoas que contribuíram de forma direta ou
indireta para meu crescimento pessoal.
“O estudo foi para mim o remédio soberano
contra os desgostos da vida, não havendo nenhum
desgosto de que uma hora de leitura me não tenha
consolado.”
(Montesquieu)
RESUMO
A construção civil acompanha a evolução do homem tendo sua própria adaptação às
necessidades que surgiram com o tempo. De uma época em que o homem se adaptava ao meio
em que vivia aos dias de hoje, a construção se reinventou utilizando por base o conhecimento
humano. Atualmente, as necessidades continuam as mesmas, porém com características que a
própria era impõe como produzir mais utilizando menos, redução de tempo e custo e um grau
de exigência cada vez maior por parte dos usuários das novas moradias. Uma das ferramentas
de sucesso da construção civil, está justamente no fator humano, pois dele nascem as ideias e a
possibilidade da sua execução. Partindo desse princípio, o principal objetivo desse trabalho é
justamente identificar quem é esse trabalhador capaz de transformar ideias em ações gerando
um produto de excelente qualidade com custo e tempo reduzido. Para que o objetivo do trabalho
fosse alcançado, foram necessárias pesquisas de campo junto às construtoras, órgãos
competentes e, principalmente, os trabalhadores. E esse perfil foi traçado de modo a identificar
as características principais de um trabalhador, sua formação, expectativas e perspectivas na
área da construção civil e, principalmente, o que o motiva. Além dos objetivos principais que a
pesquisa apontou, constatou-se também que essa área em Aragarças – GO é muito carente,
principalmente no que tange à organização do setor o que pode ser uma ideia a ser executada.
Palavras – chaves: Qualificação. Mão de obra. Construção civil.
RESUMEN
La construcción civil acompaña la evolución del hombre teniendo su propia adaptación a las
necesidades que surgieron con el tiempo. De una época en que el hombre se adaptaba al medio
en que vivía a los días de hoy, la construcción se reinventó utilizando por base el conocimiento
humano. En la actualidad, las necesidades continúan las mismas, pero con características que
la propia era impone cómo producir más utilizando menos, reducción de tiempo y costo y un
grado de exigencia cada vez mayor por parte de los usuarios de las nuevas viviendas. Una de
las herramientas de éxito de la construcción civil, está justamente en el factor humano, pues de
él nacen las ideas y la posibilidad de su ejecución. A partir de ese principio, el principal objetivo
de este trabajo es justamente identificar quién es ese trabajador capaz de transformar ideas en
acciones generando un producto de excelente calidad con costo y tiempo reducido. Para que el
objetivo del trabajo fuera alcanzado, fueron necesarias investigaciones de campo junto a las
constructoras, órganos competentes y, principalmente, los trabajadores. Y ese perfil fue trazado
de modo a identificar las características principales de un trabajador, su formación, expectativas
y perspectivas en el área de la construcción civil y, principalmente, lo que lo motiva. Además
de los objetivos principales que la investigación apuntó, se constató también que esa área en
Aragarças - GO es muy carente, principalmente en lo que se refiere a la organización del sector
lo que puede ser una idea a ser ejecutada.
Palabras - claves: Calificación. Mano de obra. Construcción civil.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Como a construção civil gera empregos (cadeia produtiva) ......................... 24
Figura 2 – Organograma do Ministério das Cidades e posicionamento do PBQP-H ...... 44
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Qualidade de mão de obra dificulta o aumento da produtividade ................ 31
Quadro 2 – Fases do Programa Minha Casa Minha Vida .............................................. 40
Quadro 3 – Cronograma dos eventos relacionados ao PBQP-H ..................................... 42
Quadro 4 – Quadro avaliativo do crescimento populacional de Aragarças - GO, Barra do
Garças – MT e Pontal do Araguaia – MT ............................................................. 48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – PIB Brasil X PIB Construção Civil ............................................................ 26
Gráfico 2 – Índice de Condições Atuais x índice de expectativas ............................... 27
Gráfico 3 – Índice de Confiança do empresário da indústria da construção .................. 27
Gráfico 4 – Principais problemas enfrentados pela indústria da construção no trimestre. 28
Gráfico 5 – Número de empregos com carteira assinada no setor da construção civil .... 30
Gráfico 6 – Pesquisa sobre o problema de qualificação dos empregados ........................ 35
Gráfico 7 – Comparação da produtividade da empresa em relação à concorrência ........ 35
Gráfico 8 – Empresas com dificuldades para qualificar seus trabalhadores ................... 36
Gráfico 9 – Fatores que afetaram a produtividade das empresas ..................................... 37
Gráfico 10 – Classificação dos trabalhadores por sexo ................................................... 51
Gráfico 11 – Classificação dos trabalhadores por idade ................................................ 52
Gráfico 12 – Classificação dos trabalhadores por estado civil ...................................... 52
Gráfico 13 – Classificação dos trabalhadores por número de filhos .............................. 53
Gráfico 14 – Classificação dos trabalhadores por grau de escolaridade ........................ 54
Gráfico 15 – Classificação dos trabalhadores por naturalidade ..................................... 55
Gráfico 16 – Classificação dos trabalhadores por tempo de serviço na área ................. 55
Gráfico 17 – Classificação dos trabalhadores por qualificação na área .......................... 56
Gráfico 18 – Classificação dos trabalhadores por interesse em outros cursos ................ 57
Gráfico 19 – Classificação dos trabalhadores por origem dos conhecimentos na área .... 58
Gráfico 20 – Classificação dos trabalhadores por função que desempenha na obra ........ 59
Gráfico 21 – Classificação dos trabalhadores por interesse em cursos de capacitação .... 61
Gráfico 22 – Classificação dos trabalhadores por fator motivador para desempenhar
melhor sua função ................................................................................................. 61
LISTA DE ABREVIATURAS
ABTB – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica
CBIC – Câmara Brasileira da Indústria
CCR - Companhia de Concessões Rodoviárias
CDL – Clube dos Diretores Lojistas
CNI - Confederação Nacional da Indústria
CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FENACON - Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de
Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
GO – Goiás
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICEI - Índice de Confiança do Empresário Industrial
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
MT – Mato Grosso
ONU – Organização das Nações Unidas
PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PIB – Produto Interno Bruto
PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida
PME - Pequena e Média Empresa
PDCA - Plan, Do, Check, Action (Planejar, Fazer, Verificar e Agir)
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECITEC - SECRETARIA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras
SINDUSCON – Sindicato das Indústria da Construção Civil
SP – São Paulo
TES – Treinamento em Serviço
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 16
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 16
3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 17
4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 19
4.1 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................... 19
4.2 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL ............................ 21
4.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL NA ATUALIDADE ............................................. 23
4.4 A MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................... 29
4.5 FORMAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO . 32
4.6 PROGRAMA “MINHA CASA MINHA VIDA” .......................................... 40
4.7 PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
DO HABITAT – PBQP-H ................................................................................ 42
5. METODOLOGIA .................................................................................................... 46
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 48
6.1 A CIDADE DE ARAGARÇAS ....................................................................... 48
6.1.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL EM ARAGARÇAS .................................. 49
6.1.2 O PERFIL DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
EM ARAGARÇAS – GO ................................................................... 50
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 65
APÊNDICES
1. INTRODUÇÃO
Na área da construção civil, tudo deve ser calculado, planejado e vistoriado em
função da exigência e impossibilidade de erros. Não basta investir em materiais de qualidade
se a execução da obra deixa a desejar, por isso, a mão de obra qualificada é um pré-requisito
básico para as empresas que buscam uma melhoria em sua produtividade, e não apenas o lucro.
Apesar do aumento da tecnologia na construção civil, a mão de obra ainda continua
sendo uma das ferramentas mais importantes na execução e sucesso da área. Essa relação se faz
tão presente, que, apesar da crise na área de empregos no Brasil, a construção civil continua
sendo uma das áreas que mais emprega mão de obra no cenário atual, segundo dados do IBGE
(PME) e CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Segundo SEBRAE Nacional (2017), a qualidade dos recursos humanos de uma
empresa é um dos principais fatores de seu sucesso ou fracasso. Infelizmente alguns processos
de recrutamento ainda realizam a seleção de empregados pensando naqueles com baixas
pretensões salariais sem oferecer posteriormente oportunidades de capacitação para melhorar o
desempenho nas atividades exercidas. A falta de competência profissional dos trabalhadores é
uma das razões para a baixa produtividade no trabalho. A falta de qualificação também diminui
consideravelmente o tempo do trabalhador no mesmo emprego. Embora seja de conhecimento
de todos que os resultados de uma empresa estão diretamente relacionados à capacidade de seus
profissionais, são poucas as organizações que priorizam a busca de um quadro técnico de
excelência.
A qualificação, treinamento e capacitação está longe de ser a garantia de que o
trabalhador é melhor ou pior que outro em questão de qualidade de serviço, mas é importante
observar que, principalmente na área da construção civil, quando se sabe o que está fazendo,
pode-se evitar muitos desperdícios. Inclusive, no decorrer das pesquisas, os trabalhadores com
mais tempo de serviço, e, consequentemente mais velhos, são aqueles considerados pelos
14
outros, os que tem mais conhecimento pela prática e mais respeitados numa obra, mesmo tendo
escolaridade inferior aos demais.
A questão principal do trabalho não está nas vantagens e desvantagens da
qualificação na construção civil de Aragarças-GO, mas sim em descobrir quem é esse
trabalhador quanto ao perfil sócio econômico, sua origem e seu posicionamento quanto à
profissão.
15
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar o perfil do profissional da construção civil de Aragarças – GO a partir
de pesquisa de campo e verificar o interesse em cursos de sua área, buscando assim a melhoria
na produtividade e qualidade do setor.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
▪ Elaborar questionário para entrevista em campo a fim de verificar o interesse
desses profissionais por cursos profissionalizantes.
▪ Coletar dados dos profissionais da construção civil para sua caracterização.
▪ Identificar o nível de satisfação do profissional da construção civil quanto a
renda, remuneração, condições e quantidade de trabalho.
▪ Identificar os cursos existentes nas cidades circunvizinhas.
16
3. JUSTIFICATIVA
A construção civil possui grande destaque na economia nacional por empregar um
grande número de trabalhadores. Isso é facilmente comprovado pelo motivo do setor
representar cerca de 15% do PIB e pelo elevado índice de emprego que gira em torno de 6% da
população ativa no país (REZENDE, 2013. Apud. BELLO, 2015). Estima-se que alguns
profissionais da construção civil estão no mercado de trabalho apenas com o conhecimento que
adquiriram no decorrer de sua vida e nesse período não se qualificaram em instituições
profissionalizantes.
Pesquisas apontam que a falta de mão de obra qualificada, dificulta a eficiência e
qualidade no cumprimento do cronograma no canteiro de obra. A grande rotatividade e pouca
qualidade da educação básica são as dificuldades que as empresas têm quando decidem
qualificar os trabalhadores (CNI & CBIC, 2011).
A preocupação com a carência de trabalhadores qualificados tem atingido todos os
setores da construção civil. De acordo com a sondagem feita pela Confederação Nacional da
Indústria e pela Câmara Brasileira da Indústria e Construção, a falta de trabalhadores é crítica,
sobretudo aos ligados diretamente com o canteiro de obra, como pedreiros e serventes (CNI &
CBIC, 2011).
Ainda hoje, as empresas preferem valorar a produção em detrimento de uma
quantidade maior de horas em treinamento de seus funcionários, o que ocasiona desperdício e
retrabalho, pois as atividades acabam tendo que ser refeitas (FONTENELLE, 2004, p. 22).
Um profissional qualificado pode trazer economia para as construtoras por ter mais
conhecimento técnico e teórico sobre o assunto. Contudo, visando a redução de gastos com a
mão de obra, as empresas acabam por contratar operários com pouca ou nenhuma qualificação,
sendo atualmente a falta de mão de obra qualificada, um dos principais gargalos na construção
civil (BOENO, 2016, p. 14 apud FORTES, 2014)
Afim de buscar soluções para ao cenário que está afetando a construção civil que é
a falta de profissionais qualificados em todas as áreas, tendo assim baixos níveis de
produtividade, objetiva-se analisar o perfil dos trabalhadores e os empecilhos por eles
encontrados para aumentar seu nível de conhecimento na área de atuação no município de
Aragarças – GO.
17
Um motivo que justifica essa pesquisa é o que relata Cordeiro (2002), que se não
há preocupação em treiná-los, qualifica-los, criar um vínculo com a empresa, e se não se têm
consciência que depende deles a qualidade do produto, não haverá comprometimento com a
qualidade.
