Espectro

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São Paulo2014

Trabalho de Graduação Interdisciplinar vinculado à disciplina Desenvolvimento de Projeto Integrado II,

apresentado como exigência parcial para obtenção de certificado de conclusão do curso de Artes Plásticas.

Nome do aluno:Flávia Lourenço Salama

Orientadora:Andrea Tavares

Fundação Armando Álvares PenteadoFaculdade de Artes Plásticas

Curso de Bacharelado em Educação ArtísticaHabilitação em Artes Plásticas

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SALAMA, Flávia Lourenço

Espectro. Flávia Lourenço Salama. Trabalho de Graduação Interdisciplinar - FAP/ FAAP - São Paulo, 2014. 1.espectador 2.dispositivo 3.reprodutibilidade 4.olhar 5.arte

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Para você

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Obr

igad

o

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Aos meus pais, Cassio e Marina, por acreditarem em mim quando nem eu acreditava. Aos meus avós, por me mostrarem como ser humana e a toda a minha família. Ao Alexandre Portella, à Nathália Lukjanenko, à Bruna de Oliveira e à Priscila Gonçalves, por estarem sempre presentes. À Andrea, orientadora querida que direcionou esta monografia com paciência e dedicação. A todos os professores que fizeram parte deste percurso, em especial André Toral, Christine Mello, Felipe Chaimovich, Fernando Oliva, Flávio Matagrano, Lázaro Mourillo, Maria Carolina Duprat, Mario Saladini, Regina Parra e Thiago Honório. Ao Marcos Moraes pelo exímio professor e coordenador que é. A Bianca Abad, Marcel D’Arienzo e Mariana Peron por fazerem parte, do começo ao fim, da classe mais gostosa e unida que já tive. A todos os amigos que se envolveram com o processo do trabalho, geraram conversas e trouxeram ideias, em especial: Carolina Della Nina, Catherine Krön, Gabriela Albuquerque, Julia Cavazzini, João Lyra e Sthéphanie Louise. Ao Marcelo e Vinicius, grandes técnicos, tão importantes para um resultado qualidoso dos trabalhos. Ao café e ao pão de queijo pela energia física durante toda a faculdade. E aos distantes mas muito queridos Ernst Gombrich, George Harrison, Gustav Klimt, Helio Oiticica, Leonilson, Paul McCartney, Pipilotti Rist, René Magritte, Rosa Montero, Sophie Calle, Spike Jonze, Vincent Van Gogh, Walter Disney, Wassily Kandinsky e Wes Anderson:

por apontarem meu norte.

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es.pec.tro; s.m fantasma; imagem ilusória de um ente que já não vive, criada pelas imaginações enfêrmasou exaltadas, sombra II (fig.fam) Pessoa macilenta, esguia e magra II (fís.) Espectro luminoso, imagem produzida pela passagem de luz através de um prisma numa câmara escura. II (fís.) Es-pectro magnético formado por uma limal-ha de ferro segundo seguindo as linhas de força de um imã. II (f.lat.) Spectrum.

(CALDAS:1964 p.1550)

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Apresentação Esta monografia propõe levantar e tecer ideias junto com pen-sadores já muito conhecidos para se discutir a imagem, assim como Walter Benjamin ou Wolfgang Haug e trazer ao trabalho autores relativamente novos, assim como Nicholas Carr e Georg-es Didi-Huberman.

No capítulo introdutório seremos apresentados às ideias centrais do trabalho de conclusão de curso e os outros trabalhos real-izados que dialogam tanto com a monografia quanto com os trabalhos “Espectador” e “Espetáculo” que serão apresentados juntamente com a monografia.

Na primeira parte uma apresentação mais teórica tratará dos as-suntos e autores que permeiam alguns pontos chave sobre a pesquisa que dialoga sempre com o espectador, a obra de arte e a imagem.

No capítulo 2 são trazidos os artistas Sophie Calle, Velásquez e Cao Guimarães que foram referências desde o início para pensar os trabalhos “Espetáculo” e “Espectador”.

O último capítulo é uma parte subjetiva que conta a minha ex-periência e relação com o outro durante maior parte do proces-so do trabalho de conclusão de curso assim como algumas ane-dotas referentes a este transcurso que trouxeram o trabalho e este formato apresentado.

