INTRODUVAO tamorf'icas com aproximadamente 70 km de...

6
JACOBSITA DE LICINIO DE ALMEIDA, BAHIA Por EVARISTO RIBEIRO FILHO Departamento de Geologia e Pal eontologi a da Faculdade de F'ilosof'ia, Clenctas e Letras da Universidade de Sao P aulo . ABSTRACT J':lCobsite samples from Barnabs and Lagoa da Vereda manganese mines were identified by X-ray diffraction studies and examined in polished sections. The a o value of the Bo rnabe jacobsite is 8 .498 ± o 0,002 A. Comparison with jacobsite from other localities is made. Since the jacobsite is strongly magnetic, exploration of the area by magnetometric methods is recommended. RESUMO Amostras de jacobsita das minas de manganes Barnabe e Lagoa da Vereda foram identificadas ap6s estudo com difr-ac;iio de raios-X e 'ilxaminadas em secoes polidas. 0 valor de a o da jacobsita de Barnabe e de 8,498 ± 0,002 A. Elste resultado e comparado com os que foram obtidos em jacobsita de outras localidades. Considerando que a jacob- sita e fortemente magnetlca, recomenda-se 0 metodo de prospeccao magnetometrica para a area. INTRODUVAO No estado da Bahia estende-se uma faixa de rochas me- tamorf'icas com aproximadamente 70 km de extensao, onde sao frequentes os afloramentos de rochas manganesiferas. Esta faixa e limitada ao suI peia cidade de Urandi e ao norte por Brejinho das Ametistas, e esta situada nos contrafortes

Transcript of INTRODUVAO tamorf'icas com aproximadamente 70 km de...

  • JACOBSITA DE LICINIO DE ALMEIDA, BAHIA

    Por

    EVARISTO RIBEIRO FILHO

    Departamento de Geologia e Paleontologia da Faculdade deF'ilosof'ia, Clenctas e Letras da Universidade de Sao P aulo.

    ABSTRACT

    J':lCobsite samples from Barnabs and Lagoa da Vereda manganese

    mines were identified by X-ray diffraction studies and examined in

    polished sections. The a o value of the Bo rnabe jacobsite is 8 .498 ±o

    0,002 A. Comparison with jacobsite from other localities is made.

    Since the jacobsite is strongly magnetic, exploration of the area by

    magnetometric methods is recommended.

    RESUMO

    Amostras de jacobsita das minas de manganes Barnabe e Lagoa da

    Vereda foram identificadas ap6s estudo com difr-ac;iio de raios-X e

    'ilxaminadas em secoes polidas. 0 valor de a o da jacobsita de Barnabe e

    de 8,498 ± 0,002 A. Elste resultado e comparado com os que foramobtidos em jacobsita de outras localidades. Considerando que a jacob-

    sita e fortemente magnetlca, recomenda-se 0 metodo de prospeccaomagnetometrica para a area.

    INTRODUVAO

    No estado da Bahia estende-se uma faixa de rochas me-tamorf'icas com aproximadamente 70 km de extensao, ondesao frequentes os afloramentos de rochas manganesiferas.Esta faixa e limitada ao suI peia cidade de Urandi e ao nortepor Brejinho das Ametistas, e esta situada nos contrafortes

  • 44 BDL. SOC. BRAS. GEOL., V. 15, No 2, 1966

    da serra do Espinhaco, que constitui 0 limite leste na baciado Sao Francisco (Kegel, 1956; Abreu, 1962).

    As ocorrencias de manganes, algumas das quais sao eco-nomlcamente exploraveis, estao associadas a rochas do Pre-cambriano. Estas rochas formam uma sequencia inferior degnaisses, xistos e filitos, sobreposta por uma sequencia dexistos, metagrauvacas, metaconglomerados e quartzitos.

    Durante 0 reconhecimento geologico que realizamos naregiao de Licinio de Almeida, em janeiro e fevereiro de 1964,tivemos a nossa atencao voltada para um mineral magneticoque ocorre no minerio lenticular de manganes, que aflora nasminas Barnabe e Lagoa da Vereda. As duas minas citadasestao localizadas respectivamente 14 e 14,5 km a nordeste deLicinio de Almeida, nas imediacoes de Tauape. Mais tarde,durante 0 estagio que fizemos na Universidade de Stanford,nos Estados Unidos, realizamos estudos mineralogicos comamostras coletadas nas minas ja referidas. Destes estudosresultou a identificacac de jacobsita, como 0 mineral respon-savel pela propriedade magnetica do minerio de manganes.

    A jacobsita ocorre como mineral constituinte de pequenoscorpos dispersos no minerio lenticular de manganes, Em se-

    «ao polida mostra textura granoblastica, com cristais de for-

    ma variavel, cujas dimensoes oscilam de 0,05 a 0,8 mm. Ha

    amostras em que a jacobsita esta nos espacos intersticiais

    dos cristais de criptomelana e outras em que a jacobsita cons-

    titui 0 mineral principal, com porcentagens subordinadas de

    criptomela intersticial, formada secundariamente, Em algu-

    mas das amostras estudadas a jacobsita aparece tambem asso-

    ciada a lentes de minerio de manganes do tipo jasperoide.