A importância de um trabalho como esse se faz, não só pela identificação e
quantificação dos profissionais da área qualificados, mas também como uma oportunidade de,
dependendo da demanda, criar um programa de cursos voltados para qualificação desses
profissionais.
Outro fator importante desse trabalho é a inexistência de dados estatísticos
específicos dos profissionais de Aragarças – GO como pedreiro, servente, carpinteiro, enfim,
ao operário do canteiro de obra, nem do seu conhecimento o que também justifica o
desenvolvimento do tema. Assim, essa pesquisa é utilizada, para identificar quem são os
trabalhadores da construção civil, sua situação atual e suas aspirações quanto à profissão.
18
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A história da construção civil está ligada diretamente ao desenvolvimento do
homem na terra a partir do momento que abandona os hábitos nômades e passa a constituir uma
família e se fixar em regiões que lhe propiciem melhores condições de vida. Castro (2014, p.
20), afirma que apesar de não se constituir, formalmente, engenharia ou construção civil, na
pré-história, o que mais se aproximaria desses conceitos, estava relacionado à forma do homem
se abrigar das intempéries da natureza. A medida que essas necessidades se tornavam mais
específicas, o homem adquiria mais conhecimentos nas práticas que desenvolvia para sua
autoproteção.
Vale lembrar que esse processo do desenvolvimento das práticas da engenharia e
construção civil aconteciam em vários lugares do mundo, em diferentes épocas e de formas
variadas, não podendo ser traçado uma linha temporal única. Afonso e Fleury (2007), afirmam
que a história da Engenharia se confunde com a história da própria humanidade e teve início há
cerca de sete milhões de anos. Na Era Antiga, principalmente na região da Mesopotâmia,
grandes obras como muros, templos e canais de irrigação, foram criados pelos sumérios. Poucas
dessas obras sobreviveram às forças do tempo e do próprio homem.
Segundo Castro (2014, p. 20), o outro marco das construções no período e que ainda
podem ser admirados no Egito, são as pirâmides de Gizé (Quéops, Quéfren e Miquerinos), nos
arredores do Cairo, que se estimam terem sido construídas há quatro mil anos. Há, também, a
cidade de Alexandria, onde foi construído um grande farol que não resistiu ao tempo e às
guerras. Já na Grécia antiga, Arquimedes de Siracusa, um matemático, físico, engenheiro,
inventor e astrônomo, conseguiu, por meio de seus conhecimentos científicos, desenvolver um
sistema capaz de levar água em diferentes elevações na cidade, demonstrando a aplicabilidade
da física e matemática na engenharia.
Enquanto isso, o império romano também se desenvolvia na área criando grandes
obras voltadas para a sociedade e o bem-estar público no geral como aquedutos, pontes,
barragens, estradas, mercados.
19
Os gregos com seus conhecimentos de matemática, deram grande
contribuição para o progresso da humanidade e o filósofo Pitágoras (Século
VI a.C.), foi uma das primeiras pessoas a argumentar e forma dedutiva, ou
seja, aplicando argumentos puramente lógicos a princípios e axiomas. Foi na
Alexandria egípcia que viveu Euclides, o homem que sistematizou a
geometria e deu-lhe a forma que perdurou até o século XIX. Esta base
matemática foi fundamental para o desenvolvimento dos cálculos,
amplamente utilizados na engenharia (AFONSO e FLEURY, 2007, p. 1).
Foram, também, pioneiros a utilizar o concreto, que era produzido com cinzas dos
vulcões. Essa cinza se solidificava, quando misturado com água, criando uma estrutura mais
forte e rígida que a própria pedra original. Data-se desse período, a obra “De Architectura” em
dez volumes, criados pelo arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio que serviram de inspiração
e método conceitual em grandes obras posteriores à sua época. Na obra, seus padrões e
proporções seguiam os princípios de utilidade (utilitas), beleza (venustas) e solidez (firmitas),
que se tornaram a base da arquitetura clássica.
Não pode ser esquecido que no império romano, as novas técnicas de construção só
puderam ser executadas pela utilização da mão de obra escrava. Castro (2014, p. 21), lembra
que na China, um continente com cultura totalmente diferente das demais citadas anteriormente,
a engenharia se desenvolvia com princípios, metodologias e práticas próprias. A região, por ter
condições e matérias primas diferentes dos demais continentes, favorecia a utilização de
insumos bem como requeria novas práticas para atender as necessidades de sua população.
Criavam-se gigantescas pontes suspensas feitas com fibras de bambu e que seriam, depois,
substituídas por correntes de ferro, os pagodes (templos com grandes torres e inúmeras beiradas,
característicos da China e Japão). Uma de suas obras mais espetaculares é a Muralha da China,
que se estende por milhares de quilômetros e que pode ser vista até do espaço.
Ullmann (2000), apud Castro (2014, p. 20), lembra ainda, que nas Américas, os
maias e os incas construíram grandes templos religiosos com inovadoras técnicas e padrões
únicos. Como exemplos de sua contribuição para a engenharia, temos a cidade de Teotihuacan,
criada pelos maias e a infraestrutura como pontes, estradas e complexos urbanos desenvolvida
pelos incas na cidade de Cusco, na cordilheira dos Andes.
Segundo Moura e Soares Junior (2013, p. 1), no período medieval, os avanços
científicos foram mínimos e na área da engenharia e construção civil, com a queda do império
romano, grande parte de suas obras foram destruídas para construção de novas edificações. É
claro, que não se pode ignorar a construção de castelos e fortes para evitar invasões. Foi nesse
20
período, que desenvolveram-se as rodas de água, que utilizavam os recursos naturais, para
mover moinhos e levar água à regiões mais distantes. Lembra, ainda, que na era moderna, mais
precisamente na Renascença, os profissionais da engenharia passam a desempenhar um papel
mais importante e reconhecido no mercado. Até então, os projetos eram desenvolvidos por
artesão ou artista de áreas variadas. Nesse período, pioneiramente, Filippo Brunelleschi projeta
o domo da catedral de Santa Maria del Fiore em Florença.
Importante observar que, segundo Moura e Soares Junior (2013, p. 2) vários fatos
isoladamente fazem com que alguns países mudem radicalmente, como a Revolução Industrial
e seus efeitos na Inglaterra, obrigando a migração do campo para as cidades. Essa nova mão de
obra foi muito bem empregada na construção das indústrias e de novas casas residenciais e de
comércio. Até esse momento, quem desenvolviam os projetos de construção eram os
engenheiros militares e, John Smeaton se autodenomina “engenheiro civil”, para diferencia-lo
dos outros profissionais. A Revolução Industrial exigiu que novas técnicas, práticas e materiais
fossem desenvolvidos para atender a essa nova demanda. Um dos marcos desse período na
Inglaterra, foi a construção da Ponte de Ferro, a primeira ponte de arco construída somente com
ferro fundido, no Reino Unido. Outro marco da engenharia na época foi a construção da
primeira ferrovia.
Com a demanda crescente de serviços na área de construção civil, os profissionais
passaram a inovar nas obras quanto ao formato e utilização de matérias primas diversificadas.
4.2 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL
É difícil indicar quando teve início a atividade de engenharia civil no Brasil, mas
podemos afirmar de acordo com (BAZZO e PEREIRA, 2006, p. 77), que surgiu com a
construção das primeiras casas feitas pelos colonizadores.
Nas décadas do século XVI a mão de obra da construção civil no Brasil, era oriunda
da Europa e da África. Esta, ao que tudo indica, não era da melhor qualidade (GOULART, 1993
apud MUTTI, 1995, p. 8). Ainda destaca que os trabalhadores que emigraram para o Brasil,
apesar das técnicas da atividade construtora já atingirem bom nível de desenvolvimento em
países como França, Alemanha, Holanda, Itália, e até Portugal, eram de baixa qualificação.Isso
21
pode ser compreendido devido ao grau de complexidade característico das edificações da época
(casas simples, fortes, muralhas, etc), importando-se, assim, uma mão de obra compatível com
as necessidades brasileiras, sendo esta mão de obra composta por degredados (MUTTI, 1995,
p. 8).
O ingresso de artesãos na Construção Civil, os quais apresentavam relativa
qualificação profissional, somente começou a ser observado quando da transmigração da
Família Real, em 1808. Mutti relata que mesmo assim, poucos se engajaram no setor,
dominando, assim, a improvisação, o treinamento acelerado, assistemático, como precária
preparação da mão de obra para a construção civil no país. Fica, então, representada a
desqualificação característica dos operários do setor, no qual só ingressavam trabalhadores que
o viam como única alternativa de emprego, pelo fato de não possuírem nenhuma especialização
(FARRAH, 1993, apud MUTTI, 1995, p. 9).
Mutti (1995, p. 9) afirma ainda que essa falta de qualificação originou-se com a
transição no perfil dos trabalhadores a partir dos anos 30, de alterações ocorridas no processo
produtivo ao longo do desenvolvimento do setor, e da dinâmica da acumulação na construção
habitacional, a qual definiu um padrão de absorção de mão de obra caracterizado por baixos
salários e por precárias condições de trabalho e de reprodução no canteiro. Assim, esses fatores
desestimularam a permanência dos trabalhadores neste ramo de atividade, reforçando a
rotatividade no setor.
As primeiras obras civis no Brasil começaram na transição do século XIX para o
XX e, segundo Santos (2010, p. 15), cerca de 400 anos no Brasil, as construções foram
realizadas pelos proprietários sendo os últimos 100 anos de grandes transformações. Na época,
as matérias primas mais utilizadas eram utilizadas a taipa (barro) de mão e taipa-de-pilão
(socada), sendo a mão de obra escrava e do próprio morador. E, na década de 40, com o advento
do concreto armado, o Brasil teve seu auge na construção civil.
Um grande marco na história da construção civil no Brasil, se deu na década de 70,
quando o governo buscou sanar o déficit de moradia, construindo casas populares e prédios,
além de muitas pontes, sistema de saneamento, estradas pavimentadas e o metrô (SANTOS,
2010, p. 15)
22
Ainda, segundo Santos (2010), na década de 90 as construtoras começaram a dar
mais importância na qualificação profissional, pois a exigência de produtos finais com mais
qualidade começou a difundir-se.
4.3 CONSTRUÇÃO CIVIL NA ATUALIDADE
A indústria da construção civil tem um importante papel no desenvolvimento do
Brasil pois o setor colabora na retomada do crescimento e diminuição do desemprego, gerando
vagas diretas e indiretas no mercado de trabalho (BAZZO e COLOMBO, 2001, p. 35).
Segundo o IBGE, a indústria da construção civil está segmentada em três práticas
que são construção de edifícios residenciais, comerciais e industriais, podendo ser públicos ou
privados; obras de infraestrutura que são as construções pesadas como a infraestrutura de
transporte, energia, saneamento e os serviços especializados para construção que envolvem
desde a área de preparação de terreno até o acabamento.
Os subsetores de edificações merecem destaque no processo, pois são responsáveis
pela maioria das obras de construção civil e por mais de 90% do número de estabelecimentos,
possuindo mais de 82% do total de empregos do setor (VIEIRA, 2006, apud SANTOS, 2010).
Com a queda das barreiras de mercado, entrada de capital estrangeiro, novas
empresas internacionais atuando em território nacional, a demanda das construções aumentou
e consequentemente, a economia sofreu um impacto positivo, principalmente na área da
construção civil.
Em função das mudanças na economia do país, o mercado brasileiro em geral
tem passado por modificações nos últimos tempos. No setor da construção,
o ritmo de expansão proporcionou maior competitividade, forçando as
empresas a adotarem novas tecnologias e a reestruturarem a produção. Sendo
assim, o setor passou a demandar profissionais qualificados e especializados
em determinadas tarefas, diferente do que era requerido há algumas décadas
(PESSOA; MAIA, 2014, apud BOENO, 2016, p. 22).
Com o advento da globalização quando países facilitam a comunicação e
comercialização além da tecnologia, a área da construção e engenharia civil tiveram um
processo acelerado de desenvolvimento. O próprio mercado exigiu que a construção civil
23
buscasse alternativas mais eficientes com a intenção de satisfazer suas necessidades e, com isso,
gerando mais empregos e oportunidades de negócios.
A indústria da construção civil não se limita a construtoras e lojas de materiais de
construção. Envolve inúmeros intermediários (financeiros, transportes), indústria (fabricantes)
e principalmente pessoas.