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Capítulo IntrodutórioIntrodução 16

Trabalhos anteriores 17Trabalhos de conclusão de curso 28

Capítulo I

Capítulo IIReferências

Velásquez (Las Meninas) 48

Sophie Calle (Suite Vénitenne) 50 Cao Guimarães (Sin Peso) 52

Apresentação 11

Experiência (Giorgio Agambem) 32Espaço cibernético 35

(tag, redes sociais, a lógica da mercadoria e a internet e o nosso cerébro)

Espetáculo 42Olhar 44

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Capítulo IIIExperiência ao realizar o trabalho 57

Bibliografia 70

Conclusões em processo 67

Leituras complementares 72

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Capítulo Introdutório

Capítulo Introdutório

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Este trabalho de Conclusão de Curso é uma reflexão sobre a relação entre espectador e arte dentro da situação exposição na atualidade.

Ele foi elaborado em duas frentes que se desenvolveram concomitantemente, no texto aqui

presente, a monografia, e em trabalhos visuais, uma instalação e um livro de imagens.

Minha intenção principal é investigar questões sobre os comportamentos sociais recentes presentes em espaços expositivos

que fazem parte da relação espectador X arte e a relação deste com a imagem. São partes

integrantes desta situação o uso de dispositivos fotográficos e da internet móvel e de redes sociais em smartphones e o próprio conceito de museus

como pontos turísticos.

Introdução

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Trabalhos anterioresA seguir selecionei alguns outros trabalhos que contêm

argumentos que dialogam com a proposta da pesquisa teórica que desta monografia como forma de tornar visível na minha

produção uma trajetória investigativa.

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Trabalho realizado em gravura em metal e depois detalhado com aquarela e caneta contém ilustrações de turistas comumente vistos em pontos turísticos do mundo. Cada ilustração é um encarte explicativo que discrimina alguns de seus comportamentos básicos e aspectos físicos. O trabalho tem uma intenção bem-humorada e irônica de falar sobre pessoas como se fossem produto de uma compilação de análise biológica da fauna de um determinado local. Ali o foco recai sobre o tipo social e não sobre a relação entre os sujeitos e o espaço, ou as obras. Comecei a reparar naquela época em como as pessoas se equipam para fazer turismo. Como numa aventura, escolhem dispositivos e aparatos para ajuda-las a cumprir a tarefa férias. Dentro dessa verdadeira gincana está a obrigatória ida aos museus famosos. Neste trabalho há uma brincadeira com os tipos encontrados, e não exatamente com pessoas específicas. O trabalho funciona como o reconhecimento e anotações destes tipos, destas tribos.

O curioso mundo dos turistas

gravura em metal, aquarela e caneta sob papel canson40 x 20 cm2012

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Nove pinturas de selfies encontradas na rede social “Instagram” de pessoas com trabalhos de arte famosos.

Este foi um trabalho feito paralelamente com a minha monografia. É uma ramificação que aborda o mesmo tema de outra forma. Em todas as telas estão representadas as pessoas, parte do espaço onde estão inseridas e a moldura que enquadra o trabalho com o qual tiram foto. Mas a obra de arte presente não é pintada. No local onde esta deveria estar representada, a tela é deixada crua, vazia. Os rostos das pessoas estão enquadrados de maneira diferente das que se vê geralmente em pinturas de autorretrato o que de início causa um estranhamento, mas que já está incorporado inconscientemente por já lidarmos atualmente tanto com a ideia do selfie e com o formato quadrado do aplicativo Instagram. A questão cerne deste trabalho é trazer o formato de imagem virtual já incorporado pela sociedade contemporânea e a relação entre espectador e obra – relação iconófila- de volta ao espaço expositivo. Como um reconhecimento de artistas e a arte estão, sim, cientes dos novos comportamentos e já o incorporam para dialogar. Mas não necessariamente estas reverberações estão completamente entendidas como positivas à arte e, por isso, a ausência da representação de todas as obras de arte que ali deveriam estar. São todos trabalhos (in)completos.

Nove telas de 25x25cm pintadas com tinta acrílica, 2014

alguma lembrança, lembrança alguma

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Durante um bom período da minha vida acadêmica nas artes tive um imenso interesse pela fotografia. Sempre procurei empenhar o meu olhar para conseguir enxergar algo que era muito conhecido de alguma outra maneira. Comecei a me aproximar da água e de procedimentos fotográficos mais arcaicos da fotografia (como por exemplo a Cianotipia e o Vandyke) que requisitavam etapas da produção de uma imagem em imersões e soluções líquidas. A fotografia sofreu alterações notáveis no decorrer da sua história. Se antigamente o processo fotográfico dependia de diversas soluções aquosas, hoje a maior parte das imagens é totalmente seca: sai de um dispositivo fotográfico digital, é tratada em um computador e geralmente permanece em seu estado digital. Sendo ampliada raramente e, se isso ocorre, a ampliação passa por um processo de seco. Esta pesquisa tem como objetivo principal refletir sobre a reprodutibilidade e a irreprodutibilidade das imagens. O Cianótipo e o Vandyke são emulsões fotográficas fotossensíveis descobertas no século XIX, durante as primeiras experimentações fotográficas. Ambas as técnicas contam com uma produção imprecisa, uma vez que o processo é todo manual e

