Millar, Tomando a Medida Do Mundo Antigo
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TOMANDO A MEDIDA DO MUNDO ANTIGO1
Fergus Millar
[p.25] Há quase exatamente quarenta anos atrás, eu cursava meu último período em uma
escola pública escocesa nas margens do Firth of Forth [o estuário do rio Forth], onde o
clima fazia esse de Durham parecer, em comparação, decididamente tropical, e os
meninos só eram protegidos de congelarem jogando rugby sem parar. Mas, por mais
importante que rugby („rugger‟, na linguagem cotidiana) fosse para a ideologia da
escola, até eu me surpreendi quando o presidente de turma se aproximou de mim e
disse, com uma voz sem esperança, „Millar, eu às vezes fico deprimido. Existem
algumas pessoas nessa escola que acham que rugger é assim como o latim, algo em que
você não pensa a não ser quando está praticando‟.
Eu não estou contando esta estória para fazer graça de minha origem. Até por
que, em um mundo onde nosso primeiro ministro pode nos dizer que não existe „algo
como a sociedade‟, os valores do „espírito de equipe‟ e responsabilidade mútua que
Loretto ensinou agora parecem menos evidentes e mais importantes do que na época.
Em segundo lugar, quando, no início do segundo infantilismo que é comum a homens
de meia idade, eu depois de muitos anos voltei a assistir partidas internacionais de
rugger, eu percebi que o presidente da turma estava correto, ao menos em parte: nós
apenas jogávamos e jogávamos, sem na realidade refletir sobre como o jogo podia ser
jogado melhor.
Assim, em terceiro lugar, será que ele poderia estar correto em sugerir que o
latim era algo que apenas „fazíamos‟, e que não costumamos perguntar a nós mesmos
qual é nossa disciplina, no que ela consiste, ou como nós e nossos alunos podem lidar
com ela da melhor maneira? Essa é a oportunidade que eu gostaria de [p.29] aproveitar
agora: não, ao menos inicialmente, para me auto-questionar e criticar, mas o contrário.
Ao definir no que é que nossa disciplina consiste, nós também podemos lembrar a nós
mesmos, e a outros, do quão vasto é o seu escopo.
1 Fergus Millar, “Taking the Measure of the Ancient World”, in The Roman Republic and the Augustan
Revolution, Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2002, pp. 25-38. Discurso Presidencialapresentado no encontro da Classical Association, em Durhanm, Abril de 1993, originalmente publicadonos Proceedings of the Classical Association 90 (1993) 11-33. (Traduzido por Carlos Augusto R.Machado)
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Deixem-me começar oferecendo uma definição possível: os estudos clássicos
são o estudo da cultura, no sentido mais amplo, de qualquer população utilizando o
Grego e o Latim, do início até (digamos) a invasão islâmica do século VII d.C.
Desde o deciframento da Linear B por Michael Ventris, „o início‟ deve
naturalmente cobrir o segundo milênio a.C.; e certamente não podemos de forma
alguma deixar a Idade do Bronze tardia de fora de nossa concepção do que é a História
Grega. Mesmo assim, poderíamos escolher tratar dela como uma forma de „Pré-História
Grega‟, e tomar o início decisivo como sendo o século VIII a.C. Fazer isso seria tomar
dois pontos de referência interligados: o aparecimento dos primeiros fragmentos de
escrita que estão não apenas em grego, mas no alfabeto grego; e os trabalhos de Homero
e Hesíodo.
Se devemos, ou não, falar de um mundo histórico real (seguindo o brilhante O
Mundo de Ulisses de Moses Finley), ainda assim é importante que uma gama admirável
de elementos básicos da cultura e da vida social e política grega já são representados
nos poemas de Homero: uma multiplicidade de deuses e deusas; sacrifícios oferecidos a
eles; templos; cidades, e cidades „coloniais‟ de fundação recente; guerra; competição;
honra; oratória; assembléias populares; competições atléticas. Assim a história do
jornalismo esportivo europeu começa, muito apropriadamente, com o canto 23 da Ilíada,
e uma controvérsia famosa sobre se uma vitória em uma corrida de charretes foi vencida
legitimamente. (Talvez, tendo em vista a farsa do Grand National de 1993, a Classical
Association poderia oferecer um prêmio por 50 linhas de hexâmetros homéricos
descrevendo a corrida que nunca começou por que alguma divindade maliciosamente
anulou a inteligência dos oficiais da corrida?).