FIGURA 1: COMO A CONSTRUÇÃO CIVIL GERA EMPREGOS (CADEIA PRODUTIVA)
Fonte: CCR G1/Globo.com
24
Essa cadeia produtiva apresentada acima, também definida como Construbusiness,
tem início quando surge a necessidade da construção de uma obra e, a partir daí, são
selecionadas pessoas com habilidades específicas e relacionadas ao projeto para desenvolver
uma série de ações bem detalhadas para execução do projeto.
Quando o projeto dessa construção sai do papel para o canteiro de obras,
indica-se um processo ainda mais intenso de encadeamento de atividades
produtivas que, no conjunto das atividades do setor, transforma o negócio da
cadeia da construção, batizado de Construbusiness, numa das mais poderosas
alavancas do desenvolvimento sustentado do País, com fortes e positivos
impactos na produção da economia, na abertura de empregos, na expansão do
investimento, na qualidade de vida da população entre tantos outros benefícios
(SINAPROSIM, 2017).
Segundo NEVES (2014, p. 21), a construção civil possui a base em três pilares que
são a força de trabalho, a matéria prima e as ferramentas e maquinários. Mas tudo isso ainda
dependem da habilidade humana, conhecimento técnico e as práticas e hábitos de trabalho, o
que impõe uma certa dificuldade na padronização do processo.
Uma característica do setor de construção civil é o dinamismo de suas atividades
pois o cidadão pode construir, quando não possui um imóvel, ou reformar, quando já possui.
Vale lembrar que, talvez por fator cultural, a casa própria representa um sonho de consumo para
maioria dos brasileiros afinal, é uma forma de independência ao se afastar do aluguel.
No setor da construção, o ritmo de expansão proporcionou maior competitividade,
forçando as empresas a adotarem novas tecnologias e a reestruturarem a produção. Sendo assim,
o setor passou a demandar profissionais qualificados e especializados em determinadas tarefas,
diferente do que era requerido há algumas décadas (PESSOA; MAIA, 2014, apud BOENO,
2016, p. 22).
De acordo com a projeção Sinduscon-SP -Sindicato das Indústrias de Construção
Civil do Estado de São Paulo e da FGV - Fundação Getúlio Vargas, o PIB do setor da
construção deve crescer pela primeira vez em 2019, em 2%, comparado ao ano passado e
causando uma projeção de crescimento para o PIB nacional de 2,5% neste ano.Para o vice-
presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, “a projeção leva em consideração o
início de uma retomada neste segundo semestre e a expectativa de uma política econômica de
reequilíbrio das contas públicas, reforma da Previdência e desburocratização para empreender”.
25
Segundo a sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria e pela Câmara
Brasileira da Indústria e Construção o setor aponta sinal de recuperação, devido à melhora dos
indicadores de condições financeiras, intenção de investimento e expectativas.
A construção civil incide diretamente na economia do país. Junto às construções,
tem-se as indústrias diretas e indiretas, a geração de emprego e renda em todo o processo da
cadeia produtiva. É um fator multiplicador direto promovendo um aumento de renda e lucro no
mercado como um todo, já que influencia indiretamente em outras áreas.
GRÁFICO 1: PIB BRASIL X PIB CONSTRUÇÃO CIVIL
FONTE: VIEIRA, NOGUEIRA, 2018.
O gráfico 2 demonstra o índice de condições atuais do último trimestre de 2018, no
qual superou a linha de 50 pontos, o que não acontecia desde 2014, acompanhando o
movimento mais promissor do indicador de expectativa (CBIC & CNI, 2018).
26
GRÁFICO 2: ÍNDICE DE CONDIÇÕES ATUAIS X ÍNDICE DE EXPECTATIVA Índice de difusão (0 a 100 pontos)*
FONTE: CBIC & CNI (2019)
De acordo com a sondagem o índice de confiança do empresário da indústria da
construção (ICEI-Construção) alcançou 63,7 pontos (Gráfico 2), superando assim a média
histórica de 53,1 pontos. Com os dados, percebe-se que os indicadores trazem números
positivos para o setor ao longo de 2019.
GRÁFICO 3: ÍNDICE DE CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
Fonte: CNI CBIC (2019)
Na pesquisa, também foram apontados os principais problemas citados pelas
empresas do setor da construção, entre eles, ocupando o 10º lugar está à falta ou alto custo de
trabalhador qualificado, no qual teve um aumento para 7,4% no último trimestre de 2018
27
(gráfico 3). Vale ressaltar que este não é o único ou o maior problema enfrentado pela
construção civil.
Em primeiro lugar, por exemplo, é apontado a elevada carga tributária que incide
não só pela prestação de serviços, como também nos encargos trabalhistas. Outro fator que não
pode ser ignorado, é a excessiva carga burocrática. E, segundo publicação da FENACON
(2018), estima-se que o Brasil é o país mais burocrático do mundo, ranking esse, apontado pelo
Banco Mundial.
GRÁFICO 4: PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO TRIMESTRE
Fonte: CNI CBIC (2019)
Observa-se na pesquisa, que alta taxa de inadimplência, falta de capital de giro,
insegurança jurídica e deslealdade competitiva contribuem para aumentar os problemas na área
da construção civil. Vale lembrar que estes fatores estão intrinsicamente relacionados e acabam
28
por criar uma relação de interdependência entre si. É possível explicar essa relação da seguinte
forma: a falta de capital de giro, acaba por obrigar às empresas a utilizarem capital de bancos a
elevadas taxas de juros e que acabam, a longo prazo, a obriga-las a se tornarem inadimplentes
pela excessiva dificuldade em conseguir mais financiamentos ou se livrarem da carga tributária.
Segundo o IBGE (2016), registrou-se uma queda de 3,8% do PIB em relação a
2015, o que foi considerada a maior queda desde 1996 e isso também é reflexo na queda de
aquisição de imóveis financiados no mesmo período (CBIC, 2015).
O investimento na construção civil é de grande importância na economia do país,
pois gera aumento na renda e empregos, contribuindo para o crescimento econômico. O impacto
do setor na área tributária corresponde a 23% de todos os gastos com produção e construção
que retornam para o governo através de impostos e contribuições sociais.
4.4 A MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil emprega milhares de trabalhadores no território nacional e,
apesar de pagar salário acima da média, acaba por atrair pessoas com diferentes formações e
níveis escolares, em parte pelo esforço braçal, característica desse setor de serviços. Fortes
(2014) afirma que esse setor de serviços tem como característica uma grande percentagem de
pessoal com baixo grau de escolaridade ou até mesmo analfabeto, correspondendo a maior parte
ao sexo masculino. Esse setor costuma atrair pessoas de vários lugares do Brasil, por representar
uma oportunidade de mudança e melhoria de vida.
Ao analisar o gráfico, percebe-se o aumento gradual no número de empregos diretos
com carteira assinada na área da construção civil desde dezembro de 2003 a dezembro de 2012.
E, mesmo com a área em crise, nos anos posteriores, ainda registra um número elevado de
contratações.
Como a área não exige alta escolaridade ou qualificação, o setor da construção civil
acaba por se tornar uma real oportunidade para essa mudança.
29
GRÁFICO 5: EMPREGOS COM CARTEIRA ASSINADA NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL.
Fonte: VIEIRA, NOGUEIRA, 2018.
A falta de mão de obra qualificada reduz a produtividade na construção civil. Essa
afirmação poderia ser considerada genérica se não fosse baseada em dados coletados junto às
construtoras e publicadas no Boletim Sondagem Especial da Construção Civil (CNI CBIC,
2011, p. 1).
Segundo Carvalho (2011, p. 14), a carência de mão de obra qualificada para a
execução das atividades e serviços na construção civil tem se tornado um dos principais
“gargalos”, isto é, um fator que atrapalha todo o processo, diminuindo o ritmo do crescimento
do setor.
Outros dados importantes apontados no boletim são 89% das empresas da
construção civil afirmam que a falta de trabalhador qualificado é um problema para a empresa;
94% das empresas da construção civil que enfrentam a falta de trabalhador qualificado têm
dificuldade de encontrar profissionais básicos ligados à obra, como pedreiros e serventes; 61%
das empresas da construção civil que enfrentam a falta de trabalhador qualificado afirmam que
o problema afeta a busca pela eficiência e a redução de desperdícios; 64% das empresas da
construção civil que enfrentam a falta de trabalhador qualificado adotam a capacitação na
própria empresa como uma das principais formas de lidar com o problema e 56% das empresas
da construção civil afirmam que a alta rotatividade dos trabalhadores é uma das principais
dificuldades que enfrentam para qualificá-los.
Os dados são alarmantes, considerando o montante que a construção civil
movimenta no país e o elevado número de funcionários que trabalham na área. Não devemos
considerar que apenas a área da construção civil sofre com a falta de qualificação dos
30
colaboradores, mas, nesse caso específico, o problema gera mais problemas ainda, como
desperdício de materiais, não cumprimento das especificações definidas pelo engenheiro, não
atender ao padrão de qualidade imposto pela construtora, alta rotatividade de funcionários por
não se encaixarem no perfil exigido pela empresa.
A falta de trabalhador qualificado é um obstáculo importante ao crescimento
da economia brasileira. A questão deve ser tratada com ações de curto e longo
prazo. No curto prazo é preciso intensificar a capacitação dos trabalhadores
tanto nas empresas como nas escolas técnicas e profissionalizantes e nas
universidades. Uma possibilidade é a integração do seguro desemprego com
a capacitação dos trabalhadores. Ademais, as empresas precisam intensificar
o investimento em atração e retenção do trabalhador. (CNI CBIC, 2011 p. 2)
A falta de mão de obra na construção civil tem feito que as empresas busquem
estratégias para a entrega de obras dentro do prazo com altos padrões de qualidade, e assim,
obter números maiores de lucro. Segundo Cavalcante (2010, p. 21), houve um aumento da
exigência dos clientes na pontualidade e qualidade do produto final, o que obriga que as
empresas busquem mão de obra cada vez mais qualificada.
QUADRO 1: QUALIDADE DE MÃO DE OBRA DIFICULTA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE QUALIDADE A MÃO DE OBRA DIFICULTA O AUMENTO DA
PRODUTIVIDADE
30% Das empresas entendem que são mais produtivas que suas concorrentes locais (empresas que atuam na mesma cidade)
49%
Dos empresários consideram que a qualidade e a atualização tecnológica dos equipamentos utilizados em suas empresas afetam a produtividade positivamente
14%
Das empresas acreditam que são mais produtivas que suas concorrentes nacionais (empresas que atuam em qualquer região do Brasil)
47% Avaliam que a qualidade da mão de obra impacta a produtividade de suas empresas negativamente
Fonte: CNI; CBIC (2013), adaptado pela autora
Tal pesquisa foi realizada junto aos empresários sobre seu ponto de vista quanto ao
mercado da construção civil.
De acordo com a sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria e pela
Câmara Brasileira da Indústria e Construção, a falta de trabalhadores é crítica, sobretudo aos
31
ligados diretamente com o canteiro de obra, como pedreiros e serventes (CNI & CBIC, 2011,
p. 2). São raras as empresas que possuem um treinamento formalizado, afirma Leão (2016, p.
28), e quando tem, são para um número pequeno de funcionários e é mais uma especialização
do que de fato uma formação profissional.
A escassez de mão de obra qualificada na construção civil é um dos problemas
enfrentados pelo setor. Focar na mão de obra é necessário para o setor, já que
o mesmo apresenta altos índices de informalidade, rotatividade e baixa
escolaridade. (SANTOS, 2010 apud NEVES, 2014, p. 16).
A opinião de Neves (2014, p 16), em muito se assemelha à crítica de Honório
(2002), que afirma:
Como principais obstáculos ao desenvolvimento da construção civil no Brasil
são apontados: falta de cultura voltada para o desenvolvimento da qualidade
e da produtividade nas operações do setor; crescente descompasso entre as
capacidades da mão-de-obra disponível no setor da construção civil em
relação às exigências do seu processo tecnológico; carência de informações
e garantias sobre o real desempenho de produtos e serviços na construção
civil [...]” (BAZZO e COLOMBO, 2002, apud HONORIO, 2002, p. 40)
Segundo Chiavenato (2014, p. 307), “desenvolver pessoas significa apenas dar-lhes
informação e apoio suficiente para que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e
competências e se tornem mais eficientes no que fazem”. Ainda segundo o autor,
As organizações mais bem-sucedidas investem pesadamente em treinamento
para obter um retorno garantido. Para elas, treinamento não é uma simples
despesa, mas um precioso investimento, tanto na organização quanto nas
pessoas que nela trabalham. (CHIAVENATO, 2014, p. 307)
Assim será utilizada a justificativa da importância de uma boa contratação bem
como as vantagens de possuir profissionais qualificados. É importante lembrar que o
profissional por não ter uma educação formal ele não pode ser considerado incapacitado. Pois
o seu conhecimento prático pode ser superior em muitas vezes a um conhecimento teórico que
um profissional formado possui.
