LAS PELIRROJASºESOB(7)/2_ESO_B_REFUERZ… · entte las palabras espanolas mas usadas (segün...
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Véase lista completa de citulos en. el interior de la contracubierta.
Esta edición ha sido resumida para hacerla de facil lectura a los estudiantes de espaftol.
Los textos, aunque simplificados, conservan el estilo y el espfritu del original.
En cuanto al vocabulario, las palabras que no tienen una
aha frecuencia en el Lenguaje o c|ue son diffciles de comprendei dentro del contexto en el que se encuentran,
se explican por medio de dibujos o por definiciones en forraa de nocas a pie de pagina, escritas en
espaiïol sencillo. EASY READERS puedc emplearse siempre en centros
docentes, en el autoestudio o por el simple placer de leer. existen también en aleman, inglés francés, italiano y ruso.
M a n u e l L . A l o n s o
LAS PELIRROJAS TRAEN MALA SUERTE
Edición a cargo de: Javier N a v a r r o
I lustraciones: Palle S c h m i d t
ER;
E D I C I ÓN S1MPL1FICAD A P A R A U S O E S C O L A R Y A U T O E S T U D I O
Esta edición, cuyo vocabulario se ha elegido entte las palabras espanolas mas usadas (segün C E N T R A L A O R D F Ö R R A D E T I S P A N -S K A N de Gotosch, Pontoppidan-Sjövall y el V O C A B U L A R I O B A S I C O de Atias , Pa-Uates, Alegte ) , ha sido resumida y simplificada pata satisfacet las necesidades de los estudian-tes de espaflol con unos conocimientos un poco avanzados del idioma. El vocabulatio ha sido seleccionado también de los libros de tex to escolates "L inea" , "Encuentros" y "Puente" , compatado con " C a m i n o " y " U n nive l umbral" del Consejo de Eutopa.
Editora: UUa Malmmose
Diseno de cubietta: Mette Plesner Foto: Polfoto/Michael Lykke
Copyt ight © Manuel Luis Alonso Gómez Copyr ight © Easy Reader-edition:
A S C H E H O U G / A L I N E A 2003 ISBN Dinamarca 978-87-23-90357-0
www.easyreader.dk
E a s y R e a d e r s
Impreso en Dinamarca por Sangill Grafisk Produktion, Holme-Olstrup
B I O G R A F I A
Manuel Luis Alonso nació en 1948, en Zaragoza (Espa-na). Comenzó a trabajar con quince afios. Trabajó en una librerfa, como crit ico de teatro y cine, para diferentes revis-tas... Fue en 1979 cuando decidió que querfa ser solo escri-tor.
Fue la decisión correcta. H a escrito unos ciento c in -cuenta cuentos para adultos y unos cuarenta libros de aven-tutas, humor, etc. Sobte todo es conocido como autot de novelas para jóvenes. Numerosos premios de literatura juveni l lo conf irman.
A M a n u e l Luis Alonso le gusta viajar y ha v i v i d o en casi todas las regiones espanolas: j u n t o al mar, en una isla, en pueblos pequenos y en grandes ciudades.
S in duda, una de sus mejores novelas es Las pelirrojas tra-en mala suerte. Se publicó en 1995. Recibió el premio l i te -rario Jaén 1995 y tiene ya mas de diez ediciones en espanol.
1
- M i n o m b r e no i m p o r t a . L o ünico que i m p o r t a es
que soy u n h o m b r e l ibre .
Se echaron a reir, pero yo hablaba m u y e n serio.
-^Cuantos afios tienes? -preguntó e l lider-. ^Catorce?
i Q u i n c e ?
-Parezco j o v e n , pero tengo mas afios - respondi .
-Pareces u n n i n o . N o queremos ni f ios aqui . Ya tene-
mos bastantes problemas c o n la p o l i c i a .
Era verdad. V i v i r e n una fabrica abandonada c o n
gente de m i edad -bueno, algo mayores- me parecia
u n a buena idea, pero n o queria e n c o n t r a r m e c o n la
po l i c ia . Dudé unos instantes y f i n a l m e n t e me decidf:
- M e escondo si v i e n e n . Y entre t a n t o puedo ayudar.
-Por supuesto que puedes ayudar - d i j o una de las c h i -
cas-. ^Crees que u n okupa esta de vacaciones? Y aqui n o
hay trabajo de tios y trabajo de tias. Todos somos igua-
les.
C o m p r e n d f que eso signif icaba que podia quedarme.
Sonrei.
-Todos somos iguales -d i je .
- V e n , te voy a ensenar esto, h o m b r e l ibre - d i j o el
l ider.
Los demas continuaron hablando, o c h o o diez chicos y
u n par de chicas entre los dieciséis y los v e i n t e o v e i n -
tidós afios, los unos c o n pelos largos y vaqueros rotos,
echarse a + infinitivo, comenzar a hacer algo
lider, modo de escribir en espanol la palabra inglesa "leader"
esconderse, ir a u n lugar en el que otras personas no pueden verte
okapa, j o v e n que vive en una casa que no es suya, sin pagar dinero
sonreir, refr u n poco sin abrir la boca
continuar + gerundia, seguir + gerundio, hacer algo durante mas t iempo
5
otros c o n el aspecto n o r m a l de la genre de m i barr io .
Pero estabamos lejos de m i barr io .
Yo lievaba tres dias d u r m i e n d o en las calles y me ale-
graba de haber encontrado una nueva casa. 'Era una
5 fabrica abandonada, enorme, c o n u n pequefio despacho.
Habra basura de todas clases por el suelo. U n a cuarta
parte de la fabrica estaba ya l i m p i a y vi. sacos de dormir y
comida .
-Yo me l l a m o C h e m a - d i j o e l l ider- ^Quién re ha
w hablado de nosotros? ^Cómo nos has encontrado?
-/Lo dices de broma? Sois famosos, hasta se escribe
sobre vosotros e n e l periódico.
- A h , eso. Ese per iodis ta n o escribió mas que t o n t e r i -
as. ^Has sido o k u p a alguna vez? Supongo que n o . L l e v a -
15 mos a q u i tres semanas, y por ahora n o hemos t e n i d o
problemas, pero eso n o s ignif ica nada. A l p r i n c i p i o
v i n i e r o n los maderas, y nos d i j e r o n que n o q u e r i a n d r o -
gas por aqui . S i quieres quedarte , ya sabes: a q u i nadie
se droga, ^de acuerdo, h o m b r e libre?
llevar + gerundio, hacer algo durante u n t i empo
despacho, habitación para trabajar o estudiar, n o r m a l m e n te con mesa,
libros, etc.
hasta, incluso
suponer, creer algo sin estar completamente seguro
modem, pol ic ia (lenguaje de los jóvenes)
6
- M e l l a m a n C h i c o . Y n o m e he drogado n u n c a .
Sentados e n el suelq, c o m o indios , los dernas fuma-
ban y se re ian . Ya n o me parecian t a n terribles. C h e m a
me d i j o los nombres de algunos. Ellos h a c i a n u n gesto
c o n la cabeza o la m a n o , s in darme mas i m p o r t a n c i a . 5
Para m i , s in embargo, aquel m o m e n t o era m u y especial.
Ellos eran m i nueva f a m i l i a . M e senté j u n t o a una c h i -
ca pelirroja. L ievaba una gorra y ropa de trabajo azul.
- T b m a - d i j o , y me d i o su c i g a r r i l l o - . M e l l a m o H e l e -
na, c o n hache. to
-Es u n n o m b r e muy. . .
A ü n n o sabia hablar c o n u n c i g a r r i l l o en la boca y
mis ojos empezaron a l lorar. M e sentia c o m p l e t a m e n t e
ridiculo.
-Tampoco es para l lorar - d i j o H e l e n a y sonrió. 15
Debia tener unos cuatro afios mas que yo. "Es la c h i -
ca mas guapa que he v is to e n m i v i d a " , pensé.
gesto, m o v i m i e n t o c o n la mano o la cara para expresar un saludo o u n
sent imiento
pelirroja, persona con pelo de color rojo
hache, la letra " h " ; aquf Elena quiere decir que su nombre n o r m a l m e n -
te se escribe Elena en espanol
ridiculo, algo o alguien que es m o t i v o de risa
7
2
M i s padres n o eran peores que otros. Eran personas
normales . Nuestras discusiones n u n c a eran por m o t i v o s
importantes . L a ültima vez por las notas. Para m i padre
mis cuatro suspensos f u e r o n c o m o el f i n d e l m u n d o , y m i
madre se echo a l lorar. Para m i t o d o lo que m i padre
decfa era c o m o una comedia . Cre i a que, en el f o n d o , n o
tenia nada que ver c o n m i g o , que tal vez habfa u n pro-
b lema entre ellos e i n t e n t a b a n o l v i d a r l o de ese m o d o .
Esa misma noche , mientras mis padres d o r m i a n , me
l evanté s in r u i d o , me vest i y preparé la mochila. M e f u i
e n s i lenc io , y e n l a mesa de la coc ina dejé una n o t a .
Esa pr imera noche estuve c a m i n a n d o por Granada.
Al amanecer estaba m u y cansado y mis piernas se m o v f -
a n solas, pero sentia d e n t r o de m i algo nuevo y desco-
n o c i d o . C o m p r e n d i a que, c o n este acto de rebeldia
estupida, estaba buscando algo que para m i era esencial.
suspenso, no aprobado; e n Espana la nota maxima es 10 y el suspenso
es menos de 5
tal vez, quizas, a lo mejor
Graiiada, c iudad de A n d a l u c f a , en el sur de Espana
al amanecer, cuando sale el sol por la manana
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A lo me jor es asi c o m o se madura siempre.
E l sol salió cuando estaba e n la parte al ta de la c i u -
dad, e n e l Albayzfn, c o n sus casas blancas y c o n e l r u i -
d o de agua de sus jardines . M e lavé en una fuente . Des-
de u n mirador podia ver la c iudad; f rente a m i estaban
la Alhambra y Siërra Nevada. Fue c o m o ver m i c iudad
por p r i m e r a vez. T e n i a que i rme , pero queria v o l v e r u n
dia a aquel m i s m o lugar.
Recuerdo que, por lo menos una vez e n aquellos tres
dias que estuve solo, v o l v i una vez a m i barr io . Estuve w
m i r a n d o m u c h o t i e m p o la v e n t a n a detras de la cual
estaban mis padres, s in duda preocupados. N o sé lo que
pensaba en aquel instante , t a l vez queria vo lver .
T e n ia algo de d i n e r o , pero n o queria usarlo. E l h a m -
bre n o me preocupaba demasiado. Peor era e l problema is
de encontrar u n lugar para d o r m i r . L o in tentaba e n la
cal le, e n el banco de a lg i in j a r d i n , pero n u n c a conse-
guia d o r m i r m u c h o t i e m p o . Entonces l e i en u n periódi-
co sobre la ocupación de la v ie ja fabrica y c o m p r e n d f
que aquel lo era lo que necesitaba.
Después de dudar m u c h o , f u i a la fabrica y di je :
- M i n o m b r e n o i m p o r t a . L o u n i c o que i m p o r t a es
que soy u n h o m b r e l ibre .
maclurar, hacerse mayor, empezar a ser adulto
Albayzfn, barrio ant iguo de Granada donde v i v f a n los arabes
mirador, lugar desde el que se puede mirar una ciudad, el mar, etc.
Alhambra, lugar donde v i v f a n los reyes arabes de Granada; m o n u m e n t o
m u y conocido
Siërra Nevada, montafias cerca de Granada
ocupación, entrar en la fabrica los "okupas" (ver pag. 5) para v i v i r en
ella
9
10 11
3
- jNecesi tamos pelasl -gritó u n o de mis companeros
okupas-. S i n pelas n o se puede hacer nada.
Era, por lo menos, la q u i n t a asamblea e n los dos dfas
que yo l ievaba en la fabrica. Quer iamos encontrar u n
proyecto para ensefiarlo a los vecinos y a la p o l i c i a .
- j L o que necesitamos son mas tfas!
- j O mas tfos! - d i j o rap idamente una de las chicas,
aunque habfa cuatro chicos por cada chica .
C o m o siempre, C h e m a i n t e n t a b a poner o r d e n , pero
su f i losof ia anarquista n o ayudaba m u c h o .
-Solo debe hablar q u i e n t iene algo que decir.
-Podemos hacer u n grupo de teatro - d i j o a lguien.
- O ensefiar cosas a los ni f tos d e l barr io .
-^Qué t i p o de cosas?
-Müsica, d i b u j o , n o i m p o r t a .
-Si v ien e la p o l i c i a , p r o p o n g o enviar a C h i c o .
-Buena idea. T ü , C h i c o , les dices que estamos s in
c igarr i l los .
Yo tenia la impresión de estar e n m e d i o de una clase
s in profesor. M e preguntaba si mis companeros cre ian
de verdad que podiamos seguir asf m u c h o t i e m p o . Espe-
rabamos la v is i ta de la p o l i c i a de u n m o m e n t o a o t r o .
N o todos se quedaban a pasar la noche: algunos se
i b a n a su casa, c o n sus viejos. Los que lo h a c i a n n o eran
cri t icados. A la mai ïana siguiente l legaban c o n comida .
Por las noches se bebfa y fumaba m u c h o , y estaba m a l
vis to acostarse antes del amanecer.
pelas, pesetas (lenguaje de los jóvenes)
asamblea, encuentro, juntarse para hablar sobre un tema
viejos, padres (lenguaje de los jóvenes )
12
Veia que mis companeros eran, a su manera, gente
responsable. E l trabajo de l impieza de la fabrica iba mas
deprisa que c o n trabajadores pagados ( l o cual era sor-
prendente pues nadie se levantaba antes de las dos de la
tarde) . Y mis companeros t e n i a n una cual idad que me
gustaba m u c h o : v i v f a n su v i d a y n o se metian e n m i
v i d a .
