Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano
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medicinaespecializada
Alto desempenho em
ano I edIção 03A revistA médicA do hospitAl sAmAritAno
Dra. Fabiana Maria ajjarconta a experiência noGrupaMento aéreo De Sp e a rotina no SaMaritano
e n t r e v i S ta
ciência eM pauta: PAPEL DA TC DE CORPO INTEIRO NO POLITRAUMA GRAVE
a Vida por um fioCentro de trauma do HospItalsamarItano é referênCIa ematendImentos de emergênCIa
3
MEDICINA ESPECIALIZADA é uma publicação jornalística trimestral do Hospital Samaritano de São Paulo, com distribuição gratuita e circulação interna. O conteúdo da publicação é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião do Hospital Samaritano. Rua Conselheiro Brotero, 1.486 | 01232-010 | Higienópolis | São Paulo | SP | Brasil www.samaritano.org.br | [email protected] | 11 3821.5300 | fax. 11 3824.0070 Gestão executiva superintendente corporativo Luiz De Luca superintendente Médico Dario Fortes Ferreira superintendente coMercial, MarketinG e desenvolviMento de neGócios Paulo Ricardo Campos Ishibashi superintendente de responsabilidade social Luiz Maria Ramos Filho superintendente de recursos HuManos Carmen Maria Natali Nigro Doro • conselHo editorial Paulo Bianchini, Dario Fortes Ferreira, Luiz Maria Ramos Filho, Paulo Ricardo Campos Ishibashi, Fernando de Andrade Leal, Mara Martin Dreger • equipe de MarketinG Mariana Vendemiatti, Rafael Avad Ernandi, Adriano Ortiz
Jornalista responsável Roberto Souza (MTB: 11.408) editor-cHefe Fábio Berklian editor Rodrigo Moraes reportaGeM Daniella Pina, Lais Cattassini e Vinícius Morais revisão Paulo Furstenau proJeto Gráfico Luiz Fernando Almeida diaGraMação Leonardo Fial, Luiz Fernando Almeida e Willian Fernandes | Rua Cayowaá, 228, Perdizes, São Paulo - SP | www.rspress.com.br
Referênciaem trauma
04 16
06
12 CIÊNCIAEM PAUTA
16 NOTAS
04 Q & A
06 CENÁRIO
Desde que foi criado, em março de 2013, o Centro
de Trauma do Hospital Samaritano vem ganhando
expertise, reconhecimento e fazendo a diferença
na vida de muitos pacientes.
O serviço está estruturado para atender traumas
diversos e tem feito em média 13 internações men-
sais. No ano de 2014, foram feitos 330 atendimen-
tos com ativação da equipe de Trauma, que atua
24 horas por dia, nos sete dias da semana, em um
sistema que envolve um grande número de funcio-
nários das mais variadas áreas e especialidades.
Provavelmente essas informações surpreendam
alguns profissionais e colegas do Samaritano
que ainda desconhecem a estrutura montada no
hospital para atender a esse tipo de demanda.
É uma honra apresentar um pouco mais sobre
esse trabalho e poder dizer que também somos
referência nisso. Confira em Cenário a rotina de
trabalho, estrutura e capacitação dos profissionais
do Centro de Trauma, além de conhecer alguns
dos desafios do dia a dia.
Veja ainda a entrevista (Q&A) com a capitã-
-médica do Grupamento Aéreo de São Paulo e
médica intensivista do Pronto-Socorro do
Samaritano, Dra. Fabiana Maria Ajjar, e o artigo,
na seção Ciência em Pauta, sobre tomografia de corpo
inteiro no atendimento de trauma. Boa leitura!
Dr. Paulo Bianchini, Diretor Clínico
Dr. Dario Fortes Ferreira, Superintendente Médico
Hospital Samaritano de São Paulo
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H o s p i t a l S a m a r i t a n o
Q + A
4
IntensIvIsta fala da experIêncIa nos ares de são paulo e sobre a equIpe de trauma do HospItal samarItano
Fabiana Maria Ajjar é capitã-médica do
Grupamento Aéreo da Polícia Militar do
Estado de São Paulo e médica intensivis-
ta do Pronto-Socorro do Hospital Sama-
ritano. Ela fala sobre a rotina e desafios
no atendimento feito pelo helicóptero
Águia na cidade de São Paulo e explica o
trabalho da equipe de Trauma do HS.
Como é o seu trabalho no Hospital Samaritano?Sou médica intensivista do Hospital. En-
trei em 2005, na UTI Geral, e atualmente
fico durante o dia na UTI Neuro e faço
alguns plantões no Centro de Tratamen-
to Intensivo da Ala Oeste (CTI-Oeste).