4.5 FORMAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
Apesar dos termos formação, qualificação, treinamento e capacitação serem
comumente confundidos, todos estão relacionados, porém possuem conceitos diferentes e
características próprias.
32
Segundo Chiavenato (2008, p. 366), a formação está relacionada à capacidade de
formar as pessoas para ensinar. A qualificação é a preparação do profissional que já possui certo
conhecimento para adquirir novas habilidades e a aquisição de conhecimentos técnicos, teóricos
e operacionais relacionados à determinada atividade que é exigida no mercado. O treinamento
é o melhoramento daquilo que o indivíduo já sabe, é aperfeiçoar suas habilidades e ensinar
novos e melhores formas para atingir os objetivos e a capacitação é preparar o trabalhador para
desenvolver uma atividade com autonomia, independência. A capacitação cria uma
competência, isto é, a característica necessária para realizar uma atividade, ensina habilidades
e prepara o trabalhador para desempenhar uma função e atividade nova para ele.
Insistir na qualificação profissional não é uma exigência de mercado em manter
trabalhadores com formação técnica comprovada, mas pela necessidade de melhora da
qualidade dos trabalhos desenvolvidos e redução e até eliminação dos custos com perdas de
produtos e tempo.
Inclusive, em determinados momentos da pesquisa, foi perceptível o grau de
conhecimento dos trabalhadores que, mesmo sem certificados ou diplomas de cursos técnicos
e profissionalizantes, detém uma excelente bagagem oriunda de anos de prática.
Não que exista uma barreira entre os tipos de conhecimento teórico, prático e
científico, afinal, todos eles são necessários e se complementam. Segundo Yankee (2015)
explica que o conhecimento científico é um tipo de conhecimento do funcionamento do mundo,
das leis naturais, da lógica e da estrutura do universo. O conhecimento teórico é aquele que
compreende o funcionamento das coisas baseado nas teorias que o conhecimento científico
criou a partir da análise profunda dos fenômenos enquanto o conhecimento prático é aquele que
consegue resolver as coisas mesmo sem compreender o real funcionamento ou o que levou a
acontecer determinado fato. Então, pode-se afirmar que os três tipos de conhecimento se
explicam, necessitam um do outro e se complementam de maneira sistêmica.
Com o passar do tempo, os conceitos relacionados à gestão de pessoas foram se
modificando. Conceitos como reciclagem de pessoal foram totalmente abolidos do discurso e
planejamento das empresas por considerarem o conceito pejorativo além de que todo
conhecimento é necessário e utilizável.
Na área da construção civil, um engenheiro pode desenvolver projetos fantásticos
e ser incapaz de orientar a construção de um muro ou parede, pois seu conhecimento é dirigido
33
para outras práticas, enquanto um pedreiro, mesmo sem escolaridade, pode criar a parede e o
muro necessários para edificação até mesmo melhor que o engenheiro havia previsto. É onde
se encaixam os conhecimentos e as habilidades.
Chiavenato (2008, p. 52) discorre sobre o conhecimento, as habilidades e os
talentos. O conhecimento é o entendimento técnico ou teórico sobre determinado assunto. A
habilidade é o saber fazer. Ambos são necessários para execução de qualquer atividade e seria
extremamente valorizado se o indivíduo detivesse as duas qualidades. Um exemplo prático é
um médico que pode deter muito conhecimento sobre determinada doença e malefício e não
conseguir operar ou manusear os acessórios e ferramentas para solução do problema. Pode
ocorrer ainda, a falta de talento.
O talento envolve o conhecimento, a habilidade e a criatividade para solucionar
problemas ou mesmo conviver em situações onde apenas o conhecimento e a habilidade não
são suficientes. No caso da construção civil, um engenheiro pode desenvolver o melhor projeto,
mas requer o trabalho e as habilidades de um pedreiro competente para executar a obra e, caso
surja algum problema inesperado, existem trabalhadores criativos e talentosos capazes de
descobrir a solução para o problema de forma que outra pessoa não imaginou ser possível
existir. Pode-se afirmar que talento é a capacidade do indivíduo ver as coisas por um ângulo
diferente e, segundo estudiosos da área de gestão de pessoas, não pode ser aprendido.
A qualificação já é uma prática com importância reconhecida pela maioria das
empresas que buscam atingir uma maior fatia de mercado e mesmo por questão de
sobrevivência. Constantemente veem-se pesquisas sobre o assunto, e o CNI CBIC são
responsáveis por levar essa análise sobre a área da construção civil.
Segundo pesquisa do CNI CBIC publicado no boletim Sondagem Especial da
Construção Civil de (2013, p. 1), em que foram pesquisadas 424 empresas (136 de pequeno
porte, 195 de médio porte e 93 de grande porte), o próprio empresário reconhece que os maiores
problemas em suas empresas são oriundos da falta de qualificação dos empregados.
34
GRÁFICO 6: A FALTA DO TRABALHADOR QUALIFICADO É UM PROBLEMA PARA A SUA EMPRESA?
Fonte: CNI CBIC n. 3, de 2013
Para 74% dos empresários a falta de qualificação dos trabalhadores é um problema,
20% acreditam que não representam problema e 6% não responderam à pesquisa.
GRÁFICO 7: COMPARAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DA EMPRESA EM RELAÇÃO ÀS SUAS CONCORRENTES NACIONAIS?
Fonte: CNI CBIC n. 3, de 2013
A pesquisa aponta ainda, a comparação da produtividade em relação às empresas
concorrentes nacionais. É possível avaliar que essas empresas (14%), que investem em
capacitação e qualificação dos funcionários consideram ser mais ou muito mais produtivas;
38% consideram possuírem produtividade similar; 14% se consideram menos produtivas
enquanto 33% não responderam.
Entre as empresas que consideram importante a qualificação e capacitação dos
trabalhadores, existem problemas na tentativa de executar esse trabalho.
35
GRÁFICO 8: EMPRESAS COM DIFCULDADE PARA QUALIFICAR SEUS TRABALHADORES
Fonte: CNI CBIC n. 1, de 2011
Segundo o boletim do CNI CBIC (2013, p. 5), a qualidade da mão de obra é um dos
fatores que mais incidem negativamente na produtividade das empresas.
Neves, afirma que a forma mais comum de aprendizagem na construção civil se dá
pela prática no próprio canteiro de obras, isto é, os mais experientes ensinam os novos
trabalhadores (COSTA, TOMASI, 2009, apud NEVES, 2014, p. 14), prática essa que, segundo
Oliveira (2010), se diferencia do aprendizado em que há um professor formal utilizando teorias
e simulações (CATTANI, 1994, apud GOTO, 2009, p. 9) e, para Fujimoto (2002, p. 126), o
aprendizado ideal seria aquele em que os trabalhadores recebessem formação e orientação
previamente ao trabalho.
Chiavenato (2008, p. 365) reafirma a importância da qualificação, do conhecimento
e do treinamento que, segundo ele é qualquer procedimento que vise promover e aumentar o
aprendizado entre os funcionários de uma empresa, visando – particularmente – à aquisição de
habilidade para um determinado cargo. Chiavenato afirma ainda que “modernamente, o
treinamento é considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que se
tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos
organizacionais e se tornarem cada vez mais valiosas” (2008, p. 367). É considerado uma fonte
de lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam efetivamente para os resultados dos
negócios, agregando valor às pessoas, às empresas e aos clientes. Seus principais objetivos são
impulsionar a eficiência, incrementar e aumentar a produtividade, elevar os níveis de qualidade,
promover a segurança no trabalho, diminuir refugos e retrabalhos.
36
GRÁFICO 9: PESQUISA SOBRE FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS
*Valores acima dos 50 indicam que o fator avaliado pelas empresas impactou a sua produtividade positivamente nos últimos cinco anos Valores inferiores a 50 pontos sinalizam que o fator analisado impactou a sua produtividade negativamente, também nos últimos cinco anos
Fonte: CNI CBIC n. 3, de 2013
Entre os fatores negativos e influenciadores na baixa da produtividade nas obras,
está a falta de qualidade da mão de obra, conforme demonstrado no gráfico acima.
Santos (2010) explica que o treinamento, atualmente, pode ser realizado em
diversas modalidades como Treinamento Presencial, quando treinador e aluno estão no mesmo
ambiente; Treinamento à Distância, utilizando tecnologia onde o orientador e o aluno não
precisam estar necessariamente no mesmo ambiente; Treinamento em Serviço (TES), realizado
no próprio ambiente do trabalho; Rodízio, quando o trabalhador percorrer os diversos setores
da empresa com a intenção de adquirir mais conhecimento e evitar que a empresa fique “refém”
da exclusividade imposta pela falta de funcionários no trabalho; Estágio, quando um
trabalhador é destinado a aprender determinada trabalho ou função na equipe; Visita técnica,
quando os trabalhadores visitam outros setores ou empresas para acompanhar o trabalho
desenvolvido; Reuniões informativas, para apresentar como setores ou trabalhadores estão
desempenhando suas atividades e compartilhar experiências; Encontro e disseminação de
treinamento, tem o objetivo de formar multiplicadores já que os participantes devem divulgar
o que aprenderam e ensinar aos outros; Assinaturas de jornais e revistas; workshop, para grupos
maiores de treinandos; Seminários com vários especialistas nos assuntos pertinentes;
congresso/conferências, geralmente promovidos por empresas e entidades relacionadas às
áreas.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Qualidade e atualização tecnólogica dos equipamenos
Método de gestão
Serviços utilizados pela empresa
Qualidade dos insumos e matérias primas
Escala/volume de produção
Desempenho dos fornecedores
Qualidade do fornecimento de energia
Qualidade dos serviços de telecomunicação
Infraestrutura de transporte
Qualidade da mão de obra
Indicador de 0 a 100
37
O mercado, independentemente da área que atue, exige que as empresas sejam mais
competitivas e, consequentemente, mais lucrativas, afinal, a própria margem dos lucros, em
função da concorrência, se tornaram menores. A alternativa é investir mais em treinamento e
reduzir as despesas com desperdício.
Cartoni (2011 apud BOOG, 2006) afirma que as empresas estão investindo, cada
vez mais, na preparação dos funcionários. Segundo pesquisa realizada pela Associação
Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), todos os setores da economia
aumentaram em 20% as horas de treinamento na comparação nos últimos 4 anos.
O treinamento e o desenvolvimento proporcionam ao profissional aprender,
captar informações, adquirir novos conhecimentos, aprimorar habilidades,
atitudes. Especialmente para a empresa agrega valores, impulsiona a atingir
os objetivos focando nas competências essenciais da organização. Com isso,
é importante que o treinamento deixe de ser visto pela empresa como mais
uma despesa e se torne um investimento necessário, cujo retorno será
altamente compensador para a organização. O treinamento deve ser visto
como um processo e não como um evento. Por isso é importante a
sensibilização da direção da empresa, na percepção do retorno que o
treinamento dará para a empresa, traduzido em melhores resultados.
(CARTONI, 2011, p.1)
Assim, em qualquer que seja o negócio, é necessário que os funcionários estejam
treinados, qualificados e capacitados pra desenvolverem um trabalho eficiente na empresa,
gastando o mínimo de tempo possível e reduzindo os desperdícios a zero. Vale lembrar que
desperdício não é perda. Segundo o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2009, p. 658 e 1535), o
desperdício é o esbanjamento, o mal aproveitamento ou desaproveitamento de algo, enquanto
a perda é a privação de alguma coisa que se possuía anteriormente.
Ao observar os resultados da pesquisa alguns dos entrevistados afirmam que
buscaram oportunidade de emprego na construção civil por não exigir muita qualificação.
Porém, o que o próprio mercado aponta, é que a qualificação está se tornando um diferencial
competitivo para o trabalhador conseguir uma vaga no mercado de trabalho, o que pode gerar
um pequeno paradoxo: o trabalhador busca a vaga por não ter qualificação e o mercado para
contratar precisa de um profissional qualificado. É onde entra um fator importante no mercado
de trabalho: a questão é que o profissional deve investir na carreira e buscar cursos, mesmo que
tenha de pagar por isso.
Atualmente, o mercado faz sua própria seleção de profissionais, isto é, está
buscando cada vez profissionais mais qualificados. Essa é uma realidade que não está distante
38
de uma cidade como Aragarças-GO. Nos grandes centros, as empresas até contratam
profissionais menos qualificados, mas estes ficam relegados a salário inferior, carga horária
mais elevada e trabalhos mais pesados.