Yo, s in embargo, cometi u n error aquel m i s m o dia ,
después de la asamblea. Estabamos l i m p i a n d o y yo tenia
que encontrar una pala que n o estaba e n su s i t io . Bus-
qué por todas partes s in encontrar la y f i n a l m e n t e miré
en el despacho. A veces los objetos estaban en los luga-
res mas raros. C h e m a y H e l e n a estaban a l l i . Se estaban
besando.
Fue el la la que me v i o . Ten ia los ojos abiertos. N o
hizo nada. N o se separó de C h e m a . Supongo q u e ; para
una chica , los chicos mas jóvenes que el la n o exis ten.
M i e n t r a s dudaba entre salir o preguntar por la pala,
C h e m a se volvió hac ia m i .
- i Q u é quieres, Chico?
-Estoy buscando una pala.
-^Tienes tü una pala? -preguntó a H e l e n a - fNo? Yo
t a m p o c o tengo una pala, C h i c o . Te lo d igo si veo algu-
na.
sorprendente, que sorpren.de, que es causa de sorpresa
meterse, preguntar, querer saber
cometer, hacer
volverse, mover la cabeza para mirar hacia atras, mirar lo que pasa
decras de uno
13
M e hablaba c o n i ronfa , pero n o estaba enfadado.
C h e m a n o se enfadaba n u n c a por nada. Los de jé solos,
aunque n o pude dejar de pensar e n e l lo . M i error fue
hablar le a H e l e n a mas tarde, mientras trabajabamos
5 j u n t o s :
-,Tres la chica de Chema?
El la l ievaba, c o m o siempre, su gorra y ropa de traba-
jo . Sus manos y su cara no estaban demasiado l impias .
Yo n o podia imaginarmela c o n u n vest ido y los ojos pin-
todos. M e miró f r iamente . V i que sus ojos cambiaban de
color en ese mismo instante : eran de u n verde pel igro-
so.
-Yo n o soy de nadie .
Fue c o m o haberme m e t i d o hielo d e n t r o de la camisa.
15 -Perdona -di je .
C o m p r e n d i que, a di ferencia de C h e m a , el la si podia
enfadarse. A q u e l d ia no v o l v i a hablar c o n ella n i c o n
nadie . Pero n o podia dejar de m i r a r l a .
Tenia u n cuerpo pequef io . Sus hombros eran perfec-
tos y sus pies eran pequenos y boni tos . E n u n lugar d o n -
de era d i f i c i l lavarse las manos, e l la conseguia tener e l
pelo siempre l i m p i o . T o d o e n el la me gustaba.
Yo la observaba y, por m e d i o de conversaciones c o n
otros, la c o n o c i cada vez mejor . Supe que leia m u c h o ,
25 que le gustaban las personas idealistas, que amaba las
plantas y los animales, y que lo mas i m p o r t a n t e para
el la era su l i b e r t a d .
S é que, por la noche , e n m i saco de d o r m i r sobre e l
enfadado, colérico
pintado, con color
hielo, el agua cuando esta a menos de 0 ° C
14
suelo de la fabrica, sonaba c o n el la . Pero por las rnana-
nas n u n c a conseguia recordar mis suenos.
4
Dos cosas, una buena y una mala, me pasaron casi al
m i s m o t i e m p o . M u c h a s veces, en la v i d a , las cosas bue-
nas y malas pasan al m i s m o t i e m p o .
La buena fue que H e l e n a se acercó mas a m i . Empe-
zó c o n una frase s in i m p o r t a n c i a ("^Qué pasa? N u n c a 5
dices nada" ) . Pero m i buena suerte n o terminó a h i .
H a c i a fa l ta comprar algunas cosas, y se nos eligió a
nosotros dos para hacer lo . Era e l t i p o de trabajo que
una chica hace me jo r que u n c h i c o ; pero el la n o era de
la c iudad y n o la c o n o c i a t a n b i e n c o m o yo. IO
Salimos de la fabrica y comenzamos a andar, c o n t e n -
tos de hacer algo d i s t i n t o . Era m u y temprano y empecé
a cantar. H e l e n a conoc ia las mismas canciones que yo,
y muchas mas. N o cantaba c o m o los angeles. Cantaba
m a l , ^y qué? ^A quién le importaba eso? ' (5
| sofvxr, pensar en algo mientras se duerme
15
H e l e n a sabia escuchar y e n aquel largo c a m i n o , c o n -
tra lo habitual e n m i , empecé a contar le de m i v i d a . El la
t a m b i é n me habló de su f a m i l i a . Era una gran f a m i l i a y
v i v f a n e n una casa enorme, c o n q u i n c e d o r m i t o r i o s y
5 seis cuartos de bano.
Después de hacer nuestras compras, el sol estaba
m u y a l to , y eso e n Granada, e n j u n i o , s ignif ica u n calor
te r r ib le . Buscamos la sombra de casas y arboles, y des-
pués de u n rato nos paramos e n u n mirador , c o m o la
p r i m e r a m a n a n a de m i l i b e r t a d .
Recuerdo, para siempre, las callejuelas, e l r u i d o d e l
agua e n algün j a r d f n , las paredes blancas, los gatos s i len-
ciosos que nos m i r a b a n . Sentados e n u n banco, fuma-
mos y miramos las casas blancas. Tenfa ganas de hacer
(5 algo para n o o l v i d a r n u n c a ese dia : besar a H e l e n a o
pasar la mano por la pared blanca. Pero sabia que lo
mejor era quedarme en m i s i t io , n o decir nada.
Pero... lo bueno y lo m a l o , c o m o tantas veces, v i e n e n
juntos . De vuel ta a la fabrica, v i m o s desde lejos que la
po l i c ia estaba allf . Dejamos caer las bolsas y nos m i r a -
mos. Estabamos e n la parte mas al ta de una larga calle.
D i f i c i l m e n t e p o d f a n vernos. Dos o tres de nuestros
companeros discut fan c o n los policfas. Yo queria correr
hacia ellos.
25 - N o podemos hacer nada, C h i c o .
M e v o l v i hac ia ella. Era mayor, t en ia mas exper ien-
cia de la v i d a que yo.
habitual, normal , acostumbrado
sombra, lugar en que no hace sol
callejuela, calle pequeiïa
pared, una habitación tiene cuatro paredes
pasar la mano por, hacer un m o v i m i e n t o con la mano sin separarla del
objeto
- i Q u é hacemos?
- V a m o n o s - d i j o - . Los podemos encontrar mas tarde
e n alguna parte, la c i u d a d n o es t a n grande.
Echo a andar s in esperarme. Yo solo dudé u n
m o m e n t o . Miré por t i l t i m a vez m i casa de unos pocos 5
dfas. D i j e :
- N o es justo. N o es justo .
A l c a n c é a H e l e n a y nos alejamos j u n t o s .
5
N o h a n pasado muchos afios desde aquellos dias. Yo
ahora tengo e l doble de edad, el doble de exper iencia /o
que entonces y veo, c o m o es n a t u r a l , las cosas de o t r o
m o d o , pero i n t e n t o contarlas c o m o las veia entonces.
G u a r d o aquel d ia e n m i memoria. Puedo vernos a H e l e -
na y a m i m i s m o ( c o m o me jo r se v e n las cosas: c o n los
ojos cerrados): caminamos s in parar bajo e l sol d e l 15
mediodfa , c o n nuestras bolsas.
H e l e n a pertenecia a esa clase de personas que, e n los
m o m e n t o s diffci les , sabe ayudar. Era u n a persona en
q u i e n podia confiar. Para los problemas que a m i t a n t o
me preocupaban e n c o n t r ó rapidamente una solución.
Fuimos a u n bar d e l A l b a y z f n . C o n o c i a al duef io d e l bar
y le d i o las bolsas a cambio de una c o m i d a cal iente y
cama para esa noche . Su mirada y la d e l dueno d e l bar
se e n c o n t r a r o n mientras el h o m b r e nos ponfa la c o m i -
justo, correcto, c o m o debe ser
alejarse, irse lejos de u n lugar
memoria, recuerdo
confiar, tener la seguridad de que alguien te ayuda
16 2 Las p e l i r r o j a s t r a e n m a l a suerre 17
da en la mesa. M e d i cuenta de que entre ellos pasaba
algo que n o podia entender.
- iPor qué n o me dices dónde esta Juan?
E l d e l bar n o queria o i r preguntas.
5 -Ya te he d i c h o otras veces que no sé dónde esta.
-,;Sabes al menos si esta e n Granada?
- N o , n o esta en Granada .
C o m o b u e n granadino, él p r o n u n c i a b a " G r a n a " .
- T ü eres amigo de su padre. Conoces b i e n la c iudad
w y los pueblos de la costa - d i j o H e l e n a - . Estoy segura de
que v i n i e r o n aqui para pedir te ayuda.
-Les di je que n o quiero saber nada. Yo no quiero mas
problemas.
-Tengo la impresión - d i j o H e l e n a - de que hay algo
que no me dices. ^Sabes por qué se esconde? ^Te lo c o n -
to?
E l h o m b r e movió la cabeza.
- T a m p o c o quiero saberlo, ya te lo he d i c h o . So lo sé
que la po l i c fa puede estar detras de él .
-/Te habló de mi?
- N i una palabra.
-S i a lguien pregunta por él, ^me vas a avisar?
- C l a r o .
E l duen o d e l bar se marchó . C o m p r e n d i que lo mejor
25 era n o hablar después c o n H e l e n a sobre esta conversa-
c ión .
-^Qué vas a hacer? ^Quieres d o r m i r a q u i esta noche?
-preguntó H e l e n a .
Yo n o esperaba una pregunta asi.
30 -^Aqut?
- C l a r o .
granadino, de Granada; los andaluces no p r o n u n c i an el f ina l de muchas
palabras
18
-Pero.. . solo has hablado de una h a b i t a c i ó n .
M e miró s in saber cual era e l problema. Entonces lo
e n t e nd ió y se echo a refr.
- Q u é t o n t o eres, C h i c o . L levamos varios dias dur-
m i e n d o en la misma hab i tac ión . 5
-Tienes razón...
-Ademas , una h a b i t a c i ó n es mas barata que dos. ^Y
tü, a dónde vas a ir?
-Estoy acostumbrado a d o r m i r e n la cal le -d i j e .
-S i lo prefieres asi. i
U n a parte de m i , siempre c o n m i e d o a las situaciones
nuevas, se quedó t ranqui la . Ya estaba. Ya n o podia seguir
c o n H e l e n a . "Felicidades, C h i c o , si querias v o l v e r a
estar solo, lo has conseguido". Pero la o tra parte de m i
fue la que habló : i .
-De acuerdo. M e quedo, gracias.
Esa tarde a n d u v i m o s por la c iudad en busca de los
compafieros de la fabrica, pero C h e m a y los otros n o
estaban por n i n g u n a parte . T a l vez ya n o estaban e n
Granada . 2
Por la noche , mientras comiamos u n bocata, le c o n -
té que queria ser escritor.
-Tienes que escribir para las mujeres -me hablaba en
serio, c o m o a u n a d u l t o - . Las mujeres necesitamos las
palabras que e n la v i d a real n o nos dice nadie . M u c h a s 2
veces leemos para encont rar e n los l ibros esas palabras.
Entonces m i m a n o e n c o n t r ó e n e l bolsillo d e l panta-
lon m i pequefio secreto: unos cuantos bil letes. M i e n t r a s
los demas se gastaban hasta su ült ima peseta para la
quedarse, estar, sentirse
bocata, bocadi l lo (lenguaje de los jóvenes)
bolsillo, ver ilustración en pagina 20
peseta, moneda/dineto de Espana hasta el aiïo 2001
2* 19
compra comün, yo guardaba todavia unos biüetes. M e
senti egofsta. Quise t i rar los bil letes, pero, n u n c a se
sabe, a lo me jor nos servian mas adelante. S i hay una
l ecc ión que u n j o v e n aprende p r o n t o , gracias a los adul -
tos, es que el d i n e r o es i m p o r t a n t e .
Esa noche , e n una pequefia habi tac ión c o n dos
camas, se quitó la ropa de espaldas a mi. Recuerdo su
pelo que caia sobre los hombros ; al apartar la ropa de la
cama, pude ver por u n m o m e n t o formas y lineas. Luego
/o la luz de la luna y su respiración regular, cercana.
6
Por la mai ïana H e l e n a me d i j o que su amig o e l d e l
bar (yo ten ia dudas de si rea lmente era u n a m i g o ) nos
dejaba pasar una n o c h e mas e n la habi tac ión . Después
fu imos hasta una v ie ja l ibrer ia d o n d e t e n i a n l ibros m u y
baratos. Recuerdo algunos m o m e n t o s de esa manana
de espaldas a, sin mirar; la otra persona ve la espalda (parte de atras del
cuerpo)
apartar, poner a u n lado, quitar
luna, satélite del planeta Tierra
respiración, tornar aire por la boca o la nariz
20
c o m o instantes de fe l i c idad perfecta. M e d i cuenta de
que H e l e n a conoc ia mas l ibros que yo y el t i e m p o se
nos paso s in darnos cuenta . C o m p r a m o s tres l ibros c o n
el d i n e r o que nos quedaba.
Después paseamos por la c i u d a d y nos encontramos
c o n u n a conoc ida de H e l e n a , que le d i o una m o c h i l a y
u n poco de ropa. C u a n d o la v i c o n u n vest ido de flores
pequefias irie sent i feliz. N o era exactamente m i chica ,
pero eso n o i m p o r t a b a . Estaba c o n m i g o , y eso bastaba.
Esa noch e v o l v i m o s mas t e m p r a n o que la anterior a
nuestra pequefia hab i tac ión . Los dos necesitabamos
una buena ducha y lavar nuestra ropa interior. Este t i p o
de pequefias cosas, e n las que n o r m a l m e n t e n o se p i e n -
sa, se c o n v i e r t e n e n algo m u y i m p o r t a n t e cuando se
v i v e e n la calle.
