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ANO IV • Nº -9 • PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL•JANEIRO / MARÇO 1999 Fragata D. Fernando II e Glória Entrevista com o Comandante

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Fragata D. Fernando II e Glória Entrevista com o Comandante

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m privilégiopara 3000 membros

U• Usufruir para ti e até quatro acompanhantes, em

qualquer época do ano de um desconto de 30% sobre os preços de balcão no alojamento dos Aldeamentos Turísticos de Pedras D'El Rei e Pedras da Rainha em Tavira - Algarve;

• Usufruir, para ti e até quatro acompanhantes, em qualquer época do ano, de um desconto de 25% sobre os preços de balcão no alojamento (dormida e pequeno almoço) nas seguintes unidades do Grupo Hoteleiro Fernando Barata:

Mónica Isabel Beach Club (Albufeira)

Forte de S. João (Albufeira)

Hotel Sol e Mar (Albufeira)

Hotel Suiço-Atlântico (Lisboa)

Aparthotel Auramar (Albufeira)

Hotel Sol e Serra (Castelo de Vide)

Hotel Mar à vista (Albufeira)

Hotel Dom Fernando (Évora)

Oleandro Country Club (Albufeira)

Hotel São João (Funchal)

Residencial Vila Recife (Albufeira)

• Utilizar a messe de Marinha em Cascais;

• Usufruir de condições especiais na Estalagem da Quinta de Santo António em Elvas.

• Acesso às consultas do Hospital de Marinha, a todos os associados da AORN, conjuges, ascendentes e descendentes que integrem o respectivo agregado fa-miliar.

Em turismo de habitação, extensivo até cinco acompanhantes, na margem esquerda do rio Douro. Em qualquer época do ano, na Vila de Resende, com desconto de 30% no alojamento (dormida e pequeno almoço).

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A recente Assembleia Geral de sócios esquivou-se ao perfil habitual,sonolento e fastidioso, trazendo a lume, vivo e dinâmico debate emredor do artigo 5º, nº1, alínea a) dos Estatutos da Associação.

O hermetismo da sua sintaxe, a manter-se sem alterações, representapara lá de qualquer dúvida razoável, a extinção da AORN a prazo,esvaziando de conteúdo a quase totalidade dos artigos estatutários e con-trariando o próprio espírito que presidiu à fundação da Associação.

A absurda conclusão, pela negação da perspectiva histórica de passa-do e futuro, indissociáveis, numa cultura de continuidade e evolução,sugere a revisão e alteração daquele artigo em duas vertentes distin-tas: a da admissibilidade de sócio e a da condição de voto.

O esforço actual da Medicina na conquista de acréscimos significati-vos de esperança média de vida, ainda que bem sucedida, não deveráalterar significativamente, em tempo, a inevitabilidade do desapareci-mento físico do último ex-oficial da Reserva Naval e, consequente-mente, do também último voto.

De acordo com os Estatutos actuais e nele próprio, claro!

Ainda que, no âmbito da admissibilidade de sócios, se alargue o con-ceito a ex-oficiais da Marinha de Guerra contratados, oficiais dosQuadros Permanentes na reserva, filhos de sócios, familiares de só-cios falecidos, correspondentes, aderentes ou outros, aquele últimosócio referido, ex-oficial da Reserva Naval, será sempre o último votodisponível na Associação, caso o acesso a esse conceito “voto” nãofôr, também ele, reformulado.

A inaceitabilidade da absurda conclusão pode vir a tornar-se, elaprópria, catalisadora de outras soluções, rasgando novas perspectivasem debates alargados, com soluções de consenso inovadoras.

Propostas, talvez brevemente...

Manuel Lema Santos8º CEORN

Editorial

Publicação Trimestral da Associaçãodos Oficiais da Reserva Naval

Nº9 • Ano IVJaneiro / Março de 1999

Administração e RedacçãoFábrica Nacional da Cordoaria

Rua da Junqueira1300 Lisboa

Telefs.: 362 68 40 / 362 68 39 (Fax)

Design gráfico, maquetizaçãoe produção

M. LEMA SANTOSComunicação Gráfica, Lda.

Pçt.ª Alexandre Herculano, 4 C2745-706 Massamá

Tiragem3000 exemplares

ANOIV•Nº-9

•PUBLICAÇ

ÃOTRIMESTRAL•JANEIRO

/MARÇO

1999

Fragata

Entrevista com o ComandanteD. Fernando II e Glória

Uma saudação aoNúcleo da AORNdos Açores

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A4de Outubro de 1962, a EscolaNaval acolhe o 5º CEORN, cons-tituído por 46 Cadetes, sendo 20

da classe de Marinha, 12 da classe deFuzileiros, 8 de Administração Naval,5 Engenheiros Maquinistas e 1 da classede Engenheiros Construtores Navais.

Pela 1ª vez foi incorporado um Cadete nanova classe de Engenheiros ConstrutoresNavais e, também pela 1ª vez, um curso daReserva Naval não alistou nenhum médico.

Era, à data, Director e 1º comandante daEscola, o Comodoro Laurindo Henriques

dos Santos sendo director de Instrução oCTEN Paulo Belmarço da Costa Santos.

Embora na prática, muitos RN de cursosanteriores se mantivessem ao serviço,para além de um ano após a promoção aoposto de Aspirante, por força da nomea-ção para o comando de Lanchas de fisca-lização ou para as guarnições das Com-panhias e Destacamentos de Fuzileiros,em África, só em 14 de Maio de 1962 foisuperiormente emitida a Directiva doEstado Maior determinando que os“cadetes seriam licenciados depois decumprirem o serviço mínimo legal na

O 5º CEORN

1- Comandante Artur Coral Costa2- Adelino Muñoz de Almeida3- Pedro Ferreira Pinto4- Duarte Drummond Esmeraldo5- Alberto Pereira Marques6- Jaime Garcia Bentes7- Victor Elias Baptista8- Fernando Tavares Farinha9- Luís Penedo10- Francisco Cunha Lucas11- Manuel Reis de Assunção12- Luís Albergaria Âmbar13- Pedro Pinto da Silva14- António Sousa Santos15- Inocêncio Mourato16- Abel Machado de Oliveira17- Ângelo Fonseca Ribeiro18- Luís Araújo Frias19- Godofredo Marques dos Reis20- Rui Rio Coles21- Fernando Alves Serra22- Jorge dos Santos Martins23- Adalberto Mesquita24- João Carvalho Carreira25- João Malheiro Araújo26- António Machado Lopes27- João Nunes da Fonseca28- Luís Silveira29- Carlos Rodrigues30- José Sampaio Cabral31- Francisco Ferreira da Silva32- José Mesquita Barbas33- Eduardo Medeiros34- Carlos Mendes Uva35- Óscar Socorro Monteiro36- Emídio Serrano37-Manuel Corrêa de Barros38- Augusto Machado39- Eduardo Tavares da Costa40- António Salgado Soares41- José Luís Couceiro42-Manuel Gomes de Vallera43- Bernardino Oliveira44-Manuel Sales Grade45- Emídio Simões46- Fernando Baltazar47- José Tomé de Carvalho

O 5º CEORN com o ComandanteArtur Manuel Coral Costa

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Armada como Aspirantes a Oficial, se asnecessidades de defesa nacional nãoexigissem maior extensão desse serviço”.

E, no final de 1962, encontravam-se naefectividade de serviço 80 Oficiais daReserva Naval, sendo 11 com o posto de2º Tenente e 41 com o posto de Sub--Tenente, o que significa que 65% dosOficiais RN prestavam serviço efectivohá mais de um ano.

O 5º CEORN adoptou como patrono oCapitão Tenente Oliveira e Carmo, Ofi-cial da Armada que em 18 de Dezembrode 1961, então com o posto de 2º Tenentee no comando da Lancha de Fiscalização“VEGA”, travou no mar da Índia umcombate desigual com a aviação da UniãoIndiana, quando esta invadiu o territórioportuguês do Estado da Índia, resultandoa sua morte em combate e tornando-se,este Oficial, uma legenda heróica da His-tória da Marinha de Guerra Portuguesa.

1962 é o ano da incorporação no efectivodos navios da Armada, do novo NavioEscola “Sagres” (em 8 de Fevereiro), ten-do entrado pela primeira vez no porto deLisboa em 23 de Junho, depois de umaviagem iniciada no Rio de Janeiro, em25 de Abril desse ano.