Mas se formos começar com Homero, é absolutamente essencial não nos
deixarmos enganar em pensar na „História Grega‟ como algo que aconteceu primeiro,
seguida algum tempo depois pela „História Romana‟. Pois as duas histórias e as duas
culturas foram intimamente ligadas do século VIII em diante, e se tornaram ainda mais
inextricavelmente ligada conforme o tempo passou. Assim, devemos nos lembrar que
vasos gregos importados já alcançavam Roma por volta da data especulativa, ou
lendária, de sua „fundação‟, 753 a.C. E também a partir de aproximadamente esta data
temos o skyphos em estilo geométrico grego oriental descoberto na ilha de Pithekoussai
(Ischia) [perto de Nápoles], o mais antigo assentamento grego no Ocidente, e não muito
mais do que 100 milhas de Roma. O famoso grafite escrito nele, “Eu [sou] a taça de Nestor, boa para se beber”, reflete tanto o conhecimento do épico e, sendo escrita da
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direita para a esquerda, ilustra o (provavelmente recente) empréstimo do alfabeto grego
da Fenícia. Quase tudo [p.27] o que podemos esperar saber do Mediterrâneo no século
VIII está representado nesse fragmento de cerâmica.
Nós nos aproximamos, entranto, muito mais da Roma arcaica com a cratera do
século seguinte, descoberta em Caere [na Itália], meras 20 milhas de Roma, pintadas
com uma cena mostrando Ulisses e seus companheiros cegando Polifemo; ou, ainda um
século mais tarde, com a estória de Heródoto (1.167) de como um agon (competição)
foi instituído em Caere (Agylla) sob as instruções de Delfos, em expiação pelo
assassinato de alguns cativos Foceenses, e que ainda era mantido no século seguinte.
Não é apenas que a evolução de Roma aconteceu dentro da órbita da cultura grega, mas
que as pré-condições para que os romanos se vissem como descendentes de Enéias
existiam desde o início.
Do período arcaico em diante, nós precisamos ver a cultura grega e romana
como evoluindo em paralelo. Roma efetivamente ficou para trás, com certeza. Cidades
gregas se espalharam pelo Mediterrâneo oriental e ocidental, e o Mar Negro, muitos
séculos antes de a expansão romana começar. Além do mais, e de forma crucial para
nossos conhecimentos, a literatura romana só começou uns cinco séculos após a grega.
O fato é mais surpreendente do que pode parecer. A Roma do final do século VI já era
uma cidade importante, com ao menos um templo imenso no Capitólio. E se a inscrição,
em uma forma primitiva de latim, no Lapis Niger do Forum, for realmente de meados
do século VI, então ela é mais antiga do que qualquer inscrição pública conhecida de
Atenas. Por que uma literatura latina não se desenvolveu antes do século III a.C. é
realmente um quebra-cabeças.
O momento quando as duas histórias associadas porém separadas realmente
começam a se tornar uma é o final do século IV a.C. Pois as conquistas de Filipe e
Alexandre, levando os exércitos da Macedônia para a Grécia, e exércitos de línguagrega para todo o oriente próximo, Egito, Babilônia, Pérsia e Ásia Central, são paralelas
aos desenvolvimentos de menor escala, mas ainda mais significativos, na Itália. Eu
estou me referindo ao desmantelamento da liga latina em 338 a.C., e então meio século
de guerras contra os Samnitas, Etruscos, Celtas e Gregos. Mesmo antes de os romanos
atravessarem o estreito da Sicília em 264 a.C., uma longa lista de cidades gregas já
havia sido dominada pelos romanos, e Roma já era um poder reconhecido nas margens
do mundo grego.
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Nós devemos aceitar que tanto a conexão da cultura e história grega e romana,
para produzir um único mundo „greco-romano‟, assim como a vasta expansão daquele
mundo foram produzidos pelo imperialismo e colonização. Não importa o quão
complexos foram os fatores correlatos, e as reações mútuas entre os diferentes grupos
culturais, foi muito simplesmente o imperialismo e o desejo de conquista que levaram a
cultura grega ao Afeganistão e ao Norte da Índia, e a cultura greco-rmana até a muralha
de Adriano [na Inglaterra]. Como eu estou tentando enfatizar, nós [p.28] temos todos os
motivos para nos vangloriar da pura extensão, no espaço e no tempo, da cultura greco-
romana. Mas quando enfatizamos demais a importância de nosso campo como uma
parte fundamental da experiência humana, nós não devemos, justamente porque
„imperialismo‟ e „colonialismo‟ são conceitos impopulares na cultura moderna,
falsificar a história obscurecendo o fato de que foi, em primeiro lugar, a guerra,
conquista, e assentamentos além-mar, tanto gregos quanto romanos, que criaram este
mundo greco-romano vasto e duradouro.
Quanto ao processo em si, não precisamos seguir todos os detalhes aqui. Será
suficiente relembrar que as duas fases mais importantes foram de fato as conquistas de
Alexandre na Ásia no século IV e a conquista romana, no oriente grego e no que se
tornaria ocidente latino, que alcançaram uma fase decisiva no século I a.C.