Para o mercado, a capacitação profissional hoje é um ponto de partida para o
profissional que busca novas oportunidades. Mas, além disso, é
principalmente uma forma dele crescer junto a empresa — oferecendo esse
conhecimento para atualizar processos e operações e também repassá-lo a toda
a equipe. (BEKAERT, 2018)
Investir em capacitação, treinamento e qualificação não significa apenas um
investimento ou uma simples despesa, mas uma segurança para empresa e a obra, afinal um
trabalhador bem capacitado e treinado potencializa a proteção do colaborador. A própria
pesquisa apontou que muitos trabalhadores da construção civil em Aragarças-GO não sabem o
que são EPI’s, muito menos os utilizam. Os acidentes em obras são comuns, mas os prejuízos
à integridade física do trabalhador pode ser permanente e ainda afetar prazos, custos,
desperdício e a qualidade final.
Os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são materiais voltados para a
segurança e proteção dos trabalhadores individualmente. Estes equipamentos
são fornecidos pelo empregador gratuitamente, com indicação do CA-
Certificado de Aprovação, adequados aos riscos e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, que deve estabelecer normas e procedimentos
para promover o fornecimento, a guarda, a higienização, a conservação, a
manutenção e a reposição do EPI bem como orientar a forma correta de uso
e a função de cada um deles para preservação da integridade física e saúde.
Também é dever do empregador verificar se seus empregados estão usando
regularmente os equipamentos de segurança, pois são de uso obrigatório
(GRUPO ORGUEL, 2017).
É importante reafirmar as vantagens da capacitação dos trabalhadores na construção
civil. Entre as vantagens, temos a diminuição de custos, afinal quando se sabe o que está
fazendo, o trabalhador pode racionalizar o tempo, os materiais e os esforços físicos e mentais;
a redução da rotatividade: quando o funcionário sabe como trabalhar melhor na empresa e se
torna fundamental para execução das atividades, ele não será substituído com tanta facilidade;
a união dos colaboradores, pois quando a equipe compreende como e porque cada ação é
desenvolvida, podem se ajudar mutuamente para o bem maior que é o bem da empresa; e por
fim, e uma das mais importantes vantagens, aumentar a produtividade. É certo que os
trabalhadores que sabem mais sobre a empresa e a função que desempenham tem assegurado
sua posição.
39
4.6 PROGRAMA “MINHA CASA MINHA VIDA” PMCMV
Em abril de 2009, o Governo Federal, no mandato do Presidente Luis Inácio Lula
da Silva, lança o programa habitacional denominado “Minha Casa Minha Vida”, com o intuito
de construir um milhão de casas para população com renda de até 10 salários mínimos,
priorizando aqueles que possuíam renda inferior a 3 salários mínimos. Os indivíduos que
possuíam essa renda, representavam 80% do déficit habitacional no Brasil. Nesse período foram
entregues, aproximadamente 3 milhões de moradias.
De acordo com SIENGE (2018), o programa, por ser subsidiado em parte pelo
Governo Federal, recebeu muitas críticas pois poderia gerar uma bolha imobiliária como
aconteceu nos Estados Unidos, no mesmo período.
Em 2011, dá-se início à segunda parte do Programa Minha Casa Minha Vida, já no
mandato da Presidenta Dilma Rousseff, como parte do PAC – Programa de Aceleração de
Crescimento. A intenção era entregar mais 2 milhões de moradias à população de baixa renda
e reduzir o déficit populacional que se encontrava em torno de 6 milhões de moradias.
Na terceira fase do programa, que foi concluída em 2018, estima-se que foram
entregues, aproximadamente, 4,6 milhões de moradias.
QUADRO 2: FASES DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA
FASE 1
A Fase 1 teve início em 2009 e seu objetivo principal era popularizar a aquisição de
unidades habitacionais em todo território brasileiro. Com meta de construir 1 milhão de
habitações, o Governo apresentou as condições do programa e cadastrou os interessados
tanto em comprar quanto construir imóveis com o benefício do MCMV.
Inicialmente foram contempladas 3 faixas de renda:
• Faixa 1 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.600
• Faixa 2 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.275
• Faixa 3 - Famílias com renda mensal bruta acima de R$ 3.275 até R$ 5 mil
FASE 2
A fase iniciou durante o ano de 2011 e tinha como meta construir 2 milhões de novas
unidades com um investimento de R$125,7 bilhões até o final de 2014. Desse valor, R$
72,6 bilhões vieram do Orçamento Geral da União e do FGTS e outros R$ 53,1 bilhões
diretamente dos empréstimos. Nessa fase também iniciou-se a participação do Banco do
Brasil no Programa.
Nessa fase as faixas foram:
40
• Faixa 1 - Famílias que ganham uma renda mensal de até R$ 1.600
• Faixa 2 - Famílias que ganham entre R$ 1600,01 e de até R$ 3.600
• Faixa 3 - Famílias que ganham entre R$ 3600,01 e de até R$ 5 mil
FASE 3
Em 2016 iniciou-se a terceira fase do Programa Minha Casa Minha Vida, que pretende
contratar mais 2 milhões de unidades habitacionais até 2018 com um investimento de R$
210 bilhões. Desse montante, R$ 41,2 bilhões virão do Orçamento Geral da União. Além
disso, houve a criação da faixa 1,5 - que beneficia famílias com uma renda bruta
mensal de até R$ 2.350,00. Essa medida foi tomada pois as famílias dessa faixa financeira
enfrentam dificuldades para encontrar imóveis compatíveis com seu poder aquisitivo.
As demais faixas também sofreram alterações e tiveram seus limites ampliados para que
ainda mais famílias acessem o programa:
• O teto da faixa 1 passou de R$ 1,6 mil para 1,8 mil
• A faixa 2 vai de R$ 3.275 para R$ 3,6 mil
• A faixa 3 admitirá famílias com renda de até R$ 6,5 mil, valor que antes era de R$ 5
mil
Os valores máximos dos imóveis também mudaram*:
• Na faixa 1 passam de até R$ 76 mil para até R$ 96 mil
• Nas faixas 2 e 3 o teto passa de R$ 190 mil para R$ 225 mil
• Na faixa 1,5 o imóvel custará até R$ 135 mil
*O valor máximo do imóvel pode variar de acordo com o tamanho da cidade Fonte: SIENGE 2018
Importante ressaltar o quanto o Programa Minha Casa Minha Vida foi favorável
para a economia como um todo por movimentar o mercado econômico gerando empregos e
criando renda. Com a expansão do programa, as indústrias ligadas à construção civil
aumentaram suas produções, gerando empregos diretos e indiretos e, consequentemente,
fomenta a economia local.
As obras, com a demanda cada vez maior, necessitavam de mais mão de obra, e,
nesse caso, trabalhadores de outras áreas acabaram migrando para a construção civil. Novos
agentes ou intermediários foram necessários para agilizar os processos tanto de construção
quanto de aquisição das moradias. Segundo o Ministério das Cidades (2018), de 2009 até março
de 2018 foram contratadas 5.164.075 moradias em todo território nacional, finalizadas
4.246.455 e entregues 3.787.200 unidades totalizando R$ 414,3 bilhões em negociações.
41
4.7 PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO
HABITAT – PBQP-H
Para compreender o que é o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat, o PBQP-H, é necessário, primeiramente, entender a ordem cronológica de como
aconteceram os eventos desde sua criação até sua relação com o Programa “Minha Casa, Minha
Vida”.
Todos esses programas, portarias e siglas estão ligados diretamente à atual situação
em que se encontra a construção civil no panorama nacional.
QUADRO 3: CRONOGRAMA DOS EVENTOS RELACIONADOS AO PBQP-H
ANO EVENTO
1976 Realização da Conferência Habitat I, em Vancouver (Canadá)
1978 Criação do Programa das Nações Unidas para o Assentamento Humano (ONU-HABITAT I) que tinha como objetivo urbanização sustentável e assentamentos humanos.
1991
Criado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H para cumprimento dos compromissos firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996).
1996
Realizado a Conferência da ONU-Habitat II em Istambul (Turquia). O plano de ação da Conferência, a Agenda Habitat, tem por objetivo ser uma mobilização global de ação em todos os níveis, a fim de alcançar o desenvolvimento sustentável de todas as cidades, vilas e aldeias em todo o mundo durante as primeiras duas décadas do século próximo. O programa contém uma declaração de princípios e objetivos, um conjunto de compromissos assumidos pelos governos e, finalmente, estratégias para a implementação do Plano de Ação.
1998 Criação da Portaria 134/1998 que instituía o PBQP-H
2009 Criação do Programa “Minha Casa, Minha Vida” – PMCMV
2016 Realizado a Conferência Habitat III, em Quito (Equador)
2018
Criação da Portaria 383/2018, nela é criada o Regimento do SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras) que tem como objetivo subsidiar a avaliação da conformidade de sistemas de gestão da qualidade de empresas do setor de serviços e obras atuantes na construção civil.
Fonte: ONU, Ministério das Cidades - adaptado
A ONU – Organização das Nações Unidas, com o objetivo de criar uma política
que beneficiasse a urbanização sustentável, assentamentos humanos, desenvolvimento social,
econômico e ambientalmente sustentável, criou o Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), em 1978, como resultado da Conferência das Nações
Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat I). A sede do programa é em Nairóbi, capital
do Quênia.
42
Nesse encontro, os países membros se comprometeram a criar formas que
beneficiassem e tornassem possível atingir os objetivos do ONU-HABITAT.
O Brasil, para atender o que foi firmado na primeira reunião, em 1978, cria, em
1991, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H, a próxima
reunião que iria acontecer somente em 1996, em Istambul.
Porém, o PBQP-H só seria instituído em 1998, através da portaria 134 de 18 de
dezembro de 1998.
Em 2009 é criado, pelo Governo Federal, o Programa “Minha Casa Minha Vida
(PMCMV), um programa habitacional que tem como objetivo, proporcionar ao cidadão
brasileiro, condições de acesso à casa própria, reduzindo assim, o déficit habitacional, por meio
de condições especiais de financiamento.
O Governo Federal desenvolve diversos benefícios para incentivar empresas a se
associarem ao Programa “Minha Casa Minha Vida”, mas cria formas de avaliar e garantir a
qualidade das moradias construídas, então em 2018, cria o SiAC – Sistema de Avaliação da
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras. O SiAC é a norma que avalia a conformidade
das empresas que aderem ao programa. Sua criação foi baseada nas normas ISO 9001,
especificamente para a área da construção civil. Então, é correto afirmar que a empresa que
atende as regras completas do PBQP-H, conquista, praticamente, o ISO 9001.
Então, é correto afirmar que o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
do Habitat – PBQP-H é definido como um sistema de gestão da qualidade dirigido à construção
civil e regido pela portaria 383, de 14 de junho de 2018. É um conjunto de normas para se
inserir no Programa “Minha Casa Minha Vida” e usufruir de seus benefícios.
É um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos
firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência
do Habitat II/1996). A sua meta é organizar o setor da construção civil em
torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a
modernização produtiva. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2018)
A gestão da qualidade da construção civil, além da fiscalização e regras específicas
de atuação, também utiliza o PDCA, que é uma ferramenta utilizada no controle de processos,
e, segundo o Blog da Qualidade (2018), tem como foco a solução de problemas. Envolve as
43
seguintes fases: P (plan: planejar) que é a seleção de um processo, atividade ou máquina, que
necessita de melhoria e elaboração de metidas específicas voltadas para alcançar os resultados
finais desejados; D (do: fazer) é a implementação, execução, do plano elaborado; C (check:
verificar) é a análise e acompanhamento da execução do plano; A (act: agir) se o projeto é bem
sucedido, é documentado e se torna padrão de execução do projeto.
O PBQP-H está ligado à Secretaria Nacional de Habitação, do Ministério das
Cidades, e inserido como um dos programas do Plano Plurianual. Além disso, existem outras
entidades ligadas ao programa e que representam vários segmentos envolvidos na construção
civil como engenheiros, construtores, projetistas, fornecedores, fabricantes de materiais de
construção e componentes, além das comunidades acadêmicas e outras entidades de
normalização juntamente ao Governo Federal.
FIGURA 2: ORGANOGRAMA DO MINISTÉRIO DAS CIDADES E POSICIONAMENTO DO PBQP-H
Fonte: Ministério das Cidades
A empresa que consegue aderir ao SiAC possui um diferencial no mercado e para
tanto, são necessárias que a empresa requerente tenha como principal atividade a construção
civil no seu contrato social e que tenha uma obra completa – a ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica) emitida em nome da empresa.