Foi seu primeiro comandante, o entãoCTEN Henrique Afonso da Silva Horta.

Ainda com o 5º CEORN na fase de ins-trução, verificou-se a 3 de Abril de 1963 oincêndio da Fragata “D. Fernando II eGlória”, fundeada noMar da Palha e que aí

tinha a funcionar uma obra social de for-mação de futuros marinheiros.Este navio viria a ser recuperado trinta ecinco anos mais tarde, e novamente rein-tegrado no efectivo dos navios da Arma-da, em 1998, sendo actualmente umaUnidade Museu.

A viagem de instrução realizou-se na Fraga-ta Diogo Cão, sob o comando do CFRHenrique Mateus da Silveira Borges, to-cando os portos da Madeira e dos Açores.

Em 21 de Abril de 1963, foram os 46 ca-detes promovidos ao posto de Aspirante

Pedro Ferreira Pinto eFernando Alves Serrana “Diogo Cão”

O Cte Artur Manuel CoralCosta, que acompanhou o5º CEORN na viagem deinstrução, em substituiçãodo Director de Instrução.

Jorge dos Santos Martins

Fernando Alves Serrae Vitor Elias Baptistana “Diogo Cão” com o1º Ten Raul Janes Semedo

Fernando Alves Serra eManuel Assunção noCaça Minas “Santa Maria”

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José Luís Couceiro Emídio da Silva Simões

Adalberto dos Santos Mesquita Manuel Assunção Victor Elias Baptista

Abel de Oliveira

iniciando o período de serviço nas diver-sas Unidades. Na cerimónia do respectivojuramento de bandeira, após conclusão docurso, foi entregue o prémio ReservaNaval ao Cadete EMQ Adalberto dosSantos Mesquita por ter sido o alunomais classificado no conjunto da médiade frequência escolar e da classificaçãode carácter militar.

O aumento de unidades operacionais noscenários das bacias hidrográficas ultra-marinas originou a mobilização de maisoficiais da Reserva Naval, de entre elesDuarte Drummond Esmeraldo, Godofre-do Marques dos Reis, Alberto PereiraMarques e Fernando Tavares Farinha do5º CEORN, assumindo as funções de

Oficiais Imediatos das novas LFG’s,respectivamente “ARGOS”, “DRAGÃO”,“PÉGASO” e “ESCORPIÃO”.

EmAngola,Manuel Reis da Assunção eVictor Elias Baptista assumiram o Coman-do das LFP’s “RÉGULUS” e “RIGEL”,em comissão de serviço nas águas do rioZaire.

1963 é ainda o ano do início da luta arma-da na Guiné, com o ataque do PAIGC aoquartel do Destacamento Militar de Tite(em 23 de Janeiro).

Sucedem-se as mobilizações dos compo-nentes deste 5º CEORN, nomeadamenteAbel Fernando Machado de Oliveira,que na Guiné, integrado no destacamento

de Fuzileiros Especiais nº8, viria a ser oprimeiro oficial na história da ReservaNaval a ser condecorado com aMedalha deCruz de Guerra de 3ª classe, conforme pu-blicação daO.A. - 1ª série, nº 33 de 15-7-64.Abel de Oliveira frequentou o curso de es-pecialização em Fuzileiro Especial, emborafosse oriundo da classe de Marinha.

Também na Guiné e igualmente pertencen-do ao Destacamento de Fuzileiros Nº8,José Luis Couceiro, conforme publicaçãoda O.A. - 1ª série, nº 24 de 16-6-65 tor-nar-se-ia no primeiro oficial RN a recebera Medalha da Cruz de Guerra de2ª classe.Ainda no mesmo ano e pela Portaria de 2de Novembro, era concedida também a

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Emídio da Silva Simões, do DFE 9, aMedalha da Cruz de Guerra de 2ª classe.

A Portaria que estabelece as condiçõesem que os Oficiais da Reserva Navalpodem ingressar na Classe do ServiçoEspecial do Quadro Permanente dosOficiais da Armada, criada pelo Dec. Leinº 44.738, viria a permitir o ingresso devários RN’s deste curso, neste Quadro,nomeadamente José Tomé de Carvalho,Manuel José Corrêa de Barros, Ma-nuel Sales Grade, António Salgado

Soares e Augusto Teixeira Machado,todos da classe de Fuzileiros, tendo ostrês últimos atingido o posto de Capitãode Mar e Guerra.

Tal como se verificara nos anteriores cur-sos, também o 5º CEORN forneceudiversos oficiais para os navios Patrulhas,Draga Minas, Fragatas e outras Unidades,tendo permanecido durante vários anos,como instrutor no Grupo Nº1 de Escolasde Armada, em Vila Franca de Xira,António Heitor de Sousa Santos, que

foi licenciado quando atingira já o postode 1º TEN RN.Passados que são quase trinta e sete anosdesde que entraram pela primeira vez naEscola Naval, fica também para este cur-so a memória daqueles que serão semprerecordados com muita saudade. Em cadaencontro, e à voz de chamada, a suaPRESENÇA será sempre registada.

José Pires de Lima4º CEORN

“Sem passado e sem memória, poucasorganizações conseguem congregar os fac-tores de identidade necessários ao reforçoda sua motivação e coesão internas ou daafirmação da sua credibilidade e reputaçãoexternas, sobretudo quando essas organi-zações são orientadas por ideais e valoresque, em todas as circunstâncias, se desti-nam ao serviço da comunidade”.

Estas palavras do ComandanteAdelino Brás Rodrigues daCosta, sócio Honorário

da AORN, a págs. 171 do seu“Dicionário de Navios & Re-lação de Efemérides”, sãoum bom tema de reflexãopara esta página dedicada àsnotícias sobre o Museu daReserva Naval.

Podemos também utilizá-lascomo incentivo para o despertarde apoios ainda adormecidos, deentre centenas de RN’s a quem os ape-los feitos não foram suficientes para umasensibilização condizente.

Não faltará muito tempo para que sejafeita a abertura pública de um espaçoonde o nosso vasto espólio museológicose apresentará, em qualidade e quanti-dade, de forma condigna, nem nos falta aesperança de, nessa altura, assistirmos à

entrega de muitas “raridades” que aindateimam em manter-se escondidas.

Estando no nosso horizonte a criação deum Museu onde seja possível perceber-seuma História com princípio bem definido,contada com recurso a muito materialfotográfico e documentos “teoricamente”

de pouco valor, fica-nos sempre a amargasensação do desconhecimento sobre a ga-rantia de estarmos a seguir o rumo cor-recto, de termos na nossa posse o materialmais bem conservado, ou o que melhorretrate cada episódio, época ou cenário.

Muitas horas de pesquisa, muitos tele-fonemas, muita correspondência e muitoscontactos directos poderiam ser evitadosse, cada um por si (e referimo-nos apenasaos que já se sentem sensibilizados paradar o seu apoio), fizesse o “sacrifício” dedar um pouco mais de “força às má-quinas”. Não estamos a “pairar”, maspara o “mau feitio” do grupo dos maisactivos, a sensação é de andarmos ape-

nas ao sabor da corrente.

Realçamos, entretanto, os nomesdo Almirante Joaquim Espa-dinha Galo, do AlmiranteHeitor Monteiro Montes, daDirecção de Abastecimentose do Almirante Luís Mota eSilva, Superintendente doServiço de Material, teste-munhos de uma colaboraçãoconstante da Marinha neste pro-

jecto, a quem a AORN agradece oapoio recebido e dos RN’s Helder

Costa Rodrigues e João Pereira Gaio(2º CEORN), de João Bravo Queirós(4º CEORN) e de Jorge Vieira Teles(20º CFORN).

Prometemos publicar os nomes de todosquantos aparecerem com informações oumaterial.

O MUSEU DA AORN

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1º GRANDE ENCONTRO DE MÉDICOS DA RESERVA NAVAL

Com o apoio do Hospital da Mari-nha e, numa organização AORN,realizou-se no dia 27 de Fevereiro

passado, Sábado, um encontro de médi-cos que pertenceram à Reserva Naval,independentemente de terem, ou não,prestado serviço na classe de SaúdeNaval.