No contexto da imposição de uma cultura grega na Ásia, será útil escolher três
áreas onde as consequências foram especialmente notáveis. A primeira é o Egito, que
tem uma significância especial pela sobreviência de papiros. Então, em primeiro lugar,
podemos encontrar os colonos do mundo grego que se estabeleceram lá a partir do final
do século IV. Talvez o mais notável de tudo, por ser tão antigo, é o papiro grego de 311
a.C., de Elefantina, aproximadamente 600 milhas Sul do delta do Nilo. O papiro registra
o contrato de casamento entre dois colonos gregos:
No sétimo ano do reinado de Alexandre filho de Alexandre, 14º da satrapia dePtolomeu, no mês de Dius. Contrato de casamento Heráclides e Demétria. Heráclides toma comosua legítima esposa Demétria, de Cós, ambos nascidos livres, de seu pai Leptines, de Cós, e suamãe Filótis, trazendo roupas e ornamentos no valor de 1000 dracmas, e Heráclides irá proverDemétria com tudo o que é adequado para uma esposa nascida livre, e nós viveremos juntosonde parecer melhor para Leptines e Heráclides através de consultas mútuas... Testemunhas:Cleon, de Gela; Anticrates, de Temnos; Lysias, de Temnos; Dionísio, de Temnos; Aristomaco,de Cirene; Aristodico, de Cós.
Mais importante, talvez, porque de então até a conquista árabe o Egito
permaneceu uma área biblíngue, na qual tanto o egípcio quanto o grego foram usados,
as dezenas de milhares de papiros que sobrevivem preservam para nós uma grande,
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apesar de aleatória, parte da literatura grega, na qual Homero predomina acima de todos
os outros. Nós agora podemos ler a literatura grega (e um pouco da latina), não como foi
transmitida pelos escribas medievais, mas como era lida no mundo antigo.
A segunda área de imensa significância foi é claro a Judéia, pois uma das
consequências duradouras das conquistas de Alexandre foi que o [p.29] judaísmo pós-
bíblico, e obviamente o cristianismo, foram formados em um ambiente grego. Olhando
para trás do século I d.C., o grande historiador judeu Josefo, escrevendo em grego toda
a história de seu povo da Criação até 66 d.C., incorporaria essa maravilhosa história
folclórica, ou (pode-se dizer) novella, sobre a visita de Alexandre a Jerusalém:
Então ele foi ao templo, onde sacrificou a Deus sob a direção do sumo-sacerdote, emostrou o respeito devido aos sacerdotes e ao próprio sumo-sacerdote. E, quando o livro deDaniel foi mostrado a ele, no qual foi declarado que um grego destruiria o império dos persas,ele acreditou ser o indicado; e em sua alegria ele dispensou a multidão pelo momento, mas nodia seguinte convocou-os novamente e lhes disse que pedissem qualquer presente quedesejassem. Quando o sumo-sacerdote pediu que eles pudessem seguir as leis de sua próprianação e que no sétimo ano fossem isentos de tributo, ele concedeu tudo isso.
Nós não precisamos hesitar em dizer que essa história, da forma como é contada,
é uma lenda, pois o Livro de Daniel – no qual essa pseudo-profecia de fato aparece
(8.21) ainda não havia sido escrito. Ele seria composto, na forma que o possuímos, no
meio do período helenístico, para ser preciso na década de 160 a.C., durante a
perseguição do judaísmo pelo rei Selêucida Antíoco IV Epiphanes.
Única entre todas as culturas que foram submersas na cultura grega, o judaísmo
continuou a produzir obras escritas em suas duas línguas nativas, o hebraico e o
aramaico (Daniel usa as duas), e a ter suas obras canônicas traduzidas para o grego. A
lenda de como a Bíblia, ou ao menos o Pentateuco, foi traduzida para o grego, envolve
tanto o Egito, no reino de Ptolomeu II Philadelpho (283-246 a.C.), e a Judéia. Pois diz-
se que o rei enviou uma missão a Jerusalém para trazer tradutores para trabalhar em
Alexandria. A estória de fato parece ser lenda, paesar de setenta (ou setenta e dois)
tradutores terem dado seu nome à versão grega da Bíblia, a Septuaginta. Mas é fato que
o trabalho de tradução tinha ao menos começado no século III; e com ele uma visão
razoavelmente nova d emundo, e como ele surgiu, passaram a ser expressas em grego.
Quantas aulas de tradução de prosa grega, eu imagino, começaram com as palavras
iniciais do primeiro capítulo do Gênesis?
[p.30] E ainda assim essa visão da natureza do mundo e da divindade se tornou,
conforme o tempo passou, ao menos tão importante quanto os clássicos pagãos para asmilhões de pessoas cuja língua culta era o grego, e mais tarde para os que falavam o
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latim. O século III foi assim também o momento quando as duas linhagens da cultura
que herdamos se uniram.