Qual o perfil e como o Centro de Trauma do Hospital Samari-tano foi estruturado? Um hospital pode ter uma estrutura enor-
me, mas, para o atendimento de trauma,
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Q + A
5
Um hospital pode ter uma estrutura enorme, mas, para o atendimento de trauma, ter à disposição uma equipe especializada 24 horas é o que faz a diferença
ter à disposição uma equipe especializa-
da 24 horas é o que faz a diferença. Após
a autorização obtida pela coordenação
junto à Secretaria de Saúde do Estado de
São Paulo, Corpo de Bombeiros, Grupa-
mento Aéreo do Estado de São Paulo e
superintendência do Hospital, contamos
com uma equipe de trauma à disposição
para o primeiro atendimento (delta) em
até 15 minutos. Os bombeiros têm a op-
ção de trazer pacientes via terrestre para
cá. Tanto o centro de operações quanto o
Grupamento Aéreo de SP estão cientes
disso. Realizamos treinamentos para a
aproximação das aeronaves ao heliponto
e também com o pessoal de segurança
de voo. A equipe daqui já se conhecia por
outros atendimentos do Grupamento
Aéreo em outros hospitais, então o rela-
cionamento com eles é ótimo.
O Hospital recebe todos os tipos de trauma? Certamente. O Hospital Samarita-
no tem estrutura para atender, por
exemplo, o que o próprio Hospital das
Clínicas atende. Tem material, equipa-
mentos e uma equipe de especialistas
em neurocirurgia e neurovascular
preparados. A equipe de Trauma está
acostumada a lidar com pacientes poli-
traumatizados. Para doentes com lesão
de aorta, algo muito grave e com alto
risco de mortalidade, o fato de termos
tratamento endovascular é um bene-
fício fundamental. A estrutura para
receber esses doentes é indiscutível.
Como são realizados os treina-mentos da equipe de Trauma?Fazemos todo o gerenciamento e
questões de prioridade ao atendimento
das vítimas. A parte intra-hospitalar
é gerenciada pelo Dr. Diogo Garcia,
coordenador do Centro de Trauma
do Samaritano. Em relação ao pouso
da aeronave, existe um treinamento
feito pelo Departamento de Seguran-
ça de Voo do Grupamento Aéreo. Há
treinamentos dos brigadistas e das
pessoas que terão acesso à aeronave.
Isso porque há o risco de incidentes em
razão de a aeronave normalmente não
desligar o motor durante a assistência a
vítimas graves. Os protocolos aplicados
são referenciados pela Agência Nacio-
nal de Aviação Civil (Anac) e estão de
acordo com os protocolos do Grupa-
mento Aéreo. Embora existam normas
gerais, cada tipo de aeronave tem uma
forma diferente de atendimento. Por
exemplo, o Grupamento Aéreo tem 23
aeronaves do modelo Esquilo usadas
para o resgate. Se for usada uma ae-
ronave da Força Aérea, cuja entrada é
lateral, o treinamento é diferente.
A senhora também é capitã- -médica do Grupamento Aéreo de São Paulo, chamado Águia. Como é seu trabalho lá?No Águia, sou oficial médica e res-
ponsável pela Unidade Integrada de
Saúde (UIS). Fui a primeira oficial
médica a fazer parte do Grupamento.
Além do atendimento aos pacientes,
realizamos a avaliação ambulatorial de
pilotos, mecânicos, tripulantes ope-
racionais e parte do efetivo do Grupa-
mento. Fazemos um trabalho equiva-
lente ao de um médico de esquadrão
das Forças Armadas. Atendemos
ainda a parte ambulatorial e partici-
pamos efetivamente do treinamento
e formação dos pilotos. A UIS em si,
associada à Segurança de Voo, faz o
treinamento dos médicos do Grupo de
Atenção às Urgências e Emergências
(GRAU) e dos médicos militares. Faz
parte do nosso trabalho assessorar o
comandante em relação à triagem tan-
to dos transportes de órgãos quanto de
transporte intra-hospitalar - fazemos
a avaliação da necessidade de medi-
cação, se está dentro do protocolo, e
assessoramos o comandante para que
ele autorize ou não esse transporte.
Como é trabalhar nas frentes de resgate e recepção dos pacientes no Pronto-Socorro?É um trabalho muito estimulante. Cos-
tumo brincar que acabamos até “indo
procurar” o doente. O primeiro paciente
transportado pelo Águia para o Hospital
Samaritano foi, por coincidência, um
capitão da polícia, que hoje é major.
Ele inclusive já havia nos dado treina-
mento. Fizemos o transporte dele para
o Samaritano, saí do Grupamento para
o plantão noturno no Hospital e acabei
atendendo ele novamente. Isso também
acontece com pessoas que socorremos
para o HC e, depois, são encaminhadas
para o Samaritano. É bem gratificante
acompanhar todas as fases do atendi-
mento ao paciente: resgate, transporte,
recepção e tratamento.© In
ácio
Tei
xeira
/ Ho
spita
l Sam
arita
no
cenário
6 H o s p i t a l S a m a r i t a n o
cenário
7j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5
traumaa noite de 31 de agosto de 2014, Jair voltava da
festa de aniversário de suas filhas quando viu sua
vida por um triz. Em uma tentativa de assalto na
avenida Raimundo Pereira de Magalhães, próximo a Pirituba,
zona norte de São Paulo (SP), o bancário levou um tiro nas
costas enquanto tentava parar sua moto no acostamento para
se render. “Joguei para a direita, mas o bandido achou que eu
fosse fugir”, lembra.