A Comisão organizadora deste encontrofoi constituída pelos médicos EduardoAugusto de Vilhena Magalhães Crespo(1959) – Lisboa, António Saturnino SutilRoque (1960) –Lisboa, Agostinho DiogoJorge de Almeida Santos (1965) – Coim-bra, Ricardo Manuel Migães de Campos(1967) – Lisboa, António José Pinto deAlmeida (1968) – Porto e Hermano dosAnjos Garcia(1985) – Lisboa.Presentes entre outros médicos, Mário Or-lando de Matos Bernardo, João Albertode Bettencourt Dias, Luis EduardoCanaveira Manso, José Pires Pereira,

João Silva Pires, Mário Rocha de Sousa,Carlos Alberto Maia Teixeira, FredericoAníbal Silveira Machado e Mário Gas-tão Rodrigues Lopes todos eles médicosRN, parte de um grupo de muitas dezenasque, entre 1958 e até 1992, passarampelas várias Unidades da Marinha, aindaque eventualmente por curto espaço detempo.

Honraram este evento com a sua presençao Director do Serviço de Saúde Naval,Almirante Augusto Matthioli Mateus, oDirector do Hospital de Marinha – CmgDr. Rui Abreu, o Dr. José da Costa Rebe-lo, os médicos convidados, José LuisMendonça e António Passarinho e aindao Almirante Espadinha Galo, figura sem-pre presente no seu inestimável apoio àReserva Naval.

Diversos elementos pertencentes aocorpo médico, serviços de enfermagem e

auxiliares completaram uma participaçãoplena de significado.

O vice-presidente da Direcção da AORN,Alfredo Lemos Damião fez uma curtaalocução de boas-vindas a todos os pre-sentes, formulando votos de continuidadedeste tipo de acções que, revestindo-se domaior interesse profissional para os par-ticipantes, reforçam os laços já consolida-dos entre o Hospital da Marinha e aAORN.

Seguidamente o Prof. Mário Lopes pro-feriu uma comunicação subordinada aotema “Telemedicina” enaltecendo aimportância extraordinária da Internet aoserviço da Medicina.

O acesso e consulta permanente a revistasde especialidade, bibliografia “on line”,conclusões de congressos e mesmo o

O Professor Mário Lopes em plena comunicação sobre “Telemedicina”

Augusto Magalhães Crespo (2º CEORN), António Sutil Roque (3º CEORN) eAgostinho Almeida Santos (8º CEORN)

Um grupo de médicos em foto de família: Costa Rebelo, SilveiraMachado, Rui Abreu,Matthioli Mateus, Mário Bernardo, Bettencourt Dias, Sutil Roque e Pires Pereira

Alfredo Lemos Damião no uso da palavra, tendo à sua direita o Almirante MNAugusto Matthioli Mateus e à sua esquerda o CMG MN Dr. Rui Abreu,Director do Hospital da Marinha

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A Internet representa hoje, como meio decomunicação, um dos mais poderosos instru-mentos ao serviço da comunidade em geral.

A sua própria imagem, será necessariamenteo reflexo que cada um individualmente lhetransmitir, pela sua própria utilização.

Esse poder de nos expressarmos livre-mente sem nos ser exigida identificação no“portaló”, representa uma forma única deexpressão pessoal, insubstituível, que nãopode nem deve ser posta em causa porquem, com desígnios menos transparentese em áreas mais sensíveis, substitui a

navegação calma e à vista, pelo “naviocorsário”. A coberto dessa mesma liber-dade podem atacar-se instituições, empre-sas ou cidadãos, cerceando a liberdade indi-vidual de cada um, pirateando, violandoregras e princípios, insultando ou ofenden-do, numa clara utilização da face oposta doque é suposto ser a Internet.

Para esses, a necessária legislação e o ho-rizonte carregado de nuvens com aspectojudicial e criminal, será o boletim meteo-rológico anunciado.

Para nós, a convicção marcada de que, se

o rumo até agora traçado terá necessaria-mente ajustamentos, já permitiu comoexemplo, a adesão de um sócio que, pormero acaso e a navegar “com o vento”,encontrou a AORN, desconhecida paraele até essa altura.Na falta de vento suficiente para conti-nuar a navegar “à vela”, sugerimosuma remada mais vigorosa na colabo-ração, com o envio de sugestões quedinamizem a nossa “homepage”.

www.terravista.pt/baiagatas/2176

apoio ao diagnóstico e tratamento atravésde ligação a centros hospitalares comcapacidade para tal, são métodos impor-tantes em desenvolvimento.

A possibilidade de criação de grupos detrabalho e a utilização do e-mail na rápidacomunicação entre médicos, são elementosimportantes adicionais a aproveitar, com

algumas limitações, pelo acesso universalque a Internet permite.Foi possível aos participantes apreciaremvárias obras artísticas expostas de pintu-ra - José Luis Mendonça, escultura - An-tónio Passarinho e fotografia - EduardoMagalhães Crespo da autoria de artistas,também eles médicos.

No final do Encontro, encerrados os tra-balhos, um excelente almoço/convívio,servido a preceito, na secular Sala daFarmácia, complementou a já tradicionalhospitalidade da Marinha, com recorda-ções vividas, reencontros e o desejo deidênticas iniciativas no futuro.

Manuel Lema Santos8º CEORN

Bettencourt Dias e Rui Abreu, Director do Hospital da Marinha

A fotografia de “arquivo”, representativa da larga participação no encontro

Ricardo Campos (11º CFORN), António Passarinho e Senhora, eMário Lopes (13º CFORN)

A AORN NA INTERNET

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NOTÍCIAS

A Direcção da AORN apresentou cumprimentos de Natal aoAlmirante Nuno Vieira Matias, Chefe do Estado Maior daArmada.

Na Escola de Vale do Zebro, realizou-se em 20-4-99, a entregade Comando do Corpo de Fuzileiros.

O CMG FZ José Luís de Almeida Viegas, foi rendido no cargopelo CMG FZ Vasco da Cunha Brasão.

Na cerimónia, estiveram presentes muitos Oficiais Fuzileiros daReserva Naval dos 15º e 16º CFORN, especialmente convidadose uma representação da Direcção da AORN. O Comandante VascoBrasão pertenceu ao 11º CFORN, incorporado em 2-9-1967 e é,desde 7-5-1970, Oficial do Quadro Permanente da Armada.

Um grupo de catorze associados reuniu-se no restaurante da FIL,em Lisboa, para preparação de um documento destinado a em-presas que se disponham a colaborar com o Museu daAORN, aoabrigo da “lei do mecenato”.Foi anfitrião, o Presidente da AIP e também nosso associado,Luís Ferrero Morales.

Ricardo Campos e José Pires de Lima estiveram presentes nacerimónia da tomada de posse dos Corpos Sociais do Clube doSargento da Armada e também nas comemorações do 24º ani-versário deste Clube.Ali nos encontrámos com alguns “veteranos” marinheiros, quesempre dedicam grande simpatia quando a AORN visita a Sededa CSA.

O Almirante Nuno Vieira Matias, Chefe do Estado Maior daArmada, convidou, de novo, os Corpos Sociais e um grupo deassociados da AORN para um jantar no Forte da Giribita, emCaxias, em que estiveram presentes diversos Almirantes eOficiais Superiores da Marinha de Guerra.

O ambiente de simpatia gerado nesse encontro, demonstroumais uma vez a ligação estreita entre a Marinha de Guerra e asua Reserva Naval.Em nome da AORN, o Presidente da Assembleia Geral, ErnâniRodrigues Lopes, agradeceu e retribuiu as palavras de muitaamizade que oAlmirante CEMAdirigiu, na ocasião, à Associação.

CMG Vasco Brasão, CMG Almeida Viegas, Joaquim Moreira e o CMG HernâniRezende, Comandante da Escola de Fuzileiros

Ernâni Rodrigues Lopes O CEMA, Almirante Vieira Matias

Almirante Reis Rodrigues, José Luis Vilaça e Marques de Ascenção

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Em 23.03.99 entrevistámos o ComandanteAdriano Beça Gil na Fragata D. Fernan-do II e Glória que, gentilmente, acedeuresponder às questões que lhe pusemos:

AORN - Enquadrado na habitual perspe-ctiva de carreira de um oficial da Marinhade Guerra Portuguesa, como encara estecomando“operacional” de umnaviomuseu,sem navegar e exclusivamente “à vela”?