Estudos fotográficos

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líquido. Foi exatamente este caráter sobre o líquido que me interessou. O líquido é maleável e muitas vezes incontrolável. Misturar tal descontrole com a fotografia oriunda de um aparato altamente controlável gera um resultado de muito interesse. Até que ponto uma fotografia seca pode ser descontrolável e até que ponto um líquido pode ser controlável e como essa oposição pode resultar num bom trabalho?

Além dos testes com as emulsões continuando com o pensamento de fotografar líquidos, também procurei retratar imagens icônicas refletidas em poças de água para assim buscar certo caráter efêmero, solúvel e evaporável em ícones cristalizados. Existem dois tipos de pensamento que envolvem a liquidez e a fotografia com os quais eu trabalhei e me interessei da mesma forma, mas que possuem diferenças distintas distintas. Em “Diluição propagada”, o líquido é o primeiro momento do processo, a imagem é de água, mas a revelação e ampliação de seu filme passou por poucos processos aquosos. Já em “Escola das Meninas” a imagem sem nenhuma presença de água foi tirada por uma câmera digital, ampliada em acetato e apenas em seu processo final com o Van Dyke que o processo torna-se aquoso. Tanto a liquidez na imagem representada, quanto o processo líquido me interessaram nesta pesquisa.

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Cianotipia sob papel de algodão, 2012.31x42cm.

Liquidez celeste movida a passos

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Van Dyke sob papel canson colorido, 2012. 25x18cm.

Escola das meninas

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fotografia sob papel de algodão, 2012 80x63cm.

Diluição propagada

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fotografia sob papel de algodão, 201175x53cm.

Solúvel

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Assim, reúno nessa monografia trabalhos feitos anteriormente, junto aos que apresento com o trabalho de conclusão, para evidenciar um trajeto de pesquisa, onde me debruço sobre o caráter da imagem fotográfica e de seus usos e funções. O caderno “Espectro B” e a instalação “Espectro A” são produtos deste trajeto (não quis, com tal denominação A e B causar qualquer hierarquia , eles receberam o nome por ordem temporal de criação)

Um dos trabalhos é um caderno de 35 páginas de folhas translúcidas, comportando, em cada página, três imagens de print screen do meu celular. O trabalho “Espectro B” reúne cento e cinco imagens diferentes que mostram a pintura Starry Night (Noite estrelada) de Vicent Van Gogh e são organizadas da seguinte forma: da esquerda para a direita, a primeira imagem das folhas é sempre uma imagem que mostra alguém registrando a interação entre os espectadores e a obra. A segunda imagem mostra pessoas tirando fotos propositalmente com a pintura. A terceira imagem mostra o trabalho Starry Night sozinho.

Para criar uma relação de fusão, de sobreposição de uma imagem com a outra, foi utilizado papel translúcido, quase transparente, para que todas as 35 páginas pudessem ser vistas de uma vez. As terceiras imagens, que mostram apenas a pintura, foram montadas como planos de um stop motion. Portanto, se o caderno é folheado rapidamente, a união das fotos ainda traz impressão de movimento, de continuidade. O “Espectro B” será disposto em uma mesa de luz para que a presença da mesma dinamize o caderno translúcido.

Trabalhos de conclusão de curso

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O outro trabalho, “Espectro A”, é uma projeção instalativa em loop, contendo vídeos que serão passados de modo concomitantemente em grupos montados de maneira aleatória. No total, serão mostrados duzentos e quarenta e cinco vídeos e em todos eles é exibido algum espaço expositivo e a relação deste mesmo com aqueles que o visitam. A superfície de projeção escolhida foi o papel translúcido, para criar uma relação plástica com o caderno e também para que seja possível projetar diretamente na altura dos olhos.

Em ambos os trabalhos utilizo a imagem fotográfica para também discutir e pensar o seu usuário, nas funções que atribui ao aparato fotográfico e também como este influi no seu comportamento social. Portanto, acabo por discutir a figura do espectador de arte. Já que é no espaço do museu ou da exposição de arte que a relação dos sujeitos com as imagens, sejam elas as históricas ou as produzidas no instante, ficam mais evidente.