Ferido, acabou acelerando a moto e bateu de frente com
um carro. Com a colisão, despencou de um barranco de quase
cinco metros, onde permaneceu até que o corpo de bombeiros
fizesse seu resgate. Jair foi levado para o Hospital Samaritano
e internado em estado gravíssimo. “A situação era tão crítica
que ele não tinha pressão arterial para medir”, conta o coorde-
nador do Centro de Trauma, Dr. Diogo Garcia.
Após receber sangue, Jair teve que ser operado, perdeu o
rim esquerdo, uma parte do estômago, uma parte do intestino
delgado e outra do cólon. Também teve fratura exposta na tíbia
e quebrou o fêmur. No total, foram 45 dias internado, dois me-
ses de colostomia e mais de quatro meses de recuperação. No
último dia 21 de maio, ele voltou ao Samaritano para a cirurgia
de reconstrução do trânsito intestinal e agora passa bem.
N EquipE multidisciplinarEspEcializada E atEndimEnto
continuado aumEntam aschancEs dE sobrEvida dE
paciEntEs com trauma gravE
por daniella pina E lais Cattassini
dinâmica do
O caso do bancário foi um dos mais emblemáticos que já
passaram pelo Centro de Trauma do Hospital Samaritano, em
funcionamento desde março de 2013. O serviço vem sendo
estruturado para atender pacientes em estado grave desde
março de 2012 e hoje atende em média 13 internações men-
sais. No último ano, foram feitos 330 atendimentos com ati-
vação da equipe de Trauma.
A preparação do Centro passou pela elaboração de pro-
tocolos, organização de fluxo, compra de materiais especiais
e treinamento das equipes de Trauma e Enfermagem. “A es-© s
hutte
rsto
ck
a
cenário
8 H o s p i t a l S a m a r i t a n o
cientes vítimas de grandes acidentes.
Segundo Fernanda, a comunicação
é a chave. “O fluxo de informações é
fundamental para a segurança do pa-
ciente, garantindo que ele encontrará
truturação representa uma mudança
de pensamento do Hospital, que não
estava acostumado a receber esse tipo
de paciente”, salienta o coordenador do
Centro de Trauma.
A equipe do Dr. Diogo Garcia é
formada por cinco cirurgiões com
formação em traumatologia, que
atuam 24 horas por dia, nos sete dias
da semana. “A partir do momento em
que o paciente chega ao Hospital, ou
mesmo quando o corpo de resgate
avisa que o paciente está a caminho,
a equipe de Trauma é acionada e tem
até 15 minutos para se preparar para
recebê-lo”, explica.
O fluxo de resgate é feito por meio
de equipes terrestres e aéreas, com o
apoio de um heliponto localizado no
prédio do Hospital. “Quando somos
avisados de que um helicóptero está
chegando com um paciente, dispara-
mos por SMS a mensagem de que te-
remos um paciente politraumatizado,
ou seja, potencialmente grave. Várias
pessoas do Hospital recebem a in-
formação, de forma que a Tomografia
tem de deixar um aparelho liberado,
o Centro Cirúrgico deixa uma sala
vaga para receber o paciente e a UTI,
o Banco de Sangue e os demais seto-
res de Medicina Diagnóstica também
se preparam”, detalha a gerente de
Enfermagem da área de Emergência,
Fernanda Gatti.
O sistema de comunicação entre
as equipes foi uma das mudanças rea-
lizadas pelo Samaritano para garantir
um atendimento rápido e seguro a pa-
não há dúvidas de que o uso do celular na direção é um dos grandes responsáveis por acidentes de trânsito. segundo pesquisa da universidade de utah, nos Estados unidos, checar o celular regularmente aumenta em 400% o risco de acidentes. Estima-se ainda que 20% dos acidentes de trânsito envolvam o uso do celular.apesar do conhecimento dos riscos que este hábito apresenta, a pesquisa Text and Drive do hospital samaritano revela que muitos não abandonam a prática. um questionário realizado com 327 profissionais da instituição comprova que ao menos 80% deles usam o celular enquanto dirigem. apenas 61 entrevistados (20%) afirmaram deixar o aparelho de lado quando estão no trânsito. a pesquisa aponta ainda que o uso do aparelho é majoritariamente para efetuar ou receber uma ligação. porém, 29% dos respondentes dizem que usam o celular para mandar ou ler mensagens de texto. ao menos 71% dos entrevistados reconhecem que utilizar o celular ao dirigir é muito perigoso, mas 75% dos profissionais não acreditam que mudarão de hábito tão facilmente. cinquenta e três por cento afirmam que mudariam de hábito se sofressem um acidente e 23% fariam essa reflexão se um familiar ou amigo fosse a vítima do trauma.
Sem riSco de acidenteS
cenário
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tudo pronto para o atendimento quando
chegar, e também para a segurança do
Hospital, pois buscamos garantir que o
paciente tenha cobertura de seu con-
vênio para ser atendido aqui”, afirma.
Antes de encaminharem pacientes
como Jair, as equipes de resgate en-
tram em contato com o Hospital para
verificar se o paciente possui um con-
vênio válido. A recepção da Emergên-
cia tem até três minutos para fazer a
verificação online.