Cte.B.G. - O conceito de navio operacio-nal pode ser um pouco mais abrangente:pressupõe estar na frente, na execução deuma acção qualquer que ela seja. Não é ,no entanto, um navio militar operacional;é um navio museu que se pretendedinâmico e vivo e, nessa perspectiva, seráoperacional. Este critério foi definido aonível do CEMA que decidiu nomear-mecomandante do navio. É o comando de

um navio que renasce numa nova fase:navegou até 1963, depois adormeceu e, noano passado, renasceu quando foi entregue àMarinha, em 28 de Abril. Para mim é umahonra comandar um navio com interessehistórico sendo também uma importanteforma de contribuir para a divulgação daHistória de Portugal, desde sempre associa-da ao mar. É um repositório vivo da nossaHistória, com interesse e valor mundial, estáentre as 4 fragatas da mesma época (entre1750 até à metade do século passado) eentre os 8 navios seculares ainda existentes.Foi reconhecida a qualidade do trabalho derestauro realizado quando a World ShipTrust lhe atribuiu um prémio internacional(“International Maritime Heritage Award”)que foi entregue ao Sr. Presidente da Ré-publica no passado dia 11 em cerimóniarealizada a bordo.

AORN - É segura e viável a deslocaçãoda fragata para outros locais?

Cte.B.G. - O trabalho de reconstrução erestauro deste navio seguiu dois princí-pios fundamentais: o maior rigor técnicoe o rigor histórico. Naturalmente que, origor técnico se sobrepôs ao rigor históri-co em tudo o que tem directamente a vercom a segurança. Em termos concretos,este navio foi reconstruído para podernavegar. Está em condições técnicas de ofazer mas, naturalmente, terá que serpreparado: falta-lhe uma parte do velame,as velas que temos só foram recebidas nofinal da Expo ‘98 e não houve tempo deas instalar nessa altura. Outra lacuna seráa guarnição, actualmente diminuta e parafunções específicas e actuais do navio;não poderá sair para o mar, no dia em que

FRAGATA D. FERNANDO II E GLÓRIA

CMG ADRIANO BEÇA GILMarinha de Guerra Portuguesa

O Capitão de Mar e Guerra Adriano Beça Gil nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1941. Apósterminar o Curso da Escola Naval, foi promovido a Guarda-Marinha em 1962. Entre 1962 e1986 serviu a bordo de navios de vários tipos e classes como oficial de guarnição e com funçõesde Imediato e Comandante.

Em terra, o CMG Beça Gil foi destacado para Angola nas funções de imediato do destacamen-to nº 5 de Fuzileiros Especiais (Jul 1963 - Ago 1965); serviu como 2º Comandante do Comandoda Zona Marítima do Norte (Set 1977- Set 1982) e de oficial adjunto do Capitão do Porto doDouro e de Leixões, de chefe do Estado-Maior da Flotilha de Navios-Patrulhas (Set 1982 - Set1984). Ainda em terra, desempenhou diversas funções: Chefe de Gabinete do AlmiranteComandante do CINCIBERLANT, adjunto do Ministro da Defesa Nacional para as RelaçõesInternacionais e Adido Naval em Washington (Dez 1989 - Set 1992); de Setembro de 1994 aSetembro de 1995 desempenhou as funções de Deputy Chief of Staff, Support, no Comando daÁrea Ibero-Atlântica e de Setembro de 1995 a Novembro de 1997 as de Comandante da ZonaMarítima do Norte e de Chefe do Departamento Marítimo do Norte.

Como comandante de unidades navais, serviu no NRP “Azevia” (Fev 1966 - Abr 1968),NRP “Almeida Carvalho” (Jun 1975 - Jun 1976) e NRP “Comte Hermenegildo Capelo”(Set 1984 - Set 1986). Actualmente é o comandante da “Fragata D. Fernando II e Glória”,cargo que assumiu em 28 de Abril de 1998.

O CMG Beça Gil está qualificado com o Curso Superior Naval de Guerra (Lisboa). Frequentou o “International Senior Officers Amphibious PlanningCourse”, California, EUA, diversos cursos no âmbito da OTAN e ainda curso de Auditores de Defesa Nacional, IDN, 1996/97.

Ao longo da sua carreira o CMG Beça Gil foi agraciado com as seguintes condecorações: uma Medalha Militar de Serviços Distintos (prata), trêsMedalhas de Mérito Militar, 1ª, 2ª e 3ª classe, três Medalhas de Cruz Naval - 2ª classe, duas Medalhas de Campanha - Norte de Angola, Agosto 1963- Agosto 1965, e Moçambique, Agosto 1970 - Agosto 1972, Medalha Comemorativa do Infante D. Henrique e a de oficial da Ordem da Legião deMérito dos EUA. Da sua folha de serviços constam ainda vários louvores individuais e colectivos.

O CMG Beça Gil é casado com Maria Teresa Beça Gil e tem 2 filhos, Pedro e JoãoAbril 1999

ENTREVISTA COM O COMANDANTE

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se queira fazer a experiência de envergaro pano, sem cerca de 140 a 150 homens,o que não é fácil de reunir.

AORN - Nunca terá motor?

Cte.B.G. - Não tem motor nem nuncaterá. Foi uma opção. O navio não estámotorizado. Os únicos equipamentos té-cnicos são aqueles que, por imperativosde segurança, foi necessário instalar: ge-rador de emergência, bombas de incên-cio, tratamento de esgotos, etc.

AORN - E os instrumentos de navega-ção?

Cte.B.G. - Qualquer viagem que estenavio venha a fazer implicará sempretrânsitos muito curtos no Continente, aolongo da costa, eventualmente para olevar e abrir ao público noutros portoscomo Setúbal ou Aveiro, por exemplo.

A curto ou médio prazo tal não está a serconsiderado. A movimentação deste navio,que é único, tem sempre riscos acrescidos ehá que ponderar se tal situação se justifica.Apermanência neste local - Doca da Rocha deConde de Óbidos - e o facto das pessoas o

virem visitar fá-las ter conhecimento queexiste aqui um museu. Temos tidoinúmeras visitas de Escolas exteriores aLisboa, e são cada vez mais as que estãoa aparecer. O navio vai-se tornando co-nhecido e, pouco a pouco, vai sendoincluído em programas de visitas deEscolas que também incluem visitas aoAquário Vasco da Gama e ao Museu deMarinha.AORN - Um projecto desta natureza, deque meios dispõe e como está a ser geri-do?

Cte.B.G. - Esta fragata não tem orçamen-to. Foi entregue à Marinha que é respon-sável pela sua manutenção. Julgo queteremos de repensar formas futuras deobtenção de meios de financiamento parao navio: até à data, a forma mais directa eúnica têm sido as receitas obtidas com asvisitas.

AORN - Quantas visitas houve até hojeaproximadamente?

Cte.B.G. - Podemos considerar 2 períodosdistintos: o da Expo, durante o qual asvisitas não foram cobradas, em que tivé-

mos cerca de 857 mil pessoas e o pósExpo, depois da reabertura, a 2 de De-zembro de ‘98, em que temos tido umamédia de 2.500 visitantes por mês, comtendência para subir para 3.000 ou mais,durante este mês de Março. Não tenhodúvidas de que este número irá aindaaumentar, com a quantidade de turistasque, a partir desta altura do ano, come-çam a afluir para desfrutar do bom tempoe o passeio fluvial até às Docas.

AORN - Como têm sido os comporta-mentos e as reacções do público?

Cte.B.G. -AExpo foi um período de gran-de concentração de pessoas e de muitaeuforia. Retive alguns comentários, que,no geral, foram sempre favoráveis comparticular relevância para o “quando que-remos, sabemos fazer e ainda bem quefizémos”, ou “orgulho-me de ser portu-guês” ou ainda “é a nossa História queestá aqui”. Quanto aos estrangeiros, houveum grande elogio ao trabalho de restauro.

Não houve estragos nem roubos, apenas odesgaste normal provocado pelas pessoasque passam.

FotosdeFernandoRusso

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AORN - Sucintamente, pode descrever-nos um dia a bordo desta fragata?

Cte.B.G. -Avida deste navio no dia a dia,tem a ver com o número de visitantes: setiver poucos, parece um dia mais morto; setiver muitos visitantes, ganha outra vi-da.Mas a vida a bordo é muito simples: hátrês homens de serviço permanente e quefazem a vigilância do navio, reforçadospor mais um durante o período de vi-sitas. Há a vigilância normal à entrada,para a cobrança dos bilhetes e para orien-tação dos visitantes que são encami-nhados por um circuito recomendado, queestá sinalizado e limitado. Não há tempolimite para a visita: depende muito dotipo de visitantes e ninguém está proibidode voltar atrás, de ficar mais tempo ou de fo-tografar. A fragata está aberta das 10-17h,durante o Inverno, e das 10-18h, noVerão, excepto às segundas-feiras e, o pre-çário é o praticado no Museu de Marinhae Aquário Vasco da Gama.