Antes de examinarmos o mundo greco-romano mais tardio, vale a pena olhar de
relance para outra conjunção de culturas e sistemas religiosos que poderia ter levado a
uma civilização igualmente duradoura, mas que no fim não o fez. Na época de Ptolomeu
Philadelpho grandes partes da Índia e do Afeganistão, profundamente afetados pela
chegada de Alexandre, mas deixados de lado por Selêuco Nicator, foram governadas
pelo grande imperador da dinastia Mauryana, Asoka, de quem um dos epítetos foi
„piodasses‟, que aparentemente significa „de semblante benevolente‟. Tendo uma
mensagem importante a transmitir ao seu povo, Asoka ordenou que uma série de
proclamações fossem inscritas em diferentes pontos de seu império. Um destes lugares
foi Kandahar, onde ele inscreveu um edito em grego e aramaico. Uma vez que esse
documento memorável, publicado pela primeira vez em 1958, nunca se tornou bem
conhecido dos classicistas, ele merece ser citado inteiro aqui:
Quando dez anos haviam passado, Piodasses demonstrou devoção perante todos oshomens, e daquele tempo em diante tornou os homens mais devotos, e tudo prosperou na terra.Pois o rei abstém de (comer) coisas vivas, e outros homens – como os caçadores do rei e ospescadores – abandonaram a caça. E se alguém não consegue se auto-controlar, ele deixa seusexcessos o máximo que pode. Além disso são obedientes ao pai e à mãe, e aos mais velhos, maisdo que o eram anteriormente. No futuro, vivendo de acordo com estes princípios, eles serão
pessoas mais agradáveis e melhores.
Porque estava o rei divulgando estes ideais entre o povo? Porque ele havia sido
convertido recentemente aos ensinamentos de Bhudda. O documento é um dos dois
únicos (o outro é outro edito de Asoka, publicado em 1964) no qual crenças budistas
são expressas em grego clássico.
Essa conjunção admirável acabou, até onde sabemos, por ser abortada. No fim, o
mundo das cidades gregas não iria se extender além do Tigre, ou no máximo a Selêucia
no [rio] Eulaeu, a antiga Susa. Mas na região mediterrânea em geral, a expansão
romana, começando como vimos no mesmo exato momento que as conquistas de
Alexandre, absorveu praticamente todas as áreas onde aquelas conquistas tiveram
efeitos duradouros, e ao mesmo tempo levou a cultura latina para o Norte da África e a
[p.31] Europa ocidental, incluindo depois a Britânia, a Europa central até o Danúbio e o
Mar Negro, com uma extensão notável até a Dácia, a atual Romênia. O efeito, portanto,
foi produzir durante os primeiros séculos d.C. uma cultura greco-romana dual, expressa
em grego, latim, ou ambos, do Tigre ao Atlântico, ou de Elefantina no alto Nilo àmuralha de Adriano.
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Devemos destacar a própria escala deste processo. Estimativas modernas (ou
adivinhações) situam a população do império romano por volta de 50 milhões de
pessoas. É importante enfatizar que o que foi produzido foi uma cultura dual, o grego e
o latim, na qual os elementos constituintes da cultura latina deveram mais à cultura e
tradição gregas do que o contrário. O exército romano, é claro, carregou consigo a
língua latina, e mesmo a literatura latina, para todos os cantos do império. Nos últimos
anos novas descobertas demonstraram como o exército levou o texto da Eneida em suas
missões mais distantes: uma linha da Eneida (9.473) de Vindolanda tem eco em outra
(4.9) em Masada, a grande rocha perto do Mar Morto que o exército romano ocupou
depois de seus defensores, na estapas finais da revolta judaica, se suicidaram em 73 ou
74 d.C.
Mas o primeiro de dois fatos fundamentais que devemos entender sobre o
império romano é que a „latinização‟, nunca buscada de maneira sistemática, teve um
progresso muito pequeno no oriente de língua grega. Não existe por exemplo nenhuma
prova de que alguém tenha traduzido qualquer trabalho de Virgílio para o grego até o
início do século IV, quando o imperador Constantino apresentou algo da Quarta Écloga
em grego para uma assembléia de bispos.
Mais importante, na metade oriental do império a língua da vida cotidiana, e
mesmo (na maioria) dos negócios públicos, permaneceu o grego. Seria uma estimativa
razoável dizer que, em todas as fases do império romano, este possuiu mais falantes
nativos do grego do que do latim. Assim é que sobreviveu uma tradição contínua da
cultura grega durante o período helenístico, pelos três primeiros séculos do império
romano, a fundação de Constantinopla por Constantino, a queda do império no Ocidente
no século V, e no mundo bizantino.
Mas o outro fato essencial sobre o império romano é igualmente importante.
