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SERIE ESTADOS DEL ARTE N°4 | Año 2013 :: O MODELO EDUCACIONAL TRADICIONAL E SUA REENGENHARIA DEMANDADA PELA CULTURA DIGITAL EMERGENTE DO SÉCULO XXI

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SERIE ESTADOS DEL ARTE N°4 | Año 2013 ::

O MODELO EDUCACIONAL TRADICIONAL E SUA REENGENHARIA DEMANDADA PELA CULTURA DIGITAL EMERGENTE DO SÉCULO XXI

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Serie Estados del Arte N° 4 | Año 2013

O MODELO EDUCACIONAL TRADICIONAL E SUA REENGENHARIA DEMANDADA PELA CULTURA DIGITAL EMERGENTE DO SÉCULO XXI

Jorge Antonio Salvador Dergan

Graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Pós-Graduado em Redes de Computadores e Pós-Graduado em Desenvolvimento de Aplicações para Web. Atua como Analista de Tecnologia pela UFPA e desempenha a função de Coordenador de Informática do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA e atua também como membro da Congregação do referido Instituto. Estudante do Mestrado em Educação na Faculdade de Educação / Universidad de la Empresa

Las opiniones y expresiones vertidas en este trabajo son de exclusiva responsabilidad del autor y no comprometen a la Facultad de Ciencias de la Educación ni a la Universidad de la Empresa.

Glenur S.A.Deposito Legal Nº 363369/14

Dec. 218/996

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:: FACULTAD DE CIENCIAS DE LA EDUCACION

Jorge Antonio Salvador Dergan

RESUMO

A pretensão do presente artigo é discutir a lógica embutida no processo de integração da cultura digital ao ensino-aprendizagem, sobretudo na esfera da educação superior. O eixo central da investigação ocorre sob a égide de um descompasso cultural que se revela como fonte principal de obstáculos e problemas presentes na assimilação e manejo de novas competências informáticas demandadas pela fusão de novas tecnologias com as práticas educacionais. A figura do educador nesse espaço de mudança de paradigma cultural é referenciada como parte central na adequação do problema de integração, os elementos periféricos e não menos importantes são analisados e postos ao fiel da balança, de forma a se obter no final um mapa cognitivo das múltiplas mudanças que configuram as possibilidades e os gargalos que permeiam a lógica de construção de uma nova educação que emerge do século xxi.

Palavras chave: integração cultural, competências informáticas, descompasso cultural, cultura digital, mudança de paradigma cultural.

ABSTRACT

The intention of this article is to discuss the logic embedded in the integration process of digital culture in the teaching-learning, especially in the sphere of higher education. The central research takes place under the auspices of a cultural mismatch that is revealed as the main source of obstacles and problems present in the assimilation and management of new computer skills demanded by merging new technologies with educational practices. The figure of the educator in this space of cultural paradigm shift is referenced as a central part in the adaptation of the integration problem, the peripheral elements and no less important are discussed and put to the faithful of the scale, in order to get at the end a cognitive map of the multiple changes that shape the opportunities and bottlenecks that pervade the logic of building a new education that emerges from the twenty-first century.

Keywords: cultural integration, computer skills, cultural mismatch, digital culture, cultural paradigm shift.

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O MODELO EDUCACIONAL TRADICIONAL E SUA REENGENHARIA DEMANDADA PELA CULTURA DIGITAL EMERGENTE DO SÉCULO XXI

INDICE

INTRODUÇAO................................................................................................................................ 6

A reengenharia do processo educacional modelada pelo habitus tecnológico............................... 7

As resistências associadas aos processos cognitivos da inserção digital...................................... 8

A plataforma digital como um recurso facilitador, inclusivo e complementar ao formato presencial tradicional........................................................................................................................................ 9

A desoneração como propulsora de novos mercados facilitadores de projetos educacionais...... 10

Considerações finais..................................................................................................................... 12

Referencias................................................................................................................................... 13

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Jorge Antonio Salvador Dergan

INTRODUÇÃO

Bourdieu (2007) sustenta o uso da história comparada quando afirma que para se perceber a lógica mais profunda do mundo social é determinante filtrar as particularidades de uma realidade empírica em seu contexto histórico ao longo de um espaço e tempo determinados. Objetivamente, a idéia propõe a apreensão dos mecanismos e estruturas dispostos de forma subjacente ao processo de transição cultural, que passam despercebidos ao crivo do olhar nativo ou estrangeiro, tanto na construção do espaço social como nos mecanismos de transformação deste espaço. Desse modo, o trabalho de investigação aqui proposto, pondera os fatores ou diferenças que se estabelecem entre as estruturas e as disposições (habitus) que deixam de ser observados nas singularidades, mas que se revelam nas particularidades vivenciadas no ambiente coletivo. Bourdieu arremata seu pensamento esclarecendo que as análises que consideram as práticas em si mesmas, independentemente do universo das práticas, são análises substancialistas, ingenuamente realistas (BOURDIEU, 2007, p.162-166).

O referencial estabelecido a partir de Bourdier visa introduzir a dimensão além fronteiras do espaço social globalizado, imerso em uma cultura tecnológica crescente, que perpassa os diversos âmbitos sociais e de modo especial as concepções das políticas educacionais entre as instâncias da educação superior. O conceito de habitus em Bourdier é abordado pela relação existente entre o processo de socialização dos atores que atuam no campo educacional e as disposições que eles adquirem no processo de sua formação teórica e empírica. As experiências de vida incorporadas por esses atores são as maneiras de pensar e de agir absorvidas em espaços distintos ao da educação e da prática educativa, onde o habitus integrador relacionado ao novo contexto do paradigma digital introduz novas formas de relações sociais estruturadas em um campo social “novo” constituído de uma lógica própria, onde os atores sociais usam de estratégias consignadas por suas posições no campo social e de seu capital (cultural, político, econômico), produzindo assim, formas assimétricas de intervenção na realidade, a fim de conservar ou transformar o campo em que atuam.

O setor educacional, entre outros setores, desponta como um grande consumidor e produtor de insumos tecnológicos que subsidiam o processo de reengenharia social, requisitado por uma mudança cultural em marcha, caracterizada pela desconstrução de velhos paradigmas e reconstrução de outros. Schumpter (1997) faz referencia a esse fenômeno como “destruição criativa”, frase que o tornou famoso por usá-la para descrever um processo em que as velhas formas de fazer as coisas são endogenamente destruídas e substituídas por novas maneiras. Ele argumenta ainda, que a inovação tecnológica muitas vezes cria monopólios temporários que são necessários para fornecer o estímulo criativo para as empresas desenvolverem novos produtos e processos, que permitem quebrar e promover monopólios, caracterizando assim um comportamento cíclico do processo de desenvolvimento.

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A REENGENHARIA DO PROCESSO EDUCACIONAL MODELADA PELO HABITUS TECNOLÓGICO

Rama (2011) argumenta que nas últimas décadas começou a se desenvolver em escala global um novo modelo econômico atrelado ao surgimento generalizado de novas tecnologias de produção, onde a mudança do paradigma técnico-econômico a partir dos anos 80/90 tem sua base estruturada pela microeletrônica e pela programação, que possibilitaram novas formas de produção e novas configurações sociais, entre as quais se concebeu engendrar uma nova educação. O impacto da microeletrônica em direção a nano eletrônica provocou mudanças nas ferramentas de produção que se generalizou por todos os âmbitos, conformando rapidamente um novo tipo de sociedade global que se expande em termos econômicos e sociais através da digitalização e da introdução permanente de inovações que alimentam os pólos produtivos que se reproduzem dentro de um ambiente extremamente competitivo.

Etikin (2006) afirma que numa organização os objetivos lhe dão o sentido para seu desempenho, mas não é uma condição de existência. Para que uma renovação criativa possa cumprir-se, entre outras coisas, é necessária a flexibilidade nas relações e a disposição para mudar os esquemas mentais.

A idéia de transformação da realidade educativa sugere a reflexão de que: o como se aprende é tão importante quanto o que se aprende. Na metodologia tradicional, o professor transmite a informação acabada aos alunos, a comunicação encontra-se centrada no professor e é unidirecional. Essa metodologia vertical de mão única colide com a modernidade, frente às possibilidades oferecidas pela expansão tecnológica que realimenta e remodela continuamente a cultura digital no habitus social.

Para que se favoreçam as atividades de ensino-aprendizagem, a opção metodológica que emerge desse novo cenário, deverá extrair desse meio as ferramentas e práticas que encontram ressonância no habitus social já incorporado por essa nova geração de alunos, gestada no ventre de uma revolução digital que permeia todos os processos de comunicação, informação e interação pessoal, onde é imprescindível não gerar nenhum tipo de limite a incorporação das TIC’s1 no processo de ensino-aprendizagem, como forma de adaptar conteúdos e velhas práticas metodológicas em opções compatibilizadas com esse novo habitus digital, integrador e inovador.

Neste contexto adaptativo de mudança cultural é provável que se apresente a idéia subconsciente de atualização da matriz educacional por um modo release, onde o conceito de prática pedagógica seria reestruturado por novos conteúdos e mecanismos tecnológicos, como se fosse um “update”

1 TIC’s - Tecnologias da Informação e Comunicação são tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos dos seres. Entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem.

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ou uma nova versão como de um programa de computador na qual foram adicionadas correções e melhorias. Essa visão simplista, frente à nova realidade cognitiva, deverá considerar adicionalmente e de forma complementar a tecnologia emocional, que se processa em torno de pessoas e suas necessidades de relacionamento físico e virtual. Para consolidar uma reeducação adaptativa a esse novo cenário, esta deverá estar associada a uma mudança de mentalidade, que promova a percepção e assimilação desse novo habitus social que emerge do paradigma digital e que naturalmente deverá influenciar todas as variáveis e formatos que conformam o processo de ensino-aprendizagem da educação contemporânea.

AS RESISTÊNCIAS ASSOCIADAS AOS PROCESSOS COGNITIVOS DA INSERÇÃO DIGITAL.

A tecnologia, inserida no habitus individual ou coletivo assume um caráter pragmático em sua própria articulação com a dimensão cultural que nega a idéia mais simplista de conceituar a tecnologia por oposição a tudo aquilo que possa estar contido numa suposta natureza humana, onde o habitus subjetivo pode naturalizar a forma de reconhecer e de pensar, ou seja, dificilmente as pessoas se dão conta de que a roupa que vestem, ou a mesa em que comem são tecnologias que de tal forma, por habitarem seu cotidiano se tornam “parte” de sua natureza humana. Assim, a cultura digital tende a ocupar seu espaço em todos os âmbitos num processo endógeno ao habitus da civilização planetária.

Para Cobo2 (2012), a resistência a tecnologia é um assunto cultural, a imaturidade digital contribui para a ausência de tecnologia social, que vai se somar a outros fatores que contribuem resistivamente as mudanças que se processam na esteira da transição cultural delineada desde o inicio do século xxi, onde se associam novos mapas cognitivos, vinculados a novas tecnologias que por sua vez promovem mudanças no habitus social, gerando inquietações que induzem a necessidade de reflexionar e de fazer reavaliações conceituais, onde o lócus de uma nova ética científica caracterizada mais pela contemplação da realidade do que pela dominação da natureza, pode ser o elemento gerador da força motriz capaz de vencer as resistências e promover exercícios criativos que estão na base do conhecimento.

Ser adestrado no Twitter3 ou saber apertar corretamente os botões do Facebook4 não é necessariamente o papel do professor, porém conhecer o impacto das redes sociais numa sociedade permeada pela informação rápida e muitas vezes fútil torna-se estratégico para a promoção do debate

2 Cristóbal Cobo es doctor en Ciencias de la Comunicación de la Universidad Autónoma de Barcelona e investigador asociado de Oxford Internet Institute. ([email protected])

3 Twitter é uma rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos, por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento.

4 Facebook é um site e serviço de rede social que foi lançada em 4 de fevereiro de 2004, operado e de propriedade privada da Facebook Inc..4 Em 4 de outubro de 2012 o Facebook atingiu a marca de 1 bilhão de usuários ativos.

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sobre os efeitos desse impacto, de modo a incitar o pensamento crítico do alunado sobre o porquê do crescimento de ferramentas digitais que vinculam pessoas a externalização de desejos e críticas do cotidiano. Esse aspecto de estrategista e não de ferramenteiro, é que evidencia o real papel do professor. A oferta da informação rápida, integrada e objetiva é uma das principais características da cultura digital; assistir, por exemplo, um vídeo no YouTube5 sobre como funciona determinado dispositivo, parece ser mais prático e confortável que foliar as páginas mudas de um manual que teima em oferecer uma resistência cognitiva aos que ousam decifrá-lo. O manual eletrônico com seu caráter didático e sua praticidade parece estar integrado ao habitus digital corrente.

Tentar entender as resistências ou limites ao fascínio que as janelas digitais imprimem na mente dos nativos e dos adaptados a presente cultura digital é mais que um exercício sociológico ou filosófico, é preciso mergulhar nesse mundo dinâmico, logicamente encadeado, que se amplia continuamente, oferecendo e recebendo em todos instantes bits e bytes que se convertem em facilidades para servir a qualquer um explorador virtual que disponha dos requisitos reais necessários. O efeito desta ciranda tecnológica para as crianças da geração “digital”, que brincam nos joguinhos do celular ou que já utilizam um tablet em suas tarefas escolares, pode ser encarado como efeito facilitador cognitivo, que a exemplo da velha calculadora, que apenas liberava o aluno para pensar, a janela virtual do tablet já embute a calculadora e o celular e, além disso, pode funcionar como uma plataforma de convivência com seus colegas que acessam jogos online e/ou se comunicam pela WEB. Todavia o efeito dessa ciranda tecnológica para as crianças, ainda necessita ser melhor investigado.