AORN - Qual o acontecimento mais re-levante desde a data de lançamento donavio à água, em Aveiro?

Cte.B.G. - O facto mais importante foi oarmamento do navio em 28 de Abril de1998, em cerimónia presidida pelo Mi-nistro da Defesa Nacional, com estatutode unidade auxiliar de Marinha, e a

nomeação de um comandante e de umaguarnição que embarcou nesse mesmodia. Foi içada a bandeira nacional, mar-cando o renascimento da fragata comonavio da Marinha de Guerra. É umaunidade auxiliar de Marinha, sem direito ausar “jaque”. Relevante foi também o dia30 de Abril, em que a fragata foi oficial-mente visitada pelo Sr. Presidente daRépublica.AORN -Qual o seu parecer quanto à actu-al localização da fragata?

Cte.B.G. - Como navio único no género,deveria talvez estar situado num outro

local, de maior visibilidade e interesseturístico, como a zona entre o Padrão dosDescobrimentos e a Torre de Belém, oque colocaria alguns problemas técnicos.

Todavia, uma decisão diferente envolve-ria, necessariamente, muitas entidades.

Este local onde agora está a fragata ésossegado e suficientemente protegidopara albergar o navio, salvaguardando-odas correntes.

FotodeFernandoRusso

FotodeFernandoRusso

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Em Évora, na Quinta de S. José do Cano, propriedade da família deManuel Potes Cordovil, reuniu-se, no dia 17 deAbril, o 11º CFORN.

Incorporado na Marinha em 2-9-1967, é um curso com encon-tros regulares, detendo as mais altas percentagens de adesões àAORN.

Neste dia, foram recordar na mais bonita cidade do Alentejo, osanos que passaram na Marinha.

Ao encontro não faltou o Presidente da Câmara de Évora, AbílioDias Fernandes, também ele um RN que pertenceu à classe deAdministração Naval do 6º CEORN.

Um ensopado de Borrego, melhor dizendo - “o ensopado maisbem feito do Alentejo”, foi o prato apreciado por mais dequarenta convivas, entre RN’s e familiares. Doces e queijos deprimeiríssima qualidade, estiveram na perfeita organização com

que Manuel Cordovil e sua família, receberam, da forma maisfidalga, este grupo.

Um albúm de documentos e fotografias do 11ºCFORN, início de umfuturo livro de curso, foi muito apreciado pelos presentes. Promessasde contribuições várias, foram registadas com testemunhas.

A Fragata D. Fernando II e Glória foi local de encontro comum grupo de patrocinadores, homenageados pela Marinha peloseu contributo para a recuperação do Hidroavião Santa Cruz, emque Gago Coutinho e Sacadura Cabral efectuaram a travessia doAtlântico.

Nesse encontro, a AORN esteve representada pelo Presidente daDirecção António Rodrigues Maximiano e por Ricardo Migãesde Campos.

Notícias que serão objecto de desenvolvidas reportagens nopróximo número:

A cerimónia da entronização dos membros da AORN que cons-tituem o Núcleo dos Açores, realizada em Ponta Delgada, numajornada inesquecível, com a presença de uma delegação doContinente incorporando um representante do Núcleo “PoloNorte”.

A viagem a Moçambique de uma missão da AORN, liderada porRicardo Migães de Campos e o “regresso” ao Lago Niassa.

Início do Ciclo de Conferências Nacionais, com a primeira con-ferência proferida no Palácio da Bolsa do Porto, por ErnâniRodrigues Lopes e subordinada ao tema “Cooperação com osPaíses Africanos - Passado e Futuro”.

NOTÍCIAS

Duas imagens da confraternização do 11º CFORN em Évora

Abílio Fernandes, Presidente da Câmara de Évora, ladeado pelo 11º CFORN

Nos Açores�

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AAORN apresentou na Escola Na-val o regulamento de um prémiodestinado a perpetuar a memória

do nosso camarada António Piteira, únicooficial RN morto em combate em África,no período de 1961 - 1975. Este prémioserá atribuído ao aluno da Escola Navalque revele, ao longo do seu curso, asqualidades que se reconheciam em An-tónio Piteira, nomeadamente a cama-radagem, a solidariedade, a simpatia e aamizade.

Relativamente a este prémio, transcreve--se o texto do projecto da AORN e daresposta do Almirante Comandante daEscola Naval.

“Com a instituição do Prémio ReservaNaval / Sub-Ten FZ RN AntónioBernardino Apolónio Piteira, a AORN -- Associação dos Oficiais da ReservaNaval quer perpetuar e honrar a me-mória de um dos seus maiores, um jovemoficial da Reserva Naval, morto em com-bate, em Angola, no ano de 1973, apon-tando-o como exemplo e referência aosSenhores Cadetes da Escola Naval, fu-turos Oficiais da Marinha de GuerraPortuguesa.

O Sub-Ten FZ RN António Bernardinoapolónio Piteira reunia um conjunto dequalidades que o tornavam um ser excep-cional - era generoso, altruísta esolidário, sempre disponível para ajudar,naturalmente predisposto para dar semcuidar de compensação ou retribuição. OSub-Ten Piteira, discreto e afável, eraum bom camarada, era o melhor cama-rada.

O Prémio Reserva Naval / Sub-Ten FZRN António Bernardino Apolónio Pitei-ra, visa incentivar o desenvolvimentodestas qualidades que são as que maisenobrecem os Homens e será atribuídoao Senhor Cadete que, no dia a dia, mel-hor actue as virtudes da generosidade edo altruísmo, da disponibilidade paraajudar, da solidariedade e da sã cama-radagem.

O Prémio será atribuído ao melhorcamarada.

O premiado será um aluno do 4º ano eserá escolhido por votação, secreta e uni-versal, de todos os alunos da EscolaNaval.

O prémio é do montante de 400.000$00,será certificado em documento apropria-do e entregue no final de cada ano lecti-vo, com o cerimonial e solenidade que aDirecção da Escola determinar”........

.......”Acuso a recepção da carta de refe-rência que agradeço e cujo espíritomerece a inteira concordância e apoio daEscola Naval.

Após conversa com S. Ex.ª o AlmiranteCEMA, que expressou igualmente a suaconcordância e apoio à iniciativa, resta àEscola e à Associação encontrarem oscaminhos da prática.

Encontra-se em revisão o sistema globaldos Prémios a atribuir aos alunos daEscola, pretendendo-se que as novasmodalidades e regulamentos entrem emvigor em 1999, correspondendo àsatribuições referentes ao ano lectivo de1998/99, a realizar em Novembro de1999 e Abril de 2000 (Abertura Solene eJuramento de Bandeira).

Assim, proponho a V. Exª, que o PrémioReserva Naval / Sub-Ten FZ RN An-tónio Bernardino Apolónio Piteira, cujoregulamento a propor ao AlmiranteCEMA se baseará no proposto por V.Exas, seja atribuído já no corrente anolectivo e entregue, em princípio, na prin-cipal cerimónia militar anual daUnidade, o Juramento de Bandeira dosAspirantes do 5º ano, a realizar em Abrilde 2000”......

AssAlmirante Américo da Silva Santos....

António Bernardino Apolónio Piteira,nasceu em 11 de Outubro de 1947, na

Freguesia da Quinta do Jogo, no concelhode Arraiolos.

Apurado para a prestação do serviço mi-litar, em 5 de Junho de 1967, viria a serincorporado na Marinha, em 18 de Feve-reiro de 1971, na classe de Fuzileiros do18º CFORN.

Promovido a Aspirante em 13-10-71,chegou a Angola em 28 de Setembro doano seguinte, com o posto de Sub-Te-nente, tendo-lhe sido entregue o comandode um pelotão da Companhia Nº1 deFuzileiros, no Destacamento de Marinhado Zambeze.

Em 2 de Junho de 1973, integrado numacoluna de viaturas que se dirigia em mis-são de serviço à Lumbala, perdeu a vidanuma emboscada na picada entreLumbala - Chilombo, a cerca de 10 Kmdesta última localidade.

É desde essa data, um símbolo e uma re-ferência para a classe de Fuzileiros, paraa Reserva Naval e para a Marinha.