A estruturação do Pronto-Socorro
para receber vítimas de traumas tam-
bém envolveu toda a equipe médica e
de enfermagem, que, além de garantir
uma resposta rápida ao resgate, é a
primeira a ter o contato com o pacien-
te. Para isso, médicos e enfermeiros
de todos os setores da Emergência re-
cebem treinamentos regulares. “Isso é
muito importante. A primeira pessoa
que receberá esse paciente é o médico
do Pronto-Socorro. A equipe de Trau-
ma é acionada e prontamente vem ao
Hospital, mas o primeiro contato é
com quem está de plantão no local”,
pontua Fernanda.
Nesse cenário, o cirurgião de trau-
ma atua como o capitão do time, na
rápida tomada de decisões e na coor-
denação dos procedimentos. “Se chega
um paciente com uma lesão grave de
crânio, uma lesão de aorta e uma fra-
tura na perna, ele precisará de um neu-
rocirurgião, um cirurgião vascular e
um ortopedista. O cirurgião de trauma
coordena o atendimento e decide quem
opera primeiro”, exemplifica Garcia.
equipe paSSa portreinamentoS conStanteS
© In
ácio
Tei
xeira
• Ho
spita
l Sam
arita
no©
Raf
ael E
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di •
Hosp
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amar
itano
o centro de trauma do hoSpital Samaritano é coordenado pelo dr. diogo garcia
cenário
10 H o s p i t a l S a m a r i t a n o
atendimentomultidiSciplinarContar com uma equipe multidisci-
plinar é imprescindível para o aten-
dimento de um paciente, e, se essa
equipe for especializada em trauma, as
chances de sucesso no tratamento se
tornam muito maiores. “No Samarita-
no, temos cirurgiões de trauma, neu-
rocirurgiões especializados em neuro-
trauma, ortopedistas especialistas em
traumas ortopédicos, equipe de cirur-
gia vascular especializada em trauma e
endovascular”, detalha o coordenador
do Centro. “Quando o paciente grave
chega, encontra um time que sabe exa-
tamente o que fazer”, completa.
De acordo com o cirurgião orto-
pédico da equipe, Dr. Luiz Fernando
Cocco, o protocolo de atendimento ao
paciente com trauma se inicia com o ci-
rurgião geral. “É esse profissional quem
dará o primeiro atendimento. Depois do
paciente estabilizado, entra o cirurgião
ortopédico com subespecialidade em
trauma.” O cirurgião ortopédico com
subespecialidade em trauma tem gran-
de vivência com pacientes politrauma-
tizados e múltiplas fraturas.
A especialidade é essencial. Segun-
do Fernanda Gatti, o tipo mais comum
de acidente que leva vítimas ao Centro
de Trauma do Hospital Samaritano é
o automobilístico. “Quando a energia
do trauma é muito grande, o sistema
ossoesquelético paga um preço muito
alto, pois ocorrem fraturas múltiplas.
Por isso, o cirurgião ortopédico espe-
cialista é fundamental”, avalia Cocco.
A equipe também dispõe de um
cirurgião vascular especializado em
trauma, responsável por avaliar lesões
vasculares e hemorragias. “Os traumas
mais comuns que acionam o cirurgião
vascular são os de membros inferiores,
quando há trombose, e é necessário
fazer uma revascularização. Nesses
casos, obrigatoriamente o ortopedista
deve estar junto, pois costuma haver
fratura e há a necessidade de primeiro
fixar a parte óssea”, explica o cirurgião
vascular Dr. Henrique Lamego.
Para cirurgias vasculares, por exem-
plo, técnicas minimamente invasivas
como embolização com partícula, em-
bolização com mola e colocação de en-
doprótese garantem uma recuperação
o samaritano é oúnico hospital
privado que recebe vítimas graves
transportadas por helicóptero
© E
dson
Lop
es •
A2AD
deSde junho do ano paSSado, o Samaritano eStáautorizado a receber vítimaS graveS por tranSporte aéreo
cenário
11j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5
mais rápida. “Não são todos os hospi-
tais que possuem este serviço. Essas
técnicas permitem menos anestesia e
menor agressão ao corpo. Faz muita di-
ferença”, afirma Lamego. Na área orto-
pédica, o Centro possui materiais de úl-
tima geração e protocolo de tomografia
de corpo inteiro exclusivo para trauma.
“Fizemos um balanço que mostrou que
em 20% das tomografias de corpo intei-
ro foram encontradas lesões que passa-
riam despercebidas se não fosse feito o
exame”, complementa Garcia.
O fluxo de encaminhamento das
vítimas traumatizadas, o atendimen-
to em sintonia realizado por uma
equipe especializada e a estrutura
moderna do Hospital Samaritano ga-
rantem a melhor recuperação desses
pacientes, que serão acompanhados
pela mesma equipe até deixarem o
hospital. “Quando o paciente apre-
senta um neurotrauma, por exemplo,
ele passa pela avaliação da equipe
de Neurologia, que intervém em
conjunto com a UTI Neurológica.
Após apresentarem melhora, a equipe
de Reabilitação Pós-Traumática as-
sume, fazendo a reabilitação cogni-
tiva em conjunto com fisiatras, fisio-
terapeutas, fonoaudiólogos e neu-
ropsicólogos”, detalha o neurocirur-
gião Dr. Wellingson Paiva.