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Capítulo I

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Capítulo I

Capítulo I

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Experiência é uma palavra dita em abundância atualmente. É uma palavra que pode se relacionar com termos como prova, tentativa, ensaio, teste. Para experienciar algo há que sentir, cheirar, escutar ou ver de maneira momentânea para entender, de modo básico, como aquilo se comporta. Na ciência, é preciso realizar uma série de experimentos para embasar teoricamente uma pesquisa. A experiência está também presente dentro da economia capitalista, dentro do marketing com consumidores: em lojas de eletrônicos ou de cosméticos, por exemplo, enormes stands bastante cenográficos são disponibilizados, contendo diversos produtos. Permite-se que qualquer um tenha a experiência de ter contato físico com a mercadoria. O turismo de massa é também uma grande experiência. A compra de um pacote de viagens em uma excursão implica em uma porção de pequenas amostras que resumem superficialmente um local. Se o pacote é para Paris, é necessário que ele contenha visitas à Torre Eiffel, à Champs Elyssé, à galeria Lafayette, ao Arco do Triunfo e que se possa conhecer a Monalisa. Em qualquer uma das paradas da viagem deste pacote, é sabido que existe um tempo reservado para que se entre em lojas de souvenirs e que se tire fotos. Afinal, é fundamental comprovar a presença naquele local e é preciso compartilhá-la com aqueles que não estavam lá. Produzir imagens significa ter a memória eternizada. A sala da Monalisa pode estar entupida de turistas, a pessoa pode estar muito irritada na hora do clique, mas durante a foto, se esboça um sorriso para que a imagem deste alguém com uma das pinturas mais famosas do mundo seja perpetuada como uma experiência positiva.

Ir a famosos espaços institucionalizados de arte, assim como museus e galerias pode fazer parte também da experiência de ser um turista.É recorrente que trabalhos de arte se transformam em ícones turísticos. Instituições de arte recebem um enorme número de visitantes, são pontos de referência de qualquer cidade, e o grande fluxo de público pode entrar em conflito com a proposta cerne de um espaço desses, que é a interação entre espectador e obra.

Experiência

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Não é apenas a convergência com o turismo que aflora o fluxo: neste ano de 2014, em São Paulo, intermináveis filas formaram-se em museus como o Tomie Ohtake¹ ou o Museu da Imagem e do Som² (MIS)para exposições que talvez nem estivessem preparadas para tal popularidade. Esta recente e crescente idolatria em instituições artísticas e exposições é especialmente fomentado pela maior natureza do homem, que é a de ser um ser social. Ser que vive socialmente e tem a necessidade de compartilhar as suas experiências. A presença de dispositivos eletrônicos móveis que contêm acesso à rede, a um dispositivo fotográfico, um gravador, redes sociais, dão a possibilidade de comunicar-se e ter acesso à informação continuamente. Talvez o momento em que vivemos ainda não seja suficiente para que se entenda exatamente todos ônus e bônus desta enorme reconfiguração. Mas as mudanças já estão presentes e é preciso incorporá-las. Mas de modo cuidadoso. Existe um contratempo sobre a presença e eminente dependência das máquinas.

De qualquer forma, a ideia de experiência, quando apropriada pela lógica capitalista, passa a lidar com a ideia de fascínio da mercadoria. Tomemos a leitura do filósofo italiano Giorgio Agamben em seu livro “Infância e história”. O autor associa a infância a um local em que a experiência e a linguagem combinam-se através do sensível, gerando uma experiência autêntica. A experiência dentro da vida do homem moderno inexiste:

“O dia-a-dia do homem contemporâneo não contém quase nada que seja traduzível em experiência: não a leitura do jornal, tão rica em notícias do que lhe diz respeito a uma distância insuperável; não os minutos que passa, preso ao volante em um engarrafamento; não a viagem à regiões ínferas nos vagões do metrô nem a manifestação que de repente bloqueia a rua (...). O homem moderno volta para casa à noitinha extenuado por uma mixórdia de eventos -divertidos ou maçantes, banais ou insólitos, agradáveis ou atrozes -, entretanto nenhum deles se tornou experiência.” (AGAMBEN: 2005, p22)

Agamben afirma que a linguagem, adquirida no lugar da infância, não pertence mais ao homem, mas ao slogan, à ideia da mercadoria.