Apesar de serem apenas duas exigências, o processo é burocrático e requer
constante avaliação, que é feito por empresas autorizadas pelo INMETRO, para manter o
registro.
Os princípios do SiAC, segundo o Ministério das Cidades (2018) são a abrangência
nacional, isto é, faz parte de um sistema único; possui caráter evolutivo, já que a avaliação é
progressiva, isto é, para chegar a próxima etapa, é necessário evoluir; possui caráter pró-ativo
44
por meio de um ambiente de suporte que oriente as empresas na obtenção do nível de avaliação
desejado; é sigiloso pois as informações sobre as empresas são confidenciais; possuem
independência pois os agentes envolvidos nas decisões tem autonomia e independência na
tomada das decisões; e, por fim, estar em harmonia com o INMETRO, que disponibiliza
programa de credenciamento próprio e específico para este fim.
A empresa que se credencia para o SiAC, está, consequentemente, credenciada no
PBQP-H. Atualmente, são pouco mais de três mil, porém, segundo Santos (2014), não há muitas
empresas de pequeno porte, e, para que a construtora (independente do porte), participe do
Programa “Minha Casa Minha Vida”, é necessário e exigido a participação no PBQP-H. Um
dos benefícios na participação do programa, é a obtenção de taxas de juros diferenciadas e
reduzidas.
Além de objetivar atender a demanda da construção civil, o programa busca uma
atuação integrada do poder público para maximizar os recursos e as ações sintonizada às
políticas de habitação municipais, estaduais e federais de forma descentralizada permitindo que
se adapte as realidades regionais. Essa parceria entre o poder público e o privado fazem com
que as necessidades da população sejam atendidas de forma mais eficaz, pois o poder público,
nesse caso não age de forma isolada.
45
5. METODOLOGIA
Como o objetivo do trabalho é apresentar o perfil do trabalhador da construção civil
em Aragarças – GO, a ferramenta utilizada para isso, foi a pesquisa de campo junto às empresas,
e os trabalhadores autônomos nas obras da cidade. Além da pesquisa de campo, a pesquisa
bibliográfica também se fez necessária por representar a justificativa de ação metodológica do
trabalho e dar o cunho científico a todo projeto.
A pesquisa, nesse caso, é uma pesquisa aplicada, que, segundo Gil (2008, p. 26)
[...] tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização
e consequências práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos
voltada para o desenvolvimento de teorias de valor universal que para a
aplicação imediata numa realidade circunstancial.
O projeto foi elaborado a partir da pesquisa bibliográfica e posteriormente à
pesquisa de campo, com o intuito de levantar os dados que justificassem os objetivos do
trabalho e possíveis hipóteses levantadas.
Nas pesquisas bibliográficas e em muitas pesquisas documentais, o trabalho
de consulta à biblioteca, após essas fases iniciais, tende a se tornar mais
intenso, pois é justamente na biblioteca que se processa a coleta de dados. Nos
levantamentos de campo, nos estudos de caso e nas outras modalidades de
pesquisa, o uso da biblioteca também não se encerra com o planejamento. A
necessidade de consulta a material publicado manifesta-se ao longo de todo o
processo de pesquisa. (GIL, 2008, p. 60)
Quanto às etapas da pesquisa de campo, o trabalho foi definido da seguinte forma:
1ª parte: pesquisa junto à Prefeitura Municipal, sindicatos e CREA sobre números
das construtoras oficiais atuantes no mercado e de trabalhadores registrados e autônomos;
2ª parte: pesquisa junto às construtoras sobre funcionários contratados, regime e
condições de trabalho;
3ª parte: pesquisa de campo junto aos trabalhadores das empresas e autônomos.
As pesquisas desse tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à
solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as
conclusões correspondentes dos dados coletados. (GIL, 2008, p. 55)
46
O instrumento utilizado para coleta de informações foi um questionário com
questões abertas, fechadas e mistas, pois esse tipo de ferramenta é capaz de apontar os dados
necessários para quantificar o problema específico descrito no trabalho. O questionário tem
como objetivo fornecer dados primários para a pesquisa, isto é, os dados mais importantes no
processo.
Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um
conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter
informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses,
expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc.
(GIL, 2008, p. 121)
As perguntas fechadas são aquelas que limitam ao entrevistado a responder de
acordo com os critérios que o entrevistador deseja, isto é, não abre oportunidades para respostas
diferentes. São utilizadas quando a pesquisa já tem o perfil determinado e só precisa que o
entrevistado se enquadre na situação.
As perguntas abertas, por outro lado, não limitam o entrevistado, buscando as
opiniões pessoais e diversas. São utilizadas quando não há uma opinião formada pelo
pesquisador ou quando ele gostaria de saber tudo que o entrevistado realmente pensa sobre o
assunto.
As perguntas mistas, são aquelas que, costumam começar com uma pergunta
fechada e abre a possibilidade para o pesquisado fornecer alguma informação a mais, além
daquelas propostas na pesquisa.
Importante lembrar, que não há dados oficiais sobre a construção civil na Prefeitura
Municipal de Aragarças ou no CREA Regional, além de não existir um sindicato relacionado à
área e não haver fiscalização do trabalho pelo Ministério do Trabalho,
47
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 A CIDADE DE ARAGARÇAS – GO
A cidade de Aragarças – GO, com 19.884 habitantes (IBGE/2017), está localizada
a 381 km da capital de Goiás, Goiânia. Grande parte dos habitantes trabalham na cidade vizinha,
Barra do Garças, em MT. Foi fundada em 2 de outubro de 1953 (65 anos atualmente) e tem se
mostrado estagnada quanto ao crescimento populacional.
QUADRO 4: QUADRO AVALIATIVO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL DE ARAGARÇAS – GO, BARRA DO GARÇAS – MT E PONTAL DO ARAGUAIA – MT
QUADRO AVALIATIVO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL
CIDADE Idade CENSO
2010 CENSO
2017 Estimativa
2018 Média de
crescimento
Aragarças – GO
65 anos 18.305 19.884 19.959 8,29%
Barra do Garças – MT
70 anos 56.560 58.974 60.661 6,76%
Pontal do Araguaia - MT
28 anos 5.395 6.387 6.578 17,98%
Fonte: IBGE - ADAPTADO
No quadro acima, é possível avaliar o crescimento das cidades da região em que se
encontra Aragarças – GO. O número de habitantes, apesar de não ser um fator único para
demonstrar o crescimento, é um dos fatores que demonstram o desenvolvimento, em parte, a
evolução da região.
A cidade não possui um comércio forte ou indústria que possam gerar empregos
diretos e indiretos, caracterizando assim, Aragarças como uma cidade dormitório pois a grande
maioria dos seus moradores trabalham em Barra do Garças-MT.
A Prefeitura Municipal é uma das maiores geradoras de emprego diretos, com
aproximadamente 650 funcionários, segundo dados fornecidos de maneira informal pelo
próprio órgão, seguido do comércio local.
Apesar de não haver uma pesquisa científica, pelos próprios números da pesquisa
sobre a mão de obra na construção civil, constata-se que a informalidade ainda é uma
característica dos trabalhadores da região.
48
6.1.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL EM ARAGARÇAS – GO
Durante o processo de pesquisa, foi identificado um grave problema sobre o objeto:
a inexistência de dados consolidados nos órgãos que deveriam possuir informações sobre o
assunto, que são a Prefeitura Municipal, o CREA (Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia) e os sindicatos.
Esse problema impossibilita o levantamento de dados afinal não há como delimitar
o tamanho do universo a ser pesquisado ou da amostragem da pesquisa.
Uma das maiores dificuldades da pesquisa foi constatar que nem a Prefeitura ou o
CREA possuem informações importantes como o número de construtoras ativas ou quantidade
de trabalhadores na área da construção civil, o que impossibilitou identificar o tamanho do
universo da pesquisa e a amostragem para o trabalho.
Não existe um sindicato dos trabalhadores da construção civil em Aragarças-GO
ou outro similar onde os trabalhadores podem se associar para buscar apoio ou defender seus
direitos. Esse foi outro problema que a pesquisa descobriu além de ser uma ansiedade dos
trabalhadores da área.
A grande parte das construtoras, solicitaram que seus dados não fossem divulgados
pois na sua maioria, não possuem funcionários com carteira de trabalho registrada, isto é,
contratam trabalhadores apenas quando há obras por meio de contratos temporários com tempo
determinado para não configurar vínculo empregatício.
Durante 10 dias, foram percorridos os limites urbanos da cidade para identificar
construções e reformas com a intenção de entrevistar os trabalhadores da construção civil, o
que resultou os 44 questionários descritos a seguir.
Quanto a contratação dos profissionais pelos moradores para construção e reforma
é feita por meio de indicações de amigos e familiares.
A contratação de trabalhadores por particulares, seguem três formatos e, na sua
grande maioria, através de contratos verbais: por dia de serviço, no qual os trabalhadores se
comprometem a trabalhar em horários determinados pelo contratante e recebem no final de
semana; por empreitada, quando os trabalhadores e contratantes fazem um acordo prévio pelo
valor total da obra e se comprometem a efetuar pagamentos semanais até a conclusão do obra;
49
por tempo determinado, quando os particulares contratam trabalhadores por tempo determinado
e renovam contrato caso a obra não tenha terminado e estejam satisfeitos com o serviço
prestado.
Em todos os casos, o pagamento do trabalhador é realizado no sábado.
O Senai oferece constantemente, os cursos profissionalizantes de eletricista,
pedreiro, soldador, carpinteiro, aplicador de revestimento cerâmico e pintor de obras. Quanto
ao Secitec, são oferecidos os cursos técnicos em edificações e segurança do trabalho.
Quanto aos cursos técnicos ou profissionalizantes, até a conclusão dessa pesquisa
nenhum curso foi registrado, se limitando a serem oferecidos pelo Senai e Secitec na cidade de
Barra do Garças – MT.
6.1.2 O PERFIL DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM ARAGARÇAS
- GO
Na execução do trabalho, a grande parte das construtoras solicitaram que seus dados
não fossem divulgados, pois possuem funcionários registrados somente na área administrativa
o que dificultou o processo, afinal, os dados sobre a quantidade de funcionários cadastrados e
registrados formalmente, de acordo com as normas da CLT não foi levantado.
De modo geral, as pesquisas sociais abrangem um universo de elementos tão
grande que se torna impossível considera-los em sua totalidade. Por essa
razão, nas pesquisas sociais é muito frequente trabalhar com uma amostra, ou
seja, com uma pequena parte dos elementos que compõem o universo. É o que
ocorre, sobretudo, nas pesquisas designadas como levantamento ou
experimentos.
Quando um pesquisador seleciona uma pequena parte de uma população,
espera que ela seja representativa dessa população que pretende estudar (GIL,
2008, p. 89).
Como as entrevistas deveriam ser feitas com os trabalhadores, a estratégia foi
percorrer o limite da cidade para identificar obras e assim, entrevistar os trabalhadores. Foram
entrevistados 44 trabalhadores da construção civil que trabalham em Aragarças – GO, no
período de 28 de janeiro de 2019 a 09 de fevereiro de 2019. Importante ressaltar que não há
pesquisas anteriores sobre os trabalhadores da construção civil tanto na prefeitura quanto
sindicatos ou órgãos oficiais da área.
50
A pesquisa tem a intenção de descrever qual é o perfil do trabalhador da construção
civil de Aragarças – GO e foi elaborado de acordo com os métodos e modelos padrões de forma
a não constranger o entrevistado. São 39 questões sendo as 8 primeiras destinadas a identificar
o perfil individual do trabalhador; as 9ª a 21ª são direcionadas a identificar o perfil do indivíduo
como trabalhador, isto é, como trabalha atualmente; da 22ª a 35ª, as perguntas são direcionadas
a identificar a satisfação e motivação do trabalhador na área e da 36ª a 39ª, as questões são
direcionadas às condições de trabalho, principalmente aos EPI’s.
Em uma área onde o trabalho braçal é a ferramenta utilizada, é compreensível que
a grande maioria dos entrevistados fossem homens, como de fato ocorreu. Dos 44 entrevistados,
43 são do sexo masculino e 1 trabalhadora do sexo feminino.
GRÁFICO 10: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR SEXO.
FONTE: DA AUTORA
Dos entrevistados, a média de idade é de 42,88 anos, variando de 16 a 65 anos. Vale
lembrar que é proibido o trabalho de menores de idade, mas, como 100% dos entrevistados são
autônomos, a informalidade acaba por gerar essa oportunidade. Os demais entrevistados estão
classificados de acordo com a seguinte divisão: 8 pessoas estão entre 21 e 30 anos; 10 entre 31
e 40 anos; 11 entre 41 e 50 anos; 8 entre 51 e 60 e 6 pessoas com mais de 61 anos.