De acordo com o especialista, o
cuidado com o paciente que sobreviveu
a um trauma agudo e saiu com seque-
las neurológicas é fundamental para
melhorar sua cognição e reinserção so-
cial. “O Centro de Trauma do Hospital
Samaritano é um dos primeiros do País
com a visão ampla de oferecer desde a
assistência de pronto-atendimento até
a reinserção social completa”, opina.
“Também oferecemos apoio psicoló-
gico aos pacientes e suas famílias, que
geralmente são pegas de surpresa e
precisam de um suporte para enfrentar
essa fase”, complementa Garcia.
Na opinião do coordenador, uma
das principais dificuldades enfrenta-
das pelos pacientes é a negligência no
tratamento do trauma. “Em São Paulo,
por exemplo, há dias em que você en-
contra apenas um neurocirurgião de
plantão na cidade inteira. É uma catás-
trofe, porque, com exceção de quatro
hospitais públicos de excelência, não
existem centros preparados para aten-
der os pacientes traumatizados.” Outra
questão alarmante diz respeito à loca-
lização das vítimas. “Quando uma pes-
soa sofre um trauma, é levada para o
hospital mais próximo, sem chance de
escolha. E muitas vezes esse local pode
não as condições necessárias para se
fazer um bom atendimento”, opina.
caso queira encaminharum paciente para o centrode trauma, ou, em caso de acidente, queira ser atendido pelo hospital samaritano,o contato deve ser feito pelo telefone 3825-5820 ou0800 770 88 778.
atendimento
enSino etreinamentoPara oferecer um serviço de excelência em
trauma, o Hospital Samaritano tem in-
vestido na área de ensino e treinamento.
Todos os meses, o Instituto de Conheci-
mento, Ensino e Pesquisa (ICEP) orga-
niza cursos de aperfeiçoamento, como o
Advanced Trauma Life Support (ATLS),
que pretende padronizar o atendimen-
to de médicos que atuam em serviços de
emergência, aprimorando-os dentro dos
critérios mais avançados atualmente.
Os treinamentos se estendem à equi-
pe de Enfermagem e a todo o corpo clínico
do Hospital. “No fim do ano, teremos um
curso para treinar toda a equipe envolvida
no atendimento de vítimas de desastres
para lidar com os pacientes traumatiza-
dos”, adianta Garcia.
Existe ainda um projeto de pesquisa
para que o Hospital Samaritano se torne
tutor de três centros de traumas públicos
no País, em Palmas (TO), Aracaju (SE) e
Campo Grande (MS). A ideia é montar
fluxos e protocolos para melhorar o aten-
dimento seguindo os mesmos modelos
utilizados na estruturação do Centro de
Trauma do Hospital Samaritano.
© R
afae
l Ern
andi
• Ho
spita
l Sam
arita
noequipe eSpecializada garante o melhoratendimento aoS pacienteS traumatizadoS
12
r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o
ciência em pauta
O PAPEL DA TOMOGRAFIACOMPUTADORIZADA DE CORPO
INTEIRO NO POLITRAUMA GRAVE
AUTOR ClAUs FRAnCisCO GRAsel
O fatOr ‘tempO’ é de fundamental impOrtância,sendO que a atuaçãO entre a primeira e terceira hOras (golden hour of shock) tem Os maiOres efeitOs sObre
as evOluções clínicas e taxas de mOrtalidade
Lesões traumáticas continuam sendo a principal
causa de mortalidade de pacientes com até 45 anos de
idade, tanto nos países desenvolvi-
dos quanto nos emergentes e em
desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças
(US-CDC) estima um custo anual aci-
ma de 500 bilhões de dólares, soman-
do os cuidados médicos e perda de
produtividade relacionados às lesões
traumáticas no país. Lesões traumáti-
cas importantes (major injuries) devem
ser detectadas e tratadas rapidamen-
te, preferencialmente dentro da cha-
mada golden hour, sendo elementos-
-chave em guidelines e protocolos.
Diagnóstico e terapia efetiva do
politrauma exigem algoritmos clíni-
cos e pré-clínicos associados à logís-
tica de processos altamente padroni-
zados em time interdisciplinar, de
maneira a possibilitar o diagnóstico por imagem de forma
rápida e precisa, em condições de emergência.
O fator ‘tempo’ é de fundamental
importância, sendo que a atuação entre
a primeira e terceira horas (golden hour of shock) tem os maiores efeitos sobre
as evoluções clínicas e taxas de mor-
talidade. A radiologia passou a ser
parte integrante do work-up das equi-
pes de trauma no Advanced-Trauma-
-Life-Support (ATLS) em muitos cen-
tros de trauma de ponta.
Vários modelos de scoring de trau-
ma têm sido recomendados e utiliza-
dos (ISS, TRISS, RISC) com intuito de
categorizar a severidade das lesões e
definir condutas terapêuticas e prog-
nósticos relacionados à sobrevida/
mortalidade. Contudo, sua utilização
na triagem inicial é limitada, além do
consumo de tempo e alto número de
lesões não identificadas.