A PLATAFORMA DIGITAL COMO UM RECURSO FACILITADOR, INCLUSIVO E COMPLEMENTAR AO FORMATO PRESENCIAL TRADICIONAL

Para Geertz (1973), a cultura se expressa como um sistema de concepções herdadas por transmissão entre diferentes pessoas. O que caracteriza o estabelecimento deste sistema é a necessidade de que exista um conjunto de conexões ou redes entre pessoas, que ofereçam facilidades a esse processo de construção cultural. O nascimento da World Wide Web ou Internet, criada em 1990 por Tim Berners-Lee pode ser considerado o marco referencial facilitador de uma geração que poderia ser batizada, por exemplo, de geração “3W”, naturalmente impregnada por um DNA tecnodigital e logicamente conectada em rede, onde sua grande nuance é a capacidade de mobilidade entre o mundo real e o mundo formatado por bits e bytes, onde se processam mudanças a nível local e global que influenciam fortemente a dinâmica do habitus social contemporâneo.

A academia precisa estar atenta a essa dinâmica cultural e seus nexos integradores nos diversos âmbitos, especialmente no âmbito educacional. Trata-se de novas perspectivas, que introduzem novas varáveis que necessitam de acompanhamento analítico e crítico, tanto na atividade de ensino

5 YouTube é um site (http://www.youtube.com/) de compartilhamento de vídeos enviados pelos usuários através da internet. O termo que vem do Inglês “youtube” poderia ser “você transmite” ou “canal feito por você”.

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como na atividade de pesquisa. Hoje, em muitos casos, o ensino está debruçado em metodologias que são aplicadas apenas em torno de conteúdos, não de pessoas. Uma idéia de inclusão pode ser a integração de uma plataforma virtual de relacionamento e convivência, aplicada adicionalmente ao ensino presencial e de maneira complementar e vinculante, disponibilizando em ambiente virtual, além de conteúdos de classe, também um espaço de convivência e interação entre alunos, professores e os administradores da instituição de ensino, de forma a oportunizar uma educação integrada, humanista, inclusiva e de qualidade.

A sugestão de adotar uma plataforma vinculada ao ensino presencial é uma forma de integrar as TIC’s a escola do século xxi, criando desse modo um ambiente de convivência colaborativo que se combina a pedagogia presencial internalizando facilidades as suas singularidades e complexidades.

Em muitos casos de impedimentos como greves administrativas, viagens extemporâneas do professor ou do aluno, cataclismos, etc., não haverá necessidade de paralisar o curso em andamento, por conta de um impedimento que muitas vezes será perfeitamente contornável com o uso da plataforma. Com esse suporte tecnológico o aluno ganha uma classe virtual onde pode consultar conteúdos, discutir problemas, participar de fóruns, dialogar com os colegas, fazer novos amigos, etc., por outro lado, o professor ganha muitos colaboradores e a instituição um espaço onde todos podem colocar suas dúvidas e sugestões para que se possa sempre aperfeiçoar cada vez mais o ambiente escolar.

A título de exemplo pode-se pegar como referencia a plataforma Moodle6 que foi projetada pelo Australiano Martin Dougiama de Perth, que baseou seu projeto nas idéias do construtivismo pedagógico, onde afirma que o conhecimento se constrói na mente do estudante em lugar de ser transmitido sem mudanças a partir de livros ou aulas e em ambientes colaborativos. É importante ressaltar que o sistema Moodle por ser uma aplicação Web, o usuário só necessita para ascender ao sistema de um dispositivo conectado a internet e que possua um navegador Web instalado, que pode ser, por exemplo, o Mozilla Firefox, Internet Explorer ou outro qualquer. Na internet pode-se encontrar uma série de cursos sobre instalação e operação da plataforma Moodle, como também cursos voltados exclusivamente para professores que desejam criar cursos online e vende-los pela internet, tendo como suporte um servidor especializado (http://www.moodlelivre.com.br/).

A DESONERAÇÃO COMO PROPULSORA DE NOVOS MERCADOS FACILITADORES DE PROJETOS EDUCACIONAIS.

É impressionante a velocidade com que a tecnologia digital avança. Nas últimas três décadas a microeletrônica vem cedendo espaço para a nanoeletrônica que por sua vez, abre novos mercados

6 A palavra Moodle é um acrônimo de modular object-oriented dynamic learning environment (ambiente modular dinâmico de apendizagem orientado a objetos).

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que se beneficiam do crescimento de velocidade no processamento e transmissão de dados. Hoje é comum observar que sistemas baseados em redes locais que utilizam servidor local dedicado, com estrutura física e de pessoal onerosas, estão migrando do físico para o virtual num processo de desoneração de custos e melhoria nos serviços prestados, que passam a ser disponibilizados diretamente pela internet. Esse procedimento vem ganhando espaço em todas as áreas e em especial na área da educação.

São notórias as facilidades que uma biblioteca virtual pode oferecer tanto para os alunos como para os professores, onde o diferencial em relação à biblioteca física é o poder de acessibilidade, mobilidade, portabilidade, volume de obras e atendimento direcionado as necessidades e característica do curso oferecido pela instituição, isso tudo aliado as facilidades de reprodução e impressão de obras, no todo ou em parte, de qualquer lugar conectado a internet, onde o direito autoral é respeitado, pois, no ato da cópia existe um custo destinado ao autor, que é debitado na conta do usuário cadastrado. Muitas instituições hoje em dia adotam pagar pelo acesso a bibliotecas virtuais, não apenas por suas facilidades, mas, sobretudo, pelo baixo custo comparado a uma biblioteca física tradicional que necessita de pessoal, instalações predial, horário de funcionamento, manutenções diversas e ainda a limitação do acervo que estará restrito ao espaço físico existente.

Em serviços que utilizam suporte de uma rede local, onde os computadores clientes estão ligados a um computador servidor de rede, que abriga programas e banco de dados que são disponibilizados na rede, como por exemplo, no núcleo de prática jurídica (NPJ) de um hipotético curso de direito (HCD), ao se optar por eliminar a rede local em favor da contratação de um serviço remoto através do mercado virtual de aplicativos, o resultado será uma redução do custo operacional, com um aumento considerável na qualidade do serviço prestado que passará a utilizar uma solução tecnologicamente sempre atualizada por uma equipe de retaguarda. Em função do constante ganho de velocidade da internet, o mercado virtual de aplicativos também cresce e oferta soluções de baixo custo e de alta qualidade que embutem flexibilidade, mobilidade, portabilidade e escalabilidade7, que são recursos oferecidos pela maioria dos aplicativos disponibilizados por um servidor virtual dedicado, onde os clientes virtuais, só precisam ter uma conta de acesso e um equipamento conectado a internet. O serviço será debitado mensalmente e o valor estará escalonado segundo a soma das facilidades ou módulos contratados pelo cliente.

Mais recentemente surgiu o conceito de universidade aberta a partir de estratégias digitais de aprendizagem proposta pelo MOOC (Massive Open Online Courses), ou curso on-line aberto e massivo que visa à participação interativa em larga escala e do acesso livre via web. Além de materiais didáticos tradicionais, tais como vídeos, leituras e conjuntos de problemas, MOOCs proporcionam fóruns de usuários interativos que ajudam a construir uma comunidade para os alunos, professores e auxiliares de ensino. MOOC é um projeto inovador na educação à distância.

7 Escalabilidade, segundo a WIKIPÉDIA é uma característica que indica a habilidade de um sistema estar preparado para suportar um aumento de carga crescente quando os recursos (normalmente do hardware) são requeridos.

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O curso é gratuito e sem pré-requisitos de inscrição, e pode ser feito on-line por qualquer pessoa ao redor do mundo, no entanto, nenhum crédito universitário é dado no ato de a sua conclusão. Para alcançar a certificação, o aluno deverá ser aprovado em um exame presencial que naturalmente envolve custos.

O Coursera8, o MOOC mais famoso de todos, já tem 75 universidades associadas (eram quatro em abril/2012) com quase 9.500.000 alunos matriculados até o mês de setembro/2013 (https://www.coursera.org/about/community). Essas Instituições de ensino incluem pesos-pesados como Stanford, Columbia, Duke, Princeton, e já se espalhando por universidades de vários outros paises, como as de Edinbourg, Melbourne, Hong Kong, Lausanne, London e outras. O EDx vem com MIT, Harvard, Univ. Texas, Berkeley, Georgetown. Yale tem a Open Yale. A inovação contida no MOOC propõe a inversão na lógica da grade de conteúdos e deixa para o aluno escolher o que quer acessar e quando quer fazer isso. Os professores passam a ter uma função diferente, já que o aluno tem mais autonomia. O crescimento continuado dessa modalidade de ensino é uma tendência de desoneração da educação que se projeta para o futuro.

A Universidade de São Paulo (USP) em junho de 2013 em parceria com o portal brasileiro Veduca lançou dois cursos MOOC: Física Básica, do professor Vanderlei Salvador Bagnato, e Probabilidade e Estatística, dos professores Melvin Cymbalista e André Leme Fleury. Qualquer pessoa com acesso à internet pode fazer os cursos pelo site www.veduca.com.br. Os estudantes que desejarem obter um certificado precisam fazer uma prova presencial. Nas duas primeiras semanas desde o lançamento, que aconteceu na Escola Politécnica da USP no dia 12 de junho de 2013, os dois cursos virtuais ofertados, gratuitos e de nível superior, receberam inscrições de mais de 10.000 estudantes, demonstrando assim a receptividade da comunidade estudantil a essa nova modalidade de ensino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje, acessar a internet tornou-se parte do habitus social para milhões de pessoas que podem dispor de uma janela virtual, a busca por informações, lazer, relacionamentos, e por todo tipo de conhecimento, são elementos morfológicos e característicos da sociedade digital. É imprescindível que o setor educacional participe e discuta as importantes questões que emergem desse cenário, de variáveis e constantes que equacionam um processo dinâmico e construtor desse habitus social inovador, que se retroalimenta, continuamente por permanentes mudanças tecnológicas que permitem simultaneamente utilizar o potencial da internet como espaço de exposição e como meio de criação individual e coletiva, onde as possibilidades só encontram limites na capacidade humana, que se reinventa a todo instante renovando também essas possibilidades. A reengenharia social ou a criação destrutiva como diria Shumpter, acompanha a tendência de migração do físico para o virtual num processo de desoneração massiva, onde a mobilidade, a flexibilidade, a portabilidade

8 https://www.coursera.org/ Take the world’s best courses, online, for free.

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e a escalabilidade estão gestando uma nova forma de educação horizonta, mais democrática e humanista, com um perfil cognitivo-afetivo que se processa não apenas em torno de conteúdos, mas também de pessoas, conformando assim um novo modo de pensar e sentir, ou um “novo” habitus social.

REFERÊNCIAS

Bourdierr, P. Distinção:crítica social do julgamento. Porto Alegre, Editora Zouk, 2007.

Clifford Geertz. A Interpretação das Culturas. Op. Cit. pág. 39. 1973

Etkin, Jorge, Gestión de la complexidad en las organizaciones: La estratégia frente a lo imprevisto y lo inpensado – 1ª Ed. – Buenos Aires: Granica, 2006

Rama, Claudio. Las reingenierías de las universidades a distancia en América Latina. Edición: Universidad del Caribe (UNICARIBE), Santo Domingo, República Dominicana, 2010

Schumpeter, Joseph. Empresários, Inovação, Ciclos de Ensaios. 1a Ed. Celta Editora, 1997

Tesis doctoral: Organización de la Informacion y su Impacto em la usabilidad de las Tecnologias Interactivas. Autor: Cristóbal Cobo Romani, dirigida por: Dr. Ángél Rodriguez Bravo – México, marzo de 2005.

El Telégrafo, Periódico equatoriano fundado em 1884 - noticias de tecnologia (09/2012). Disponível em: <http://www.telegrafo.com.ec/noticias/tecnologia/item/para-cobo-la-resistencia-a-la-tecnologia-es-un-asunto-cultural.html> Acesso em: 09.09.2013

Portal Terra: em junho de 2013 USP lança cursos on-line de física e estatística; aulas são gratuitas <http://noticias.terra.com.br/educacao/primeiro-curso-superior-virtual-da-america-latina-ja-soma-10-mil-inscritos,2a26b78c2b28f310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html> Acesso em: 12.09.2013

The Best MOOC Provider: A Review of Coursera, Udacity and Edx By Catherine Round <http://www.skilledup.com/blog/the-best-mooc-provider-a-review-of-coursera-udacity-and-edx/> Acesso em: 12.07.2013

A enciclopédia Livre. WIKIPÉDIA, GNU (open source), 2010. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal >. Acesso em: 26.08.2010.

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O MULTICULTURALISMO ENTRE OS ALUNOS DE MESTRADO BRASIL – URUGUAI

Janaina Loureiro da Costa

Graduada em Terapia Ocupacional, especialista em Informática e Educação, Tutoria para Ensino Superior, Gestão em Educação a Distância e desempenha a função de Professora do da Faculdade Integrada Brasil Amazônia – Fibra, da Faculdade da Amazônia – Faam, Tutora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial- Senac/Pa. Maestrada em Educação na Faculdade de Educação / Universidad de la Empresa.

Cyntia Cássia da Costa Silva Coutinho

Graduada em Letras - Português e Espanhol pelo Centro Universitário de Brasília – UNICEUB. Especialização em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado de Oliveira - Rio de Janeiro e desempenha a função de Professora de Língua Portuguesa da SEDF - Secretaria de Educação do Distrito Federal desde abril de 1997. Maestrada em Educação na Faculdade de Educação / Universidad de la Empresa.