El la tardó m u c h o . Yo necesi té menos t i e m p o d e l que
ella suponia, porque, cuando salf d e l baf io , pareció estar
sorprendida. Tardé unos segundos e n comprender que
e l p a n t a l o n y los bi l letes que tenia e n las manos me per-
tenec ian .
M e miró c o n una miracla que n o conocia en el la . N o
le pregunté qué estaba hac iendo -era o b v i o - y ella no
me d i o n i n g u n a expl i cac ión . A l d o r m i r esa noche ,
pensé que algo era d i ferente entre nosotros.
D o r m i a a t in cuando H e l e n a me despertó. V i que ya
estaba c o m p l e t a m e n t e vestida.
-Vis te te , C h i c o , tenemos que irnos.
Era muy temprano y apenas entraba luz por la venta -
na. H e l e n a me indicó c o n u n gesto la ventana . Miré y v i
anterior, la noche antes
ropa interior, ropa debajo de los pantalones o la camisa
indicar, senalar; la otra persona mira entonces hacia el objeto indicado
21
que u n coche de la p o l i c i a estaba parado frente a la
puerta d e l bar.
T e n ia muchas preguntas: ^por qué h a n venido?, es a
mi ' a q u i e n buscan?, i c ó m o h a n sabido que estaba aqui?
5 Pero n o habia t i e m p o . M e vest i a toda prisa.
-Sfgueme.
Sal imos de nuestra h a b i t a c i ó n s in hacer r u i d o y nos
paramos. N o se oia nada. Empezamos a bajar la escale-
ra. Para salir a la cal le solo conociamos u n c a m i n o :
bajar al bar y atravesarlo, pero s in duda los pol ic ias esta-
b a n e n e l bar c o n e l d u e n o .
A ü n teniamos una p o s i b i l i d a d . El bar t en ia f o r m a de
ele y los policias -ahora podiamos oir los- estaban
h a b l a n d o c o n e l dueno cerca de la puerta , desde d o n d e
n o p o d f a n vernos. Atravesamos el bar por el fondo, por
la parte que se usaba c o m o comedor, y nos m e t i m o s e n
la coc ina . L a cruzamos y llegamos a u n puerta . U n
segundo mas tarde estabamos e n la calle.
C o r r i m o s pegados a las casas s in parar.
-Tenemos que alejarnos lo mas posible - d i j o H e l e n a .
Bajamos por una eslrecha calle. Era r e l a t i v a m e n t e
larga, y t a n recta c o m o pueden ser las callejuelas d e l
A l b a y z i n . V i que, abajo, a l f i n a l de la cal le, habia u n a
obra. E n ese m o m e n t o apareció una furgoneta a nuestra
25 espalda.
a toda prisa, muy rapido
atravesar, cruzar, andar desde un lado hasta el o t ro lado
ele, la letta "L"
fondo, parte mas alejada, parte f ina l
pegado a, s in sepatación, j u n t o a
estrecho, muy poco ancho
obra, casa que esta s in terminar
furgoneta, automóvil mas grande que u n coche y mas pequeno que u n
c a m i o n
22
N o s v o l v i m o s los dos a la vez, sorprendidos. Era una
vie ja furgoneta Volkswagen. Vino a por nosotros y noso-
tros nos pegamos a la pared. Frenó y dio marcha atras.
N o habia la m e n o r duda: v e n i a de n u e v o a por noso-
tros. 5
- j C u i d a d o ! -gritó H e l e n a .
M e pegué a u n lado de la calle y ella al o t r o . V i v e n i r
la furgoneta por la calle estrecha. N o habia t i e m p o para
correr: n i n g u n a puerta o ventana donde esconderme.
Cerré los ojos y sent i la furgoneta a pocos c e n t i m e tros;
venir a por alguien, buscar a alguien, i n t e n t a t llegar a a lguien
frenar, pararse
dar marcha atras, volver hacia atras, conducir hacia atras; la,furgoneta
sube asf la calle
23
n o t é moverse el aire cal iente c o m o la respiración de u n
a n i m a l .
Por segunda vez, la furgoneta frenó y d i o marcha
atras. Le grité algo al conductor , n o sé qué. M i e n t r a s la
5 furgoneta subia la cal le march a atras, v i a H e l e n a e n
una puerta , asustada y pdlida.
- j C o r r e ! -grité.
Nuestros pies apenas tocaban el suelo mientras c o r r i -
amos hacia abajo. Por tercera vez la furgoneta v i n o
hacia nosotros.
Entonces v i la estructura meta l i ca de la obra. M e
subi y ayudé a H e l e n a , que l ievaba la m o c h i l a . Subimos
rap idamente . A p e n a s estabamos a la a l tura d e l p r i m e r
piso de la casa, cuando la furgoneta se estrelló c o n t r a la
/5 estructura meta l i ca . T o d o vibró.
H e l e n a seguia a m i lado. O f e l m o t o r de la furgoneta
y la v i salir c o n dif icultades . Después la furgoneta desa-
pareció.
Esperamos unos segundos, incapaces de reaccionar.
-Se ha ido . C r e o que podemos bajar.
Bajamos c o n cuidado. A l poner los pies en el suelo,
aparecieron tres o cuatro personas.
- U n a furgoneta que n o podia frenar -explicó Helena- ,
pero estamos bien .
25 Y, para m i sorpresa, nos fu imos de a l l i s in dar mas
expl icaciones.
-/Por qué has d i c h o eso? N o ha sido n i n g u n acciden-
te. Venta a por nosotros, t u lo has visto igual que yo.
M e miró s in responder. C o m p r e n d f que habia algo
30 que n o me decia.
asustado, con miedo
pdlido, de color blanco
estreüarse, llegar a un lugar a mucba velocidad
24
-/Quién era? [Lo sabes?
N o -respondió.
M e miraba a los ojos, pero eso n o s ignif icaba nada.
H a y m u c h a gente que m i r a a los ojos cuando miente. Y
ella estaba m i n t i e n d o .
- C h i c o - d i j o f i n a l m e n t e - , n o he pedido t u compania .
T e n ia que elegir: seguir a su lado s in hacer preguntas
o perderla . Y perderla era lo ünico que n o me sentia
capaz de hacer por el la .
7
Sal imos de Granada . U n coche nos l levó a Órjiva y lue-
go seguimos andando. Estabamos ya lejos d e l u l t i m o
pueblo y n o se ve ia n i u n coche por la carretera. De
pronto nos d imos cuenta de que ya n o éramos dos, s ino
tres. U n a cabra caminaba detras de nosotros.
mentir, n o decir la verdad
Órjiva, pueblo aproximadamente a 50 kilómetros al sur de Granada,
donde comienza a haber montaflas
de pronto, cuando algo pasa muy rapido y sorprende
25
-/De dónde ha salido esa cabra?
Era blanca y pequefia. L a carretera subia mas y mas,
y ella segufa c o n nosotros. S i nosotros nos parabamos,
ella se paraba. S i me acercaba a el la, se alejaba.
5 -Yo creo que la cabra se ha enamorado de t i - d i j o
H e l e n a .
-Gracioso. M u y gracioso.
La cabra se quedó c o n nosotros t o d o e l d ia . Ya por la
tarde e n el c ie lo aparecieron nubes negras. L a m o c h i l a
era pesada y me d o l i a n los pies. L levabamos t o d o el dia
andando .
-/Vas b ien , Chico? -preguntaba H e l e n a de vez e n
cuando- /Te co jo la mochi la?
-Voy b i e n - m e n t f a yo.
(5 Cada vez que oia a nuestras espaldas u n motor , p e n -
saba e n la furgoneta . Empezó a l lover, y por f i n u n
coche se paró a nuestro lado. E l conductor , u n h o m b r e
de unos cuarenta afios, nos invitó a subir.
D i j e adiós a la cabra y me senté atras. H e l e n a , a u n -
que n o queria, t u v o que sentarse j u n t o a l conductor .
A n t e s de pasar c i n c o m i n u t o s , c o m p r e n d i que tenfa-
mos nuevos problemas. E l c o n d u c t o r n o dejaba de
hablar a He lena , de sonrefr a H e l e n a , de mirar a H e l e -
na. l n t e n t a b a ser s impat ico , pero su sonrisa era t a n t a l -
25 sa c o m o u n bi Hete de novecientas pesetas. Para demos-
trar lo macho que era, conducta c o m o u n loco por la
carretera estrecha, y se v o l v i a t o d o el t i e m p o hacia
H e l e n a e n vez de mirar a la carretera.
- C o n d u c e c o n las dos manos - d i j o ella de p r o n t o .
30 E l c o n d u c t o r se rió y puso las manos e n el volante.
Pero n o las de jó al l f m u c h o t i e m p o .
Pude o i r c laramente la voz de He lena , aunque no g r i -
taba.
26
-Para e l coche.
Bueno , la verdad es que no d i j o solamente "para el
coche" . D i j o "para e l coche" y o t ra palabra mas, una
palabra que hizo palidecer a l h o m b r e .
H e l e n a , s in esperar, abria ya su puerta . E l h o m b r e
frenó y yo ba jé t a m b i é n a toda prisa. Después se fue y
nos gritó u n par de insultos, pero no los conoc ia t a n
fuertes c o m o H e l e n a .
C a m i n a m o s unos m i n u t o s e n s i lencio , bajo la l l u v i a .
Ya era de noche . D e p r o n t o H e l e n a cogió m i m a n o y
seiïaló a lo lejos. Se ve fan las luces de u n pueblo .
8
Era d i f i c i l andar. C o n la l l u v i a y la noch e n o era
posible ver dónde poniamos los pies. H a c i a mas f r i o de
lo h a b i t u a l e n j u n i o .
- j A s f n o podemos llegar al pueblo !
N o s m e t i m o s debajo de u n puente . H e l e n a d i j o que
en aquellos pueblos n o hab ia hoteles y que a esa h o r a
palidecer, estar pal ido (ver pag. 24) , de color blanco
insuho, palabra ordinar ia y vulgar
fuerte, aquf significa mala, vulgar
27
tampoco era fac i l encontrar una casa donde dormir . Eso
me recordó al dueno del bar.
-/Crees que el d e l bar l lamó a la policia?
Estabamos pegados c o n t r a la pared d e l puente .
- N o l o sé. T a l vez.
- / A quién crees que buscaban? -pregunté aunque cre-
fa conocer la respuesta.
-/Qué quieres decir?
-/Tu estas huyendo de la policia?
N o respondió. Estaba temblando. Buscó en la m o c h i -
la y e n c o n t r ó u n jersey. M e lo ofreció , d iscut imos sobre
quién se lo ponfa y al f i n a l se lo puso el la .
-Te olvidas de una cosa, C h i c o . N o nos ha perseguido
la po l i c ia , s ino u n loco c o n una furgoneta.
15 -/No sabes quién era?
Parecia que iba a responder, pero cambió de idea y se
quedó e n s i lencio . Después d i j o :
-La chica que me d i o la m o c h i l a me d i j o dónde podia
encontrar a u n amigo que v i v e e n estos pueblos. Mafva-
na buscamos su casa, pero ahora tenemos que hacer u n
fuego.
- N o sé c ó m o . T o d o esta m o j a d o .
fuego
huir, correr, salir de u n lugar de m o d o que otras personas no pueden
encontrarte
temblar, moverse el cuerpo s in c o n t r o l , a causa del miedo o del f r io
perscguir, buscar a alguien, ir detras de alguien
28
Buscamos otra vez d e n t r o de la m o c h i l a . H e l e n a sacó
los l ibros y me los ensenó muy contenta .
-jEso n o ! -d i j e .
-Es u n a necesidad, C h i c o . Te aseguro que a m i t a m -
bién. . .
- jLos l ibros n o ! jPref iero pasar f r i o !
-Los v o l v e m o s a comprar , te lo p r o m e t o .
Miré c ó m o ardian las primeras paginas e n e l fuego.
Luego el l i b r o entero , y los otros.
Los ojos de H e l e n a eran e n ese ins tante de u n verde
co lor de mar c o m o el jersey que l ievaba puesto. Fuera,
a u n m e t r o , segufa l l o v i e n d o . M e daba igual .
D e p r o n t o hizo una pregunta que n o me esperaba:
- / A t i no te gustan las chicas de t u edad?
- A l g u n a s .
-/Cuales?
-Las que parecen mayores.
Se rió.
- Inc luso las de t u edad son demasiado mayores para
t i , C h i c o . N o te vas a enamorar de una chica mayor que
tü, /verdad? Por c ier to , no puedes l lamarte C h i c o .
N a d i e se Uama C h i c o . /Por qué n o me dices t u nombre?
- P r o m é t e m e que n o vas a refrte .
- P r o m e t i d o .
- M e l l a m o Buenaventura.
- j B u e n a v e n t u r a ! jPero si es fantast ico!
-/Lo dices en serio?
Se quedó en s i lenc io unos m i n u t o s . Su pelo segufa
m o j a d o .
- N o sé, creo que es me jor si n o vienes c o n m i g o .
arder, ser parte del fuego
este nombre, poco habi tual en Espana, significa "buena
suerte"
29
-/Por qué?
-Puede ser peligroso.
Para cambiar de conversac ión , d i je :
-Se esta b ien , /verdad? H e m o s hecho u n b u e n fuego.
5 -Solo me falta una cosa para v i v i r u n m o m e n t o per-
fecte -respondió.
-/La cabra? -d i j e en broma.
M e miró c o n una sonrisa tr iste .
- N o , una persona.
A q u e l l o me dolió. Pero estaba aprendiendo a n o
hacer preguntas y preferia no decir nada.
-Es tarde - d i j o H e l e n a - . A ver si podemos d o r m i r y
manana c o n t i n u a m o s .
9
N o s levantamos c o n f r io y hambre . Yo cogi la m o c h i -
15 la, que era ya parte de m i , c o m o una camara de fotos
para u n japonés . Hablamos poco hasta llegar al pueblo .