Trata-se da difusão do latim, a ponto de se tornar não apenas a língua do império mas ada vida cotidiana, nas regiões não-gregas. Quando, quarenta anos atrás, meu presidente
de turma presumiu que não se „pensava sobre‟ o latim, eu acho que ele estava certo. No
caso da Itália em si, da Gália e Espanha, nós podemos ter certeza de que no fim uma
língua popular que evoluiu do latim tornou-se a língua principal da fala cotidiana. Mas
quando, por quais etapas e através de quais processos educacionais e sociais? Teria o
mesmo ocorrido [p.32] no Norte da África antes das invasões islâmicas? Teria ocorrido
na Britânia na época em que os romanos a deixaram no início do século V? Nóspodemos encontrar o latim comum da rua e do mercado (por exemplo) nas tabuinhas de
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maledição do templo de Sulis Minerva em Bath, esplendidamente editadas por R. S.
Tomlin. Teria o celta sido falado durante os quase 4 séculos de dominação romana, sem
deixar qualquer traço por escrito? Problemas similares são apresentados por quase toda
a Europa central, sem falar na Romênia e sua língua derivada do latim. Nós precisamos
„pensar sobre‟ o latim; e a história social da difusão do latim e de sua adoção como
língua da vida cotidiana mal começou a ser escrita.
De todo modo, ao pensarmos sobre a expansão do latim, nós não estamos
preocupados apenas com uma língua, mas com uma cultura e consciência histórica por
inteiro. O fato de que praticamente nenhum traço de qualquer literatura pré-romana
sobrevive, escrita ou oral, ou de qualquer concepção própria de história local, entre os
povos do Mediterrâneo ocidental ou da Europa central e do Noroeste, é um
extraordinário tributo à atração da cultura latina. A única literatura que estes povos
herdaram foi o latim, e a única história a romana – exceto nos casos onde também
tinham consciência da cultura grega e, com o cristianismo, da tradição do Antigo
Testamento.
Muito poucas pessoas, hoje como à época, se permitiram ficar suficientemente
surpresas com esse fato. Uma pessoa que se permitiu, no entanto, foi Aurélio
Agostinho, nascido em 354 d.C. e educado na pequena cidadezinha de Tagaste, no
Norte da África Romana. Relembrando-se, em suas As Confissões, escrita nos anos 390,
Agostinho viu que era possível perguntar-se porque é que sua educação havia sido feita
da forma que foi:
Mesmo agora ainda não descobri as razões pelas quais eu odiava a literatura gregaenquanto eu era ensinado na minha infância. Eu amava o latim profundamente, não na época demeus professores primários, mas no nível secundário quando eu era ensinado pelos professoresde literatura chamados „gramáticos‟. Os elementos iniciais, quando se aprende a leitura, escrita e
aritmética, eu achei tão enfadonhos e dolorosos quanto uma série inteira de aulas de grego.
Mas por que, de todo modo, sua educação foi sobre as paixões de Dido[personagem famosa da Eneida], e não sobre sua própria alma?
O que é mais digno de pena do que um pobre coitado sem pena de si próprio que chorapela morte de Dido, morrendo de amor por Enéias, mas não chora por si próprio, morrendo porsua falta de amor por Ti, meu Deus, luz de meu [p.33] coração, pão da boca de minha alma, opoder que dá vida em minha mente e nos mais recônditos recessos de meu pensamento.
A questão expressou as tensões insolúveis entre duas tradições, a judaico-cristã e
a clássica, que àquela altura formavam a cultura do império greco-romano – que, na
época em que Agostinho escrevia, em 395 d.C., estava alcançando o primeiro passo naeventual divisão entre o Ocidente latino e o Oriente grego.
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Onde devemos ver o final da história da cultura greco-latina é evidentemente um
problema insolúvel. Em um sentido a resposta é, certamente, nunca. Em outro, é 1453 e
a queda de Constantinopla. Ou talvez as invasões islâmicas do século VII. Ou talvez, se
quisermos escolher uma data terminal, com o reinado de Justiniano em Constantinopla,
m 527-565. Pois não só este reinado assistiu à última tentativa de reunificação de
Ocidente e Oriente por meios militares, mas ele também produziu um dos maiores
monumentos da prosa latina e da cultura romana, o Digesto. Parece estranho, mais uma
vez, que ninguém (até onde eu sei) use extratos desta obra em um contexto educacional.
Porque, em primeiro lugar, não importa qual tenha sido a intenção de Justiniano, o que
os compiladores do Digesto produziram na verdade foi algo familiar a todos nós: uma
coletânea de fontes. O que eles fizeram foi selecionar extratos dos principais escritores
do direito romano clássico, principalmente aqueles do início do século III d.C., Ulpiano,
Papiniano e Paulo, e os organizaram em seções. Através do Digesto nós temos acesso a
um vasto corpo de escrita romana em prosa do apogeu do império, quase um milhão de
palavras ao todo. Não só isso, o principal manuscrito do Digesto, agora em Florença, foi
escrito, naturalmente em latim, em algum lugar do mundo grego no final do século VI
ou no século VII. Ele é assim muito próximo de sua data original de compilação.