Las opiniones y expresiones vertidas en este trabajo son de exclusiva responsabilidad del autor y no comprometen a la Facultad de Ciencias de la Educación ni a la Universidad de la Empresa.

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Janaina Loureiro da Costa - Cyntia Cássia da Costa Silva Coutinho

RESUMO

Este trabalho trata das relações interculturais estabelecidas entre alunos e professores da Universidade de La Empresa (UDE), localizada no Uruguai, que oferece o Curso de Mestrado em Educação. São alunos e professores de diferentes nacionalidades, o que possibilita um intercâmbio cultural entre ambos. Abordaremos os conceitos teóricos como cultura, diversidade cultural, multiculturalidade e relações interculturais e faremos uma análise dos resultados de uma pesquisa feita entre professores e estudantes, verificando si existem dificuldades de adaptação em relação à cultura e ao idioma entre brasileiros e uruguaios, já que a maioria dos estudantes é brasileira e os professores são uruguaios, paraguaios, argentinos e brasileiros. A partir desta pesquisa, analisaremos a interferência do idioma, da cultura nas aulas e os motivos que levaram muitos alunos brasileiros a escolherem um país com língua materna diferente e, quais as principais características multiculturais encontradas nesta vivência, no período de estudo.

Palavras-chave: Mestrado, Cultura, Diversidade Cultural, Relações Interculturais, Multiculturalismo

ABSTRACT

This paper is about intercultural relationships established between students and teachers of University of La Empresa (UDE) in Uruguay, whose offers to the student’s Masters Course in Education. There are many students and teachers of different nationalities that allow a cultural interchange between them. The theories about culture, cultural diversity, multiculturalism and intercultural relations, and we will do an analysis of the results of a research done between teachers and students, verifying the difficulties of cultural adaptation and language adaptation between Brazilians, Uruguayans because most of the students are Brazilians and the teachers Uruguayans, Paraguayans, Argentineans and Brazilians. From this research, we will analysis the language and cultural interferences and the motives which taken part of many students to choose a country with a different language from their and which multicultural characteristics found living there during the study period.

Keywords: Master, Culture, Cultural Diversity, Intercultural Relations, Multiculturalism

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O MULTICULTURALISMO ENTRE OS ALUNOS DE MESTRADO BRASIL – URUGUAI

INDICE

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 18

Uma questão de cultura................................................................................................................. 19

Discutindo os Dados...................................................................................................................... 22

Considerações finais...................................................................................................................... 28

Referencias.................................................................................................................................... 29

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Janaina Loureiro da Costa - Cyntia Cássia da Costa Silva Coutinho

INTRODUÇÃO

Com a globalização que conduz à crescente integração das economias e sociedades dos vários países, com as novas tecnologias da comunicação intensificadas é preciso considerar que a cultura, por mais ampla que pareça, não é uma totalidade absoluta. A proposta de elaborar este trabalho surgiu das diferenças e dificuldades encontradas inicialmente no curso de Mestrado em Educação, ofertado pela Universidade de La Empresa, entidade que oferece este curso em módulos e que é procurado por alunos de toda parte do Brasil e por que não dizer do mundo, pois no espaço-tempo da sala de aula se expressam: costumes, religiosidades, linguagens, dentre outros, diferentes, mas que convivem e se entrelaçam no cotidiano do mestrado.

A UDE tem um grande número de alunos de diversas partes do Brasil, e muitos sem o conhecimento da língua materna, o espanhol. Ao se depararem com esta realidade, sem dúvida há um período de adaptação e mudanças acabam acontecendo, como a linguagem, a adequação aos costumes do povo, até mesmo quanto aos referentes às diferenças climáticas, uns com mais intensidade do que outros.

O Brasil, por inúmeros aspectos que envolvem políticas educacionais e que não é o objetivo deste artigo, não oferece este modelo de mestrado, ou seja, modular. Requer, dessa forma, a validação dos certificados, que, atualmente passa por um longo processo e não acontece automaticamente, como firma um dos acordos pelos países integrantes do Mercosul9. Dentre os referidos acordos, merece ser destacado o “Protocolo de Integração Educacional para Prosseguimento de Estudos de Pós- graduação nas Universidades dos Países Membros do Mercosul” sobre o reconhecimento do diploma de pós graduação.

A partir e desta realidade, será feito um levantamento sobre diversos aspectos como a aceitação, as principais dificuldades, as facilidades e a troca multicultural que acontece neste período de intercâmbio entre os alunos, professores e instituição. E, com todos estes aspectos, nos questionamos se ocorre uma interação e um aprendizado significativo entre estas culturas e idiomas diferentes e quais os aspectos mais relevantes expostos pelos entrevistados que facilitem a criação do vínculo e adaptação neste processo.

Atualmente a totalidade de alunos que participou da pesquisa foi de 137 alunos e 37 professores, em que foram questionados aspectos importantes para que pudéssemos mapear a realidade do aprendizado, levando em consideração todo o contexto dos atores envolvidos.

9 Que na Ata da VII Reunião de Ministros da Educação, realizada em Ouro Preto, no dia nove de dezembro de 1994, figurou a recomendação no sentido de que se assinasse Protocolo sobre reconhecimento de títulos universitários de graduação para fins de realização de estudos de pós-graduação. Artigo primeiro – Os estados Partes, por meio de seus organismos competentes, reconhecerão, para fins de realização de estudos de pós-graduação acadêmica, os títulos universitários expedidos pelas Instituição de Ensino Superior.

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O MULTICULTURALISMO ENTRE OS ALUNOS DE MESTRADO BRASIL – URUGUAI

UMA QUESTÃO DE CULTURA

O Brasil é um país geograficamente grande e com muitas diferenças culturais. Em relação à língua materna, o Português, passa por uma variação linguística de acordo com cada região do país, mas a língua oficial é a mesma, não trazendo dificuldades de compreensão quando transladamos de uma Estado para outro. Assim sendo, convivemos diretamente com a diversidade, pois não cabe pensar ao alunado e ao professorado em agir e raciocinar de maneira etnocêntrica, a sala de aula, a escola como um todo, é um espaço de entrelaçamentos culturais. Sem dúvida, é no ambiente escolar que a questão cultural é bem definida, é dentro deste espaço que se faz o cruzamento de culturas e se constrói novos conceitos por meio da troca de experiências.

“O responsável definitivo da natureza, do sentido e da consistência do que os alunos e as alunas aprendem em sua vida escolar é este vivo, fluido e complexo cruzamento de culturas que se produz na escola, entre as propostas da cultura crítica, alojada nas disciplinas científicas, artísticas e filosóficas, as determinações a cultura acadêmica, refletidas nas definições que constituem o currículo; os influxos da cultura social constituída pelos valores hegemônicos do cenário social; as pressões do cotidiano da cultura institucional presente nos papéis, nas normas, nas rotinas e nos ritos próprios da escola como instituição específica; e as características da cultura experiencial adquirida individualmente pelo aluno através da experiência nos intercâmbios espontâneos com seu meio ( Perez Gómez, 2001:17) .”

Vale ressaltar, que cultura é um fenômeno unicamente humano, a cultura refere-se à capacidade que os seres humanos têm de dar significados às suas ações e ao mundo à sua volta. Assim, a cultura é compartilhada por indivíduos de um determinado grupo social em consonância com o período e lugar no qual se encontram (Araújo, 2009).

Para compreendermos um pouco melhor este tema é preciso conhecer alguns conceitos sobre este processo de trocas culturais e educacionais. Os conceitos de pluralidade cultural, interculturalidade e multiculturalidade, passam a fazer do cotidiano educacional no Ensino Fundamental, a partir do advento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, por meio dos temas transversais (BRASIL,1997), e a relevância social e educacional, com o desenvolvimento do Referencial Curricular Nacional (Grade Nacional Comum) em diferentes processos educativos e sociais, assim como a obrigação em escolas públicas ou particulares em ofertar o estudo de uma segunda língua, ficando a seu critério a escolha do Inglês ou do Espanhol.

Com tais inclusões e a renovação dos paradigmas científicos e metodológicos, ocorre uma maior oportunidade das perspectivas epistemológicas indispensáveis ampliarem ainda mais as relações interculturais.

Sobre o tema multiculturalismo podemos abordar diferentes questões quando o assunto é América

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Latina, o Brasil é um país multicultural e tem um histórico cultural advindo das raízes indígenas e afrodescendentes que influenciam nas relações interpessoais por meio da globalização e o uso da tecnologia. O multiculturalismo depende basicamente do contexto histórico, político e sociocultural, entende-se ainda que o multiculturalismo deve ter reconhecimento público como afirma, Pablo O’farrell (2003):

“... el multiculturalismo, sin embargo, mantiene que ese ámbito es insuficiente, pues las diferencias culturales, en cuanto tales, tienen que tener asimismo acogida y reconocimiento en el ámbito público. Aunque no resulte fácil dar una definición, de los distintos usos que se da al término multiculturalismo, podemos distinguir en él un doble aspecto: por un lado, el multiculturalismo es la reflexión teórica sobre el modo de integración a realizar en aquellas sociedades que reciben un considerable número de personas inmigrantes con una cultura distinta a la estabelecida en la sociedade receptora y, por otro, multiculturalismo denomina también la realización práctica de modelos alternativos de integración, que la reflexión teórica ...”

Seguindo esta ideia, a abordagem que faremos em relação aos atores envolvidos em nossa pesquisa dar-se-á a primeira definição sobre multiculturalidade, nos aspectos referentes a integração e recepção de alunos imigrantes advindos do Brasil para estudarem em Montevidéu, já que a questão multicultural da América Latina apresenta uma configuração própria, como afirma Vera Candau (2003) “Neste sentido, o debate multicultural na América Latina nos coloca diante da nossa própria formação histórica, da pergunta sobre como nos construímos socioculturalmente, o que negamos e silenciamos, o que afirmamos, valorizamos e integramos na cultura hegemônica.” , ao mesmo tempo que foi construída.

Para Moreira, 2001, o termo “multicultural” tem sido utilizado como categoria descritiva, analítica, sociológica ou histórica, para indicar uma realidade de convivência entre diferentes grupos culturais num mesmo contexto social. Também tem se referido a diferentes perspectivas de respostas a esta realidade social multicultural, pois a sala de aula denota-se como meio de troca entre culturas e opiniões de visão de homem e de mundo.

O termo “intercultural” para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura- UNESCO significa que “todos os povos e todos os grupos humanos, qualquer que seja a sua composição ou a sua origem étnica, contribuem conforme sua própria índole para o progresso das civilizações e das culturas, que, na sua pluralidade e em virtude de sua interpretação, constituem o patrimônio comum da humanidade.”(FLEURT, 2000) enfatiza que “o processo de descolonização e outras transformações históricas conduziram a maioria dos povos precedentemente dominados a recuperar sua soberania, de modo a fazer com que a comunidade internacional seja um conjunto universal e ao mesmo tempo diversificado”; Intercultural, para CADAU (2003), tem sido utilizado para indicar realidades e perspectivas incongruentes entre si: há quem o reduz ao significado de relação entre grupos “folclóricos”; há quem amplia o conceito de interculturalidade de modo a compreender o “diferente” que caracteriza a singularidade e a irrepetibilidade de cada sujeito humano; há ainda

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quem considera interculturalidade como sinônimo de “mestiçagem”.

Também o adjetivo “transcultural” é utilizado segundo diferentes sentidos. É entendido às vezes como elemento transversal já presente em diferentes culturas (universais culturais inscritos na estrutura humana), ou então como produto original da hibridização de elementos culturalmente diferentes.

Para além da polissemia terminológica e da evidente diversidade de perspectivas que se expressam nas teorias e propostas relativas ao multiculturalismo, interculturalismo, transculturalismo, constituise um campo de debate que se torna paradigmático justamente por sua complexidade: a sua riqueza consiste justamente na multiplicidade de perspectivas que interagem e que não podem ser reduzidas por um único código e um único esquema a ser proposto como modelo transferível universalmente.

Entretanto, o eixo conceitual em torno do qual se situam as questões e as reflexões emergentes nesse campo, e que caracteriza os mais espinhosos problemas do nosso tempo, é o da possibilidade de respeitar as diferenças e de integrá-las em uma unidade que não as anule. Isso vale, de fato, tanto para o discurso das diferenças étnicas e culturais, de gênero e de gerações, a ser acolhidas na escola e na sociedade, quanto para a distinção entre os povos, a ser considerada no equilíbrio internacional e planetário.

Vale também para a diversidade das propostas metodológicas, assim como para a possibilidade da articulação em rede das informações e dos novos saberes nas formas do pensamento complexo (TERRANOVA,1997, p. 13).

O que foi possível observação as diferentes formas de linguagem que facilitam a adaptação, mesmo com a dificuldade do idioma por não ser nossa língua materna, é possível produzir, criar, reproduzir transformar e consumir, para, utilizarmos de outros meios para que possamos nos comunicar uns com os outros.

Abordamos este aspecto, pois durante a pesquisa de amostragem para este artigo, percebemos que a maior dificuldade encontrada foi relacionada inicialmente ao idioma, e que no decorrer do processo detectamos uma evolução satisfatória no processo de adaptação, o que aponta que o ser humano indiferente da situação é um ser adaptável a diversidade de situações e que estrutura mecanismos que diminuam as dificuldades, fazendo com que culturas conversem entre si.

Para Santaella (2005), “Cumpre notar que a ilusória exclusividade da língua, como forma de linguagem e meio de comunicação privilegiados, é muito intensamente devida a um condicionamento histórico que nos levou à crença de que as únicas formas de conhecimento de saber e de interpretação do mundo são aquelas veiculadas pela língua, na sua manifestação como linguagem verbal, oral ou escrita.”