Estudo sugere que a utilização da TC de corpo inteiro como primeira
modalidade aumenta a proba-bilidade de sobre-
vivência de pacientes com
politrauma grave
ciência em pauta
13
r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o
Os avanços tecnológicos relacionados à tomografia
computadorizada e o advento da tomografia multislice
(MDTC) com alto número de fileiras de detectores, princi-
palmente a partir de 32 e 64 fileiras, permitem atualmente
aquisições muito rápidas com alta resolução espacial (sub-
milimétrica) de regiões inteiras do corpo, bem como a rea-
lização sequencial de múltiplas fases do meio de contraste
endovenoso, com tempo total de exame muito curto, geral-
mente abaixo de um ou dois minutos. Além disso, a capa-
cidade de reconstruções isotrópicas em múltiplos planos
(MIP/MPVR) e as reconstruções em 3D contribuíram para
o aumento da acurácia na detecção de lesões, sendo
importante destacar também o papel fundamental da TC
multislice na exclusão de eventuais lesões traumáticas.
Um estudo multicêntrico retrospectivo publicado em
um dos mais importantes periódicos médicos [1] sugeriu
que a utilização da tomografia computadorizada de cor-
po inteiro como primeira modalidade de imagem
aumentaria significativamente a probabilidade de sobre-
vivência de pacientes submetidos a politrauma grave, em
comparação a um algoritmo utilizando radiografias e
ultrassonografia, eventualmente seguido de tomografia
computadorizada seletiva de regiões do corpo. Quando
utilizado o protocolo de TC de corpo inteiro, houve redu-
ção relativa da mortalidade baseada no TRISS de 25%,
contra 13% baseada no RISC quando utilizados outros
algoritmos diagnósticos (Figura 1).
A partir desse estudo, foram publicados vários outros,
com resultados semelhantes, indicando redução da morta-
lidade entre 20% e 30% e conclusivamente recomendando
a tomografia computadorizada de corpo inteiro como pri-
meiro método diagnóstico em pacientes submetidos a
Mo
rtali
ty r
ate
(%
)
TRISS prognosis
0
25
20
15
10
5
Whole-bodyCT
(n=800)
p<0.001
17-1
17-3
Non-whole-bodyCT
(n=1459)
p=0.66
17-5
23-2
Whole-bodyCT
(n=1400)
Non-whole-bodyCT
(n=2713)
p=0.017
19-9
23-0
20-6
p=0.42
21-3
RISC-score prognosis
Figura 1. resultados da tc de corpo inteiro (lancet 2009; 373:1455-61)
imagem ilustrativa do protocolo de tomografia de corpo inteiro
Grey columns represent the recorded mortality rates. erros bars represent 95% ci. Green bars show that the recorded mortality rates are lowers than the predicted rates. red bars show that the recorded mortality rates are higher than the predicted rates. risc = revised injury severity classification.triss = trauma and infjurity severety score.
trauma grave [2,3,4] e até mesmo em pacientes com insta-
bilidade hemodinâmica borderline.
Outro estudo interessante publicado recentemente
concluiu que a utilização da TC de corpo inteiro estaria
© A
rqui
vo H
ospi
tal s
amar
itano
14
r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o
ciência em pauta
associada à redução significativa da
mortalidade de 30 dias, quando
comparado aos pacientes que rece-
beram TC seletiva [5].
Um estudo prospectivo com foco
ligeiramente diferente realizado por um
grupo da Califórnia (USC) em centro
de trauma acadêmico nível 1, visando à
avaliação de pacientes submetidos a
politrauma sem sinais óbvios de lesão
torácica ou abdominal, demonstrou
que cerca de 19% desses pacientes
apresentavam alterações significativas,
que resultaram em modificação da con-
duta terapêutica [6].
O resultado desses dados, publica-
dos principalmente a partir de 2009,
demonstrando significativo aumento
da probabilidade de sobrevida, tem
levado à incorporação contínua e pro-
gressiva da TC de corpo inteiro no
diagnóstico precoce do trauma grave
nos grandes centros de trauma nível 1 e
em centros acadêmicos, fazendo parte
atualmente de protocolos e guidelines de
importantes instituições na Europa e
Estados Unidos [7] (Figura 2). Contu-
do, vale salientar que não há ainda um
consenso definitivo ou um protocolo
standard universalmente aceito, tendo
sido feitas menções principalmente à
dose de radiação ionizante a que os
pacientes são submetidos quando uti-
lizada a TC de corpo inteiro multifási-
ca e que de fato é significativa.
Deve haver indicação restrita segundo
algoritmos das equipes de trauma,
com aplicação muito controlada,
notadamente em pacientes pediátri-
cos e/ou adolescentes. Porém, diante
Adotamos oprotocolo da
Universidade de Miami/Ryder
Trauma Center, que consiste em tomografia decorpo inteiromultifásica,com estudoangiográfico
ABC
WBCT
Pattern of Injuries?Resources?
DamageControl
Early Total Care
IntensiveCare Unit
X-ray, FAST CPR, Acule Surgery
+ -
Figura 2. algoritmo do hospital da universidade de Zurique
the current multiple traumaalgorithm of our hospital.
abc, airway/breathing/circulation; cpr, cardiopulmonary resuscitation;
fast, focused assessment with sonography for trauma; Wbct,
whole-body ct.(Br J radiol; 88: 20140616)
ciência em pauta
15
r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o
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ReFeRÊnCiAs
ClAUs FRAnCisCO GRAsel é coordenador do departamento de ressonância e tomografia do hospital samaritano
da potencial gravidade do politrauma e das evidências
óbvias da performance do método, a dose de radiação tende
a ser irrelevante.