Constitui motivo de compromisso daAORN evidenciá-lo com o justo desta-que, no Museu da Reserva Naval que estáa ser levantado desde há meses.....Ao ter conhecimento da iniciativa daAORN, o testemunho de José Alfredo

PRÉMIO RESERVA NAVAL

ANTÓNIO BERNARDINO APOLÓNIO PITEIRA

António Bernardino Apolónio Piteira

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Oliveira Braga, que também fez parte daclasse de Fuzileiros do 18º CFORN, re-vela bem a personalidade de AntónioPiteira.

“Foi com profunda emoção que ao abrira vossa correspondência vi a fotografiado meu grande Amigo Piteira. Por mo-mentos senti-o vivo, alegre, bonacheirão,comunicativo, muito Amigo... Semprepronto a ajudar e a colaborar mesmo nosmomentos mais difíceis - que os houve.

Formámos um conjunto (não gosto defalar de grupos) onde esteve sempre pre-sente a amizade, a tolerância, o respeitoe, acima de tudo, a lealdade. O Piteira (oPiteirinha como sempre o tratávamos)era de pequena estatura mas tinha umcoração e uma força interior enormes,que a todos contagiava.

Recordo-o com muita saudade. No meusilêncio espiritual tento sempre nuncaesquecê-lo. Ele tudo merecia e merece.

É neste contexto, que acolhi agradavel-mente a iniciativa da nossa Associaçãopelo que, de imediato, procurei referên-cias do meu inesquecível Amigo, querelembro através de duas fotografias queenvio e ofereço, de forma a destacá-lo noMuseu da Reserva Naval.Só os simples merecem esta homenagem.

Eu não podia manter-me insensível aovosso pedido.

Espero que o meu pequeno contributovalorize e reviva o Homem AntónioBernardino Apolónio Piteira.

Que o Museu também encarne e eternizea sua Alma.

Piteira com umgrupo de cadetes do18º CFORN na Viagemde Instrução (Madeira)

ASSEMBLEIA GERAL DA AORN

Realizou-se no passado dia 27 deMarço, a Assembleia Geral ordi-nária da AORN.

Por especial deferência do seu Director, amesma decorreu no auditório do InstitutoSuperior Naval de Guerra, seguida de umalmoço, com cento e cinco presenças.

Ao Almirante Carlos de MagalhãesQueiroz, os nossos agradecimentos pelaforma como nos recebeu, pela organiza-ção que colocou à disposição da AORN epelo acompanhamento, de extrema sim-patia, que nos foi prestado pelo Coman-dante António Pereira Gonçalves aolongo de todo o dia.

Impecável, como sempre, o serviço e aboa vontade de todo o pessoal do ISNG.

Realçamos também as presenças do Al-mirante Joaquim Espadinha Galo e doComandante Abel Campos de Oliveiraque, acedendo ao nosso convite, nos pro-porcionaram o prazer de um convíviomuito agradável, simbolizando a sua pre-sença todo o apoio que ao longo do ano a

AORN tem recebido dos Oficiais daArmada.O Relatório e Contas respeitante ao exer-cício de 1998, não tendo suscitado dúvi-das, foram aprovados.Estes documentos, distribuídos na alturaaos presentes, estão à disposição de quem

os desejar adquirir, focando-se noRelatório todas as actividades e iniciati-vas da AORN, bem assim os projectos decurto e médio prazo, razão porque nesteartigo nos dispensamos de os relatar.

Da Ordem dos trabalhos constava a dis-cussão e votação de uma alteração dos

Ernâni Rodrigues Lopes presidindo à Mesa da Assembleia Geral

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Estatutos da Associação, nomeadamenteo seu artigo 5º, permitindo alargar aadmissão de sócios a entidades não oriun-das da Reserva Naval.

Convém salientar que esta eventual alte-ração não é absolutamente pacífica, nãopor ausência de razões que a justifiquem,pelo menos na óptica de quem mais deperto conhece o dia a dia da AORN, masespecialmente por poder “desvirtuar”,

nos menos bem informados, a chamada“pureza” de uma Associação que foi cria-da para projectar, em várias vertentes, oespírito daqueles que ao longo de váriasdécadas prestaram serviço na ReservaNaval da Marinha de Guerra Portuguesa.

Estamos crentes que reside na falta deinformação detalhada do interesse emalargar o campo de aderentes à AORN, ofacto de existir discordância - saudável

discordância em nossa opinião, e que arelutância em “desvirtuar” a origem dosseus sócios terá, quando devidamenteanalisada e ponderada, uma generalizadacompreensão e aceitação.

Sensatamente, a Assembleia decidiu, co-mo soberana que é, alterar o ponto da agen-da, limitando-se a iniciar um debate sobre otema, mas anulando a obrigatoriedade deuma votação considerada não urgente.

António Rodrigues Maximiano oferecendo a Cresta da AORN ao ISNG,recebida pelo Cte Pereira Gonçalves

Cavalleri Martinho (1º CEORN) com o AlmiranteEspadinha Galo

Pedro Pina Ribeiro e Armando Peres (3º CEORN)

Veiga de Macedo, Marques Fernandes, Alcino Carvalho e Mendes Godinhotodos do 12º CFORN

Silveira Machado (8º CEORN) e Ricardo Campos (11º CFORN)

O 11º CFORN com Miranda da Rocha, Duque deMorais e Campos Teixeira

Animado convívio

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Este relato sobre a Assembleia Geral dodia 27 de Março, não deverá ser mais doque uma simples descrição dos factospassados. Não se pretende emitir, nemdefender, qualquer opinião relativa a estetema. No local próprio, com argumentosbem sustentados, certamente que muitosdirão de sua justiça, ajudando a esclarecere apresentando argumentos que poderãolevar alguns a mudar de opinião e outrosa reforçarem a que já têm.

O pedido que foi feito pelo Presidente daDirecção, no sentido de serem enviadassugestões para a AORN sobre este as-sunto, através de correio, via Internet oupor outro qualquer meio, certamente se-rá aproveitado por muitos, facilitando o

conhecimento das várias opiniões que aprópria Direcção prometeu tratar infor-maticamente.

Entretanto e quando este número da Re-vista chegar a cada um, já será conhecidaa data da Assembleia Geral Extraordiná-ria convocada para 3 de Julho próximo,para o debate sobre a alteração do artigo 5ºdos Estatutos da AORN.

Gostaríamos que todos, quantos se pro-nunciaram em 27 de Março passado peloadiamento de uma votação, por ausênciade informação para o poderem fazer cons-cientemente, no próximo encontro aju-dem a esclarecer os que, ainda dessa veze eventualmente por falta de tempo, nãotenham podido aprofundar o tema.

Fortunato Abrantes e SerafimMachado (15º CFORN) João Lestro e João Belchior (39º CFORN) João Estarreja (3º CEORN) entre os irmãosAndrade Neves (2º e 1º CEORN)

Pires de Lima, durante a sua intervenção

Panorâmica geral da assistência na Assembleia Geral

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Entre Agosto e Outubro de 1996estou no posto do Tridente com omeu grupo de combate. O Tridente

era o posto de fuzileiros mais a montanteno rio Zaire e ficava relativamente pertode Noqui, junto à confluência do rio LuéPequeno, afluente do Zaire. Cerca de 15minutos de bote e bebia-se uma cervejafresca com os camaradas do exército queali estavam estacionados.

Noqui fica a Este do Tridente, numacurva do rio Zaire (que naquele ponto temuma largura aproximadamente igual à dorio Tejo entre Belém e a Trafaria) na basede uma grande barroca. No cimo da bar-roca e a cerca de 10 kms. para o interiorficava uma pista de terra batida de que seserviam pequenos aviões militares queasseguravam ligações regulares com oNegage e Luanda.

A fronteira terrestre de Angola com oCongo era muito próxima de Noqui e pe-lo rio Zaire diariamente passavam várioscargueiros de 20.000 tons. e mais que sedirigiam ao porto de Matadi, já naRépublica do Congo.

A nossa missão tinha um duplo objectivo:por um lado impedir a infiltração do IN pelavia fluvial do Congo para Angola e poroutro patrulhar intensamente o interior comvista à detecção e eliminação do IN.

Os que andavam por lá nesse tempo, eramos FNLAe os MPLAque não necessitavamdo rio para nada, pois as ligações deles como Congo, onde havia bases importantes,fazia-se atravessando pacatamente a fron-teira terrestre fora de horas e em locais ondea tropa portuguesa não andava.