Por suerte encontramos u n bar e n seguida.
-/Conoce a Héctor? -preguntó H e l e n a a l duen o d e l
bar.
M e pareció que e l v i e j o dudaba. A l f i n respondió
negat ivamente .
- U n c h i c o de m i edad, que n o es de aqui . L l e v a poco
t i e m p o en e l pueblo . Pelo largo, m o r e n o . . .
- N o conozco a nadie asi.
-Es extraf io - d i j o He lena mientras se volvfa hacia m i .
E l café era fuerte y estaba muy cal iente . C o m i m o s
también unos buenos bocadil los. Después saliinos y v o l -
v imos a preguntar a u n par de ancianos que estaban
sentados e n una plaza pequefia. D e nuevo una respues-
ta negativa.
30
-Creo que ya sé lo que pasa. Le estan protegiendo.
V o l v i m o s a l bar, en e l que habia dos c l ientes nuevos.
E r a n dos hombres altos, norteamericanos .
U n o se l lamaba "Pira" , es decir, Peter p r o n u n c i a d o
e n americano. Pira no conoc ia mas que tres o cuatro
palabras de espaiïol. Sabia decir : " u n vaso de leche" y
algün insu l to .
Decfa:
- U n vaso de leche.
Y el v ie j o d e l bar le daba v i n o .
H e l e n a les preguntó si c o n o c i a n a su amigo. E l que
n o era "Pira" estaba bebido. Preguntaba "/qué pasa?".
Su "what ' s t h e mat ter " sonaba mas o menos a:
-Guachemara?
"Pira" y el que no era "Pira" se pusieron a d iscut i r en 15
voz alta . Los dos quer fan hablar c o n H e l e n a . E l dueno
d e l bar, para n o tener problemas, d i j o :
-La u l t i m a casa d e l pueblo . A l l f v i v e Héctor .
N o s fu imos y dejamos a los yanquis c o n su discusión.
Atravesamos e l pueblo y no tardamos e n encontrar la
casa, pequefia, p i n t a d a de b lanco y vie ja .
H é c t o r saludó a H e l e n a muy c o n t e n t e . Se abrazaron,
se besaron, r i e r o n , se v o l v i e r o n a abrazar.
-Héctor , te presente a C h i c o , u n b u e n colega.
N o s dimos la m a n o .
H é c t o r tenia la mirada directa de u n nifvo, aunque
parecia algo mayor que H e l e n a . L ievaba e l pelo largo
hasta mas abajo de los hombros . N o s l levó a una h a b i -
tac ión c o n u n par de mesas, u n sofa v i e j o y l ibros.
-/Os importa? -pregunté y cogi u n o de los l ibros. Sa l i
al j a r d i n para dejarles hablar solos. M u c h a s veces lós
proteger, dar protección a alguien de m o d o que puede v i v i r sin peligro
colega, corupanero, amigo (lenguaje de los jóvenes)
31
l ibros me h a n ayudado. A q u é l l a fue una de esas veces.
A l llegar a la segunda pagina, ya n o pensaba mas e n
H e l e n a y Héctor .
Pasé una h o r a leyendo. Después H é c t o r propuso
tornar u n té. H e l e n a se ofreció para prepararlo . H é c t o r
la acompafió a la coc ina y volvió.
-Yo t a m b i é n he sido okupa u n par de veces.
-/Y esta casa?
-Esta la pagamos, pero es que es m u y barata. M i g u e l
A n g e l , el c h i c o que v i v e c o n m i g o , tenia u n poco de
d inero , y de vez en cuando vamos a Granada y vende-
mos artesania. /Helena te ha hablado de Juan? -pregun-
tó de golpe.
- N o . /Por qué?
-Por nada, o l v i d a l o .
Se quedó e n s i lencio unos instantes, pero luego pare-
c ió cambiar de idea:
-Si la quieres u n poco, d i l e que Juan n o es bueno
para el la . Debe o l v i d a r l o .
- N o me va a hacer caso.
-Tienes razón -sonrió- . H e l e n a n o i n t e n t a n u n c a
cambiar te . Pero t a m p o c o es posible cambiar la a el la .
T i e n e sus defectos -siguió-. C r e o que e l d i n e r o le i n t e -
resa mas de lo que dice . Pero es que lo necesita. /Crees
que u n a chica c o m o ella debe d o r m i r e n e l suelo de una
fabrica abandonada?
Le hablé de la casa de H e l e n a , e n o r m e y hermosa.
H é c t o r sonreia mientras me escuchaba.
T iene sus defectos -repit ió- . A veces t iene m u c h a
fantasia. /Entiendes lo que quiero decir?
-/Conoces la casa? /No es t a n grande?
de golpe, de p r o n t o , s in esperarlo
hermosa, bon i ta
32
-Èramos d e l m i s m o barr io , en M a d r i d . U n barr io
pobre . Pero n o i m p o r t a : de todas formas, H e l e n a es una
princesa. /No estas de acuerdo?
E n ese instante apareció el la c o n e l té.
Mas tarde, mientras H é c t o r d o r m i a ( e n aquella casa
los horarios eran m u y raros), H e l e n a y yo mirabamos
u n a vie ja televisión e n b lanco y negro.
H e l e n a me preguntó por Héctor .
-Parece u n t i o m u y legal -respondf-. Ya sabes lo que
quiero decir.
-S i , t ienes razón. Hace m u c h o t i e m p o que lo conoz-
co, desde que éramos n i f ios .
-/Y por qué en el pueb lo n o nos q u e r i a n decir dónde
encontrar lo?
- H é c t o r se esta escondiendo.
-/Y qué ha hecho? Perdona, perdona, o l v i d a l o . N o es
asunto m i o .
-Te lo voy a decir, n o hay n i n g u n problema. Es u n
insumiso.
-/En serio?
-Si , n o quiere hacer la mili.
-/Eso es todo? /Y por eso t iene que esconderse c o m o
u n c r i m i n a l ?
- A s i es.
-Yo n o pienso hacerla -d i je , aunque acababa de dec i -
d i r l o e n aquel m i s m o instante .
S o n r i ó y me paso la m a n o por e l pelo, c o m o a veces
se le hace a u n nif ïo. Era la p r i m e r a vez que hacia u n
legal, correcto, buen amigo (lenguaje de los jóvenes)
asunto, u n asunto mfo es algo que me importa
insumiso, persona que no quiere hacer el servicio m i l i t a t
mili, servicio m i l i t a r : actualmente n o existe en Espana
3 Lns p e l i r r o j a s craen m a l a suercc 33
gesto asi. Se me paró el corazón. j U n a caricia de H e l e -
na!
-De ja de m i r a r m e asi, bobo .
Era e l m o m e n t o . Tenia que i n t e n t a r l o . C o n palabras,
5 c laro.
-Es que eres m u y guapa. C u a n d o te v i por p r i m e r a
vez, pensé: es la chica mas guapa que he v i s to e n m i
v i d a .
- j E h ! /Qué es eso? /Una dec larac ión de amor? - d i j o
/o e n b r o m a .
-Te lo digo c o m o amigo - m e n t t - . A d e m a s , ahora que
has encont rado a Héctor . . .
- T e r m i n a . /Qué quieres decir?
-Bueno, nada, sólo.que. . . que tü y él . . . en f i n , supon-
go que ahora volvéis a estar j u n t o s .
Estuvo e n s i lencio u n b u e n ra to .
H é c t o r es m i amigo - d i j o f i n a l m e n t e muy seria-.
So lamente amigo. Y, c o m o veo que no te has dado
cuenta , te d igo algo mas. Es "gay".
-/De verdad? - la boca se me abrió varios cent imetres .
Por supuesto que lo decia de verdad.
Estaba pensando a toda prisa e n lo que esto s i g n i f i -
caba.
-Tü has v e n i d o aqui para preguntar por un tal Juan.
25 Dices que H é c t o r es t u amigo , pero lo que te interesa
ahora es saber dónde esta ese Juan.
-Eso es. /Por qué? /Héctor te ha d i c h o algo de él?
- N o - m e n t i - . Y Juan.. . /Juan también. . . es "gay"?
S i e l la contestaba que si, yo podia empezar a pensar
caricia, pasar la mano c o n amor por una parte del cuerpo de otra perso-
na
u n tal, asi quien habia expresa claramente que no se conoce a esa per-
sona
34
e n tener alguna o p o r t u n i d a d .
Su risa me sobresaltó. Se re ia a l to y ensefiaba sus
dientes m u y blancos. Yo n o me sentia gracioso, s ino
mas b i e n estüpido.
-Bueno, /qué pasa? /De qué te ries?
-Perdona, t u pregunta me ha hecho gracia. N o , Juan
n o . . . L a verdad es que Juan es m i n o v i o .
-/Tu novio?
-Si , vamos a casarnos.
S o n r i ó , pero era u n a sonrisa tr iste .
-Es decir, si consigo e n c o n t r a r l o .
10
N o s fuimos esa misrna noche , cuando volvió el c o m -
panero de Héctor . Salimos a la carretera y empezamos a
caminar e n busca de u n s i t io donde pasar la noche . Yo
n o e n t e n d i a por qué haciamos aquello, sobre t o d o por- 15
que H é c t o r y su compai ïero nos o frec ian su casa. Pero
e n e l f o n d o me daba igual : c o n H e l e n a iba hasta e l f i n
d e l m u n d o . Encontramos bajo unos arboles u n lugar
adecuado, cerca de u n r i o . D u r a n t e la noche volvió a
hacer f r i o . M e desperté. Temblaba. E l la se despertó
también y, s in decir nada, me abrazó.
Por la m a n a n a me levanté antes que e l la y f u i a
lavarme a l r i o . C u a n d o v o l v i , el la estaba ya despierta.
M e sonrió .
-/Qué tal? V o y a banarme al r i o . /Vienes?
N o ten ia n ingunas ganas de pröbar otra vez el agua
sobresaltar, sorprender, dar una gran sorpresa
35
36 37
t a n fr ia , del Mulhacén, pero la acompané . E n el r i o , para
m i sorpresa, H e l e n a se quitó toda la ropa y c a m i n ó des-
nuda hacia el agua.
N o podia apartar mis ojos de ella. Sus piernas eran
5 mas fuertes de lo que pensaba. A q u e l defecto me encan-
tó. H a c i a t i e m p o que estaba esperando encontrar e n
ella alguna imperfección.
-/Qué pasa? -preguntó, s in enfadarse, al sorprender
m i mirada- . /Estoy gorda?
w - G o r d a y fea - respondi- . Tienes el pelo de co lor pano-
cha.
S o n r i ó y movió e l pe lo . E l pelo era lo que mas me
gustaba de el la .
Se met ió en seguida en el agua y yo me senté a mirar -
/5 la.
- / N o vienes?
D i j e que n o c o n la cabeza, pero e n seguida e m p e c é a
q u i t a r m e también la ropa. A l poner los pies e n e l agua,
e l la empezó a salpicarme.
E l agua estaba t a n fr ia , que me quedé s in respiración.
N a d é y me ale jé de H e l e n a . D e p r o n t o , a l l i estaba.
T e n i a que pasar. U n h o m b r e nos miraba desde e l o t r o
lado d e l r i o . Para ser exacto, a q u i e n miraba era a H e l e -
na .
25 - H a y u n t i o que nos m i r a .
-/Dónde?
S e n a l é hac ia el lugar, pero ya n o estaba.
Mulhacén, montana de Siërra Nevada de 3.478 metros; en Espana solo
es mas a l to el Teide, en las islas canarias
desnuda, s in ropa
encantar, guscar mucho
panocha, ro jo
salpicar, mojar a otra persona con agua
38
-/Hablas e n serio? /Estas seguro?
D e p r o n t o , H e l e n a parecia preocupada, incluso asus-
tada. N o conseguia entender qué era lo que le daba
m i e d o .
-Solo era u n mirón. A l g u n campesino que nos ha vis-
to .
- O t a l vez a lguien que v iene detras de nosotros - d i j o
seria.
-/Por qué iba a lguien a hacer eso?
- H a y algo que n o te he c o n t a d o , C h i c o , y creo que
debes saberlo.
N o s vestimos y comenzamos a andar por la carretera,
de vuel ta a Granada. N o s fu imos s in desayunar, m i
c o m i d a favor i ta , pero n o di je nada.
- N o volvemos a casa de H é c t o r porque es peligroso
para ellos. Y para t i también es mejor separarte de m i al
llegar al pr imer pueblo . Pero n o ahora, por favor. Tengo
m i e d o .
E n ella, esas palabras eran insólitas. C a m i n a b a m os
deprisa. Su pelo seguia m o j a d o .
- H a y u n h o m b r e que puede estar siguiéndome - d i j o
s in m i r a r m e - . N o sé si es el que conduc i a la furgoneta .
V o l v i la cabeza, pero la carretera estaba vacia.
-/Es t u novio? E l que te sigue, /es Juan?
- N o , n o . Ya te d i je que no sé dónde esta Juan.
-/Pues quién es?
-/Para qué quieres saberlo? Solo puedo dec ir te que es
peligroso y que n o va a parar hasta e n c o n t r a r m e .
mirón, persona que mira a desconocidos
campesino, persona que trabaja en e l campo
insóÜto, no acostumbrado, no usual
seguir, perseguir, buscar a alguien
39
-/Por qué te sigue?
- N o mas preguntas, C h i c o . S i quieres ayudarme, ayü-
dame, pero deja de hacer preguntas. Vo lvemos a G r a -
nada.
-/Por qué? Ese h o m b r e puede estar a l l i , t a l vez te
espera.
- E l compaf iero de H é c t o r me hab l ó de a lgu ien que
ha vis to a Juan e n Granada . Tengo que hablar c o n esa
persona.
T e n ia el presentimiento de que n o era buena idea v o l -
ver a la c iudad. Pero, si a lgu ien n o t iene nada bueno
que decir, es mejor callar.