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As diferentes maneiras culturais de aprendizado, costumes, relações interpessoais, foram aspectos importantes, que a convivência com diversas pessoas nos fez refletir na importância das relações que fazem amadurecer e tornar estas dificuldades uma fonte a mais no aprendizado. Visto que, mesmo com a dificuldade da compreensão do idioma, foi possível construir o conhecimento, aspecto este registrados na coleta de dados que será mostrada posteriromente.

DISCUTINDO OS DADOS

A UDE oferece o curso de Pós-graduação, Mestrado e Doutorado em Educação, totalmente presencial, dividido em quatro fases. Os horários das aulas são de 8h à 12h e 14h às 18h, nos meses de janeiro e julho, ou seja, dois anos, mais a defesa da tese. O corpo docente é composto por professores uruguaios e estrangeiros. Vale ressaltar que as aulas são ministradas em espanhol, embora alguns professores as ministrem em português. O corpo discente do Mestrado em Educação é praticamente de brasileiros.

A partir deste perfil, realizamos uma pesquisa com os alunos cursistas do Mestrado em Educação na instituição Universidade de La Empresa situada em Montevidéu – Uruguai, onde a língua materna é o espanhol. Foram preenchidos, no total, 101 formulários dos 147 alunos, devidamente matriculados.

Gráfico 1 – Sexo

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Dos alunos entrevistados 70,71% são do sexo feminino e 29,29% do sexo masculino, o que mostra que cada vez mais as mulheres estão conquistando seu espaço em diversos setores, inclusive na busca de novos conhecimentos.

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Gráfico 2- Idade

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

No Gráfico 2, é possivel verificar que os alunos são na sua grande maioria, ainda jovens, com18,19% na faixa etária de 20 a 29 anos e 35,38% entre 30 a 39 anos. Podemos afirmar que as possibilidades de acesso, de recursos financeiros e a melhor qualificação profissional requerida pelo mercado, dentre outros, estão, motivando, cada vez mais, os brasileiros a buscarem seu aperfeiçoamento e cada vez mais os jovens estão investindo nesta nova modalidade de ensino.

Gráfico 3- Nacionalidade

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Neste gráfico, os dados mostram que 96,97% dos alunos são brasileiros, 2,2% uruguaios e 1,1% angolanos, levados a escolher um curso modular, em que viajam a cada 6 meses para cursar seus módulos, em virtude de diversos fatores, inclusive, a falta de oportunidades ofertadas no seu país de origem.

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Gráfico 4- Estados de Origem

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

No gráfico 4, podemos verificar que dos 13 Estados brasileiros representados, a maioria dos alunos são provenientes do Paraná, 22,25%, dentre outras razões, pela proximidade do país e a facilidade de locomoção, seguido do Rio de Janeiro, 17,19% e de Pernambuco,14,16%.

O grande número de Estados ampliou a diversidade cultural, possibilitando maior conhecimento e, também, a convivência com as diversas culturas brasileiras, o que poderia ser mais um aspecto de dificuldade com hábitos e costumes.

Gráfico 5 – Fluência do Idioma

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

No gráfico 5, consta-se que, do total de alunos, 77,79% não possuem fluência com o idioma espanhol, o que em muitos momentos poderíamos até considerar como uma barreira para a qualidade do aprendizado. A fala é um mecanismo de troca, de comunicação entre pessoas e com esta dificuldade seria necessário criar algumas estratégias para diminuí-la.

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Gráfico 6- Impressão do primeiro encontro

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Na pergunta 6, questionamos sobre a primeira impressão do curso: o aluno se deparar com o idioma diferente do seu, onde a maioria dos professores falam, apenas, o espanhol no momento das suas explicações em classe. Na opinião da maioria dos alunos, 31,33%, o primeiro contato foi considerado como “muito difícil”, o momento de compreender e expressar o que estava sendo abordado em classe. No entanto, é considerável também que um número expressivo de alunos, 29,31%, não apresentou dificuldades neste primeiro momento, o que foi possivel observar é um espirito de ajuda coletiva, onde houve um suporte maior aos alunos com dificuldades.

Gráfico 7- Impressão no segundo encontro

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Os dados revelam neste gráfico que as dificuldades foram diminuindo para a maioria dos alunos, 57,53%, mostrando que houve superação em relação aos problemas de compreensao entre a escrita e a fala e que para 35,33%, o segundo encontro foi desenvolvido “sem dificuldade” o que demonstra, também, superação dos aspectos negativos iniciais.

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Gráfico 8- Maior dificuldade com o idioma

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

O Gráfico 8, mostra que nos recursos de comunicação o ato de escrever é considerado o mais dificil por 41,44% dos entrevistados, mas como no curso não há obrigatoriedade de elaborar trabalhos escritos utilizando o espanhol, espera-se que haja aprimoramento da língua nesse sentido. Já a resposta de que a “dificuldade em ouvir” foi dada por 31,33% dos alunos, é significativa e preocupante no processo de aprendizagem pela interação entre docentes e discentes, sendo o principal meio de comunicação entre eles.

Gráfico 9- Maior facilidade com o idioma

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Os dados mostram neste gráfico que a maior facilidade apontada pelos discentes foi quanto a leitura com 70,62% das opiniões, o que mostra que as dificuldades apresentadas são parcialmente vencidas com a leitura de materias de apoio, para a transformação da informação adquirida em conhecimento.

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Gráfico 10- Pontos interculturais mais importantes

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

A troca cultural entre colegas e professores foi o aspecto considerado o mais relevante pela maioria dos entrevistados. É importante ressaltar que estas questões foram abertas, isto é, os alunos tiveram a liberdade de expressar suas opiniões, sendo para a grande maioria a troca cultural entre professores e alunos a mais importante, não apenas no âmbito educacional, mas também com conhecimentos regionais, hábitos culturais, pois como mostramos no gráfico 4 há uma grande diversidade cultural entre os próprios estados brasileiros. Um aspecto que ressaltamos nestes dados coletados é a busca do aprendizado do idioma, conhecimentos de novos autores e principalmente a adaptacao aos costumes uruguaios, pois na maioria das vezes comportamentos habituais brasileiros divergem da cultura uruguaia e, principalmente, a culinária.

Gráfico11- Opção por fazer um curso

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

O gráfico 11 apresenta dados sobre o que havia motivado o aluno a fazer o curso, sendo a motivação mais relevante a questao de ser uma modalidade semipresencial, acreditamos por ser uma forma que não é oferecida no nosso país. Na sequência apresentam-secomo motivadores o aspecto financeiro, a linha de pesquisa, buscando-se a uniao entre teoria e prática, educacao e tecnologia, a interculturalidade e a oportunidade de estudo.

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Gráfico 12-Sente discriminado por fazer mestrado no Uruguai

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

As respostas à questão referente ao sentimento de discriminação por fazer mestrado no Uruguai demonstram que 76,75% dos alunos não sentem nenhuma forma de disciminacao, mas para 25,25% isto ocorre, embora não tenha sido justificada de que maneira isso acontece.

Gráfico 13- Sente discriminado em sala de aula pelo idioma

Fonte: Pesquisa de Campo,jan/2013.

Nesta última questão, apresentada no momento das aulas, apenas, 1% dos alunos afirmou que se sentia discriminado em sala de aula pela dificuldade do idioma, porém não houve justificativa para esta opção. A quase totalidade, 99%, respondeu que não se sentia discriminada durante as aulas, aspecto bastante favorável ao processo de ensino- aprendizagem de professores e alunos.

Verificando que mesmo com a diferença do idioma, em nosso país não há sinais de desmerecimento pelo aprendizado oferecido pelo curso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho começou por meio de entrevistas feitas com estudantes e professores da UDE e pudemos constatar a diversidade cultural e objetivos comuns de professores e alunos. Por meio do estudo mais aprofundado sobre multiculturalismo, foi possível reconhecer a existência de indivíduos e grupos distintos entre si, mas que não se excluem ou se anulam quando se trata de direitos e deveres, principalmente, sobre a igualdade e a afirmação de suas identidades.

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O mundo contemporâneo mostra a conplexidade das relaçoes sociais e interculturais que exige dos estudantes novas maneiras de construir o conhecimento nas práticas da pesquisa e da educação, e que cada uma socializa condições equivalentes a uma cultura universal, percebemos muitos aspectos semelhantes, vivenciamos também o multiculturalismo em que cada grupo apresentou identidades e culturas próprias, que não chegou a tinterferir na convivência e sim promoveu uma socialização cultural.

O primeiro contato com a diferente realidade acontece no primeiro momento em que chegamos ao curso onde é preciso acontecer uma adaptação no compreender, assimilar e processar a informação recebida em outro idioma, muitas vezes sendo o primeiro contato com uma língua materna diferente do Português, acreditamos que a familiaridade de estrutura diminua as dificuldades.

A necessidade de realizar um curso de pós-graduação e as dificuldade em encontrar uma modalidade de ensino e uma linha de pesquisa sejam as principais causas da procura do curso, situaçoes que em nosso país de origem ainda possuimos uma carência neste tipo de estudo, infelizmente ainda é uma realidade em nosso país, que o estudante ou tem que ter dedicação esclusiva para o estudo de mestrado e recebe em algumas vezes uma bolsa de estudos para fazê-lo.

Percebemos também que cada vez mais os jovens estão investindo nesta modalidade de ensino seja pela facilidade anteriormente relatada, ou pele busca de novas experiências conhecendo uma nova cultura, se aprimorando em novos idiomas e socializando formas de aprender e inclusive didaticas novas de aprendizado. Esta oportunidade nos remete a diferentes locais, como estas realizades podem influenciar no aprendizado significativo e gerar mudanças na pratica profissional quando retornamos aos nosso locais de origem.

REFERÊNCIAS

BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 1998BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. Brasília: MEC/SEF,1997.FLEURI, R. M. (org). Educação intercultural: mediações necessárias. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. 18 Maio/Jun/Jul/Ago 2003 Nº 23. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a02ARAÚJO, L., BARRETO, A., PEREIRA, M. E. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro texto. Rio de janeiro: CEPESC,2009. Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000015510.pdf. Acessado em 10/03/2013.

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Janaina Loureiro da Costa - Cyntia Cássia da Costa Silva Coutinho

CANDAU, V. M., MOREIRA A. F. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. São Paulo, Ed: Vozes. 2ª edição. 2003.

FLEURT, R. M. Desafios à Educação Intercultural no Brasil. III Seminário Pesquisa em Educação Região Sul. Porto Alegre, 2000. Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em http://www.fpce.up.pt/ciie/revistaesc/ESC16/16-2.pdf. Acessado em 21/04/2013.

GONÇALVES, L. A. O., SILVA, P. B. G.. O jogo das diferenças: multiculturalismo e seus contextos. Belo Horizonte: Autêntica,1998.

LÉVI-STRUSS, C. et al., Raça e História. In: Raça e ciência. São Paulo: Perspectiva, 1970.

O’FARRELL, P. B. Pluralismo, Tolerancia e Multiculturalismo: Reflexiones para un mundo plural. Universidade Internacional de Analucia. Ediciones Alal, 2003

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UNESCO. Declaração sobre a raça e os preconceitos raciais. Paris: UNESCO, 1978.YUS R. Temas transversais: a escola da ultramodernidade. Pátio, Revista Pedagógica, ano 2, nº 5, maio/ jul.,1998 ( p. 8-11).

Tratado, Protocolos y Acuerdos depositados en Paraguay – www.mercosur.int acessado em 01/04/2013.

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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL – VITÓRIA/ES – BRASIL

Cemires Paulo Barros

Professora Universitária na Faculdade de Belém FABEL, nos cursos de Gestão em Marketing e Bacharelado em Administração do Centro Universitário CESMAC. Estudante de la Maestria em Educação pela UDE. Especialista em Administração de Marketing pela ESABem Tecnologia da Informação. Graduada em Administração de Empresas, Ênfase em Marketing, pela Universidade da Amazônia UNAMA.

Ruth Léa da Silva Nunes

Graduada em Administração de Empresas com Ênfase em Comércio Exterior e Especialista em Finanças, Controladoria e Mercado Financeiro, pela Faculdade Estácio de Sá - Vitória/ES. Estudante de la Maestria em Educação pela UDE. Professora Universitária na IESFAVI - Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de Vitória, nos cursos Superior de Administração de Empresas e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos.

Tacyana Cinthya Matos Batista

Professora Universitária do Centro Universitário CESMAC. Estudante de la Maestria em Educação pela UDE. Especialista em Tecnologia da Informação e graduada e Análise de Sistemas pelo Centro Universitário CESMAC.

Las opiniones y expresiones vertidas en este trabajo son de exclusiva responsabilidad del autor y no comprometen a la Facultad de Ciencias de la Educación ni a la Universidad de la Empresa.