43
1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Masculino Feminino
Sexo
51
GRÁFICO 11: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO ESTADO CIVIL.
FONTE: DA AUTORA
Quanto ao estado civil, os trabalhadores da construção civil em Aragarças – GO
estão classificados da seguinte forma:
GRÁFICO 12: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR ESTADO CIVIL.
FONTE: DA AUTORA
Interessante observar que, mesmo a média de idade do trabalhador da construção
civil em Aragarças – GO estar em 43 anos, 38,63% dos entrevistados são solteiros.
1
8
10
11
8
6
0
2
4
6
8
10
12
- 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 + 60
Faixa etária
17
12
1
5
9
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
solteiro casado viuvo separado amasiado
Estado civil
52
Quanto ao número de filhos, a pesquisa apontou que a grande maioria dos
entrevistados possui 1 ou 2 filhos, conforme descrito no gráfico. Vale lembrar que, de acordo
com o grupo entrevistado, é possível identificar (matematicamente) a média de 1,64 filhos por
trabalhador.
GRÁFICO 13: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO PELO NÚMERO DE FILHOS.
FONTE: DA AUTORA
Uma das principais informações que a pesquisa levantou foi o grau de escolaridade.
Considerou-se desde o indivíduo que nunca frequentou a escola até o pós-graduado. A grande
maioria dos entrevistados (18) possui da 5 a 8 série (40,91%); 9 entrevistados possuem ensino
médio incompleto (20,45%); 7 possuem ensino médio completo (15,91%); 6 entrevistados
possuem da 1ª a 4ª série (13,64%) e 4 e já possuem curso superior completo (9,09%). Não há
trabalhadores que estejam associados às opções “não estudou”, “superior incompleto” e “pós-
graduado”.
8
14
11
6
4
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 1 2 3 4 5 +
Número de filhos
53
GRÁFICO 14: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO ESCOLARIDADE.
FONTE: DA AUTORA
Apesar de, apenas 4 entrevistados possuírem curso superior completo, é relevante
observar que a faixa salarial dos trabalhadores nessa área está muito acima da média salarial
local, que, segundo o CDL – Clube de Diretores Lojistas, é de R$ 1.100,00. E, afirmar que os
mesmos não obtiveram sua colocação no mercado, representaria uma forma de julgamento
errôneo e preconceituoso sobre a área da construção civil.
Quanto à naturalidade, a pesquisa buscava levantar o Estado de origem do
trabalhador. O objetivo dessa pergunta é identificar se houve algum movimento de migração de
outros estados para região, e, consequentemente, levando-os a optarem pelo trabalho na
construção civil.
O maior número de trabalhadores (19) nasceram em Aragarças (43,18%), 12
trabalhadores são originários de outras cidades do Estado de Goiás (27,27%); apenas 3
pesquisados são da cidade de Barra do Garças – MT (6,82%); 4 são de outras cidades do estado
de Mato Grosso (9,09%) e os demais entrevistados são de Minas Gerais (1), Bahia (1),
Maranhão (1), Tocantins (1) e Mato Grosso do Sul (2).
0
6
18
9
7
0
4
00
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
não est 1 a 4 5 a 8 med inc med com sup inc sup com pos
54
GRÁFICO 15: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR NATURALIDADE.
FONTE: DA AUTORA
Quanto ao tempo em que moram na região, foram considerados apenas os
moradores de outras cidades, excetuando Aragarças, Pontal do Araguaia e Barra do Garças.
Considerando que dos entrevistados, 17 moram na região entre 1 a 38 anos perfazendo a média
de 19 anos. 27 são moradores da Aragarças e Barra do Garças, o que não contribui para a média
nesse quesito.
O tempo de trabalho na construção civil é outra informação extremamente
pertinente para o objetivo da pesquisa. Nesse quesito, os entrevistaram deveriam responder
entre 1 a mais de 30 anos de trabalho e o resultado foi o seguinte:
GRÁFICO 16: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR TEMPO DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL.
FONTE: DA AUTORA
12
3
19
4
1 1 12
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
GO Barra doGarças
Aragarças MT MG BA MA MS TO
Naturalidade - Estado
6
7
6
2
7
5
2
9
0
2
4
6
8
10
ate 1 1 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 a 25 25 a 30 30 +
Tempo de trabalho na construção civil
55
Percebe-se, nesse quesito, uma média equilibrada distribuída entre o tempo de
trabalho na construção civil, sendo que a maioria dos entrevistados (9), estão na área há mais
de 30 anos (20,45%); 6 trabalhadores possuem até 1 ano de trabalho (13,64%); 7 atuam entre 1
e 5 anos (15,91%); 6 trabalha entre 5 e 10 anos (13,64%); 2 atuam entre 10 e 15 anos (4,55%);
7 entre 15 e 20 anos (15,91%); 5 entre 20 e 25 anos (11,36%) e 2 entre 25 e 30 anos (4,55%).
Quanto ao quesito trabalhar como autônomo, 100% dos entrevistados (44)
responderam que SIM, isto é, são autônomos e, consequentemente, não possuem carteira
assinada.
Isto não quer dizer que nunca tenham trabalhado em empresa privada/pública e já
tiveram suas carteiras assinadas ao menos uma vez. Esse foi o próximo quesito pesquisado que
apontou uma média de 2 empresas, variando entre 0 e 9. Quer dizer, os trabalhadores já
trabalharam entre 0 e 9 empresas, o que totalizou uma média de 2 empresas privadas/públicas
por funcionário.
Quanto à carga horária trabalhada por dia, por serem autônomos, seus horários são
mais flexíveis perfazendo uma variação entre 0 a 10 horas/dia, o que resulta numa média de
7,22 h/dia de carga horária.
O próximo quesito da entrevista, é se o trabalhador possui algum curso
profissionalizante ou técnico na área de construção civil. O objetivo dessa questão é apontar o
nível de preparação técnica na área. E, dos 44 entrevistados, apenas 5 (11,36%) já fez algum
curso, enquanto os outros 39 (88,64%) nunca fizeram nenhum curso técnico ou de
aperfeiçoamento.
GRÁFICO 17: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR CURSO NA ÁREA.
FONTE: DA AUTORA
5
39
0
10
20
30
40
50
sim não
Possui algum curso na área
56
Isso aponta um elevado grau de desqualificação técnica dos trabalhadores da
construção civil de Aragarças bem como apontam uma oportunidade de trabalho para
prefeituras, sindicatos empresas privadas e órgãos competentes.
Os cursos que os 5 entrevistados fizeram na área são de pedreiro e pintura pelo
Senai, mestre de obras e edificações.
Mesmo os profissionais que já fizeram cursos, ainda se mostram interessados em
outros cursos para melhorar sua qualificação profissional. E os entrevistados que nunca fizeram
nenhum curso, também mostraram interesse em se qualificar.
GRÁFICO 18: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR INTERESSE EM OUTROS CURSOS.
FONTE: DA AUTORA
Quanto ao interesse em fazer algum curso profissionalizante ou técnico para
qualificar, um elevado número (10) de trabalhadores não demonstraram interesse em fazer
nenhum curso (22,73%); 18 não responderam (40,91%); mas outros profissionais
demonstraram interesse em se qualificar ou buscar mais conhecimento em outros cursos mas
relacionados com a construção civil como administração, assentamento de cerâmica,
edificações, eletricista, engenharia civil, mestre de obras, pedreiro e pintura. Entre os
entrevistados, 1 demonstrou interesse em realizar um curso não relacionado à área de
construção civil, mas em nenhum momento da entrevista foi orientado que deveria ser apenas
na área, o que não compromete o resultado da pesquisa. Importante ressaltar, que não há falta
de interesse, mas sim, cansaço pelo esforço braçal na obra e a carga horária, segundo eles,
excessiva, considerando a natureza do trabalho que desenvolvem.
10
18
1 1 12
31
42
1
02468
101214161820
Cursos que gostaria de fazer
57
Uma das hipóteses do trabalho, seria que grande parte dos trabalhadores não
possuiriam qualificação suficiente para trabalhar na área. Essa hipótese só se confirmaria ou
seria refutada no final da pesquisa, mas o objetivo desse item do questionário é saber onde
adquiriu os conhecimentos necessários para desempenhar sua função e, segundo a entrevista,
ficou assim demonstrado:
GRÁFICO 19: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR ORIGEM DOS CONHECIMENTOS.
FONTE: DA AUTORA
Nesse quesito, a afirmação de que aprenderam sozinhos quer dizer que precisaram
aprender para garantir seu trabalho e nisso, se valeram da observação e orientações de colegas,
chefes e amigos. 33 dos entrevistados responderam que aprenderam sozinhos (75%), enquanto
apenas 10 aprenderam com os pais ou parentes mais próximos (22,73%) e apenas 1, aprendeu
o que precisava na área com cursos.
Mesmo sem formação específica em construção civil, os profissionais
desempenham papeis definidos e que, em muitas vezes, são alternados de acordo com a
necessidade da obra. Considerando isso, fica exposto o que os entrevistados apontaram:
10
1 0
33
0
5
10
15
20
25
30
35
pais cursos conhec. adquirido sozinho
Onde adquiriu os conhecimentos que possui
58
GRÁFICO 20: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR FUNÇÃO DESEMPENHADA NA OBRA.
FONTE: DA AUTORA
O pedreiro continua sendo a mão de obra principal na construção civil. Com 24
profissionais na área o que corresponde a 54,55% dos entrevistados, seguido pelos ajudantes
ou serventes, como eles mesmo se intitulam, 14 (31,82%); além dos pedreiros e ajudantes, a
pesquisa apontou os pintores (4), mestre de obra (1) e carpinteiro (1).
Sobre fazer algum curso na área que exerce, apenas 2 entrevistados afirmaram que
já fizeram (4,55%), enquanto 42 nunca fizeram algum curso para construção civil (95,45%). O
que reforça a hipótese da falta de qualificação para o trabalhador da área. Mas, ao questionado
se teria interesse em fazer, 29 entrevistados afirmaram não ter interesse (65,91%) e apenas 15
afirmaram esse interesse (34,09%).
Quanto a conhecer alguma empresa ou instituição que oferece cursos técnicos na
área de construção civil, 21 pessoas afirmaram conhecer (47,72%) e 23 afirmaram não ter
conhecimento sobre essas instituições e cursos (52,28%). Complementando essa pergunta, foi
questionado se os profissionais conhecem alguma instituição que oferece cursos na área de
construção civil. O Senai aparece como instituição que oferece cursos na área da construção
civil para 18 entrevistados, Secitec para 2 e Senac para 1.
Apesar da questão salarial ser um tema delicado para ser abordado, os entrevistados
não se constrangeram sobre o questionamento e, pelo demonstrado na pesquisa, a média salarial
dos trabalhadores na área de construção civil é R$ 2.325,00 com variação entre R$ 900,00 a R$
6.000,00.
1 1
4
14
24
0
5
10
15
20
25
30
Carpinteiro Mestre obras Pintor Ajudante Pedreiro
Função na obra
59
Mesmo com essa média salarial, alguns entrevistados (14) não estão satisfeitos com
o salário (31,82%). Porém, os outros 30 trabalhadores estão satisfeitos (68,18%). Essa
satisfação se reflete também quanto à profissão. 39 trabalhadores estão satisfeitos com a
profissão (88,64%) enquanto apenas 5 não se enquadram nesse quesito (11,36%).
Apesar disso, 32 trabalhadores mudariam de profissão (72,73%) se tivessem
oportunidade e 12 continuariam na mesma área (27,27%). 33 (75%) dos trabalhadores
indicariam a profissão e 11 (25%) pessoas não a indicariam a ninguém.
Quanto aos motivos que levaram a optar por essa área, os entrevistados apontaram
a necessidade, porque os familiares já trabalhavam na área, pagavam melhor; não exigiam
estudo, ofereciam mais vagas de trabalho, por falta de opção, não caracterizavam vínculo
empregatício, por permitir liberdade de horário, incentivo de amigos e, um dos quesitos mais
contraditórios apontados na pesquisa que foi a oportunidade. Alguns trabalhadores alegaram
ter optado pelo trabalho por falta de oportunidade enquanto outros afirmaram que escolheram
a construção civil porque foi essa área que lhes proporcionaram oportunidades de trabalho.
Como todos os entrevistados são trabalhadores autônomos, não há como a empresa
oferecer cursos de capacitação.