Suponha que nós achamos que a escrita deste vasto manuscrito em latim tenha
sido feita em 622 d.C., o ano da hégira de Maomé de Meca para Medina. Nós podemos
então escolher estes dois eventos como marcando o fim simbólico do mundo antigo.
Essa data está a quase exatamente 1400 anos depois de os primeiros colonos gregos
terem chegado em Pithekoussai, e que seus sucessores imediatos trouxeram com eles o
conhecimento da „taça de Nestor‟ e do épico homérico. O intervalo de que estamos
falando é um pouco mais longo do que o período de tempo entre 622 e hoje. Ao
defender nossa disciplina, e ao enfatizar sua significância para a história humana, e sua
própria escala em espaço e tempo, nós não devemos ser muito modestos.Ao mesmo tempo, devemos estar preparados para fazer algumas perguntas a nós
mesmos. Para começar, quem permitiu que nosso „canône‟ do que merece ser lido em
grego e latim fosse reduzido ao que quer que se consider „literatura‟? Não seriam [p.34]
extratos de textos jurídicos romanos, com seu uso repetido de situações da vida
cotidiana, ser mais acessível para alunos do que (por exemplo) Ovídio com sua
complexa rede de alusões mitológicas? Igualmente, não será que alunos responderiam
melhor a manuais militares ou arquitetônicos romanos? Ou à medicina grega, na formado corpus hipocrático? Ou a cartas em papiros, por exemplo, de filhos viajantes a pais
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irritados? Mas acima de tudo, por que é que nós excluímos de nossa concepção usual do
que é uma educação clássica textos judaicos e cristãos em grego, cristãos em latim?
(Até onde eu sei não existe nenhuma literatura judaica em latim na antiguidade). Acabar
com essa exclusão seria, como afirmei anteriormente, trazer a Septuaginta para o cânone
da literatura grega, sem falar daquelas duas imensamente poderosas narrativas (em
grego) da resistência judaica ao heleniso no século II a.C., o primeiro e o segundo livros
dos Macabeus. Estes textos, convenientemente disponíveis na bíblia católica ou em
edições protestantes dos apócrifos (traduzidos por exemplo na Bíblia de Jerusalém e na
Nova Bíblia Anglicana), são não apenas poderosos escritos, mas têm um impacto direto
na natureza e no impacto da cultura grega no período helenístico. Tomem por exemplo
o relato em 2 Macabeus 4, de como o sumo-sacerdote dos anos 170 a.C. “apreciou
encontrar imediatamente abaixo da acrópole um ginásio, e levou para lá os mais nobres
dentre os efebos vestindo um petasos [um chapéu-sombreiro grego]. Aquele foi o
momento de apogeu do helenismo e do avanço de costumes estrangeiros através da
poluição do ímpio Jasão, não um sumo-sacerdote verdadeiro, tanto que os sacerdotes
não queriam mais conduzir os serviços do altar, mas, desprezando o Templo e
negligenciando os sacrifícios, eles correram para participar dos exercícios da palaistra
[ginástica], quando convocados pelo som do diskos.”
Se nos permitíssemos esse ponto de vista sobre o mundo clássico, poderíamos
também aceitar a centralidade dos trabalhos de Josefo, escritos em grego em Roma na
parte final do século I d.C., mas representando para o mundo pagão uma tradição e
história locais com origens na Criação. Poderíamos até ler nas aulas de grego aquelas
visões vívidas da sociedade provincial no império romano apresentadas pelos
Evangelhos e pelos Atos dos Apóstolos.
Existem além disso razões importantes para nos permitir incluir textos judaicos e
cristãos em nossa concepção de „estudos clássicos‟. Uma é que, no caso do cristianismo,
nós podemos seguir a transmissão da nova fé de um contexto grego para um latino, e
com isso chegamos mais uma vez no mundo greco-romano da Antiguidade Tardia, onde
a cultura e tradição pagãs viveram em uma coexistência desconfortável com a screnças,
tradições e literatura judaico-cristã. Devemos nos lembrar que foi provavelmente no
mundo romano tardia dos séculos IV e V d.C. (digamos) que o maior [p.35] número de
pessoas tinha ou o grego ou o latim como sua língua natal. De certo modo, como o
retrato de Agostinho de sua educação em sua pequena cidade natal mostra, esse foi omais „clássico‟ de todos os períodos.