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Cemires Paulo Barros - Ruth Léa da Silva Nunes - Tacyana Cinthya Matos Batista

RESUMO

O artigo busca investigar a importância da música na educação como facilitadora de integração nas disciplinas chamadas primárias, no processo de aprendizagem e estímulo ao conhecimento cognitivo e na integração social, assunto cuja relevância é ressaltada pela promulgação da Lei 11.769/08, que tornou obrigatório o ensino musical em todos os níveis da educação básica. É abordado como uma Escola Pública no município de Vitória/ES – Brasil integra a educação musical em seu currículo escolar e qual contribuição o aprendizado da música vem provocando nos alunos. O desenvolvimento do estudo teve por base as seguintes perguntas de investigação: 1) De que forma a música influencia na educação do estudante? 2) Como a música aprimora o lado cognitivo? 3) De que maneira o estudo da música faz a integração sociocultural? 4) Qual a compreensão que os professores tem sobre o papel da música nos processos educativos? 5) O que esperam as crianças com o aprendizado da música? A metodologia utilizada envolveu pesquisa bibliográfica, visando à fundamentação teórica do estudo, complementada por um estudo de caso desenvolvido por meio de entrevista com um professor atuante na área. Observou-se que ainda persiste uma deficiência na quantidade de profissionais plenamente qualificados para o ensino da música, que a educação musical, muito embora obrigatória por lei, é oferecida de forma optativa. Observou-se ainda uma repercussão positiva do ensino da música nos alunos e comunidade, com maior dedicação e aproveitamento em disciplinas correlatas, com muitos alunos participantes vislumbrando a música como uma possível alternativa de carreira futura.

Palavras chaves: Educação Musical, Educação, Escola, Música.

ABSTRACT

The present paper investigates the importance of music education in helping the integration of so called primary disciplines, and in the process of learning and stimulating cognitive knowledge and social integration, a subject which importance is underscored by the enactment of Law 11.769/08, decreeing musical education as mandatory at all levels of basic education in Brazil. It is studied how a government sponsored school in Vitória / ES - Brazil integrates musical education in its curriculum and what contribution is provided to students through musical learning. The study was developed based on the following research questions: 1) How does music influence in the student’s education? 2) How music enhances the cognitive side? 3) How the study of music promotes socio-cultural integration? 4) What is the understanding that teachers have about the role of music in educational processes? 5) What are the child’s expectations in learning music? The methodology involved literature research, for theoretical support, complemented by a case study developed through an interview with a teacher active in the area. We observed that a deficiency still exists regarding the number of fully qualified professionals for the teaching of music, and that music education, although mandated by law, is only offered optionally. We also observed a positive impact of music education

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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL – VITÓRIA/ES – BRASIL

on students and the community, with greater student dedication and academic performance in related disciplines, with many of the participating students envisioning music as a possible alternative for a future career.

Key words: Musical Education, Education, School, Music.

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... .. 34

MARCO TEÓRICO ....................................................................................................................... 35

Educação musical na escola ........................................................................................................ 35

Desenvolvimento cognitivo e música ........................................................................................... 37

O Educador e o ensino da música ............................................................................................... 39

A Música e a integração sócio cultural ......................................................................................... 40

METODOLOGIA E ANÁLISE DA COLETA DOS DADOS ............................................................ 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 43

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 44

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Cemires Paulo Barros - Ruth Léa da Silva Nunes - Tacyana Cinthya Matos Batista

INTRODUÇÃO

A Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008 (Brasil, 2008), que alterou o artigo 26º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996), tornando obrigatório o ensino de música em todos os níveis da educação básica, instigou Estados e Municípios brasileiros a desencadear uma série de ações na área de educação musical, em atendimento à necessidade de incorporar a música como componente de seus currículos escolares.

O presente artigo, dada tal obrigatoriedade, busca investigar a importância da música na educação, especialmente quanto ao seu papel como facilitadora de integração nas disciplinas chamadas primárias, no processo de aprendizagem e estímulo ao conhecimento cognitivo e na integração social.

Com a evolução da sociedade, aliada à massificação da tecnologia da informação e comunicação, os alunos passaram a ter uma interação mais intensa com o universo virtual. Como todo objeto de facilitação da vida, a tecnologia também se transformou numa forma de dispersão de atenção, com muitos alunos se aproveitando da tecnologia quando as aulas não se tornam suficientemente atrativas.

Uma das dificuldades encontradas é fazer com que os alunos participem do processo ensino-aprendizagem de forma prazerosa. O desinteresse e a dispersão caracterizam um problema potencialmente limitante para o docente na prática da construção do conhecimento (Gainza, 1988).

A ausência de algo que prenda a atenção nas aulas gera um aspecto relevante do problema, tem levado os docentes a buscar soluções eficazes por meio de processos alternativos à realidade escolar atual. Algumas escolas integraram em seu currículo escolar a disciplina de música, tendo por finalidade desenvolver o aspecto cognitivo e socialização dos alunos, facilitando o processo ensino-aprendizagem.

O estudo propõe-se ainda a investigar a importância da música como processo didático-pedagógico, levando em consideração que seu ensino deve ser algo prazeroso, tendo em vista a dificuldade em fazer com que crianças desenvolvam seu lado cognitivo.

O ensino da música pode ajudar grandemente a criança, auxiliando-a a coordenar ritmos corporais cotidianos, como andar e saltitar, ao sincronizá-los com ritmos observáveis na natureza, como o das ondas do mar e do galope de animais (Schaffer, 1991).

A música é importante para a construção do conhecimento em qualquer momento da vida, desde a fase infantil até a fase adulta. Por meio dela os seres humanos podem analisar os conflitos e até mesmo compará-los, adaptar-se ao ambiente em que vivem, desenvolvendo-se de forma criativa e

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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL – VITÓRIA/ES – BRASIL

aprimorando a sensibilidade auditiva (Blagolini, 2010).

Um trabalho pedagógico inserindo a musica pode ser visto como um processo de construção contínua, envolvendo perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir, contribuindo para o desenvolvimento da criança, tanto no aspecto cognitivo, quanto na construção e desenvolvimento de sua percepção de forma crítica e criativa (Brito, 2003).

O ensino da música também serve de aliado ao docente, que pode observar se o aluno tem algum bloqueio ou dificuldade e, a partir desta percepção, desenvolver estratégias para ajudá-lo (Gainza, 1988).

Assim, o presente trabalho propõe-se a abordar como uma Escola Pública no município de Vitória/ES – Brasil integra a educação musical em seu currículo escolar e qual contribuição o aprendizado da música vem provocando nos alunos.

O desenvolvimento do estudo teve por base as perguntas de investigação, visando responder: 1) De que forma a música influencia na educação do estudante? 2) Como a música aprimora o lado cognitivo? 3) De que maneira o estudo da música faz a integração sociocultural? 4) Qual a compreensão que os professores tem sobre o papel da música nos processos educativos? 5) O que esperam as crianças com o aprendizado da música?.

A metodologia utilizada envolve a pesquisa bibliográfica, visando à fundamentação teórica do estudo, seguida de uma pesquisa de campo composta por uma entrevista gravada com a autorização do entrevistado.

MARCO TEÓRICO

EDUCAÇÃO MUSICAL NA ESCOLA

A música faz parte do cotidiano desde os primórdios dos mais diferentes povos, tais como os gregos, egípcios e árabes. Até os dias de hoje acompanha-nos desde o nascimento até a morte, e representa um símbolo da fé cristã na forma cantada de oração. A palavra música tem origem na mitologia grega que inspirava as artes e as ciências.

Nogueira (2003, p.01) descreve que a música,[...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E, particularmente nos tempos atuais, deve ser vista como umas das mais importantes formas de comunicação [...]. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim compreendida,

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analisada e transformadas criticamente.10

A inserção da música na educação é vista desde a Grécia antiga, onde o ensino da música era obrigatório, e Pitágoras já postulava o poder de mudanças comportamentais e aceleração de procedimentos curativos, mediante a execução musical de uma correta sequência de sons em algum instrumento (Bréscia, 2003).

Para Sekeff (2007) a música é uma linguagem com experiências humanas, que transcende a experiência sensorial, assentando-se numa maior discriminação intelectual. Favorece o desenvolvimento de sentido, sendo possível desenvolver novas formas de sentir, pensar, ouvir, ver e viver.

Desta forma é possível perceber que a música contribui de forma a ampliar conhecimentos culturais, desenvolvimento cognitivo, os relacionamentos interpessoais e o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar.

Para Correia (2003), a música na escola serve como instrumento didático-pedagógico, apresentando-se na maioria das vezes de forma prazerosa, e auxiliando também na expressão e comunicação e no desenvolvimento do raciocínio lógico.

No Brasil a inserção da música na educação acontece durante os séculos XVI até metade do século XVIII, inicialmente nos colégios jesuítas, associada às atividades de catequese (Correia, 2003).

Com as reformas na legislação educacional impostas pelo Marques de Pombal, na metade do século XVIII, surgem as irmandades, com o objetivo de contribuir com a devida difusão da música, prejudicada na época pela pequena quantidade de padres-músicos existente.

Mais tarde, com o surgimento do Brasil Império, a educação musical é encontrada nas Escolas Normais, contribuindo na formação dos novos docentes. Mas é durante o Estado Novo em 1937, a chamada “Era Vargas”, que surge o movimento da Educação Musical de massa, com o ensino do Canto Orfeônico, um modelo copiado dos estados nacionais europeus, oficializado nos currículos franceses desde 1833 (Rosa, 2008).

O Canto Orfeônico era uma tentativa de mudar os padrões estéticos das classes sociais menos favorecidas, tendo à frente o maestro Heitor Villa Lobos. O maestro acreditava que a inserção da música nas escolas levaria a um desenvolvimento do comportamento cívico e da educação artística da criança (Rosa, 2008).

10 Texto extraído de �O�UEI�A, M.A. A m�sica e o desenvolvimento da criança. �evista da UF�, �ol. 5, �o. 2, dez 2003. Disponível Texto extraído de �O�UEI�A, M.A. A m�sica e o desenvolvimento da criança. �evista da UF�, �ol. 5, �o. 2, dez 2003. Disponível em: <www.proec.ufg.br>. acesso em: 18/08/2013.

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A introdução do Canto Orfeônico, atendendo a toda a população estudantil, expandiu o conceito de ensino musical, de modo a alcançar tanto as crianças quanto as grandes massas. Para além da intenção cívica e disciplinadora, explicitamente anunciada por Villa Lobos, percebe-se também um objetivo voltado à divulgação e formação de público para a música brasileira (Oliveira, 1996, p. 66).

O Canto Orfeônico esteve presente nas escolas até o final de década de 1960. Após esse período, com a saída de Villa Lobos da direção da escola, o incentivo à capacitação e formação de professores, criado na Constituição de 1937, e que difundiu o ensino da música nas escolas brasileiras, foi perdendo forças (Xavier; Ribeiro; Noronha, 1994).

Atualmente, sob os preceitos da já citada Lei Federal nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, a música é conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica, enraizada nos fundamentos de auxiliar o desenvolvimento cultural e psicomotor. Com a Lei, a educação musical passa a ser obrigatória em todas as escolas brasileiras, dentro do componente curricular da disciplina de Artes (antiga Educação Artística). Dentro da disciplina podem ser trabalhadas quatro modalidades: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), elencados a partir da Lei 9.394/1996.

Contudo, Santos (1994, p. 10), apontou a possibilidade de um esvaziamento da música como linguagem auto-expressiva, ao embuti-la nos currículos plenos das escolas como coadjuvante para expressões artísticas cênicas e plásticas, além de ressaltar que a aprovação de uma lei não é garantia de sucesso, com uma preocupação latente sobre a necessária formação de educadores voltados para o ensino da música.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E MÚSICA

A música está presente na vida dos alunos desde as séries iniciais. As brincadeiras cotidianas das crianças têm o poder de estimular a imaginação infantil em torno daquilo que representam. As crianças participantes em brincadeiras acabam por dialogar umas com as outras através de tais figuras de imaginação criadas por cada uma. Por outro lado, frequentemente o cantar é parte integrante de tais brincadeiras. Os sentimentos despertados por tais cantos, por sua vez, representam imagens mentais e metáforas sobre a realidade vivida pela criança, expressões mesmo do pensamento infantil, posteriormente organizado em expressão por meio de uma linguagem musical ou não.

É necessário que linguagem musical esteja presente desde as séries iniciais, de forma que favoreça a descoberta, a exploração e o desenvolvimento da identidade e autonomia por meio da interação e utilização de regras e papéis sociais. A música provoca nos alunos diversas condutas impulsionando-os à ação em diferentes graus e qualidades, (Gainza, 1988).

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Para obtenção de resultados no âmbito didático/pedagógico, faz-se necessário a prática habitual e constante para que seja desenvolvida a competência da inteligência, que é afetada por diversos canais seja de forma consciente ou não (Hofstadter, 1979).

A relação entre cognição e música, pode ser desenvolvida por meio da audição. Isso se torna possível devido ao código sonoro representar um espaço ativo no cérebro, que recebe as informações codificadas através dos neurônios estimulados pelos códigos musicais, ampliando sua complexidade à medida que novos conhecimentos somam-se por meio dos cinco sentidos (Straliotto, 2001).

A música pode ser caracterizada como um meio de expressão, por objetivar e dar forma a uma vivência humana, e também como um meio de comunicação, por revelar tal vivência e proporcionar compartilhá-la com outrem. É, assim, um meio adequado para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de se prestar à interação social (Vasques, 1978)11.

A musicalização implica no desenvolvimento da percepção necessária para que o indivíduo seja sensibilizado e empreste significado ao conteúdo musical que receba. No contexto educativo, musicalizar significaria construir competências que permitam ao aluno, enquanto indivíduo, desenvolver seu gosto musical e melhorar seu entendimento sobre o significado de músicas (Penna, 1991).

A música reforça o desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, além de desenvolver atividades potenciais possivelmente despercebidas. Ainda mais, a música possui imenso potencial educativo, por estar vinculada a conhecimentos científicos ligados à física dos sons e à matemática e muitas vezes demandar habilidade motora e destreza, atendendo assim o desejo de desenvolvimento integral do ser humano (Saviani, 2003).

A música, em seu papel como mediadora para o desenvolvimento da criatividade, exige que o educador tenha consciência da importância de buscar melhores práticas pedagógicas, capazes de estimular o pretendido desenvolvimento cognitivo.