    A jacobsita e fortemente magnetica, e em secao polidaexibe cor cinzenta rosada ou cinzenta oliva, cores estas que

    a distinguem da magnetita. :9 isotropa e inerte para com

    todos os reagentes comumente usados nas provas de toque

  • RIBEIRO FILHO - JACOBSITA DE LICfNIO DE ALMEIDA 45

    ("etching test"). Algumas amostras entretanto, deram rea-gao positiva para 0 acido fluoridrico em solucao aquosa a40%. F'enomeno semelhante foi observado por Roy, (1959)em jacobsita da mina Andhra Pradesh, India.

    A determinacao da jacobsita foi feita por difracao deraios X, metodo do po, com camara Debye-Scherrer de 114,6mm, usando-se radiacoes Fe Ka, f'iltro de Mn e f'ilme Kodak.

    A tabela 1 mostra 0 diagrama de po da jacobsita da minade Barnabe, comparada com a de Weabonga, conforme dadosda ficha ASTM 8-15.

    Na tabela 2 comparamos 0 parametro unitario da jacob-sita de Barnabe com alguns de outras localidades.

    Os dados aqui fornecidos quanto ao diagrama de po, re-presentam a media de varias leituras, corrigidas devido aoerro provocado pelo encolhimento do filme.

    o parametro unitario aD foi calculado pela media ponde-rada dos valores obtidos atraves da leitura de cada uma dasraias do diagrama.

    ESCALAOKm 100~

    Fig. 1 - Mapa da situa..1i.o.

  • Fig. 2 - Fotom icrog rafia de secao p olrda, Jacob sita cortad a POl' veto decriptomelana. Aumento de 50 vezes.

    Fjg. 3 - Fotomicro grafia de se~ao polida. J acobsita com inclusoes dequartzo , rodeada POl' criptomelana e POl' outro 6xido de Mn.Um dos 6xidos mostra reacao positiva para HC1 diluido (mineralescurecido). Aumento de 123 vezes.

  • Tabela 1Diagrama de po, Radia~ao FeK a filtro Mn.

    Jacobsita da mina Barnabe Jacobsita de Weabonga0 (Australia)

    a o = 8,498 A Conforme ASTM 8-150 0

    hkI dA (medido) 1/10

    d A (medido) 1/10

    111 4,88 40 4,94 40220 3,00 40 3,01 40311 2,56 100 2,56 100222 2,45 3 2,45 3400 2,12 60 2,12 60422 1,735 10 1,739 10333 1,634 60 1,636 60440 1,500 60 1,501 60531 1,438 5 1,435 5620 1,345 3 1,339 3533 1,297 20 1,296 20622 1,281 5 1,278 5444 1,227 10 1,225 10551 1,191 3 1,191 3642 1,136 5 1,134 5553 1,107 40 1,108 40800 1,063 20 1,062 20660 1,0018 10555 0,9818 40 0,9820 40

    Tabela 2Comparacao de parametres unitarios de jacobsita.

    ao I Localidade0

    8,5050 ± 0,0005 A Weabonga (McAndrew, 1952)0

    8,482 ± 0,004 A Calculado por Mason, (1947)0

    8,506 A Andhra Pradesh (Roy, 1959)0

    8,483 A " "0

    8,410 A " "0

    8,498 ± 0,002 A Mina Barnabe

  • 48 BOL. SOC. BRAS. GEOL., V. 15, N· 2, 1966

    A des coberta de jacobsita nas minas Barnabe e Lagoada Vereda, mineral raro que pela primeira vez foi identifi-cado em minerio de manganes do Brasil, apresenta os se-guintes aspectos interessantes:

    1 - ~ importante no estudo da paragenese dos mine-rais de manganes, 0 que por sua vez tern implicacoes na for-ma, dimensao e localizacao dos corpos de minerio,

    2 - Por se tratar de mineral fortemente magnetico,disseminado em minerio lenticular, e bern provavel que possacausar anomalias suficientemente fortes, de modo a se alcan-car exito empregando-se 0 metodo de prospeccao magneto-metrica.

    Agradecemos a Urandi S. A, Companhia de Mineracao,que tornou possivel a nossa viagem ao local de estudo, berncomo supriu os meios materiais para que executassemos OStrabalhos de campo.

    Somos gratos ao geologo Michael Sheridan, do Depar-tamento de Mineralogia da Universidade de Stanford, quenos auxiliou nas determinacoes mineralogicas aos raios X.

    Ao geologo J. V. Valarelli, agradecemos 0 obsequio denos ter orientado na determinacao do parametro unitario.

    BIBLIOGRAFIA

    ABREU, S. FRoES - 1962 - Recursos Mimerais do Brasil, v , 2, p. 335.Ministerto da Industria e do Comercio. Rio de J an eir o, p . 696 .

    D!'JER, W . A., HOWIE, M. A. ZUSSMAN, M. A. - 1962 - RockFormoing MineralSl, v. 5, p . 68 . John Wiley and Son s Inc., N . York,371 p.

    KIDGEL, W . - 1956 - M wnganese Deposits 0 lr the stat e of Bahia. XXCongresso Geolog ico In t er n a cion a l, tomo 3 (Symposium de l Mang a-neso ) - 257-260, Mexico .

    MA SON, BRIAN - 1947 - Mineralogical aspects of the System F e301,

    - Mn J0J. - Zn Mnz0l,' Am. Miner. 32: 426-441.Mc ANDREW, J . - 1952 - 'The Cell-Edge of Jticobeite, The Am. Miner.,

    37, (5 and 6): 453-460.R OY, SUPR IYA - 1959 - Variation in Etch B ehavior 0/ Jacobsite with

    Different Cell Dime-n.sicm.8, Nat ure, 183: 1256-1257 .