Sobre a satisfação quanto ao conhecimento técnico na área da construção civil, 42
dos trabalhadores estão satisfeitos (95,45%) enquanto apenas 2 (4,55%) se dizem insatisfeitos.
A pesquisa aponta que 42 dos trabalhadores acreditam ser muito importante os
cursos técnicos na área da construção civil (95,45%) enquanto apenas 2 (4,55%) acreditam que
não tem tanta importância, o que leva ao próximo item do questionário, que é sobre a
possibilidade de fazer algum curso.
Os trabalhadores se mostram interessados em fazer algum curso, grátis ou não, mas
o que realmente chama a atenção são os 11 pesquisados que afirmam não se interessar em fazer,
mesmo que recebessem algum benefício.
60
GRÁFICO 21: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR INTERESSE EM SE CAPACITAR.
FONTE: DA AUTORA
Sobre a possibilidade de continuar os estudos, 28 (63,64%) se mostraram motivados
com essa possibilidade o que demonstra serem as condições que os impediram nos estudos; já
16 entrevistados (36,36%), afirmaram não ter interesse em continuar seus estudos.
Mesmo a grande maioria estando satisfeita com o salário mas nem tanto com a
profissão, 35 dos entrevistados afirmaram não incentivar seus filhos a seguir os mesmos passos,
o que corresponde a 79,54% dos pesquisados e apenas 9 incentivariam seus filhos a seguir a
profissão (20,45%).
Quanto à motivação do trabalhador no exercício da função, 37 (84,09%) dos
pesquisados afirmaram que se sentem motivados e apenas 7 (15,91%) se mostrou desmotivado
na profissão. E, para complementar essa pergunta, foi questionado aos trabalhadores sobre o
que os motivariam a desempenhar melhor suas funções. Segue o demonstrativo da resposta:
GRÁFICO 22: CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
ARAGARÇAS – GO POR MOTIVOS PARA DESEMPENHAR MELHOR SUAS FUNÇÕES.
FONTE: DA AUTORA
15
20
0
24
11
0
5
10
15
20
25
30
sim gratis incentivo pagaria não faria
Faria algum curso de capacitação
4
1 1
5
12
1
14
6
0
5
10
15
Conhecimento Cursos Gostar Nada motivaria Nãoresponderam
Qualidade Salário Satisfeitos
O que motivaria a desempenhar melhor sua função
61
O quesito salário é um fator motivador já esperado. Para 14 trabalhadores (31,82%),
seria o fator mais importante e principal motivador para desempenhar melhor sua função. Nesse
quesito, é interessante observar o número de trabalhadores já satisfeitos com tudo o que já
possuem (6) em contrapartida com os que nada os motivariam (5). Os trabalhadores que não
responderam representam o segundo maior número (12). Isso pode se dar em função de não se
lembrarem, ou por estarem desmotivados ou por nunca terem pensado sobre o assunto, mas o
que importa é que o fator salário ainda continua como o maior motivador.
Um fator muito importante na construção civil, é a utilização de EPI’s. Os EPI’s
são os equipamentos de proteção individual e devem ser oferecidos pelas empresas. No caso
dos trabalhadores autônomos, os mesmos não estão isentos de utilização dos mesmos em função
de não estarem associados a alguma empresa. Mas o que mais chama atenção nessa pergunta é
a grande quantidade de trabalhadores que não sabem o que são os EPI’s e sua importância na
construção civil. 23 trabalhadores não sabem o que são EPI’s, o que representa 52,27% dos
entrevistados. E, como os trabalhadores são autônomos, não recebem EPI’s das empresas.
62
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção civil é um dos mais importantes setores da economia no Brasil por ser
um forte gerador de emprego e consequentemente renda para o trabalhador, movimenta bilhões
em novas obras todos os anos, por representar 6,2% do PIB brasileiro e ainda movimentar toda
cadeia produtiva gerando divisas.
Muitos fatores contribuíram para isso, entre eles o Programa Minha Casa Minha
Vida, que incentivou a construção de novas moradias para pessoas de baixa renda e assim,
aumentando o fluxo na cadeia produtiva desde a indústria até a comercialização de moradia e
o sistema financeiro.
Esse setor contribui de forma exponencial para a economia e a geração de emprego,
e, só atualmente, tem procurado melhorar a qualificação dos seus trabalhadores. Segundo dados
do CCR publicado no site G1, a cadeia produtiva da construção civil emprega direta e
indiretamente 12,5 milhões de pessoas gerando uma folha de pagamento de R$ 269 bilhões,
movimentando, também R$ 43 bilhões em materiais de construção e gerando 1.054 milhões de
pessoas no atacado e no varejo.
Uma cadeia produtiva com esse porte, começa a se atentar para a qualificação dos
trabalhadores, pois, com o amadurecimento do mercado e o aumento da concorrência, as
empresas começaram a perceber que trabalhador qualificado gera mais lucro, reduz tempo de
obra e desperdícios.
Porém, o mercado de Aragarças-GO, ainda está longe desse amadurecimento.
Mesmo sendo uma cidade de pequeno porte, com 19.884 e 44 construtoras ativas, ainda impera
a falta de qualificação e de informalidade na contratação de mão de obra.
Os trabalhadores ainda são em sua totalidade autônomos e contratados pelas
construtoras apenas quando surgem grandes obras, e mesmo assim, por tempo determinado ou
por obra.
Foi constatado que a média de idade do trabalhador é de 43 anos, em maioria possui
formação escolar da 5ª a 8ª série, solteiros, já trabalham aproximadamente entre 20 e 30 anos
na área, trabalham 8 horas/dia e são naturais da região.
63
Considerando que a média salarial gira em torno de R$ 2.325,00, a maioria dos
trabalhadores se mostraram satisfeitos com o salário, mas que mudariam de profissão se
tivessem a oportunidade. Alegaram ainda que indicariam a profissão a outras pessoas, mas não
incentivariam os filhos a trabalhar nessa área.
O motivo que os levou a buscar emprego na construção civil, foi o numero superior
de vagas, o salário e a falta de oportunidades em outros setores da economia por falta de
formação e qualificação.
Mas a falta de qualificação não está ligada só ao despreparo e motivação do
colaborar. Percebe-se, pela pesquisa, que a grande maioria não sabe o que são EPI’s nem os
utilizam, o que é uma falha grave na execução do trabalho e, mesmo contratado
temporariamente pelas construtoras, em algum momento eles deveriam utilizá-los.
A pesquisa apontou ainda outras informações baseadas nas necessidades dos
trabalhadores, mas que não estavam presentes no questionário. Essas necessidades, podem ser
apontadas como sugestões para melhora no setor e as mais importantes são a falta de um
sindicato para os trabalhadores da área, inexistência de iniciativa pública ou privada em
fornecer essa qualificação tão necessária para o setor.
Como sugestão para melhora no setor da construção civil, a criação de um sindicato
que poderia defender seus direitos e conseguir, inclusive uma melhora na qualificação dos
mesmos e a oferta de cursos tanto pela Prefeitura Municipal como instituições privadas com
parcerias de lojas de materiais de construção, fornecedores, indústrias, assegurando assim a
possibilidade de melhora de vida aos trabalhadores.
Importante ressaltar que o trabalhador que não tem um diploma ou escolaridade
completa não é ou está desqualificado para trabalhar na construção civil, pois durante a pesquisa
de campo, foi constatado que os líderes nas obras eram homens maduros que detinham um
conhecimento que talvez anos de aula não seriam o suficiente para qualificar ou capacitar.
64
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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68
APÊNDICES
69
QUESTIONÁRIO PERFIL DA MÃO-DE-OBRA NA CONSTRUÇÃO
CIVIL DE ARAGARÇAS – GO
1. SEXO ( ) MASC ( ) FEMIN 2. IDADE: __________________ 3. ESTADO CIVIL ( ) SOLTEIRO ( ) CASADO ( ) VIÚVO ( ) SEPARADO ( ) AMASIADO 4. FILHOS: ( ) NENHUM ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3
( ) 4 ( ) 5 ou mais 5. ESCOLARIDADE ( ) NÃO ESTUDOU ( ) 1ª A 4ª SÉRIE (PRIMÁRIO) ( ) 5ª A 8ª SÉRIE (GINÁSIO) ( ) ENSINO MÉDIO (INCOMP) ( ) ENSINO MÉDIO COMP ( ) ENS. SUP (INCOMP) ( ) ENS. SUP (COMPLETO) ( ) PÓS-GRADUADO 6. NATURALIDADE (ESTADO): ________________________ 7. A QUANTO TEMPO MORA NA REGIÃO: ______________ 8. HÁ QUANTO TEMPO TRABALHA NA CONSTRUÇÃO CIVIL? ( ) ATÉ 1 ANO ( ) 1 A 5 ANOS ( ) 5 A 10 ANOS ( ) 10 A 15 ANOS ( ) 15 A 20 ANOS ( ) 20 A 25 ANOS ( ) 25 A 30 ANOS ( ) + 30 ANOS 9. TRABALHA COMO AUTÔNOMO? ( ) SIM ( ) NÃO 10. POSSUI CARTEIRA ASSINADA? ( ) SIM ( ) NÃO 11. EM QUANTAS EMPRESAS JÁ TRABALHOU? __________ 12. QUANTAS HORAS TRABALHA POR DIA? _____________ 13. POSSUI ALGUM CURSO NA ÁREA? ( ) SIM ( ) NÃO 14. QUAIS CURSOS? _______________________________ 15. QUAIS CURSOS GOSTARIA DE FAZER? _____________ 16. COMO APRENDEU A FUNÇÃO QUE EXERCE? ( ) COM OS PAIS ( ) CURSOS ( ) PRATICANDO ( ) CONHECIMENTO ADQUIRIDO/REPASSADO POR OUTROS 17. QUE FUNÇÃO EXERCE NA OBRA? _________________ ________________________________________________ 18. FEZ ALGUM CURSO NA ÁREA QUE EXERCE? ( ) SIM ( ) NÃO 19. SE NÃO FEZ, GOSTARIA DE FAZER? ( ) SIM ( ) NÃO
20. CONHECE ALGUMA EMPRESA/INSTITUIÇÃO QUE OFERECE CURSOS TÉCNICOS NA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL? ( ) SIM ( ) NÃO 21. ONDE? ______________________________________ 22. QUAL SUA MÉDIA SALARIAL? ________________
23. ESTÁ SATISFEITO COM SALÁRIO? ( ) SIM ( ) NÃO 24. ESTÁ SATISFEITO SUA PROFISSÃO? ( ) SIM ( ) NÃO 25. MUDARIA DE PROFISSÃO SE TIVESSE OPORTUNIDADE? ( ) SIM ( ) NÃO 26. INDICARIA SUA PROFISSÃO? ( ) SIM ( ) NÃO 27. POR QUE ENTROU NESSA PROFISSÃO? ____________ 28. A EMPRESA OFERECE CURSOS DE CAPACITAÇÃO? ( ) SIM ( ) NÃO
29. ESTÁ SATISFEITO COM SEU CONHECIMENTO NA ÁREA DA CONSTRU-ÇÃO CIVIL? ( ) SIM ( ) NÃO
30. ACHA IMPORTANTE OS CURSOS TÉCNICOS NA ÁREA DA CONSTRU-ÇÃO CIVIL? ( ) SIM ( ) NÃO
31. FARIA CURSOS TÉCNICOS? ( ) SIM ( ) SIM, SE FOSSE GRÁTIS ( ) SIM, SE HOUVESSE INCENTIVO ( ) SIM, ATÉ PAGARIA POR ISSO ( ) NÃO FARIA 32. SE HOUVESSE OPORTUNIDADE, CONTINUARIA SEUS ESTUDOS ESCOLARES? ( ) SIM ( ) NÃO 33. ENSINARIA E INCENTIVARIA SEUS FILHOS A TER A MESMA PROFISSÃO QUE VOCÊ? ( ) SIM ( ) NÃO 34. VOCÊ SE SENTE MOTIVADO A TRABALHAR NA SUA FUNÇÃO? ( ) SIM ( ) NÃO 35. O QUE PODERIA MOTIVÁ-LO A DESEMPENHAR MELHOR A SUA FUNÇÃO? __________________________________ 36. SABE O QUE SÃO EPI’S? ( ) SIM ( ) NÃO 37. SUA EMPRESA FORNECE EPI’S? ( ) SIM ( ) NÃO 38. QUAIS EPI’S VOCÊ UTILIZA? ________________________________________________ 39. QUAL SERIA A PROFISSAO QUE GOSTARIA DE TER? ________________________________________________
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