Várias pesquisas indicam que a música não apenas pode ser considerada como poderosa aliada no processo de aprendizagem, mas também traz benefícios para a saúde, tanto física quanto mental. Barreto e Silva (2004) menciona que a música auxilia e desenvolve a criatividade, melhora a concentração, ajuda na socialização, promove vínculos, contribui para a higiene mental e reduz a ansiedade.

11 Extraído apud PE��A, Maura. �eavaliações e buscas em musicalização. �ão Paulo: �oyola, 1991. Extraído apud PE��A, Maura. �eavaliações e buscas em musicalização. �ão Paulo: �oyola, 1991.

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O EDUCADOR E O ENSINO DA MÚSICA

Nos dias atuais um dos grandes desafios no ensino musical é encontrar professores de música qualificados para atuarem nas escolas. A ausência da música nas escolas por longo tempo teve como efeito a falta de credibilidade nos efeitos da sua prática, tanto por parte da comunidade escolar como dos envolvidos indiretamente, como os pais de alunos, sendo vista mais como atividade de lazer e não como fonte contribuinte ao conhecimento (Fonterrada, 2005 p. 252).

Embora possa ser trabalhada na disciplina de Artes, dada a complexidade inerente ao ensino de música como uma disciplina escolar, ao abranger tanto teoria quanto prática de execução, tal atividade deve ser reservada a pessoas amplamente qualificadas para tal, sendo que ainda faltam profissionais em número suficiente para atuar em todo o território brasileiro (Shafer, 1991, p. 303).

A falta de vivência e especialização musical entre os docentes de Artes faz com que necessitem de capacitação e desenvolvimento adicional, que possibilite a aquisição de conhecimentos nas áreas da música e torne efetivo um processo continuo de aprendizagem que propicie o desenvolvimento da construção do saber e do questionamento crítico no aluno.

Rosa (2008) afirma que a educação é um processo em constante mudança, sendo responsabilidade dos educadores desenvolverem atividades que contribuam para o desenvolvimento da inteligência e pensamento crítico. As práticas musicais são representada como fonte de transformação da aprendizagem e muitas vezes de transformação do cotidiano de sala de aula. Um número elevado de docentes formados em Artes está presente para atuar nas escolas de ensino regulares, mas a formação de docentes habilitados em música ainda é restrita. Por isso cabe a cada escola escolher qual a melhor forma de trabalhar a questão da música em sala de aula e alinhá-la com o projeto pedagógico.

O ideal para a Educação Musical seria a união entre escola, professor e música ou arte, em uma relação prática e enraizada que considerasse a realidade de cada escola, a cultura musical do aluno e o meio cultural. E é o educador musical, que tem essa função de promover a integração de trocas de diversidades musicais e culturais, e encontrar pontos comuns para ampliar e aprofundar a relação do aluno com a música (Lobato, 2007).

As formas de ensinar a música podem variar de município para município, entretanto, alguns quesitos são importantes, tais como: leitura musical, prática instrumental, apreciação musical, didática e prática de ensino.

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A MÚSICA E A INTEGRAÇÃO SÓCIO CULTURAL

Existem vários tipos e ritmos de músicas que a escola pode desenvolver, uma vez que a música brasileira sofreu influência de vários outros países e desenvolveu também a sua própria música partindo de sua própria cultura.

Peixoto (2001), aponta uma tendência à prática do ensino musical ser desenvolvida de forma a suavizar e tornar mais atraente o ensino de outras disciplinas, mais áridas em conteúdo, como matemática e história. A mesma autora, contudo, observa que a chamada globalização, em seu inexorável rompimento de tradições e fronteiras, impõe um papel adicional indispensável no ensino da música: apontar caminhos que preservem o conhecimento coletivo e individual sobre a informação musical intrínseca a identidades culturais nacionais.

A função da música, nas instituições formadoras de professores, passaria então a adquirir um aspecto disciplinar, com as canções apontando modelos a serem imitados e preservados, objetivando fundamentalmente a integração de jovens à sociedade (Peixoto, 2001).

Por algum tempo, houve a necessidade de formar cidadãos exatamente iguais, tal qual, sob medida. Isto é, a sociedade exigia alunos com mesmo formato e mesmo nível de aprendizagem. Entretanto percebeu-se que cada aluno era único, cada um com suas habilidades e deficiências, deficiências essas que acabaram por excluir alguns pequenos que não conseguiam acompanhar o ritmo de aprendizado desejado.

As consequências derivadas dessa exclusão são avassaladoras, pois o aluno que se sente excluído pode fatalmente perder o interesse educacional, com reflexos em sua autoestima, tornar-se agressivo com familiares e amigos e até mesmo chegar a sucumbir ao uso de substâncias entorpecentes (Amato, 2006).

É necessário valorizar o aluno, fazê-lo sentir-se importante, diminuindo essas diferenças. Assim, para diminuir essa lacuna existente entre os alunos, a música vem sobrepor-se como feixe de união, pois independente do ritmo musical, a música tem o dom de relaxar, fazer-nos refletir e liberar as emoções, não obstante sua possível profissionalização.

A música é um instrumento educacional como qualquer outro, promovendo interação e integração social e sendo capaz de construir o senso de cidadania. Como ferramenta de integração sociocultural, não é exclusiva de escolas, uma vez que projetos sociais a usam como recurso para capturar a atenção de crianças que se encontram em zonas de periferia.

Amato (2006) observou que através do estudo da música houve uma quebra de barreiras sociais, criando a interação de diferentes pessoas, categorias profissionais sendo possivel a realização de

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um mesmo trabalho.

Gainza (1988) complementa que é através da música, que pode ser visto com clareza o trabalho.

O homem tem necessidade de ser aceito e pertencer a organizações ou grupos, aos quais possa contribuir com seus talentos e habilidades. A música permite que um indivíduo demonstre tais talentos e expresse suas vocações artísticas. E a educação musical, nesse contexto, atua como fator gerador de transformação do aluno, levando-o, por meio de sua relação com a música, a uma melhor compreensão da diversidade cultural em que está inserido e uma maior sintonia sobre qual é sua relação e responsabilidade com a escola e a sociedade.

METODOLOGIA E ANÁLISE DA COLETA DOS DADOS

São inúmeras as formas de realizar um trabalho de pesquisa. No contexto deste estudo foram utilizadas técnicas há muito difundido e seguidas por várias áreas do universo acadêmico.

A base teórica foi estabelecida através da realização de pesquisas, cujo conceito pode ser entendido como encontrar dentro de uma imensidão de informações das mais variadas áreas, aquelas que associadas aos conhecimentos inerentes do pesquisador, podem resolver ou propor soluções ao problema, objeto principal do estudo.

Dentre as inúmeras modalidades existentes, a pesquisa bibliográfica foi a que melhor serviu aos propósitos do presente estudo. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em livros e artigos científicos já elaborados, sendo exigida como parte de quase todos os estudos encetados na área acadêmica, existindo pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (Gil, 2002, p. 41).

O presente trabalho conta também com um estudo de caso, que é considerado um método de pesquisa exploratória que propicia uma maior profundidade no conhecimento de um ou poucos objetivos, viabilizando uma maior compreensão e uma noção minuciosa acerca do assunto averiguado. Pode ainda ser enquadrado como pesquisa aplicada, pois tem o objetivo de promover conhecimento para aplicações práticas, dirigidas à solução de um problema especifico (Gil, 2002).

Para a coleta de dados foi feita uma entrevista gravada, autorizada pelo entrevistado, com o professor Carlos Cesar Miranda Martins, atuante na educação há mais de 20 anos. O professor Carlos trabalha em duas escolas municipais de ensino fundamental (EMEF Suzette Cuendet e EMEF Heloisa Abreu Júdice De Mattos). É formado em Educação Física e, embora não formado em música, trabalha com Bandas Maciais há 13 anos.

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Conforme já relatado anteriormente, após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional tornar obrigatório o ensino da música na educação básica (Brasil, 2008), os Estados brasileiros não tinham outro caminho a não ser a implantação da música em seu currículo escolar.

Em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, não foi diferente, aproveitando-se, porém, proposta antecedente, por meio de documento que visava a elaboração e implantação de um Projeto de Educação Musical que foi chamado de “Vitória Musical”, desenvolvido nos anos de 2005 e 2006 por uma Equipe de Educação Musical (Vitória, 2006).

Durante tal processo, fez-se necessário delimitar os quais seriam os princípios norteadores da proposta, sendo eleitas como atividades principais, em conformidade com preceitos da literatura a respeito, a execução/performance, composição e apreciação musical, com literatura e técnica musical sendo consideradas atividades secundárias (Freire, 2001; Penna, 1991).

Assim, baseado nos princípios supracitados, foram desenvolvidos eixos de atuação, compreendendo a formação complementar e continuada para educadores sem formação inicial ou específica em música, coordenação e desenvolvimento de projetos de educação musical aproveitando professores habilitados com Licenciatura em Música na educação básica, implementação curricular do ensino de música nas escolas municipais e implantação de curso de formação oferecido a todos os profissionais das unidades de ensino, fora do horário de trabalho (Vitória, 2006).

Segundo dados disponíveis no site da prefeitura Municipal do estado referido para o ano de 2012, a rede municipal de ensino de Vitória contava com 4.390 professores, dos quais aproximadamente 2.200 educadores já passaram por alguma formação em música.

As ações formativas pedagógicas e educação musical têm como objetivo proporcionar condições para ampliação e aprofundamento do trabalho pedagógico, bem como o desenvolvimento cultural global do indivíduo.

Nas duas escolas analisadas a música é trabalhada em forma de Bandas Marciais, consideradas como um grupo de músicos que na maioria das vezes apresenta-se ao ar livre, utilizando duas classes de instrumentos musicais: os metais e a percussão. Geralmente possuem um ritmo forte, adequado à marcha, e incorporam movimentos corporais em sua apresentação (Brum, 1994).

A prática da música nas duas escolas citadas é trabalhada como atividade extracurricular, mas os alunos não são obrigados escolher a música, pois as escolas oferecem outras atividades optativas.

Uma vez optando pela música o aluno se compromete a frequentar as aulas de música teórica e prática. A atividade acontece em horário extraclasse.

Nas duas escolas, um total de 110 alunos é atendido com a educação musical, sendo todos os

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instrumentos oferecidos gratuitamente pelo município.

O processo de inserção musical dos alunos é iniciado com as aulas práticas e chamado de formação da banca, segundo o entrevistado. São trabalhados os compassos e os ritmos utilizando o uso da matemática para a contagem dos compassos e intervalos.

Para construir a relação entre a música e a matemática, inicialmente são trabalhados os conceitos de agudo e grave, grave e forte, timbre, intervalos musicais, consonância e dissonância, utilizando os instrumentos e as notas musicais. Para explicar os intervalos musicais o professor utiliza o uso de frações o qual é aplicado nas aulas práticas e teóricas.

Como a escolha da atividade não é obrigatória e sim de livre vontade do aluno em participar percebe-se uma dedicação e zelo pela atividade, quanto ao comportamento do aluno em sala de aula, segundo o entrevistado. Há um comportamento diferenciado, de maior dedicação, comprometimento nos estudos, melhor desenvolvimento e raciocínio na disciplina de matemática.

A música promove tanto processos de conhecimento quanto de autoconhecimento, uma vez que as maiorias dos jovens participantes veem a música como uma possível profissão. Tanto que, segundo o entrevistado, a maioria dos jovens participante da banda vislumbra uma perspectiva de ingresso na faculdade do Estado, a FAMES – Faculdade de Música do Espírito Santo.

Há um envolvimento da comunidade e escola na atividade do aluno, pois a banda da escola participa das festas da comunidade onde as escolas estão localizadas, com acompanhamento efetivo dos pais e familiares dos alunos que tocam na banda. Nota-se que a música nas redes de ensino representa uma alternativa prazerosa de desenvolvimento individual e de socialização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo o Brasil um país de grande extensão territorial, com enorme diversidade cultural, o estudo musical revela forte poder integrador, pois há o envolvimento sociocultural e desenvolvimento de aspectos cognitivos, até mesmo como prelúdio para uma possível profissionalização.

Há uma preocupação com a capacitação dos educadores, pois a música deixou de ser tratada como instrumento de entretenimento, passando a ser trabalhada como instrumento de desenvolvimento de aspectos cognitivos, emocionais e socioculturais, uma ferramenta, portanto, de extrema importância no processo ensino-aprendizagem.

Assim, cabe aos educadores e cidadãos aprovar e incentivar o ensino da música no ambiente escolar, sabendo os efeitos positivos provocados nas nossas crianças.

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A partir da análise da entrevista é visto claramente que embora o projeto preveja que Educação Musical seja uma disciplina obrigatória, a escola a realiza como atividade extracurricular, utilizada como forma de integração às demais disciplinas.

Há relatos sobre outras escolas do município, especialmente aquelas de difícil acesso, onde a música, mesmo obrigatória por lei, ainda não é estudada, sequer como atividade optativa. Em alguns estados brasileiros a situação é pior, principalmente naqueles onde o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano é baixo e são precárias as condições e a realidade do setor de ensino.

Nestes estados, muita das vezes, mesmo o ensino geral de artes, como artes visuais, música, teatro e dança, é inexistente.

O documento norteador da proposta de atuação da equipe musical no município de Vitória prevê procedimentos diferentes para educação Infantil e nas Escolas de Ensino Fundamental, onde para atuar com a musicalização os professores pode ser formados em Artes e Educação Física, por exemplo.