Durante todo o tempo que lá estive nãotivemos qualquer acção de confrontaçãocom o IN. Patrulhámos muito, noma-dizámos muito também e aproveitámospara caçar, mas nunca vimos ninguém.

O terreno era dobrado, com capim alto,com várzeas nos vales, arvoredo muitoconcentrado por manchas e nunca encon-trámos povoações ou pessoas.

Aparentemente, dizia-se, tinham fugidopara o Congo nos inícios da Guerra em61/62.

Os horizontes eram largos e imensos etoda a região tinha uma beleza particular.

Naquele lugar, aparentemente pacato,convivi de perto com duas situações bemdiferentes uma da outra, mas bem reve-ladoras de aspectos da “nossa” guerra emAngola.

A primeira passou-se dias antes da minhachegada ao Tridente e dos meus contactoscom Noqui.

Noqui era um lugar profundamente depri-mente, com uma barroca por trás, um riopela frente e calor, muito calor o tem-po todo. Um dos oficiais milicianos daCompanhia do Exército que lá estava

estacionada, contava os dias que faltavampara terminar a comissão pela contagemdos cigarros que iria ainda fumar até lá.Para o efeito tinha tracejado numa imen-sa folha de papel os cigarros que iriafumar até ao fim da Comissão, à razão de20 por dia. Cada noite, antes de se deitar,riscava na parede os cigarros que tinhafumado nesse dia e escrevia os que aindaestavam por fumar.Esta maneira de matar o tempo dá ideiado ambiente que lá se vivia.Além de uma ou outra patrulha no interior,os jogos de cartas só eram interrompidospelas viaturas que, duas vezes por sema-na, iam à pista de aterragem esperar opequeno avião que trazia correio de Luanda.Quase tudo o que tenho lido sobre a guer-ra de África, sobretudo artigos de toda a

HISTÓRIAS DO DFE 13

ANGOLA 65/67 - III

... pelo rio Zairediariamente passavamvários cargueiros de20.000 tons. e mais...

Posto do Tridente

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espécie, fazem gala em contar os horrorespermanentes em que os nossos militaresviviam. Acho que nunca vi nada escritosobre o ócio das guarnições que, nafilosofia adoptada de quadrícula, estavamespalhadas por lugares onde pouco ou na-da tinham para fazer, além de estarem lá.Noqui era um desses lugares. Não o erapor ser terreno completamente seguro(como já verão de seguida) mas sim porque o IN e a tropa tinham o cuidado de seevitarem mutuamente e ninguém tomavagrandes iniciativas.

Nestas circunstâncias era normalmentemuito difícil manter um rigor mínimo dehorários, fardamentos, actividades, higie-ne e, sobretudo, de disciplina e prontidãomilitar.

Quando a tudo isto se juntava um climadepressivo e neurótico dos oficiais, a si-tuação descambava numa bandalheira porvezes aviltante, grosseira e, sobretudo,perigosa. Porque afinal, apesar da relativapacatez do local ele não era propriamenteuma colónia de férias forçadas e o IN,apesar de invisível, andava por lá.

A bandalheira de Nóqui teve consequên-cias trágicas.

No início o grupo que ia esperar o aviãodo correio era composto por uma GMC,2 Unimogs e 2 ou 3 jeeps. O pessoalainda tinha medo, ia fardado, armado emuniciado. O esquema de segurança erabem montado, alguém levava a Bazooka,outro a MG 42 e com toda a parafernálialá faziam os 10 ou 15 kms. em picada nomeio do capim até à pista onde o aviãoaterrava em segurança, largava e levava ocorreio, doentes, homens que iam deférias, outros que voltavam, etc.

Duas vezes por semana, meses a fio.

Patrulhas rotineiras, muita cerveja, biscalambida, sueca e uma grande neura ocu-pavam o resto do tempo.

Aos poucos e poucos foi-se facilitando. AGMC já não era precisa. Um dos Unimogtambém não. O terreno é conhecido, étudo boa gente, não passa nada.

A coluna, inicialmente com 40 homens,vai-se reduzindo. Não vale a pena ir tantagente. E para quê a Bazooka? E a MG 42que é pesadíssima? E a farda que é quentee as munições que são desnecessárias?

Se aparecer uma pacaça meia dúzia detiros resolvem o problema e sempre setraz carne fresca.

No climax da bandalheira já só vai umaMercedes com meia dúzia de homens emt-shirts, calções, descalços e 1 ou 2 G3.Os que vão são os que têm mais pressaem ler o correio deles. O cozinheiro tam-bém vai. E por graça, por que não leva elea Bazooka desta vez? Vamos embora quese faz tarde e o avião está aí a chegar. Oavião chega. Deixa umas cartas e levaoutras. Bebem-se umas cervejas juntos,dão-se uns abraços e daqui a 3 dias cáestaremos todos outra vez. O avião partee aquela tropa fandanga regressa a Noqui.

Só que desta vez o IN está no percurso.Teve meses para observar e estudar aevolução do comportamento daqueleshomens.A bandalheira progressiva que seinstalou naquela unidade e a total falta desegurança com que se movimentavam.

E então dá-se a emboscada. Bem planeada,cuidadosamente preparada, rigorosamenteexecutada. Dos 12 homens morreram 11,incluindo o cozinheiro da Bazooka.

O que se salvou, escondeu-se no capimdurante horas, antes de poder ir levar atriste notícia ao quartel de Nóqui.

Esta história acabou como os tais relatose artigos de que atrás falava. Mas porexclusiva responsabilidade dos seus pro-tagonistas e, especialmente, dos oficiaiscujo comportamento irresponsável con-duziu a que aquela simples rotina termi-nasse em mortes desnecessárias e inúteis.

Em várias circunstâncias que acompanheide perto, as tragédias eram muitas vezesresultado da ligeireza e inconsciênciacom que algumas unidades se compor-tavam. Fazem lembrar um pouco aquelessuicidas das motos que gostam de andarna contramão na Estrada Marginal e,quando as coisas correm mal, queixam-sede tudo, menos deles próprios.

A outra história de Nóqui fica a próximavez.

Vasco PessanhaFZE - 7º CEORN

Vista geral de Nóqui

Fuzileiros em acção

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AMedicina Hiperbárica na Mari-nha tem já uma história longa dequase meio século. De facto, des-

de os tratamentos iniciais efectuados naprimeira câmara hiperbárica existente emPortugal e colocada na Escola de Mergu-lhadores - Esquadrilha de Submarinos,até à mais recente e instalada em meiohospitalar no Hospital de Marinha em1989, muito tem sido feito nesta área damedicina, sempre, com as portas abertasao meio civil.

Em Janeiro 92, é implementado umServiço de Urgência Hiperbárica noHospital de Marinha, permitindo a cober-tura 24/24 horas, 365 dias ao ano, e anova câmara é incluida na listagem decâmaras hiperbáricas da SociedadeEuropeia de Medicina Hiperbárica e daUndersea & Hyperbaric Medical Society.Em 1 de Setembro de 1994 é publicadoem Diário da Républica o decreto regula-mentar 37/94, onde figura o Centro deMedicina Hiperbárica como serviçoautónomo no âmbito dos Serviços deUrgência e apoio Médico do Hospital deMarinha, que faz parte da listagemNATOADIVP-2 (Allied Guide To DivingMedical Disorders), como elemento dereferência nacional a nível de “Nationalauthorities for initiating treatment of div-ing casualties”.

Mas, em que consiste a oxigenoterapiahiperbárica, que objectivos terapêuticospretende atingir e em que mecanismos deacção se baseia?

O uso do OHB pode ser consideradocomo uma moderna atitude terapêuticabaseada em tecnologia antiga, na qual odoente respira oxigénio puro por períodosintermitentes em ambiente hiperbárico,ou seja numa câmara pressurizada apressão superior à atmosférica (1ATA).

O combate à hipóxia tecidular constituiobjectivo primordial desta terapêutica,através de dois mecanismos fundamen-tais; o primeiro aproveitando o efeito me-cânico do aumento da pressão exercido

sobre as bolhas gasosas com consequenteredução do seu volume de acordo com aLei de Boyle Mariotte (Pressão x Volu-me = Constante), muito útil no tratamen-to dos acidentes de mergulho como adoença de descompressão e a emboliagasosa; o segundo, mais importante, queaproveita o aumento da pressão parcial dooxigénio e a sua solubilidade para obteraltos níveis de concentração de gás dis-solvido, de acordo com a Lei de Henry(Concentração de gás dissolvido = Pres-são x Coeficiente de Solubilidade).