11
A l v o l v e r a Granada , empezamos a buscar pensiones
baratas. H e l e n a n o queria ensefïar su carnet de i d e n t i -
dad y yo n o ten ia . N o sé cuantas horas estuvimos bus-
cando. Escribf una carta a mis padres y H e l e n a me
acompafió a Correos. D i j o que conoc ia u n hostal cerca
de a l l i y que, si n o habia o t ra solución, ensefiaba su car-
net .
E l hos ta l era u n pequef io l aber in to , v ie j o y l i m p i o .
Estabamos t a n cansados que d o r m i m o s doce horas.
H e l e n a se sentia mas segura e n la c iudad, pero yo n o .
E n Granada me p o d f a n encontrar y me p o d i a n obl igar
a vo lver a casa. S i n H e l e n a , v o l v e r a casa n o era u n p r o -
blema, pero H e l e n a me necesitaba. Yo podia a l menos
presentimiento, tener u n present imiento es creer saber algo
Correos, lugar para echar cartas y paquetes
hostal, h o t e l normalment e batato
40
acomparïarla y tenia d inero suficiente para sobrevivir unos dfas.
E n t o d o e l d ia n o v imos a nuestros antiguos compa-
neros okupas, n i tampoco al c h i c o que podia decir a
H e l e n a dónde estaba Juan. Por la noche, al v o l v e r al 5
hostal , v i m o s que las cosas de la m o c h i l a estaban desor-
denadas.
-/Crees que h a n sido los duenos?
Era una pareja bastante siniestra. E l , gordo y pesado,
c o n cueüo de t o r o . El la m u y delgada y c o n u n a mirada w
poco s impat ica .
-S i - d i j o H e l e n a - . Y ademas a lguien ha v e n i d o m i e n -
tras nosotros n o estabamos y se ha acostado a q u i .
V a m o n o s .
-/Ahora? I 5
- N o , vamos a esperar a la noche . Y a par t i r de ahora
d o r m i m o s una sola noche e n cada s i t io .
V o l v i a a ser la chica dec id ida y fuerte que yo c o n o -
cia.
Esperamos hasta m u y tarde. Sal imos a l pasi l lo y
empezamos a moverno s hacia la puerta .
Detras de una esquina estaban los dos, de pie , el
sobrevivir, v i v i r c o n difïcukad
sin/estro, que da miedo
41
h o m b r e toro y la mujer de m i r a d a maligna.
Miré a I [elena. Estaba pal ida . El h o m b r e se puso
delante de nosotros, c o m o una pared.
-/Dejan la hab i tac ión?
5 -Si' -respondió H e l e n a - . Ya hemos pagado antes.
-Las personas normales n o se v a n asf, de noche .
Hablaba e l h o m b r e . L a mujer solo miraba y me pare-
cfa mas peligrosa que él .
- Q u i e r o salir - d i j o H e l e n a a l h o m b r e .
w Él miró a su mujer ; le preguntó c o n la mirada . L a
mujer d i j o :
-Nosotros n o queremos tener nada que ver. Es u n
pr ob l em a entre la p o l i c i a y ellos.
E l h o m b r e neces i tó u n poco de t i e m p o , pero f i n a l -
/5 m e n t e se apartó de nuestro c a m i n o . H e l e n a salió s in
decir nada mas. Yo la segufa, cuando la mujer sujetó m i
brazo.
- N o quiero v o l v e r a veros - d i j o .
M e solté y seguf a H e l e n a . U n m i n u t o mas tarde, e n
la calle, reiamos felices y libres. H e l e n a propuso esperar
al amanecer e ir entonces a la estac ión a d o r m i r unas
horas. Era una idea excelente y le di je que estaba de
acuerdo.
Atravesamos calles que yo conoc ia b ien , pero a esa
25 hora me parecieron dist intas, mas pequefias. Estabamos
Uegando a la plaza de Bib-Rambla, donde queriamos sen-
tarnos. Pensé en las palabras de la mujer. /Por qué sabia
que teniamos problemas c o n la policia?
maligiw, que desea algo malo a los otros
sujetar, coger fuertemente
soltarse, quedar l ibre, escapar
plaza de Bib-rambla, plaza en el centro de Granada, j u n t o a la catedral
42
D e p r o n t o o i a m i espalda una respiración.
M e v o l v i y v i a u n h o m b r e delgado.
S i n m i r a r m e , sujetó a H e l e n a por el pelo.
Estabamos en una cal le juela cor ta que t e r m i n a b a e n
la plaza, solos los tres e n la noche . H e l e n a gritó. E l
h o m b r e la golpeó c o n una v i o l e n c i a ter r ib le . A m i el
m i e d o n o me dejaba m o v e r m e .
El h o m b r e era m u c h o mas fuerte que H e l e n a . Le v i
la cara durante u n instante . L o que mas me asustó fue
ver que era una persona n o r m a l , c o m o las demas. Era /o
j o v e n , guapo, b i e n vest ido. N a d a tenia sentido.
C o r r i hacia la plaza cuando pude reaccionar. E n bus-
ca de ayuda o para hui r , n o lo sé. E l h o m b r e , mientras
golpeaba a H e l e n a , se refa. Se reia.
- j C h i c o ! is
La voz de H e l e n a me alcanzó e n la esquina. M e
necesitaba. Yo temblaba . S i aquel h o m b r e queria matar
a H e l e n a , antes ten ia que matarme a m i . V o l v i hacia
ellos.
El h o m b r e me miró rapidamente . Seguramente p e n -
só que yo solo era u n ni i ïo . H e l e n a ten ia la ropa desga-
rrada, t enia sangre por la cara. L a soltó y v i n o hac ia m i .
Yo n o era capaz de hablar, de golpearle. C o n una m a n o
me sujetó la camisa y c o n la o tra empezó a golpearme.
Sus punos cayeron sobre m i cabeza.
H e l e n a in tentó escapar. E l h o m b r e fue tras ella y la
sujetó de n u e v o . Yo lo veia t o d o desde e l suelo, desde
golpear, dar golpes, dar c o n la mano o con o t ro objeto
tener sentido, tenet una explicación
matar, qui tar la vida, dejar sin vida a otra persona
desgarrado, roto
puno, forma de la mano cuando esta cerrada
escapar, huir , cotret
43
o t r o m u r t d o . Ten ia sangre e n la boca. E l h o m b r e sacó
una navajo, y la puso e n e l cue l lo de m i amiga. Pensé que
la mataba a l l i m i s m o . La obl igo a volverse de espaldas
contra u n coche y a bajarse el p a n t a l o n . El la p r o n u n -
ciaba insultos entre Horos. La cabeza me daba vueltas.
Entonces of las voces.
- j E h ! /Qué haces? jDé ja la !
Los v i c o m o en u n suefio, tres chicos que c o r r i a n
hacia nosotros. E l h o m b r e dudó u n m o m e n t o , guardó
su navaja y desapareció s in darse prisa.
Llegué j u n t o a H e l e n a . El la me miró s in saber quién
era. Le pasé u n brazo por los hombros . Temblaba .
-Se ha i d o . T r a n q u i l a , se ha i d o .
Los desconocidos p r e g u n t a r o n si H e l e n a se e n c o n -
15 traba b i e n . Eran de la edad de el la , muchachos de pelo
largo y ropa sucia. E n m i v i d a me he alegrado t a n t o de
ver a a lguien c o m o a ellos aquella noche .
H e l e n a miró sus manos, llenas de sangre. Luego
empezó a l lorar en s i lenc io .
Yo me sentfa c o m p l e t a m e n t e infe l iz , c o n ganas de
m o r i r en aquel m i s m o instante .
12
N o s l l e v a r o n a u n h o t e l de la plaza, y desde a l l i tele-
f o n e a r o n a la p o l i c i a .
H e l e n a solo me hab l ó una vez.
25 -Gracias, C h i c o - d i j o , cogió mis manos y las besó.
L a pus ieron en u n sofa. A n t e s de llegar la p o l i c i a , los
navaja, c u c h i l l o
dar vueltas (la cabeza), n o poder pensar n i ver claramente
44
chicos desaparecieron. C o m p r e n d i que yo tenia que hacer lo m i s m o .
- H e l e n a -le di je e n voz baja-, tengo que i r m e . Pero n o te v o y a dejar sola. V o y a estar cerca de t i . De ver-dad. 5
S o n r i ó u n poco. Su cara estaba m u y m a l . V a a nece-
sitar t i e m p o para v o l v e r a ser la ch ica mas guapa de
todas, pensé. Yo t a m p o c o estaba m u y b i e n , pero al
menos podia andar.
Salf y me ale jé lo mas deprisa posible.
M e dol fa t o d o el cuerpo. /Debfa v o l v e r a m i casa?
Después de m u c h o pensarlo, d e c i d i esperar tres dias.
A n t e s t en ia que hacer lo posible por ayudar a H e l e n a .
E n las siguientes horas ba jó la temperatura . C u a n d o
llegó la manana, era incapaz de dar u n paso mas. M e
senté e n u n banco y, s in querer lo , me quedé d o r m i d o .
Desperté c o n e l sol m u y a l to . Desayuné y f u i a la recep-
c i ó n d e l h o t e l . A l l i me d i j e r o n en qué hospi ta l podi a
e nco nt r a r a H e l e n a .
E n su h a b i t a c i ó n habfa dos camas. H e l e n a estaba e n
la cama mas cercana a la puerta .
Le pregunté c ó m o estaba. Respondió que n o dema-
siado m a l y d i j o que se alegraba de v e r m e .
T o d o era b lanco e n la hab i tac ión , desde las puertas
a la ropa de cama. " E l co lor que me jor sienta a las p e l i -
rrojas", pensé, "ha t e n i d o suerte". Era u n pensamiento
estüpido.
-Tengo que c o n t a r t e t o d o - d i j o e l la- . N o querfa
hablarte de m i prob lema, porque. . . e n f i n , pensé que n o
era asunto t u y o . Pero ahora es d i s t i n t o .
paso, m o v i m i e n t o al andar
sentar, si u n vestido sienca bien, esa persona parece mas guapa
45
- N o tienes que c o n t a r m e nada si n o quieres.
-Si , deseo hacer lo . T o d o empezó hace aprox imada-
m e n t e u n mes, en M a d r i d . A lo me jor recuerdas u n
atraco a u n banco e n el que murió u n o de los c l ientes .
Los atracadores cons iguieron hui r . Yo estaba a l l i . Era
una de los c l ientes que habia e n e l banco e n ese
m o m e n t o . Estaba c o n m i n o v i o , Juan, te he hablado de
él . C u a n d o e n t r a r o n los atracadores, t u v i m o s que t u m -
barnos e n e l suelo. Éramos o c h o o nueve personas, y
u n o de los c l ientes era u n m i l i t a r retirade* y t e n i a u n a
pistola . S a c ó su pistola , pero los atracadores f u e r o n mas
rapidos y le volaron la cabeza. E r a n dos. M e fi jé espe-
c i a l m e n t e e n el que m a t ó a l m i l i t a r re t i rado porque
estaba a u n m e t r o de m i ; me d i cuenta de que ten ia una
cicatriz en la m a n o , e n d iagonal . Desde el suelo podia
ver sus manos c o m o ahora veo las tuyas.
c i c a t r i z
atraco, entrat en una tienda o banco para conseguir el d inero c o n v i o -
lencia
atracador, persona que atraca
tumbarse, ponerse en el suelo o en una cama
retirado, que ya no ttabaja porque es demasiado vie jo
volar la cabeza, matar
46
H i z o una pausa. Después siguió.
-Unas horas mas tarde, Juan y yo t u v i m o s que hablar
c o n la p o l i c i a . N o s l l e v a r o n a una h a b i t a c i ó n d o n d e
habfa dos inspectores que nos h i c i e r o n algunas pregun-
tas. Estaba a punto de hablarles de la c icatr iz , cuando la
v i . Cruzaba la m a n o de u n pol ic fa . E n u n p r i m e r
m o m e n t o n o entendf nada, pero al menos n o me puse
nerviosa. N o habfa la m e n o r duda: era e l m i s m o h o m -
bre, el atracador d e l banco. Inc luso reconoci su voz.
Miré a Juan y le indiqué la cicatriz c o n u n gesto. Fue u n ;o
error. E l po l i c ia adivinó que acababa de reconocerle.
Nuestras miradas se e n c o n t r a r o n . N u n c a voy a o l v i d a r
esa mirada, c o m o tampoco voy a o l v i d a r la f o r m a e n
que murió aquel h o m b r e e n e l banco, a m i lado.
H e l e n a de jó de contar porque se o i a n voces j u n t o a
la puerta . C u a n d o se a le jaron, siguió c o n t a n d o :
-Juan y yo decidimos que lo mejor era h u i r d e l p o l i -
cia. N o solo era u n atracador, s ino también u n h o m b r e
capaz de matar. Yo n o di je nada a m i f a m i l i a , pero Juan
si habló c o n la suya; su padre le ob l igo a separarse de m i 20
por u n t i e m p o . Yo supe que Juan estaba aqui , en G r a -
nada, pero n o he p o d i d o encontrar le . N o puedo enten-
der por qué él n o ha i n t e n t a d o ponerse e n c o n t a c t o
c o n m i g o .
L a h i s tor ia de Juan era lo que menos me interesaba; 25
me jor d i c h o , si él la o lv idaba , me jo r para m i .
-/Crees que e l h o m b r e de la furgoneta era e l policfa?
-Estoy casi segura.
estar a punto de, querer hacer algo o pasar algo d e n t t o de u n instante
reconocer, darse cuenta de quién es una persona; darse cuenta de algo
que u n o ha visto o ha oi'do antes
adivinar, darse cuenta de algo
47
-/Y c ó m o p u d o encontrar te t a n p r o n t o , y anoche o t ra
vez?