No Hospital Samaritano, adotamos o protocolo da Uni-
versidade de Miami/Ryder Trauma Center, que consiste em
tomografia de corpo inteiro multifásica, com estudo angio-
gráfico (whole-body CT angiography) [7]. Esse protocolo leva à
ótima opacificação de vasos e vísceras sólidas, permitindo
diagnóstico rápido e preciso de lesões significativas, com
identificação daquelas que requerem
intervenção cirúrgica ou endovascular.
Entre as principais, destacam-se as
lesões vasculares severas, hemorragia
ativa, fraturas espinhais instáveis, rup-
tura diafragmática, lesão complexa de
víscera sólida (ex: lesão pancreática
com envolvimento do Wirsung) e lesões
do mesentério ou víscera oca.
O protocolo é constituído de TC sem
contraste do crânio, seguida de fase
arterial/angiográfica do círculo de Willis
até a sínfise púbica e fase portal/venosa do abdômen e pélvis.
São geradas reconstruções coronais e sagitais MPR.
A inclusão dos membros inferiores no estudo ou aquisição
de fase tardia abdominopelviana é opcional, na dependência
de fatores específicos e/ou solicitação da equipe de trauma.
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imagem ilustrativa do protocolo de tomografia de corpo inteiro
diagnóst ica e terapêut ica
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TraTamenToinovador para reTinoblasTomaé adoTado pelo HospiTalsamariTano
terápico, consegue-se uma redução signi-ficativa dos efeitos colaterais sistêmicos. Também conseguimos usar drogas muito específicas para esse tipo de tumor, que em maior quantidade seriam tóxicas ao paciente”, afirma.O Hospital já realizou cinco procedimentos desde que introduziu o tratamento. A equi-pe responsável trabalha com a técnica em
outros centros especializados em câncer infantil há quatro anos e agora conta com a tecnologia do Hospital Samaritano para atender à grande demanda de pacientes. “É um tratamento que se presta bastante a dar para a criança uma maior qualidade de vida. Conseguimos mudar o mínimo possí-vel a rotina desse paciente e temos uma boa resposta”, completa Fonseca.
A dissecção endoscópica da submucosa (ESD, sigla em inglês), uma das mais modernas técnicas de tratamento de lesões do aparelho digestivo alto e baixo, passou a ser realizada pelo Serviço de Endoscopia do Hospital Samaritano. “É um procedimento bastante atual. Independentemente do tamanho da lesão, é ressecada apenas uma peça”, afirma o chefe do Serviço de Endosco-pia, José Flávio Andrade Silva.Segundo ele, a equipe especializada do Samaritano realiza esse e outros procedimentos modernos, como a ecoendoscopia infan-til e a ecoendoscopia de vias aéreas com EBUS, que permite a utilização de ultrassom durante a broncoendoscopia. “São proce-dimentos que destacam bem o nosso serviço”, afirma Silva.
Serviço de endoScopia realiza procedimentoScom equipamentoS de ponta
O Hospital Samaritano introduziu a qui-mioterapia intra-arterial para o tratamen-to de retinoblastoma, câncer ocular que atinge majoritariamente crianças com menos de cinco anos. O Samaritano é o terceiro centro de saúde em São Paulo a realizar o procedimento, menos agressivo e mais eficaz no tratamento do tumor.Segundo o médico neurorradiologista e intervencionista do Samaritano, José Roberto Falco Fonseca, o procedimento permite injetar uma quantidade menor de quimioterápicos, mas com uma concen-tração maior, diretamente na artéria oftálmica, que nutre o olho e a retina. “Com uma quantidade menor do quimio-
P & D
17j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5
Quando se trata de apneia do sono, o
Continuous Positive Airway Pressure
(CPAP) continua sendo o tratamento que
representa menor risco e maior benefício
aos pacientes. Porém, a taxa de adesão ao
método ainda fica na casa dos 60%.
A não adaptação à máscara nasal,
fatores sociais e idade são as prin-
cipais razões para a não adesão ao
CPAP, o que significa risco de agra-
vamento da apneia durante o sono,
aumentando as chances de infarto,
AVC e acidentes causados por sono-
lência. Como alternativa para esses
pacientes, a área de medicina do sono
tem buscado tratamentos fisiológicos,
como o eletroestimulador de nervo
hipoglosso. O tratamento promissor
é uma das grandes apostas mundiais
para o tratamento da Síndrome da
Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS).
A cirurgia para implante do apa-
relho já é feita na Europa e acaba de
ser realizada no Brasil pelo Centro de
Tecnologia em Otorrinolaringologia do
Hospital Samaritano. Apelidado como
marca-passo, o eletroestimulador
segue um conceito muito parecido com
o dispositivo cardíaco e é implantado
no nervo que interliga parte da muscu-
latura motora da língua. “O eletroesti-
mulador funciona com um gerador e o
tratamento contínuo é feito da mesma
forma que o marca-passo cardíaco”,
explica o coordenador do Centro de
Tecnologia em Otorrinolaringologia do
Primeiro implante de eletroestimulador para apneia do sono - SAOS
HS, Dr. Eric Thuler. Em parceria com o
norte-americano Dr. Ofer Jacobowitz,
o especialista foi o responsável pela
primeira cirurgia de implante de ele-
troestimulador de nervo hipoglosso no
País, realizada em julho.