O presente estudo pode ser considerado como um ensaio preliminar, revelando ser interessante a continuidade do mesmo de forma mais ampla, buscando verificar de que forma a música é trabalhada, pois na região outras escolas trabalham a música de várias formas, tais como canto, orquestra de flauta doce, congo e instrumentos de cordas. Fica a proposta para em próxima oportunidade tal atuação ser mais bem detalhada.

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AS NOVELAS BRASILEIRAS E A RELAÇÃO COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO

Eduardo Ângelo Marques

Licenciado em Pedagogia e, Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo, ambas pela Universidade da Amazônia (UNAMA,); Pós-Graduação Lato Sensu em MBA em Marketing (UNAMA); Maestrando em Educação pela Facultad de Ciencias de la Educación de la Universidad de la Empresa. Professor Universitário, Jornalista e Assessor de Imprensa.

Maria Zeela

Graduada em enfermagem pela Faculdades Pequeno Príncipe, conclusão em 2011. Habilitação em inserção, manutenção e retirada de cateter (PICC)Especialista em enfermagem do trabalho. Mestrada em Educação pela Facultad de Ciencias de la Educación de la Universidad de la Empresa.

Andrea da Silva Sampaio

Graduada em enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica – PUC / Paraná . Atua no Programa Saúde da Família- PSF. Professora Universitária da UNI Andrade / Paraná. Mestrada em Educação pela Facultad de Ciencias de la Educación de la Universidad de la Empresa.

Las opiniones y expresiones vertidas en este trabajo son de exclusiva responsabilidad del autor y no comprometen a la Facultad de Ciencias de la Educación de la Universidad de la Empresa.

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Eduardo Ângelo Marques - Maria Zeela - Andrea da Silva Sampaio

RESUMO

O presente artigo constitui-se em um estudo qualitativo e quantitativo que apresenta como objetivo investigar a relação de comunicação e educação tendo como foco os conteúdos das telenovelas brasileiras que são repassados aos telespectadores. O estudo se propõe, portanto, a fazer uma análise crítica e levantar um debate democrático do papel da novela enquanto ferramenta de transmissão de conhecimentos. Para tal, será apresentado, aqui um breve histórico do surgimento da novela no Brasil e como se deu o aprimoramento dos folhetins até a uma análise crítica sobre algumas produções brasileiras que trataram de assuntos que mexeram com a opinião pública. Ainda neste estudo, são demonstrados os impactos sociais causados por alguns temas abordados em novelas no Brasil e como a população absorve esses conteúdos. Para obter essa resposta junto à população foi aplicada uma pesquisa entre cem (100) acadêmicos, aonde se chegou a uma análise após a tabulação dos dados. E por fim, este trabalho se propõe a contribuir para o entendimento amplo da educação que ocorre em diversos momentos da vida, não somente dentro do ambiente de aprendizado formal.

Palavras chave: novela, educação, influência, comportamento, televisão.

ABSTRACT

This article is in a qualitative and quantitative study that shows how to investigate the relationship of communication and education focusing on the contents of Brazilian soap operas that are passed on to viewers. The study therefore proposes to make a critical analysis and raise democratic debate of the role of the novel as a tool for knowledge transfer. This will appear, here is a brief history of the emergence of the novel in Brazil and how was the improvement of serials to a critical analysis of some Brazilian productions that addressed issues that have stirred public opinion. Also in this study, are shown the social impacts caused by some themes in novels in Brazil and as the population absorb these contents. To get this response from the public was applied a survey of one hundred (100) students, where they reached an analysis after tabulation. Finally, this paper aims to contribute to the broad understanding of education that occurs at different times of life, not only within the formal learning environment.

Keywords: novel, education, influences, behavior, television.

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AS NOVELAS BRASILEIRAS E A RELAÇÃO COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO

ÍNDICE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 50

A Origem da novela no Brasil........................................................................................................ 50

O Conteúdo implícito e explícito dos roteiros das novelas............................................................ 52

Comunicação, mídia e sociedade................................................................................................. 57

Educação e Mídia.......................................................................................................................... 58

Conclusão...................................................................................................................................... 59

Referências.................................................................................................................................... 59

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INTRODUÇÃO

Neste estudo, tivemos como objetivo a investigação da relação comunicação e educação tendo como foco os conteúdos das telenovelas que são repassados aos telespectadores. O estudo se propõe, portanto, a fazer uma análise crítica e levantar um debate democrático do papel da novela enquanto ferramenta de transmissão de conhecimentos.

Para tal, será apresentado, aqui um breve histórico do surgimento da novela no Brasil e como se deu o aprimoramento dos folhetins até a uma análise crítica sobre algumas produções brasileiras que trataram de assuntos que mexeram com a opinião pública. Ainda neste estudo, são demonstrados os impactos sociais causados por alguns temas abordados em novelas no Brasil e como a população absorve esses conteúdos.

Para obter essa resposta junto à população foi aplicada uma pesquisa entre cem (100) acadêmicos, aonde se chegou a uma análise após a tabulação dos dados. E por fim, este trabalho se propõe a contribuir para o entendimento amplo da educação que ocorre em diversos momentos da vida, não somente dentro do ambiente de aprendizado.

A ORIGEM DA NOVELA NO BRASIL

No Brasil as telenovelas ou também conhecidas como teledramaturgias, surgiram nos anos 50. A história dos roteiros televisivos foram criadas a partir da adaptação das novelas de rádio, conhecidas como rádio novelas. Era o começo de uma nova era da comunicação, que agora ganhava voz e imagem (grifos meus).

De acordo com o site Resumo de Novelas o Brasil teve o ‘ponta pé inicial’ na novela “Sua Vida Me Pertence”, que foi a primeira telenovela brasileira exibida em 1951. O site informa que o folhetim televisivo era apresentado sem cortes, direto e ao vivo. Foram quinze capítulos apresentados sempre as terças e quintas-feiras pela então TV Tupi.

Ainda dentro da cronologia da história da televisão no mesmo site, afirma-se que já nos anos 60 as novelas ganharam uma importante ajuda tecnológica: o Videotape. Por conta dessa inovação, era possível realizar a gravação de programas o que permitiu a produção de diversos programas que poderiam ser exibidos posteriormente. Isso possibilitou a gravação das novelas e os capítulos ganharam exibição diária. As primeiras novelas nesse formato foram adaptações de teledramaturgias latinas, vindas do México, Argentina e Cuba, como “A Moça que Veio de Longe” (TV Excelsior, 1964) e “O Direito de Nascer” (TV Tupi, 1965).

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Mas, não demorou muito para o Brasil mostrar identificação, criatividade e genialidade na arte da teledramaturgia deixando de lado a base dos roteiros mexicanos que tinham nas suas bases, amores impossíveis, traições, vinganças, sofrimentos e mentiras. Diante de uma cronologia histórica o Brasil emplacou numa escala ascendente grande produções que ganham o gosto e a Audiência da população brasileira.

Ainda de acordo com o site, nos anos 70, as novelas conquistaram elevados índices de audiência e uma boa fatia do mercado publicitário. Globo e Tupi dominaram a produção de novelas durante a década. Sucessos como “Irmãos Coragem” e “Pecado Capital”, de Janete Clair, e “O Bem Amado” e “Saramandaia”, de Dias Gomes, estabeleceram o início da hegemonia do modelo de novelas feitas pela Rede Globo. A Tupi, que havia iniciado a transformação da estética da teledramaturgia com “Beto Rockfeller”, conseguiu produzir outros sucessos como “Mulheres de Areia” e “O Profeta”, de Ivani Ribeiro, e “Éramos Seis”, de Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho.

Figura 01: Cena da Novela “Irmãos Coragens”, ao ar entre 1970 e 1971.

Fonte: TV Globo/Divulgação. Disponível em: <http://resumonovelastv.com/a-historia-da-novela-brasileira>.

Ainda de acordo com o site Resumo de Novelas, os Anos 80 marcaram uma fase ainda mais promissora da televisão brasileira. Grande produções de teledramautgias foram lançadas no Brasil e ganhando reconhecimento internacional pela riqueza da produção. Foi a partir do ano 2000 que a Tv Globo se consolidou no mercado internacional alcançando a marca de 70 milhões de expectadores no exterior.

Apesar de ainda ser um dos gêneros preferidos dos brasileiros, a audiência das novelas caiu no novo milênio, provavelmente devido à concorrência de novas opções que se tornaram acessíveis à população, como a TV a cabo e a internet.

A audiência das novelas da Globo atingiu em 2008 cerca de 40 milhões de espectadores diariamente, enquanto três anos antes a audiência era de 60 milhões. Apesar da queda dentro do país, as

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novelas brasileiras ainda continuam a ser um valorizado produto de exportação. Segundo projeções da Globo, no começo dos anos 2000 as novelas comercializadas pela emissora foram assistidas por cerca de 70 milhões de espectadores anualmente no exterior (MOTTER, 2009).

O Brasil destaca-se então no seguimento e procura na história da telenovela se reiventar e fazer uma nova história contando nas tramas, questões sociais, políticas, emocionais e sentimentais. Desde o início do surgimento da telenovela a produção brasileira só melhorou e hoje desponta no seguimento, mostrando todo potencial da industria da comunicação através da telenovelas. Assim como ao longo da história, várias emissoras brasileiras trabalham na produlção de folhetins.

Atualmente a Rede Globo, o Sistema Brasileiro de televisão e a Rede Record disputam a preferência dos telespectadores com suas novelas (MOTTER, 2009).

O CONTEÚDO IMPLÍCITO E EXPLICITO DOS ROTEIROS DAS NOVELAS

Com a mudança nos roteiros, ou seja, a nacionalização dos folhetins, que antes eram adaptados do México para o Brasil, o País começou a produzir com autonomia suas histórias e estórias. A liberdade de expressão garantida a partir da constituição de 1988 promoveu uma imensa produção de conteúdos diversos, que tiveram que receber classificação apara exibição, diante da diversidade, complexidade de tantos temas que antes, eram camuflados ou tratados nos bastidores pelos intelectuais calados pelo regime militar que duraram duas décadas.

Na Novela Laços de Família de acordo com análises feitas, via informações obtidas pelo blog Telenoveleiro (2013), os brasileiros tiveram acesso à problemática da prostituição, vivida pela personagem Capitu, a primeira prostituta de família a aparecer na história das telenovelas. Manoel Carlos, autor da respectiva novela, encomendou uma pesquisa sobre prostitutas de alto nível para mostrar o assunto com maior realismo possível e verificou que a maior parte delas cursa universidade, ganham bem e são mães solteiras.

Para trabalhar o assunto na telenovela, o autor recorreu a artifícios que tornassem a história interessante e simpática aos olhos do público. Outros temas polêmicos discutidos por Manoel Carlos, na novela “Laços de família” foram à leucemia (transplante de medula, compatibilidade do doador); impotência sexual; câncer de próstata; machismo; relacionamento amoroso entre pessoas com grande diferença de idade; mães extremadas que renunciam um grande amor pela felicidade de sua filha, entre outros.

Os temas abordados na novela mobilizaram a opinião pública de maneira que a sociedade brasileira começou a olhar para os assuntos destacados na trama, provocando o debate e esclarecimentos sobre os diversos temas em programas de televisão, nas rodas de conversas, nas escolas e nas

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universidades, já que a personagem que vivia a prostituta também era universitária. Abaixo o slogan da novela:

Figura 02: Slogan da novela “Laços de Família”.

Fonte: TV Globo/Divulgação. Disponível em: <http://tvg.globo.com/novelas/lacos-familia/index.html>.

Outra telenovela, destacada no blog Telenoveleiro (2013), com trama polêmico é “Mulheres apaixonadas”, as análises apresentadas destaca o teor picante e atrativo da produção, garantido por assuntos como a violência doméstica contra a mulher; as consequências do ciúme exagerado em um relacionamento amoroso; o preconceito contra velhos; o alcoolismo vivido por uma professora de Ensino Médio; o lesbianismo entre adolescentes; as consequências da traição; o misticismo ou premonição vividos por uma criança que pressentia fatos do futuro; o celibato clerical, entre outros.Mulheres apaixonadas, por exemplo, conseguiu uma proeza: pela primeira vez, um caso de relacionamento lésbico foi retratado numa telenovela sem causar rejeição do público. Na última ocasião em que algo do gênero foi tentado, na telenovela “Torre de Babel”, de 1998, as lésbicas tiveram de ser arrancadas da trama às pressas na explosão de um shopping Center, devido o repúdio social.

Conforme o blog Telenoveleiro (2013), uma das chaves para a aceitação do romance entre Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli) é que, além de dar-se entre adolescentes - há certa tolerância social para com os dilemas enfrentados por pessoas nessa faixa etária -, ele acontecia numa escola ultra progressista, onde ninguém as rejeitava nem recriminava.

A abordagem desse tema de forma tão aberta foi possível, também, pelas transformações vividas pela sociedade brasileira nos últimos anos, com o aumento de campanhas realizadas por homossexuais contra o preconceito e pela divulgação, por parte da mídia, do assunto como um fenômeno real que merece a atenção e respeito em sua análise, o que gerou uma mudança de valores por parte das pessoas. Abaixo o slogan da novela:

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Figura 03: Slogan da novela “Laços de Família”.

Fonte: TV Globo/Divulgação. Disponível em: <http://tvg.globo.com/novelas/mulheres-apaixonadas/index.html>

Ressalta-se que os temas abordados, são tramas que mobilizam a sociedade e que de certa forma promovem o debate amplo na sociedade. O fato é que depois que as novelas brasileiras ganharam produção própria, passaram a repercutir de forma desafiadora abordando temas polêmicos e muitas vezes silenciados durante o período da ditadura.