Em 1961, o Professor BOEREMA de-monstrou a possibilidade de manter avida de animais, apenas com soro em cir-culação (sem sangue), e submetendo-os aambiente hiperbárico de forma a benefi-ciar da enorme quantidade de oxigéniodissolvido. A capacidade de obter eleva-das concentrações de oxigénio dissolvido

no plasma, independente da capacidadetransportadora da hemoglobina, constituiem essências a grande arma terapêuticado OHB.

Os principais mecanismos de acçãobaseiam-se portanto, na compressãomecânica das bolhas gasosas, no aumen-to de O2 dissolvido no plasma e subse-quente oferta aos tecidos isquémicos,aumento da neovascularização em áreasisquémicas, acção bactericida e bacterios-tática, aumento da capacidade fagocitáriados leucocitos e estimulação da síntesedo colagénio pelos fibroblastos facilitan-do a cicatrização. Envolve leucocitos,fibrocitos, osteocitos e células neuronais,recuperando funções celulares depen-dentes da oferta em oxigénio, e viabilizatecidos, orgãos e funções que estariamirremediavelmente perdidos a manter-seo sofrimento isquémico.

SAÚDE E MEDICINA

MEDICINA HIPERBÁRICA

Aspecto dointerior da câmarahiperbárica

Vista parcial do Centrode Medicina Hiperbárica

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CarlosAlberto MaiaTeixeira, é médi-co, pertenceu à classe de Fuzi-leiros do 20º CFORN, é fotógrafo e,

de entre muitas outras coisas é dotado deuma sensibilidade poética a que não terásido alheia a nostalgia sentida desde o tem-po em que, por terras de Angola se tornou,como muitos outros, também angolano.

O seu livro “OS NAVEGANTES DAMEMÓRIA”, que veio agora enriquecer aBiblioteca da AORN, é uma obra notávelque deve ser lida com a atenção e o respeitoque merecem os trabalhos feitos comAlma.

Aqui se transcreve o poema a MiguelTorga - ADEUS, POETA!

“Tu, que hoje deixas a mortalidadee entras no restrito dos eleitos,onde só pesa a rara qualidadedo dever acima de todos os defeitos!Tu, a quem falamos de modo abertopara além da circunstância da viagem,foste a sombra virgem no desertoe norte em direcção à outra margem!Tu, que entras em nós pelo brioensinando os caminhos à filha serra,fecundas os vales em gestos de equilíbriotratando das feridas da Mãe-Terra!Tu, que do frágil fizeste o sonhode ver a pedra bruta do lugar,soprando o vento agreste de risonho,na vela, a todo o pano, a navegar!

Tu, canto desconhecido onde caber,profeta da mensagem prometida,surdo-mudo e cego de as sabercaídas, uma a uma, nesta vida...

Tu, instante tão distante do momento,Incómodo, Íntangivel,... o Escolhido!Ninho que embala a fé do pensamentoe nas palavras vincadas o mais ferido!

Tu, das pessoas sempre diferentese delas carente em sublimes rituais;queimando torgas a construir gente,mais que deuses, as quiseste a ti - iguais!!!

Comporta-se portanto como um fármaco,com as suas possibilidades terapêuticas,acções secundárias, efeitos tóxicos e con-traindicações que importa conhecer emprofundidade, e que implica adequadaformação especializada dos meios huma-nos envolvidos nesta actividade.

A actividade clínica tem vindo a crescerde forma constante, tendo sido tratadoscerca de seis centenas de doentes comsituações sérias, referenciados por maisde trinta hospitais centrais e distritais, eque justificaram a realização de mais de18.000 sessões terapêuticas individuais.

Constata-se um maior conhecimento einteresse da classe médica, pessoal desaúde em geral e população, relativa-mente à medicina hiperbárica e C.M.H.,pelo que é prevísivel a manutenção dalinha crescente da actividade clínica.

Sem dúvida que a realização das 1ªsJornadas de Medicina Hiperbárica do Hospital de Marinha realizadas em Outubro de97 e integradas na comemoração doBicentenário do nosso Hospital, em queparticiparam individualidades nacionais e

internacionais de elevado nível técnico ecientífico terá contribuído para este cresci-mento, superior aos 40% em 1998.O entusiasmo da equipa de trabalho noC.M.H., é elevado, tocando de igualforma o pessoal mergulhador e de saúde.As grandes linhas de desenvolvimentopassam pela definição de competênciaespecífica em medicina hiperbárica naOrdem dos Médicos, implementação detécnicas especializadas com aprofunda-mento da investigação clínica, aquisição

de uma segunda câmara e por último pelapossibilidade de colaborar no ensino uni-versitário e formação pós graduada.Podemos afirmar, sem exagero, que oC.M.H. constitui na actualidade, serviçocom carácter nacional, único, oferecendoserviços clínicos insubstítuiveis, pelo queé merecedor de cuidados e atenção ade-quados às especificidades funcionais queengloba.

Armando Silva RoqueCTEN MN (ex RN-1982)

ALIMENTO PARA O ESPÍRITO

FundaçãoLuso-Americana

para o DesenvolvimentoNa pesquisa histórica uma presença permanente

A equipa do C.M.H. doHospital da Marinha

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Serigrafia comemorativa da fundação da AORNEsc.: 20.000$00

Medalha comemorativado dia da Marinha 1996Esc.: 2.500$00

Vinho engarrafado especialmente para a AORN - 1 garrafaEsc.: 1.000$00

Medalha comemorativado dia da Marinha 1997Esc.: 3.000$00

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A NM NUEL PI TO MACHADO

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Anuário da Reserva NavalEsc.: 2.000$00

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“Pin” da AORN em prata Esc.: 850$00

Cresta da AORNEsc.: 3.000$00

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A Fragata "D.Fernando II e Glória" foi construída rio Tejo até 1992, data em que foi reposto a flutuar,

em Damão, Índia Portuguesa e lançada à água em removido e posteriormente transportado para o esta-

22 de Outubro de 1843. leiro Ria Marine em Aveiro.

O navio estava preparado para receber 60 bocas A Marinha conduziu todo o projecto de restauro de fogo e a sua guarnição variava entre 145 e 379 ho- do navio, coordenado por uma Comissão nomeada mens. Em algumas viagens chegou a transportar

para o efeito, com o apoio de diversos peritos e mais de 600 pessoas, entre guarnição e passageiros.

colaboradores e com a gestão e responsabilidade Durante 33 anos fez a ligação entre Portugal e os Técnica do Arsenal do Alfeite. O projecto contou

territórios portugueses da Índia, cumpriu missões ao ainda com o apoio financeiro do Governo, através da

longo da Costa de Moçambique e teve um papel Comissão Nacional para os Descobrimentos

importante como navio-chefe de uma força naval que Portugueses e da generosidade de muitos mecenas.recuperou o Ambriz, em Angola. Durante este pe-

ríodo navegou mais de 100.000 milhas náuticas, Restaurada tal como era na década de 1850, a correspondentes a cinco voltas ao Mundo. "D. Fernando" é actualmente um navio museu, sendo

Em 1889, a "D. Fernando" sofreu profundas hoje possível aos visitantes aperceberem-se com alterações para melhor servir como Escola de grande fidelidade como era a vida a bordo de uma Artilharia Naval e, em 1945, iniciou uma nova fase fragata do século XIX.da sua vida como sede da Obra Social da Fragata

A última fragata exclusivamente à vela da Ma- D. Fernando, criada para recolher rapazes de fracos

rinha Portuguesa é hoje testemunha eloquente da recursos económicos que ali recebiam Instrução

Escolar e Treino de Marinharia. nossa brilhante história marítima, orgulho de muitas

gerações e um exemplo de determinação e coragem Em 1963, um violento incêndio destruiu o navio

em grande parte, tendo permanecido encalhado no para as gerações vindouras.

Fragata "D. Fernando II e Glória"(1843)

Características

Comprimento fora a fora............................ 86,75 m

Boca no convés........................................... 12,80 m

Pontal na tolda.............................................. 9,27 m

Imersão a vante............................................. 5,79 m

Imersão a ré.................................................. 6,40 m

Altura do centro vélico acima da flutuação.19,42 m

2Superfície do velame...................................2052 m

2Superfície da secção mestra mergulhada... 51,78 m

Tonelagem........................................... 1849,16 Ton.

Fundo forrado a cobre

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