- H e pensado m u c h o en eso. Recuerda que en el
A l b a y z f n solo querfamos pasar, e n p r i n c i p i o , una
noche . Fue el de l bar q u i e n me invitó a pasar u n dia
mas. Supongo que Uamó a la p o l i c i a de aqui , y ellos a v i -
saron a M a d r i d . Ese inspector t u v o sufic iente t i e m p o
para v e n i r a Granada y conseguir una furgoneta .
-/Quieres decir que toda la po l i c fa esta a su favor?
io - N o . Es mas s imple que eso. O f i c i a l m e n t e él se ocu-
pa de la invest igación sobre el atraco, y Juan y yo hemos
desaparecido. Piénsalo: nosotros dos estabamos e n e l
atraco d e l banco, y de p r o n t o desaparecemos. Proba-
b lemente ha aprovechado nuestra desaparición y ahora
toda la po l i c fa de Esparia t iene nuestra f o t o . T o d o esto
son suposiciones, n a t u r a l m e n t e , pero estoy segura de n o
equivocarme.
- A s i que anoche probablemente estaba de lante d e l
hos ta l y nos esperaba.
- M a l a suerte - d i j o H e l e n a - . S iempre he t e n i d o mala
suerte.
Era e l m o m e n t o . Entonces o n u n c a . Le cogf la m a n o
y se la besé. M e sonrió . N o i m p o r t a b a n los golpes e n su
cara: estaba guapfsima. M e e n c o n t r é c o n sus ojos fijos
25 e n los mfos. Su cara se acercó despacio y nuestros labios
se e n c o n t r a r o n .
"Te quiero" , pensé.
L o pensé, pero n o lo di je . N o lo di je , y ahora, después
anoche, la noche antes
ocuparse de, aquf, ser él qu ien investiga el atraco, ser su responsabilidad
suposición, suponer algo, no saberlo con seguridad
fijo, que no se mueve
48
de tantos afios, s iento n o haber lo d i c h o . D e c i r l o segu-ramente no sirve para cambiar las cosas, pero uno se siente mejor.
-Tengo que s a l i r d e aqui , C h i c o . /Quieres ayudarme?
Entonces se abrió la puerta .
13
E n t r ó la o tra mujer que estaba e n la habi tac ión , acompanada por su marido.
H e l e n a habló u n poco c o n el la . C o m p r e n d f que ya
eran amigas. Era una ch ica n o m u c h o mayor que H e l e -
na, gitana.
-/Estas decidida? -preguntó.
-Estoy lista -respondió H e l e n a .
-Se lo he c o n t a d o a m i h o m b r e , y esta de acuerdo.
E l g i tan o d i j o que si m u y serio.
-Pero tenemos que darnos prisa. L a h o r a de las v i s i -
tas esta a p u n t o de terminar .
Yo n o e n t e n d i a una palabra, pero eso era lo h a b i t u a l
c o n H e l e n a .
In t e ntó caminar . D i o unos pasos hasta la ventana . L a
marido, hombre casado
gitana, ver ilusttación en pagina 50
4 Las pelirrojas traen mala suerte 49
muchacha sacó del armario una falda negra y una blusa
blanca. Se las d i o .
gitana
-Ponte esto; n o vas a i r te c o n tu ropa.
H e l e n a cogió la ropa y fue al bano.
- A h o r a la coges (decia "cohe") d e l brazo y salis de
aqui los dos c o m o una pareja que ha v e n i d o de v is i ta
-expl icó la g i tana a su m a r i d o .
-Vale .
-Y m u c h o cuidado: ese h o m b r e puede estar por a q u i .
-fY yo? -pregunté a H e l e n a cuando salió d e l baf io .
- T ü puedes hacerme u n favor m u y grande, C h i c o .
I n t e n t a encontrar a Juan. /Recuerdas a la ch ica que me
d i o la mochi la? V o y a ir a su buhardilla. Es en la plaza de
la Trinidad; hay u n bar e n u n a esquina y una casa m u y
vie ja a l lado. -Pero, /cómo voy a encontrar a Juan?
- U n o de los "h ippies" de la plaza de B i b - R a m b l a , u n
buhardilla, habitaciones en lo mas a l to de una casa
plaza de la Trinidad, plaza e n el centro de Granada, cerca de la plaza de
Bib-Rambla
50
t a l M a x , sabe dónde esta Juan -mientras hablaba, se
p i n t a b a los labios y los ojos-. A y e r n o pude encont rar a
M a x ; a lo me jo r h o y esta a l l i . C u é n t a l e que eres amigo
m f o . S i al f i n a l n o puedes e n c o n t r a r a Juan, vete esta
no ch e a la b u h a r d i l l a que te he d i c h o .
M e d i o u n rapido beso e n la cara y salió c o n e l g i ta-
n o .
- A ver lo que hacéis , /eh? -sonrió la g i tana.
-Tened m u c h o cu idado -di je yo.
Era imposible reconocer a He lena . Después de unos
m i n u t o s sali de la habi tac ión . E n e l pasil lo t o d o estaba
n o r m a l . Ba jé hasta la planta baja: t ambién a l l i t o d o esta-
ba n o r m a l . Después sal i a la cal le y me senté e n u n ban-
co a pensar. Eran pensamientos negros. A h o r a yo era u n
mensajero que tenia c o m o misión j u n t a r de nuevo a 15
" m i " chica c o n su c h i c o . N o ten ia n i n g u n a gracia.
Después me d i r ig f a la plaza de B i b - R a m b l a e n busca
del l lamado M a x . La plaza estaba l lena de vendedores
de artesania; entre ellos habia muchos camellos que
regularmente bajaban al moro, conocidos c o n e l n o m b r e
de hippies , o melenudos, o peludos.
A l preguntar por M a x , me d i j e r o n que acababa de
v o l v e r del m o r o . M a x , e l c h i c o c o n el pelo mas largo de
toda la plaza, tardó u n rato e n comprender que lo que
yo queria n o eran drogas.
-Juan estaba e n una casa e n la costa, pero acaba de
v o l v e r a Granada . L o he v is to a m e d i o d i a . L o puedes
e nco nt r a r en. . .
planta baja, parte de una casa igual de alta que la calle.
mensajero, persona que lleva una not ic ia a otra persona
camello, persona que vende drogas (lenguaje de los jóvenes)
bajar al moro, ir a Marruecos para comprar hachfs (lenguaje de jóvenes)
melenudo, peludo, j oven c o n el pelo largo
51
M e d i j o e l n o m b r e de u n bar, a l l i m i s m o , al lado de
la plaza, u n bar que solo abria por la noche . Solo t en ia
que esperar una o dos horas. Por desgracia t o d o era
demasiado f a c i l : H e l e n a podi a t e r m i n a r de n u e v o c o n
su c h i c o y yo d e f i n i t i v a m e n t e fuera de su v ida .
14
Pasé por la m i s m a calle que la noche anterior . Fue
una sensac ión extrana . H e l e n a n o hablaba n u n c a de
sus cosas, pero yo supuse que conoc ia e l m o t i v o d e l
i n t e n t o de violación de l po l i c fa . Después de u n c r i m e n
s in móvil hay siempre una invest igación. "S i u n a ch ica
aparece m u e r t a s in m o t i v o , lo p r i m e r o que se busca es
el móvil . Si aparece v io lada y muerta , s i m p l e m e n t e se
busca a u n v i o l a d o r " , mas o menos debfa de ser lo que
pensaba e l p o l i c i a .
15 Fui al bar. Estaba l l eno de gente que hablaba en voz
demasiado al ta . H a c i a m u c h o calor y era d i f i c i l andar
entre la gente. A l o t r o lado de la barra habfa dos c h i -
cas. I n t e n t é llegar hasta ellas.
Por f i n , después de varios in tentos , conseguf pregun-
tar a una :
-/Conoces a Juan, de M a d r i d ?
Tardó unos segundos e n contestar. M i r ó hac ia
a lguien que estaba m u y cerca de mf. M e v o l v i y v i a u n
h o m b r e c o n barba y camisa negra que bebfa solo.
25 -Pregüntale a él.
E l h o m b r e me l lamó c o n u n gesto y nos apartamos a
u n lado.
violación, obligar c o n v io lenc ia a una mujer a u n acto sexual
móvil, m o t i v o , causa de un c r i m e n
52
-/Para qué buscas a Juan?
-Eso solo se lo digo a él .
-Yo soy Juan.
H a b f a pelos blancos en su barba. N o tenfa menos de
t re in ta afios, t a l vez t re in t a y c inco . Es decir, para 5
a lguien de m i edad, u n v ie jo . E l n o v i o de Helena era u n
v ie jo . Eso vo lv f a a He lena todavfa mas inalcanzable.
-Tengo not ic ias de H e l e n a -di je .
-He lena . . . /Te envfa ella? /Esta bien? Espera, v e n
c o n m i g o . M i h o t e l esta muy cerca. ) 0
"La casa donde esta H e l e n a también" , estuve a p u n -
to de decir, pero algo me hizo callar. Tenfa la extrana
impresión de que en alguna parte alguna cosa n o era
c o m o debfa ser. Le seguf en s i lencio hasta u n h o t e l
impres ionante . N o s sentamos en el sofa de u n salon is
vacfo.
-/Helena esta e n Granada?
Respondf que sf.
-/Dónde?
- E n casa de una amiga. 2o
N o parecfa tener demasiadas ganas de ver ia . D e f i n i -
inalcanzabk, que no se puede alcanzar, lejana
53
t i v a m e n t e algo iba m a l . A l menos para H e l e n a .
-/Esta bien?
- N o . H a estado e n e l hosp i ta l . Se h a escapado y esta
asustada. -/Ese p o l i c i a esta e n Granada?
Le c o n t é r a p i d a m e n t e sobre la furgoneta y sobre e l
i n t e n t o de v io lac ión. M e escuchó c o n la m a x i m a a ten-
c ión . A n t e s de terminar , se puso e n pie :
-Vamos, l lévame c o n el la .
w M e cogió y me sacó d e l h o t e l . E n la puerta , miró
hacia los dos lados para asegurarse de que n o nos seguf-
an . Las calles estaban llenas de personas que dis f ruta-
b a n d e l b u e n t i e m p o antes de ir a cenar. U n a mujer se
paró delante d e l h o t e l . D i o dos pasos hacia m i . E n u n
p r i m e r m o m e n t o , n o la reconoc i .
- j B u e n a v e n t u r a !
54
Solo los profesores usaban m i verdadero n o m b r e .
El la , "la Peggy", tenia m a l caracter y sus clases eran m u y
aburridas. Era una profesora que me suspendia siempre.
- j B u e n a v e n t u r a ! /Qué haces aqui?
N o sé qué absurda respuesta le d i . N o me escuchaba.
H a b l a b a a toda ve loc idad. M e d i j o que mis padres n o
paraban de buscarme, que media c iudad estaba buscan-
d o m e .
-/Dónde has estado todos estos dias?
M i r a b a al h o t e l , miraba a Juan y me miraba a m i . N o
sé qué pensamientos depravados pasaron por su cabeza.
- T ü te vienes c o n m i g o ahora m i s m o .
- N o .
-Ya lo creo que si. Cogemos u n t a x i y te l l evo a t u
casa. 15
- N o - repet i .
-Te digo que cogemos u n . . .
Juan me apartó c o n u n gesto y se puso delante de
el la . L a miró. N o levantó e l brazo n i la voz. Solo d i j o :
- A p a r t a o te mato .
"La Peggy" d i o u n paso atras, su boca se abrió s in
c o n t r o l unos cent imetros . I n t e n t ó hablar, pero n o le
sal ian las palabras. C u a n d o por f i n gritó, nosotros ya
estabamos lejos.
M i e n t r a s nos met iamos e n una cal le juela vacia, miré
a Juan c o n admiración. Los madr i lenos t i e n e n fama de
ser duros, c o m o t o d o h a b i t a n t e de una gran c iudad, y
acababa de ver una demostrac ión. Expliqué a toda p r i -
sa que era una profesora y que sentia u n e n c u e n t r o asi.
Juan movió la cabeza s in hacer comentar ios . L a mayor
depravado, aqui significa que la profesora piensa que son homosexuales
levantar, subir el brazo, ponerlo a l to
duro, con caracter fuerte y f r io
55
parte d e l t i e m p o tenia e l aspecto de u n a persona a la
que nada i m p o r t a b a demasiado. Desde luego, n o pare-
cia especialmente asustado, aunque u n p o l i c i a psicópa-
ta estaba detras de él.
Pocos m i n u t o s mas tarde llegamos a la casa. Subimos
la escalera y nos paramos delante de la puerta de la
b u h a r d i l l a .
Juan l ievaba u n a cazadora. L a abrió y buscó algo que
apenas se notaba e n su camisa negra. Mas que v e r l o ,
adiviné lo que era.
-Vamos, l l ama .
Y en ese instante, de golpe, supe c laramente dos
cosas. Pr imera: yo era u n inütil. Segunda: él n o era Juan.
15
Yo n o podia apartar mis ojos de la pistola, n i podia
pensar c laramente . [Cómo podia creer que aquel h o m -
bre era Juan? A Juan lo escondia su padre, y estaba cla-
ro que u n h o m b r e c o m o aquél n o necesitaba protecc ión
de su padre. Entonces pensé e n los dos atracadores del
banco. E l po l i c ia era u n o . Y el o t ro . . . O ta l vez n o . T a l
vez... pero era una pos ib i l idad e n la que preferia n o pen-
sar... t a l vez H e l e n a me m e n t i a . Toda esa historta d e l
atracador que en realidad era u n pol i c ia . . . /No era mas
fac i l suponer que la verdad era otra? "Por e j emplo , p e n -
sé, una pareja atraca u n banco. Él se l leva e l d inero y
deja a la chica . La chica le busca y la po l i c ia les busca a
ambos. Y entonces aparece u n pringado que la ayuda
inütil, persona que no sirve para nada
pringado, inütil, t o n t o (lenguaje de los jóvenes)
56
porque se cree lo p r i m e r o que le d i c e n " .
- L l a m a -repitió el h o m b r e .