Trabalhos científicos têm mostrado
que a gravidade da SAOS está relacio-
nada com a perda da resposta da mus-
culatura da língua e da faringe. A teoria
é de que a estimulação desse nervo pos-
sa suprir a perda de tonos. No entanto,
a indicação do tratamento é restrita a
casos especiais, como a não adaptação
ao CPAP e a obstrução relacionada à
hipotonia como principal causadora
da SAOS. “Não existe um perfil rígido
dos pacientes indicados à cirurgia, mas
no geral são indivíduos não obesos e
sem alterações anatômicas na face, com
amígdalas em tamanho normal e sem
obstruções nasais”, detalha Thuler.
O Hospital Samaritano vem uti-
lizando essa técnica inovadora desde
julho. “Estruturamos um check-up
do sono que dispõe de um protocolo
de avaliação do paciente com polis-
sonografia e endoscopia com sono
induzido. Dentro desse diagnóstico,
conseguimos identificar os casos que
têm obstrução por causa de ‘queda da
língua’ e esperamos que o eletroesti-
mulador possa ser uma alternativa.”
Na opinião de Thuler, o diagnós-
tico precoce ainda é a melhor forma
de combater a SAOS, já que estudos
mostram que o problema começa na
infância. “Avaliar o crescimento da
face, remover a adenoide e a amígdala
se houver um aumento considerável e
acompanhar esse paciente podem ser
a chave para resolver 99% dos casos”,
pontua. Por falta de informação e aten-
ção a sintomas sutis, muitos pacientes
acabam procurando tratamento já em
estágio avançado da doença. “A ideia
do check-up do sono montado pelo
Samaritano também foi para melhorar
o diagnóstico”, completa. Além do
eletroestimulador do nervo hipoglos-
so, o Hospital tem investido em outros
projetos avançados de pesquisa.
diagnóst ica e terapêut ica
18 H o s p i t a l S a m a r i t a n o
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• Di
vulg
ação
noTas
Desde junho, está disponível o pré-agendamento de cirurgias pelo site samaritano.org.br, na seção exclusiva Área Médica. O novo sistema facilita o trânsito de documentos e pedidos por parte dos médicos e pode ser feito a partir de computadores dentro ou fora do Hospital. “O médico não precisa mais fazer preenchimento de guias e solicitações por telefone. Os impres-sos são gerados automaticamente por uma fer-ramenta gerenciadora em parceria com nosso sistema de gestão hospitalar”, explica a coorde-nadora de Gerenciamento de Leitos e Núcleo de Agendamento, Iriane Dias Murbach. O novo pro-cesso também auxilia no levantamento de docu-mentos para as operadoras de saúde e informa-ções sobre fornecedores e materiais homologa-dos autorizados para a cirurgia.
pré-agendamenTocirúrgico
Em junho deste ano, o Samaritano foi escolhido como um dos três cases de sucesso apresentados no Essentials, da Salesforce.O evento é um dos maiores do País com foco em gestão de relaciona-mento com o cliente e o Samaritano foi o primeiro hospital a participar de uma edição. Com o desafio de melhorar a gestão do relacionamento com pacientes, médicos, fornecedores e operadoras de saúde, o hospital utiliza o Salesforce desde setembro de 2014. A iniciativa visa aumentar a satisfação de clientes, dar mais agilidade aos processos de atendimento e gerar maior consistência na gestão de informações. “O Samaritano sem-pre tentou estar próximo de seus clientes, com processos diferenciados de atendimento. Contudo, as iniciativas de relacionamento ainda eram esparsas e sem grandes possibilidades de mensuração de resultados. Com a Salesforce, conseguimos integrar as áreas de atendimento – desde as recepções até as áreas assistenciais, olhando para o cliente de manei-ra sistêmica em todos os pontos de interação com o Hospital e quando ele não está mais internado”, afirma a gerente de Marketing e Relaciona-mento com Clientes do Hospital Samaritano, Mariana Vendemiatti.
Ferramenta de GeStãoe relacionamento
Idealizado em 2014 e inaugurado neste ano, o Centro de Hérnia
do Núcleo de Gastroenterologia do Samaritano tem o objetivo de
oferecer um cuidado altamente especializado. Com as telas mais
modernas do mercado e técnicas mais atuais e minimamente inva-
sivas, respaldadas pela literatura científica, são realizadas corre-
ções laparoscópicas de todos os tipos de hérnia. Tais recursos redu-
zem o trauma cirúrgico, aceleram a recuperação e o retorno às ati-
vidades. “Especialistas realizam o procedimento com pequenas
incisões que oferecem recuperação rápida e melhor retorno estético
e funcional ao paciente”, explica o cirurgião do aparelho digestivo e
membro do time de Cirurgia do HS, Dr. Alberto Meyer.
De acordo com o assessor médico de projetos, Nam Jin Kim,
o Centro também investe na formação dos profissionais, com trei-
namentos baseados em excelência técnica e critérios rigorosos.
Centro de Hérnia