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Mas a segunda razão é mais relevante para o modo como podemos apresentar o
mundo clássico para os dias de hoje. Pois os dois importantes processos que acabei de
mencionar, a transferência do cristianismo e suas escrituras sagradas para um ambiente
de língua latina e o conflito entre o cristianismo e o paganismo, são ilustrados por textos
com tremenda força dramática, combinados com simplicidade linguística, os Atos dos
Mártires Cristãos. Estes Atos não são, apesar de parecerem, registros de processos do
julgamento de mártires. Mas eles são uma evocação literária antiga daqueles processos,
que seja na realidade ou apresentados nos Atos serviram para demonstrar o que estava
em jogo na luta entre duas visões do mundo.
Um aspecto destes processos complexos é capturado perfeitamente nos mais
antigos Atos de Mártires em latim conhecidos, representando o julgamento de alguns
cristãos de um lugarejo chamado Scilli pelo procônsul da África em 180 d.C. Uma das
perguntas do procônsul produz uma resposta de significância muito maior do que a
linguagem simples sugere:
Saturnino o procônsul perguntou: O que está nessa sua caixa?Sperato respondeu: Os livros e cartas de Paulo, um homem justo.
Com isso nós temos a evidência mais antiga para a tradução do Novo Testamento em
latim, um processo que culminou com o grande trabalho de revisão de Jerônimo e a
produção da Vulgata, que permaneceu desde então a Bíblia da igreja católica.In principio creavit Deus caelum et terram, terra autem erat inanis et vacua et tenebrae superfaciem abyssi. Et spiritus Dei ferebatur super aquas. Dixitque Deus „fiat lux‟; et facta est lux.
De um ponto de vista, a difusão desta visão do que era o mundo é sem dúvidas
importante para nosso entendimento do que foi o mundo antigo. Mas de outro ponto de
vista, não poderiam estas frases simples, cheias de significado, fornecer a iniciantes uma
boa introdução ao latim da Antiguidade Tardia (como textos judaicos servem para o
grego do período helenístico)? Mas se quiséssemos usar o latim cristão para iniciantes,não haveria escolha melhor do que os Atos que representa o julgamento de Frutuoso,
bispo de Tarragona, perante o governador ( praeses) em 259 d.C. Percebam o uso
carregado e significativo de tempos verbais, o emprego de orações subordinadas, o
contraste entre singular e plural (deum e deos) ao falar da ordem divina, e a forte clareza
com que o conflito entre religiões é apresentado: [p.36]
Aemilianus praeses Fructuoso dixit: Audisti quid imperatores praeceperunt?Fructuosus dixit: Nescio quid praeceperunt. Ego Christianus sum.
Aemilianus praeses dixit: Praeceperunt deos coli.
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Fructuosus dixit: Ego unum Deum colo, qui fecit caelum et terram et mare et omnia quae in eissunt.Aemilianus dixit: Scis esse deos?Fructuosus dixit: Nescio.Aemilianus: Scies postea.* * * * *Aemilianus praeses Fructuosus dixit: Episcopus es?Fructuosus dixit: Sum.Aemilianus dixit: Fuisti.
O governador Emiliano o governador perguntou a Frutuoso: Você ouviu o que os imperadoresordenaram?Frutuoso respondeu: Eu não sei o que ordenaram. Eu sou um cristão.O governador Emiliano disse: Eles ordenaram que os deuses sejam cultuados.Frutuoso respondeu: Eu cultuo o Deus único, que fez o céu e a terra e o mar e tudo o que estáneles.Emiliano perguntou: Você sabe que existem deuses?
Frutuoso: Eu não sei.Emiliano: Você saberá mais tarde.* * * * *O governador Emiliano perguntou a Frutuoso: Você é um bispo?Frutuoso respondeu: Sou.Emiliano disse: Era.
O suficiente foi dito para ilustrar os três temas principais que eu queria
transmitir: a própria escala em tempo e espaço do que chamamos de „mundo antigo‟; a
significância neste contexto daqueles textos em grego ou latim que faríamos bem em
incorporar à nossa visão desse período; e o uso que poderia ser dado a alguns desses
textos, sendo gramaticalmente simples mas cheios de significados, ao introduzir
iniciantes à cultura e crenças clássicos.
Se eu tivesse espaço, eu diria algo sobre as centenas de milhares de inscrições e
as dezenas de milhares de papiros que nos dão acesso direto às palavras escritas nas
milhares de pequenas cidades e vilarejos do mundo antigo (muitos destes textos também
serviriam para estudantes começando [p.37] a ler grego ou latim). Mas ao invés disso eu
irei me permitir citar meu trabalho preferido da Antiguidade Tardia, o brilhante relato
jornalístico feito por jerônimo da vida de Hilário, um habitante da antiga cidade de
Gaza, que nasceu por volta de 290 e se converteu nos primeiros anos do século IV para
a vida de um asceta cristão.