L lamé.
A b r i ó la amiga de H e l e n a . L ievaba u n vest ido v i o l e t a .
Detras de el la, sentadas e n el suelo, habia c i n c o o seis
personas que hablaban .
-Pasad.
N o hizo preguntas. E l h o m b r e que me acompafiaba
escondia su pis tola . H e l e n a n o estaba a l l i , y n o habia
m o t i v o para gr i tar : " j C u i d a d o , l leva una p i s to la ! " .
Entramos y nos acercamos a l grupo. R e c o n o c i a u n o de
los chicos, u n ta l Juanjo, u n okupa de la fabrica. H a b f a
t a m b i é n dos barbudos, t a l vez estudiantes, y dos chicas.
-E l c h i c o es amigo de H e l e n a . Te Uaman C h i c o , /ver-
dad?
-Yo soy H o r a c i o - d i j o e l h o m b r e .
- B u e n n o m b r e para u n profesor - d i j o u n o de los bar-
budos-. /Eres profesor?
- A l g o asi.
H o r a c i o m i r a b a a las chicas y algo e n esa m i r a d a me
de jó a d i v i n a r el m o t i v o : n o conoc ia a H e l e n a , y estaba
i n t e n t a n d o saber cual de ellas era.
- H o r a c i o el de l "carpe diem" - d i j o e l m i s m o barbudo.
-Eso es. Ya sabéis: la v ida es corta y debemos dis f ru-
tar e l m o m e n t o presente.
Los demas sonr ieron . Se sent ian felices de encontrar
u n colega de mas edad que pensaba c o m o ellos.
N o s sentamos en e l suelo y H o r a c i o d i j o que le gus-
taba la b u h a r d i l l a .
barbudo, hombre c o n barfca (ver pag. 53)
carpe diem, palabras latinas que signif ican "disfruta e l dfa" ; las escribió
el autot l a t ino Horac io (65-8 antes de Cr i s to )
57
-Los gerüos siempre h a n v i v i d o en buhardi l las - d i j o
a lguien- . Haydn vivió e n una, y Balzac t ambién .
C r e o que era la p r i m e r a vez e n m i v ida que oia esos
nombres . Los otros parec ian encantados c o n H o r a c i o .
C o m e n z a r o n a hablar. Yo pregunté a Juanjo e n voz baja
por H e l e n a .
-Yo también quiero saber dónde esta - d i j o H o r a c i o ,
sonr iente .
A l parecer, H o r a c i o podia o i r t o d o .
D u r a n t e unos segundos, nadie habló . Detras de noso-
tros, fue la chica c o n e l vest ido v i o l e t a q u i e n habló .
- N o sabemos dónde esta H e l e n a .
Era ev idente que m e n t i a .
H o r a c i o se puso en pie s in m o v i m i e n t o s rapidos. Su
espalda quedó c o n t r a la pared. A s i nadie podia sor-
prenderle por detras. "Es u n profes ional " , pensé s in
saber qué queria dec i rme a m l m i s m o exactamente . Se
acercó a una puerta , s in duda la puerta d e l d o r m i t o r i o
de la b u h a r d i l l a . Las otras puertas eran d e l bafïo y de la
coc ina . H o r a c i o n o se equivocaba: si H e l e n a estaba en
la casa, t en ia que estar al o t r o lado de aquella puerta .
Entonces la abrió de golpe.
Pude ver a H e l e n a en pie j u n t o a una ant igua cama
metal ica . L ievaba de n u e v o su ropa de trabajo y me
25 pareció m u y pal ida .
Entonces pasaron tres cosas al mismo t i e m p o . L a c h i -
ca del vest ido v io le ta gritó. H e l e n a in tentó cerrar la
puerta de golpe mientras él p o n i a u n pie delante de la
puerta. Y yo me levanté y f u i hacia H o r a c i o . Solo t u v o
30 que levantar su m a n o . Tuve la impresión de que cogia
Haydn, compositor de müsica, de Aust r ia (1732-1809)
Balzac, escritor francés (1799-1850)
A l parecer, parece como si, uno tiene la impresión de que
58
m i cabeza c o n una sola m a n o y la retorcia. M e v i e n el
suelo. La chica de v i o l e t a volvió a gritar. H o r a c i o se
abrió la cazadora y e n s e ö ó la pistola.
- T u n o eres profesor - d i j o , e n m i o p i n i ó n tentamen-te, el m i s m o barbudo de antes.
-Soy p o l i c i a -sonrió H o r a c i o - . N a d i e es perfecte.
H e l e n a no podia escapar. E n la habi tac ión solo habia una ventana m u y pequefia. H o r a c i o se volvió hacia ella.
-Juan me d i j o que eras m u y guapa. Es verdad.
S a c ó u n papel de u n bo l s i l lo y se lo d i o a H e l e n a .
H e l e n a lo leyó e n pocos segundos y le miró sorprendi -da.
-Esta b i e n - d i j o - . Es u n amigo.
-Te l l evo c o n él - d i j o H o r a c i o .
-/Ahora?
- A h o r a m i s m o , si quieres.
Por una vez, yo n o era e l ünico que n o c o m p r e n d i a
nada. Los otros escuchaban en perfecte s i lencio .
-Tengo que i rme -expl icó H e l e n a a sus amigos-. Voya estar b i e n .
-/Vienes? -me preguntó H o r a c i o .
59
Bueno, yo podia decir tres cosas sobre él, una que n o
me gustaba y dos que si. Pr imera : era u n po l i c ia . Segun-
da: me ayudó c o n la Peggy. Y tercera: me estaba i n v i -
t a n d o e n serio a acompanarles. Por supuesto di je que si.
A l salir a la cal le , H o r a c i o paró u n t a x i . H e l e n a
entró la pr imera . C u a n d o el la n o podi a o i rnos , me d i j o
e n voz baja:
-De verdad me gusta, pero es pe l i r ro ja . Ya sabes lo
que se dice .
-Las pelirrojas t raen mala suerte.
16
H e l e n a n o hablaba, solo miraba hacia afuera. Yo me
sentia molido. Le pregunté a H e l e n a por e l papel .
-Es d e l padre de Juan. D i c e que ha contratado a H o r a -
c io .
M e v o l v i hacia él.
-/Contratado? Entonces n o eres po l i c fa .
S o n r i ó .
- N o exactamente .
-/Y eso qué significa?
- E l padre de Juan hab l ó c o n u n amigo suyo, u n juez-
E l juez creyó que n o p o d i a hacer nada s in pruebas c o n -
t ra u n p o l i c i a . Por eso le habló de m i .
-/Eso es posible? -pregunté a H e l e n a .
-Todo es posible cuando se es t a n r i co c o m o e l padre
molido, muy cansado
contrauxr, pagar a una persona por u n trabajo que la persona t iene que
hacer
prueba, algo que demuestra algo claramente; por e jemplo aqui quién
mató a una persona
60
de Juan. T i e n e amigos e n todas partes.
H i z o una pausa. Luego d i j o :
-Todo e l m u n d o hace lo que él quiere , hasta su h i j o .
L le gamos al h o t e l de H o r a c i o . E n e l salon, al f o n d o ,
habia u n h o m b r e de c ier ta edad. Se puso e n pie al ver-
nos y H e l e n a y él se saludaron.
-/Dónde esta Juan? -preguntó en seguida H e l e n a .
- E n este m o m e n t o , e n e l avión. S iempre quiso c o n o -
cer Venezuela o Brasi l , y éste era e l m o m e n t o adecua-
do .
- N o lo creo.
-Pues es verdad.
H e l e n a movió la cabeza de u n lado a o t r o , t r is te .
-Ya sabes la mala n o t i c i a - d i j o H o r a c i o - . A h o r a
vamos a hablar de cosas posit ivas.
H e l e n a lo miró s in ver le .
- H o r a c i o ha estado ocupandose de la seguridad de
Juan - d i j o e l padre-. A h o r a puede ocuparse de la tuya.
H e l e n a se sentó en u n sofa.
- H e l e n a - d i j o H o r a c i o - , C h i c o me ha c o n t a d o que
es tuv iero n a p u n t o de matar te . Sabes que v a n a i n t e n -
t a r l o o t ra vez. N o puedes seguir escondiéndote toda la
v i d a .
61
"Y nadie puede pagarle u n v ia je a Sudamér ica" , p e n -
sé yo. "S iempre el d i n e r o " .
-He l ena , la buena suerte ha empezado. Yo f u i q u i e n
t u v o la idea de alejar a Juan... , y debo decir que él rap i -
damente estuvo de acuerdo. M i e n t r a s él hablaba c o n su
padre y mientras yo esperaba e n e l bar que él me i n d i -
có , apareció C h i c o y él me ha l levado hasta t i . /No lo
ves? A h o r a tenemos suerte. Propongo aprovechar el
m o m e n t o y tornar la i n i c i a t i v a .
w -/Y qué quiere decir t o d o eso?
- U n a trampa. Propongo preparar una t rampa para ese
po l i c ia .
H e l e n a n o neces i tó pensar m u c h o para dar su res-
puesta.
- U n a t rampa c o n m i g o c o m o cebo, /verdad? N o , gra-
cias.
-Te aseguro que H o r a c i o sabe hacer las cosas b i e n -
d i j o e l padre de Juan.
- H e d i c h o que n o quiero saber nada. H a y u n p o l i c i a
loco detras de m i , t a l vez dos...
| cebo, algo que hace ir a la persona o an imal hacia la trampa
62
- O l v f d a t e d e l o t r o - d i j o H o r a c i o c o n una sonrisa.
-Es verdad - d i j o el padre de Juan-. Ese ya n o es n i n -
gün prob lema . Tenemos que ocuparnos solo d e l que te
ha perseguido. A h o r a sabemos que esta detras de t i .
-/Y yo? -pregunté. •
-Has estado c o n el la hasta ahora y t o d o t iene que
seguir igual . A s i nuestro h o m b r e n o va a desconfiar.
-Ya he d i c h o cual es m i respuesta - d i j o H e l e n a - . N o .
- V e i n t i c u a t r o horas -propuso H o r a c i o - . S i d e n t r o de
v e i n t i c u a t r o horas exactas n o he cogido a ese pol i c fa ,
puedes i r te .
- A Venezuela o Brasi l - comple tó e l padre de Juan.
-De acuerdo - d i j o H e l e n a de p r o n t o - . Pero c o n una
co nd ic ió n . S i consegufs coger a l pol ic fa , t a m b i é n quie-
ro ir a Sudamér ica .
-De acuerdo - d i j o e l padre de Juan y le ofreció la
m a n o .
"/Y yo qué?", estuve a p u n t o de preguntar; " H e l e n a se
va c o n su n o v i o , /y qué gano yo?"
E n ese m i s m o m o m e n t o H e l e n a preguntó.
-/Y qué pasa c o n Chico? /Vamos a poner le e n pel igro
por nada?
-Tiene razón - d i j o H o r a c i o , mientras e l padre de Juan
me miraba y se daba cuenta de que yo existfa.
-Yo lo ü n i c o que quiero es estar c o n H e l e n a -di je .
L a mirada de H o r a c i o se e n c o n t r ó c o n la mfa . Supe
que me comprendfa . E n c o n t r é e n sus ojos aquel lo que
mas necesitaba e n esa concreta etapa de m i v i d a : respe-
to .
- V e i n t i c u a t r o horas - d i j o H e l e n a - . Exactamente has-
desconfiar, no confiar, creer que hay una t tampa
etapa, fase, anos
63
ta maf iana a medianoche .
- A h o r a tenéis que c o n t a r m e t o d o lo que ha pasado
e n estos dfas -pidió H o r a c i o - .
M e esperaba u n a n o c h e larga. Pero n o me i m p o r t a -
ba: H e l e n a y yo seguiamos j u n t o s y eso era lo ünico
i m p o r t a n t e .
17
C o m o lugar para u n c r i m e n , la vie ja fabrica abando-
nada era e l lugar perfecto. Yo n o podia dejar de pensar-
lo durante aquel dia i n t e r m i n a b l e .
/o Estabamos o t ra vez e n la fabrica y completabamos
alguna clase de circulo en c ier to m o d o magico. A l l i
empezó t o d o y a l l i t en ia que terminar .
- H a y que actuar de m o d o n o r m a l , n i u n gesto d i fe -
rente -nos d i j o H o r a c i o - . Él n o t iene que tener m o t i v o s
15 para desconfiar.
Por eso elegimos la fabrica. /Adónde podfamos v o l -
ver si no? -Vais a v o l v e r a l bar d e l A l b a y z i n -nos d i j o t a m b i é n
64
H o r a c i o - . E n real idad, el dueno n o t iene n i n g u n m o t i -
v o para pensar que n o confias e n él . V o l v e d y pregun-
tadle si sabe algo de Juan. D e c i d l e que vais a esconde-
ros e n la fabrica. E l p o l i c i a va a v e n i r entonces a bus-
caros.
Sabiamos, por Juanjo, que la fabrica segufa vacfa. Era
una nave m u y grande, quiza n o v e n t a o c i e n metros de
largo y unos ve in te o t r e i n t a de ancho . Tenfa una sola
puerta, u n porton meta l i c o que estaba siempre abierto .
Junto al p o r t o n habfa u n altillo, u n s imple cuarto vacfo
c o n una ventana . Debajo, u n despacho c o n una vie ja
mesa. Nosotros estabamos e n e l rincón mas alejado del
p o r t o n , e n la zona mas l i m p i a . N o s sentamos e n e l sue-
lo y empezamos a esperar. Tenfamos u n silbato y u n
"spray".
-S i llega hasta t i , usa las dos cosas -eran las palabras
de H o r a c i o - . Yo v o y a estar siempre suf i c ientemente
cerca para ofr el s i lbato. E l "spray" puede bastar para
dejarle ciego durant e unos m i n u t o s .