Mas, que impactos causam tantos temas na vida do telespectador? Será que as novelas influenciam na vida e no cotidiano dos telespectadores? O Que diz a população? O que pensam os especialistas? Essas são algumas perguntas que este artigo pretende responder, afinal com tanto conteúdo repassado aos telespectadores o que muda no cotidiano, nos costumes, na moda? As temáticas, muitas das vezes, estão sendo tratadas de forma explícitas, como homossexualidade, drogas, prostituições, racismo...; mas, alguns autores encontram maneiras mais brandas de abordar temas polêmicos com ‘temor’ de chocar a população e não garantir a audiência esperada já que novela também precisa ter excelentes resultados referentes a conquista de telespectadores, que aumentam a audiência, aumentam as vendas e promovem boas oportunidades de negócios no ramo da publicidade para emissora que produz o folhetim.

O fato é que de forma clara ou implícita, os temas são abordados promovendo debate entre os telespectadores e aumentando as argumentações já que os conteúdos são abordados de forma contínua e duradoura. Algumas novelas no Brasil levam até 9 (nove) meses no ar com suas tramas intrigantes.

Mesmo fugindo dos dramalhões mexicanos, o eixo de muitas tramas ainda são ‘apimentados’ por elementos como mentiras, traições, intrigas, amores loucos e impossíveis...; mas, em determinado tempo a televisão, através das novelas, vem proporcionando sua contribuição quando aborda assuntos de extrema relevância para a cidadania do povo brasileiro. Há exemplo disto, durante o ano de 2013 um novo e importante tema vem povoando o imaginário dos brasileiros e ao mesmo tempo alertando para um drama que se repete no mundo inteiro: O Tráfico de seres Humanos.

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A novela “Salve Jorge”, da autora Glória Perez, vem abordando a devoção religiosa ao santo católico, num país que vem tendo queda no número de devotos do catolicismo. Trata ainda de alienação parental, quando uma criança sofre pressão de pais separados e passa a enfrentar dificuldades diante das circunstâncias. Mas o foco mais importante da novela aborda o “Tráfico de Mulheres para Exploração Sexual e a Venda de Bebês”.

Esses temas têm promovido debates sociais, inclusive com interferência direta no cotidiano do povo brasileiro. Diante aos fatos, por conta dos assuntos abordados na Televisão, o Governo brasileiro lançou política de enfrentamento para combater o tráfico de Pessoas como pode ser constatado na matéria abaixo, divulgada no site do Jornal do Comércio de Pernambuco.

Segundo a reportagem, o aperfeiçoamento da legislação é um dos eixos do 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que foi lançado no dia 26 de fevereiro de 2013, pelo Ministério da Justiça e pelas secretarias de Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Na mesma medida preventiva, foi apresentado relatório “informando que as dificuldades para reunir provas dificultam a punição desse tipo de crime” (AZEVEDO, 2013, p. 3).

Para melhorar a legislação brasileira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que “pedirá aos presidentes da Câmara e do Senado celeridade na apreciação de projetos de lei que ampliam a tipificação de crimes envolvendo o tráfico de pessoas” (AZEVEDO, 2013, p. 3).

Segundo Azevedo (2013, p. 3), considerado um crime invisível, o “tráfico de pessoas é uma prática frequente e preocupante no Brasil”. Conforme relato do ministro José Eduardo Cardozo, o primeiro relatório sobre esse tipo de crime revela que entre “2005 e 2011 foram instaurados 514 inquéritos pela Polícia Federal. Desses, 344 são relativos a trabalho escravo e 13 a tráfico interno de pessoas. No mesmo período, houve 381 indiciamentos, enquanto as prisões chegaram a 158”.

Segundo o relatório, além das dificuldades para reunir provas do crime dificultam a punição a legislação brasileira em vigência, uma vez que pune apenas o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. Falta previsão legal que caracterize crimes de tráfico para fins de trabalho escravo, trabalho doméstico, venda de órgãos e tráfico de crianças. Ficando a legislação brasileira a desejar diante de tantas atrocidades decorridas, infelizmente, no Brasil e no mundo.

Conforme a reportagem, para o governo, a abordagem da vítima é suficiente para caracterizar o crime. “Não precisa que a exploração sexual seja consumada, por exemplo. Além disso, o consentimento da vítima é considerado irrelevante, já que foi obtido por meio do engano e da falsa promessa” (AZEVEDO, 2013, p.3).

Compilando parte da reportagem na narrativa do ministro José Eduardo Cardozo, que enfatiza a respeito da dificuldade maior no processo de investigação que é a falta de denúncia, resultado da vergonha ou medo das vítimas, diz nos termos:

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“Nós precisamos conscientizar a sociedade brasileira de que as informações têm que chegar ao Poder Público porque, sem essas informações, não temos como abrir inquérito, não temos como investigar, não temos como punir aqueles que praticam esse tipo de violência contra seres humanos.

Entre as 115 metas previstas no plano até 2016, também estão à capacitação de profissionais de várias áreas, a criação de mais dez postos de atendimento em cidades de fronteira, a aprovação de projetos de lei que impliquem na perda dos bens dos envolvidos com o tráfico de pessoas e a internacionalização, ainda este semestre, dos serviços de atendimento Disque 100 e Disque 180 - centrais de denúncia que funcionam 24 horas por dia” (AZEVEDO, 2013, p. 3-4).

Na mesma reportagem Azevedo (2013, p. 4) transcreve o olhar da ministra da Secretaria de Políticas da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, nos termos: “Os aliciadores são pessoas muito próximas das vítimas. Não são pessoas estranhas. Esse é um perfil que nós temos identificado estatisticamente”.

O plano também prevê a promoção e participação do Brasil em campanhas nacionais de internacionais de combate ao tráfico de pessoas. Os ministros receberam cópia do relatório produzido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que funcionou no Senado, cujos trabalhos foram encerrados em dezembro de 2012. O ministro da Justiça disse que as propostas de legislação apresentadas pela CPI terão prioridade na pauta da pasta no Congresso.

Entretanto ressalta-se que a Câmara dos Deputados também tem uma CPI sobre o assunto, ainda em andamento (AZEVEDO, 2013), abaixo o slogan da novela:

Figura 04: Slogan da novela “Salve Jorge”

Fonte: TV Globo/Divulgação. Disponível em: <http://tvg.globo.com/novelas/salve-jorge/index.html>

Antes de a novela ir ao ar, o tráfico de mulheres para exploração sexual e o tráfico de crianças não tinham tamanha repercussão na sociedade. Daí a função explicita das telenovelas abordando assuntos que promovem o esclarecimento, que em outras palavras, trata-se da educação de maneira diferenciada. Mas os poder educativo das teledramaturgias vai além da educação através

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do despertar de temas que levam ao debate. A ação do governo brasileiro de combate ao tráfico de mulheres, como destaca a matéria jornalística já é uma reposta positiva do papel socioeducativo das telenovelas.

A Novela também é responsável por divulgar elementos de outras culturas, como a Turca, por exemplo, onde se passa parte da trama “Salve Jorge”. Dessa maneira elementos daquela cultura, passam a ser bem conhecidos e até assimilados pela cultura ocidental, como o olho grego, por exemplo, conforme figura abaixo:

Figura 05: Imagem do Olho Grego

Fonte: Imagem disponível em: <http://www.google.com.br/search?q=olho+grego-html>

Então, diante de tantas informações, evidencia-se uma interferência direta das telenovelas na vida e no cotidiano dos telespectadores, que neste artigo vai apontar também o que pensam os receptores das mensagens.

COMUNICAÇÃO, MÍDIA E SOCIEDADE

Mas os autores que estudam a relação da interferência direta da programação da televisão na vida dos telespectadores afirmam que é possível perceber na história da humanidade o desenvolvimento das comunicações entrelaçado com o desenvolvimento econômico e social (KUNSCH; FERNANDES, 1989).

O homem, ao viver, e produzir as regras sociais, também, produz maneiras para comunicar-se levando em consideração suas necessidades. É tomando por base essa concepção que Kunsch e Fernandes (1998) apresentam subsídios que afirmam que as comunicações podem afetar o comportamento coletivo, desde a sua origem (emissor) até o momento da difusão da informação, (Receptor), quando as pessoas recebem o que foi transmitido.

Então, se elas interferem de maneira positiva ou negativa, o fato é que de alguma maneira interferem e sendo assim, as novelas apresentam um poder educativo poderoso já que alcançam um grande público ao mesmo tempo.

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EDUCAÇÃO E MÍDIA

Para os estudiosos a educação acontece de diversas maneiras. Pode-se entender educação como um processo permanente na vida das pessoas, com suas diferentes práticas e atividades no contexto social (CLAUSSE, 1969; FREIRE, 1997).

Para Guareschi (2005), educação deve ser entendida como algo mais amplo, estando ela presente em diferentes momentos da vida social das pessoas. A educação faz parte do cotidiano, sendo ela importante para a sociedade.

Então, levando em consideração a amplitude da educação, mais uma vez fica definida a interferência das telenovelas na ação educativa das pessoas, que promovem debates que levam ao desenvolvimento individual, mesmo quando o assunto o tratado de maneira coletiva.

Para obter retorno do entendimento dos telespectadores sobre a influência dos conteúdos apresentados pelas novelas brasileiras, foi aplicada uma pesquisa para refletir o grau de entendimento dos mesmos, sobre a relação do aprendizado enquanto receptor das mensagens apresentadas nos folhetins televisivos. 100 (cem) pessoas foram entrevistadas e a após serem tabuladas, essas foram as seguintes respostas aos 05 quesitos.

Quando foi perguntado se a televisão Educa o Telespectador 60% afirmaram que sim, 38% afirmaram que não e 12% afirmaram não saber.

Quando perguntado se a Televisão influencia na vida dos telespectadores 42% disseram sim. 30% afirmaram que não e 28% não souberam responder. Quando perguntado se o entrevistado já havia comprado algum produto apresentado em Merchandising durante as novelas, 42% disseram que sim, 48% disseram não e 10% afirmaram não saber ou não lembrar.

Quando consultados se já haviam reproduzidos expressões, gírias, gestos apresentados nas novelas 62% disseram que sim, 38% afirmaram que não e 10% disseram não lembrar. Quando perguntados se as novelas Educam, deseducam, os entrevistados se manifestaram da seguinte maneira: 38% disseram que educam, 50% afirmaram que as novelas deseducam e 12% não souberam ou não preferiram opinar.

Ao analisar as respostas dos sujeitos investigados, compreende-se que esses números refletem o desconhecimento da interferência direta das telenovelas na educação da população Brasileiras.

Para a maioria dos entrevistados as telenovelas deseducam, situação conflitante. Os entrevistados pensam dessa maneira porque acreditam que os temas abordados nas novelas são avançados demais para a época que vivemos.

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Denota-se, portanto que as novelas refletem a produção social que estamos vivemos no momento como afirmam Clausse (1969) e Freire (1997). E dessa maneira acabam reproduzindo a cultura do momento em que os atores sociais estão envolvidos, muitas vezes de modo inconsciente.

CONCLUSÃO

Após fazer uma pesquisa histórica do desenvolvimento das telenovelas brasileiras foi possível entender todo o processo de produção nacional até o alcance da indústria de telenovelas do Brasil ganhar espaço e reconhecimento no mercado nacional e Internacional.

Mas além, desse contexto histórico o que foi investigado mesmo nesse estudo foi a interferência das telenovelas na vida dos telespectadores, através da emissão e recepção de conteúdos, conteúdos estes que podem ser considerados educação indireta.

Diante aos fatos se constatou no processo do estudo investigativo relatado neste artigo, que as telenovelas são importantes ferramentas dos meios de comunicação social para repassar conteúdos, transformar pensamentos através dos debates sobre os temas apresentados nos folhetins, temas esses que abordam polêmicas sociais, que mexem com as diretrizes das convenções sociais já estabelecidas e que os telespectadores acabam entendendo como uma maneira de deseducar a população e educar com novos paradigmas.

Entretanto, fazendo análise global dos fatos pesquisados e dos levantamentos bibliográfico que deram suporte ao trabalho conclui-se que as novelas SÃO IMPORTANTES FERRAMENTAS EDUCATIVAS junto aos telespectadores e que as novelas exercem grande poder de influenciar ou até mesmo manipular determinados assuntos por conta da maneira que os mesmos são abordados.

REFERÊNCIAS

Azevedo, Margarida. Governo lança 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Jornal do Comércio. 26 fev. 2013. Agência Brasil. Disponível em: <www.jornaldocomercio.com.br>. Acesso em: 04. 03. 2013.

Blog Telenoveleiro. <http://telenoveleiro.blogapot.com.br>. Acesso em: 07.03.2013.

Clausse, A. Iniciação às ciências da educação. Trad. L.D. Penna & J.B. Penna. São Paulo: Editora Nacional, 1969.Freire, Paulo. Política e educação. 3ª ed.. São Paulo: Editora Cortez, 1997.

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Guareschi, P.A. Mídia, educação e cidadania: tudo o que você deve saber sobre a mídia. 2ª ed.. Petrópolis: Editora Vozes, 2005.

Kunsch, Margarida M. K.; Fernandes, Francisco A. M. Comunicação, Democracia e Cultura. São Paulo: Editora Loyola, 1989.

Motter, Lourdess. Núcleo de Pesquisa de telenovela da USP (NPTN) – ECA. São Paulo: Edusp, 2009.

Resumo de Novelas. Disponível em: <http://resumonovelastv.com/a-historia-da-novela-brasileira>. Acesso em: 04. 03. 2013.

TV Globo: Divulgação- Slogans de Novelas. Disponível em: <http://tvg.globo.com/novelas/ index.html>. Acesso em: 06.03.2013.

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