A antiga cidade filistina de Gaza era então um exemplo perfeito de um lugar
„greco-romano‟. Helenizada há muito tempo, ela havia recebido no século III o status de
colônia romana. Assim (ao menos em princípio) ela usava o latim em seus assuntos
públicos, e seus dois principais magistrados anuais tinham o título latino de duumviri.
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Como uma urbs romana, Jerônimo relata, a cidade organizava um festival anual em
honra ao deus Consus, para comemorar o rapto das Sabinas. Como parte do festival, um
cristão, Itálico, deveria guiar uma quadriga (carroça puxada por quatro cavalos) em uma
corrida contra outra de propriedade de um duumvir pagão, e temia o efeito de
encantamentos. Então foi pedido a Hilário que providenciasse água benta para jogar
sobre os cavalos, a quadriga e o corredor cristão.
Assim, Jerônimo escreveu, „quando o sinal foi dado, eles [os cavalos do cristão]
saíram correndo, e os outros ficaram parados.‟ Jerônimo retoma aqui a tradição de
jornalismo esportivo inaugurada no canto 23 da Ilíada, e começa a usar o presente
histórico: „Sob a carroça cristã as rodas ficaram vermelhas de tão aquecidas; eles [os
cavalos do pagão] mal podiam ver as costas de seus rivais quando estes passavam.‟
„Marnas foi derrotado por Cristo!‟, gritou a multidão. E assim seria no fim, mas apenas
após muitos séculos em que adoradores de Cristo e de divindades pagãs coexistiram, e
mais pessoas eram educadas na língua, cultura e tradição gregas e latinas do que em
qualquer tempo antes.Nós não devemos ter medo, no mundo moderno, de nos orgulhar
de quanto da história humana é representado por esses processos. Mas, ao mesmo
tempo, devemos nos deixar „pensar sobre o latim‟, e sobre como o iniciante moderno
pode ser melhor ajudado a estudar o mundo greco-romano.
UMA NOTA SOBRE AS FONTES
Para quem quer seguir qualquer um dos textos mencionados nesta palestra, segue uma
nota sobre os lugares onde eles foram publicados:
1. O papiro de 311 a.C. é mais facilmente encontrado em A. S. Hunt e G. C. Edgar,
Select Papyri I (1932), n. 1, edição da Loeb.
2. O relato de Josefo sobre Alexandre em Jerusalém vem de sua Antiguidades Judaicas 2.8.5 (329-39); a passagem citade é 336-8 (Loeb).
3. A inscrição budista de Asoka foi originalmente publicada por D. Schlumberger,
[p.38] L. Robert, A. Dupont-Sommer e E. Benveniste no Journal Asiatique 246 (1958):
1. O texto e tradução em francês em J. Pouilloux, Choix d’inscriptions grecques (1960)
n. 53. O segundo texto grego foi publicado por E. Benveniste no Journal Asiatique 252
(1964): 1, e é reproduzido em P. Steinmetz, org., Beiträge zur hellenistischen Literatur
und ihren Rezeption in Rom (1990), nas págs. 47-49.
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4. A tradução da Quarta Écloga para o grego de Constantino é contida em sua Oração à
Assembléia dos Santos, normalmente publicada com a „biografia‟ de Eusébio, Sobre a
vida do abençoado Constantino. A passagem referida é Oração, 19-20. A única
tradução em inglês que eu conheço é a de P. Schaff e H. Wace em Select Library of
Nicene e Post-Nicene Fathers, I (1890; rep. 1952). Mas veja agora A. Cameron e S.
Hall, Eusebius: Life of Constantine, traduzida com introdução e comentário (1999).
5. A edição de R. S. O. Tomlin das tabuinhascom maldições de Bath podem ser
encontradas em B. Cunliffe, org., The Temple of Sulis Minerva at Bath II (1988).
6. A tradução das Confissões (1.13) é tirada da de H. Chadwick, Saint Augustine,
Confessions (World‟s Classics, 1992).
7. O texto grego dos livros I e II dos Macabeus podem ser encontrados nas edições da
Septuaginta, por exemplo, a de A. Rahlfs, originalmente publicada em 1935; e também,
com tradução francesa e comentários, em F.-M. Abel, Les livres des Maccabées (1949).
8. Os atos dos mártires cristãos podem ser encontrados com uma tradução (muito pobre)
em H. Musurillo, The Acts of the Christian Martyrs (1972). O texto dos atos dos
mártires de Scilli é o de número 1, o dos atos de Frutuoso é o número 12.
9. A Vita Hilarionis de Jerônimo é publicada em C. Mohrmann, org., Vita dei Santi IV
(1975), 69ff., e traduzida em R. J. Deferrari, org., Early Christian Biographies (1952),
245ff.