D e u n m o d o u o t r o , conseguimos llegar al mediodf a
s in moverno s de aquel r incón. H e l e n a fumaba e n s i len-
nave, habitación muy grande, n o r m a l m e n te en fabricas
porton, puerta muy grande
altillo, habitación sepatada en la parte mas alta de una casa
rincón, cuando dos paredes se j u n t a n forman una esquina, hacia afuera,
o u n rincón hacia adentro
ciego, que no puede ver
5 Las p e l i r r o j a s t r a e n m a l a suerte 65
c io y contestaba mis palabras c o n monosilabos. Seguia
c o n su vie ja ropa de trabajo y la gorra, c o m o e l d ia e n
que la conocf . L a m i r a b a c o n la impresión de que me
faltaba aire. "Supongo que esto es lo que l l a m a n amor" ,
pensaba.
E l la fumaba c o n la mirada perdida en e l p o r t o n por
el que entraba la luz d e l sol. D e p r o n t o se volvió hacia
m i y me sonrió y sus ojos se v o l v i e r o n mas claros.
- C h i c o , tienes que saber que me alegro de haberte
c o n o c i d o .
Sus palabras f u e r o n ésas u otras parecidas, pero n o
eran las palabras lo i m p o r t a n t e , s ino su voz, su m i r a d a .
E n sus ojos l e i que conoc ia m i secreto. Quiza ya desde
u n p r i n c i p i o sabia que yo estaba enamorado de el la .
;5 -/Qué vas a hacer después de esto? /Vas a v o l v e r a
casa?
-Creo que si.
-Es lo mejor.
A p r e n d f algo esa manana: cuando se esta te r r ib le -
m e n t e preocupado o asustado, hablar es m u y d i f i c i l .
C u a n d o hablabamos, era para n o pensar e n que nos
estabamos jugando la vida. R e c o r d é una frase: "Es mas
f a c i l m o r i r por la mujer amada que v i v i r c o n e l la" . E n
aquellos m o m e n t o s era una verdad.
25 H a c i a las dos de la tarde, yo m e m o r i a de hambre , de
m o d o que me c o m ï dos bocadi l los y bebf m u c h a agua.
H e l e n a n o probó nada.
-/No crees que es me jor si llevas tü e l silbato? -pre-
guntó H e l e n a , que cada vez estaba mas nerviosa.
30 M e lo d i o y el la se quedó c o n e l "spray". C o n t i n u a -
monosilabo, palabra muy corca, con una sola sflaba, como "sf", "yo" ,
" ve n " , etc.
jugarse la vida, poder mor i r
66
m e n t e se p o n i a e n pie y daba unos pasos, siempre lejos
d e l p o r t o n . C u a n d o me miraba, i n t e n t a b a sonreirme.
E n algün m o m e n t o pal idecia s in m o t i v o . Yo, por m i
parte, estaba demasiado asustado.
A las cuatro de la tarde yo n o podia seguir s in ir al
cuarto de bano. Después de hablar c o n H e l e n a , d e c i d i -
mos que lo me jor era hacer lo s in salir de la nave.
U n a hora mas tarde fue. e l la q u i e n t u v o e l m i s m o
p r o b l e m a .
-Estoy segura de que n o va a venir . Esta mos esperan- /o
do t o d o el d ia para nada. V o y a ir al bano. M e n iego a
estar escondida c o m o u n a n i m a l .
Su deseo de rebelarse aumentaba c o n cada palabra.
Yo n o sabia qué hacer para t ranqui l izar la .
-Bueno, He lena . . . 15
- N o , C h i c o , ya esta b i e n . N o puedo v i v i r asi, /no te
das cuenta? U n mes e n Brasi l , y después, /qué? /Seguir
escondi éndorne ?
Parecfa a p u n t o de l lorar .
-Te acompano, d i j e .
Fuimos, por p r i m e r a vez e n ocho horas, hasta e l por-
ton, y a l l i nos paramos. So lo habfa tres o cuatro pasos
hasta el lugar d o n d e estaba el bano. N o v i m o s a nadie
n i ofmos nada. Yo sujetaba el s i lbato en m i m a n o dere-
cha.
Esperé u n par de m i n u t o s . Malo s pensamientos pasa-
ban por m i cabeza "/Y si H o r a c i o se ha ido? /Y si e l p o l i -
cfa y él se p o n e n de acuerdo?".
Sa l ió H e l e n a y v o l v i m o s a la nave.
Pasaron horas i n t e r m i n a b l e m e n t e lentas.
awnentar, ser mas grande
lento, despacio
5 ' 67
- N o va a v e n i r -decfamos-. A h o r a ya es seguro. Se ha
dado cuenta de que esto es una t rampa . Estamos per-
d i e n d o e l t i e m p o .
Las siete, las ocho , las nueve. Ya casi n o tenfamos
agua. N o s quedaban tres c igarr i l los . N o s sentfamos
sucios, cansados y u n poco r idfculos .
Era u n o de los dfas mas largos d e l ai ïo, e n j u n i o . Has-
ta después de las nueve y media n o empezó a anochecer.
-Dos horas y media y nos vamos de aqui - d i j o H e l e -
na- . D i j e hasta m e d i a n o c h e y n o voy a esperar u n
segundo mas.
interruptor de la luz
Seguiamos e n e l r i n c ó n d e l p r i n c i p i o . M e levanté y
f u i hacia e l p o r t o n , d o n d e estaba e l interruptor de la luz-
T o d a v i a n o sabiamos si, después de la v is i ta de la p o l i -
15 cia, habia luz e léc tr ica . " N o va a v e n i r " , m e repet i . E l
i n t e r r u p t o r estaba j u n t o a la puerta . L o ba jé y, para m i
sorpresa, la luz segufa f u n c i o n a n d o . Desde el r i n c ó n del
f o n d o H e l e n a me hizo u n gesto y levantó e l brazo c o n
el pulgar hacia arr iba. "Todo va b i e n " , pensé, y e n ese
instante a lguien sujetó m i m a n o que segufa en el i n t e -
r r u p t o r : una m a n o que me pareció enorme, c o n una
anochecer, cuando empleza la noche
pulgar, dedo gordo de la mano
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cicatriz en d iagona l . C o n la o t ra m a n o me ponfa unas
esposas.
G r i t é . E l h o m b r e me l ievaba hacia la puerta d e l des-
pacho para dejarme a l l i . N o l ievaba n i n g u n a pistola n i
navaja . Quer fa tener las dos manos libres, p r i m e r o para
ocuparse de mf , después para ir a buscar a H e l e n a . N o
querfa matarnos en seguida; antes querfa d iver t i r se .
Yo estaba l l e n o de panico . N o podfa pensar n i sent ir
o tra cosa que horror . Y s in embargo mis müsculos f u n -
c i o n a r o n solos. D e u n golpe conseguf escapar y corr f
hacia e l a l t i l l o por las escaleras. Él me segufa m u y cer-
ca y podfa sentir su respiración detras de mf. Saqué el
s i lbato. M i s manos t e m b l a b a n y de jé caer e l s i lbato
antes de haber lo usado; yo m i s m o caf también a l f i n a l
de la escalera.
Puse los brazos en m i cabeza y me preparé para e l g o l -
pe f i n a l , que n o llegaba. Imaginé que dir igfa su pistola a
m i cabeza y por pr imera vez imaginé en t o d o su h o r r o r
la escena d e l c r i m e n en e l banco.
M e v o l v f . N a d a . E l po l i c f a preferia n o perder mas
t i e m p o c o n m i g o . M e puse e n pie y miré por el cr istal
desde e l que se veia toda la fabrica. Ya estaba casi j u n -
to a H e l e n a .
H e l e n a corrfa, s in acordarse d e l spray. R o m p f el cris-
t a l y grité.
- j H e l e n a !
69
N o se paró. Seguramente n o me oia . Y yo n o podi a
hacer nada por el la .
De p r o n t o v i que H e l e n a se v o l v i a . Esperó e n pie , las
piernas separadas, e l pelo cayendo sobre sus h o m b r o s
c o m o una llamarada, magni f i ca y hermosa. G r i t ó el la
también , y durante u n segundo el p o l i c i a n o se m o v i ó ,
fascinado por aquella reacc ión . E n ese m i s m o instante
una sombra atravesó la nave y fue hac ia él .
E l p o l i c i a se volvió hacia el n u e v o pel igro ; apenas
r e c o n o c i a H o r a c i o , c o n ropas negras; l ievaba una pala.
E l pol ic fa sacó su pistola, pero n o t u v o t i e m p o para
usarla. H o r a c i o le golpeó e n el cue l lo y el p o l i c i a cayó
de rodillas. H o r a c i o levantó los brazos m u y altos sobre su
cabeza para dar u n u l t i m o golpe.
- j N o !
rodil la
A pocos pasos, c o n los pufios cerrados delante de la
boca, H e l e n a gri taba. Yo l o veia t o d o desde la v e n t a n a
ro ta , s in darme cuenta de que, u n efecto d e l panico ,
estaba Uorando. H o r a c i o cogió la pis tola y la puso e n la
cabeza d e l p o l i c i a .
- T ü decides -se dirigió a H e l e n a .
- N o -repitió H e l e n a - . N o , por favor.
E l po l i c ia , de rodi l las , se sujetaba c o n las dos manos
| llamarada, fuego
72
e l cue l lo .
Pude o i r la voz de H o r a c i o , e x t r anament e fr ia y t r a n -
q u i l a .
-Le debes la v i d a .
H e l e n a se acercó despacio y él la abrazó c o n el brazo 5
izquierdo, s in dejar de mirar al h o m b r e .
18
De nuevo estaba solo, pero t o d o era di ferente . E n esa
ültima noche de l iber tad , habia algo que tenia que
hacer: v o l v e r una vez mas a m i mirador prefer ido. Y asi
lo hice . Subf las callejuelas d e l A l b a y z i n y atravesé pla-
zas blancas a la luz de la luna . Las cosas eran c o m o debf-
a n de ser: H o r a c i o se ocupó de entregar al p o l i c i a y n o
era d i f i c i l ad iv inar también sus sent imientos hacia
H e l e n a . E n los ojos de ella también se veia brülar algo
cuando le miraba a él.
Debfa de ser medianoche . Llegué al mirador , el mas
a l t o de la c iudad . M e senté . Frente a m f estaba la
A l h a m b r a . Paso u n m i n u t o e n perfecto s i lenc io . Pensé
e n mis padres: ta l vez d o r m i a n , o t a l vez m i madre esta-
ba m i r a n d o la cal le y esperaba m i Uegada.
R e c o r d é que bajo la camisa l ievaba u n pequeno teso-
ro. M i s dedos lo buscaron. Era la v ie ja gorra que usaba
H e l e n a a m e n u d o .
Era hora de volver . M e puse en pie y miré por ültima
vez la A l h a m b r a . M i e n t r a s caminaba -y esa vez era di fe-
rente porque caminaba de vue l ta a casa- pensé en los
brillar, que tiene luz, dar luz
tesoro, algo muy impor tante , n o r m a l m e n te c o n oro , d iamantes . . .
73
azulejos que se v e n en la A l h a m b r a . C o n su geometrfa
n o es posible saber cual es su centro exacto, pues e n vez
de u n ünico centro hay muchos, y cada u n o de ellos es
e l cent ro de t o d o .
Supe que los dias de m i aventura eran e l cent ro de
aquella etapa de m i v i d a . Después e n m i v i d a podia
haber otros centros, dfas intensos. . . y a lo me jor t a m -
bién otras Heienas . Pero a el la la voy a Uevar siempre
d o n d e se l leva lo mas i m p o r t a n t e : en la m e m o r i a .
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TAREAS
Contenido
1 . Describe c ó m o es la v ida de los "okupas" en la
fabrica abandonada.
2. H e l e n a le habia a C h i c o de su fami l ia y de su casa.
/Qué le cuenta? /Cual es la verdad?
3. Mas tarde el pol ic fa encuenl ra a Helena e n Granada.
/Cómo pudo saber dónde estaba Helena? (si n o lo
sabes, busca la respuesta en el capf tulo 12)
4- H e l e n a y C h i c o h u y e n de Granada y v i s i t a n a
Héctor . /Por qué esta H é c t o r escondido en u n
pequeno pueblo?
5. /Por qué H e l e n a d cci.de vo lver Granada?
6. E n Granada e l pol ic fa vuelve a encontrar a H e l e n a .
/Por qué i n t e n t a v io lar la en. vez de matar la
directamente?
7. Describe c ó m o es la fabrica en la que H e l e n a y
C h i c o esperan al pol ic fa .
8. /Qué crees que H e l e n a hace al final? /Se va a
Lat inoamér ica c o n Juan? /Se enamora de Horac io?
/Vuelve c o n Chico? Razona ( = expl ica) t u respuesta.
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9. Entre las palabras a cont inuac ión , /cuales son
adecuadas para Helena , cuales para C h i c o y cuales
para Horacio? I n t e n t a encontrar mas palabras para
cada personaje.
escritor mentir pelirroja guapa barba
seguro libertad fuerte joven enamorado
idealista duro miedo Madr id
C o n las palabras seleccionadas, describe a H e l e n a ,
C h i c o y H o r a c i o .
10. C h i c o n o es u n héroe . Busca e jemplos que lo
demuestran.
11 . /Cómo es Juan? /Crees que es u n b u e n n o v i o y se
preocupa por Helena? Razona t u respuesta.
12. Busca c i n c o palabras de "argot j u v e n i l " ( lenguaje
que e m p l e a n los j ó v e n e s ) . Escribe también lo que
s igni f i can en espafïol n o r m a l .
13. E l autor del l i b r o es M a n u e l L . A l o n s o . /Qué sabes
de él?
14- El narrador (personaje que cuenta la h i s tor ia ) es
o t r o . /Quién es el narrador? (lee el comienzo d e l
c a p i t u l o 5 ) .
76
L.
ISBNEASY READERS se publica en series:
A m
D ISBN 9762G01277
"IA:
7 8 O Q 0 1 " ? - , 7 1 9 .