1. na exposição “Obsessão infinita” da artista japonesa Yayoi Kusama que esteve em São Paulo entre 22/05/2014 - 27/07/2014. 2.Durante as exposições “Stanley Kubrick”, “David Bowie” e “Castelo Rá-Tim-Bum”, que tiveram, respec-tivamente, a duração entre 11/09/2013 - 12/01/2014, 31/01/2014 - 20/04/2014,16/07/2014 -25/01/2015

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“O que não significa que hoje não existam mais experiências. Mas estas se efetuam fora do homem. E, curiosamente, o homem olha para elas com alívio. Uma visita a um museu ou a um lugar de peregrinação turística é, desse ponto de vista, particularmente instrutiva. Posta diantes das maiores maravilhas da terra, a esmagadora maioria da humanidade recusa a experimentá-las: prefere que seja a máquina fotográfica a ter a experiência delas. Não se trata aqui, naturalmente, de deplorar esta realidade mas de constatá-la. Pois talvez se esconda, no fundo desta recusa aparentemente dispartada, um grão de sabedoria no qual podemos adivinhar, em hibernação, o germe de uma experiência futura. A tarefa que este escrito se propõe - retomando a herança do programa benjaminiano <<da filosofia que vem>> - é a de preparar o lugar lógico em que este germe possa atingir a maturação.” (AGAMBEN: 2005, p23)

Por enquanto também observo a experiência e espero pela maturação.

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“Tudo o que os seres humanos estão fazendo para facilitar a operação de computadores está ao mesmo tempo - mas por diferentes razões - tornando mais fácil para que os computadores operem os seres humanos”. Tradução da autora (DYSON: 1997, p.25)

O tempo hábil que se gasta na rede é grande e este ser humano globalizado se vê cada vez mais dependente dos dispositivos eletrônicos que agora mediam a maior parte das ações humanas. Por meio destes, é possível tomar conhecimento de alguma exposição de arte, mas é por intermédio do mesmo que a interação total em um espaço (no caso, o espaço expositivo), torna o estar aqui agora vivendo o momento presente algo bastante complexo. Vivemos cada vez mais em dois espaços distintos: o espaço físico em que nos encontramos no momento e podendo viver no espaço cibernético ao mesmo tempo, fazendo viagens na rede, se relacionando e se comunicando em tempo real com pessoas em diferentes localidades. A comunicação em tempo real faz com que possamos habitar dois lugares ao mesmo tempo A minha intenção com este trabalho é a de observar especificamente o comportamento deste espectador contemporâneo em instituições de arte. Espectador que pode ou não estar aparelhado com dispositivos eletrônicos (sejam estes câmeras fotográficas, smartphones, tablets ou até mesmo audiobooks) mas que já estão inseridos dentro do elementar fato de que vivem na mesma década, a década de 2010.

Espaço cibernético

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#Tag “Imagens deixam de ser planos emolduráveis e tornam-se os dispositivos mais importantes da contemporaneidade, canibalizando o direito de acesso de projeção do sujeito na tela, subvertendo os modos de fazer (enquadrar, editar, sonorizar), mas também os modos de olhar” O uso da internet tornou-se uma extensão da convivência humana e alterou perceptivamente a interação nos últimos dez anos. Hoje a comunicação é um grande compromisso que é incentivado através das redes sociais presentes. A alta definição e tecnologia do cristal líquido da telefonia móvel, tanto quanto a rápida conexão para navegar pelo celular ou pelo computador, a presença no mundo cibernético contém um enorme volume de compartilhamento de imagens e, consequentemente, da produção das mesmas. Plataformas criadas para a divulgação da produção de imagens como Flickr ou o Instagram incentivam que o próprio usuário divulgue as imagens realizadas por ele e cruzam as informações da imagem (Na exposição da Yayoi Kusama) através do tag. A tag é uma palavra-chave inserida após o # consignada pelo próprio usuário e que caracteriza a imagem e faz com que ela se torne um link que se redireciona a um banco de dados do determinado site, aplicativo ou rede aonde é possível encontrar diversas imagens que se associam com a palavra-chave dada. Por exemplo, se fotografo a pintura Starry Night, de Van Gogh, que encontra-se no MoMA, posso associá-la com tags bem lógicas que nos levam a bancos de dados distintos. Ao colocar #starrynight no Instagram me deparo com um banco contendo 75.890 posts no qual posso ver pessoas, que assim como eu tiraram fotos no museu e também associam ao trabalho, um guarda-chuva estampado, duas montagens, um quebra cabeças, duas tatuagens, um pôster (todos acima estampados com o trabalho de Van Gogh) e uma fotografia de longa exposição tirada em uma floresta.

Ao atribuir à minha mesma foto a tag #moma, sou direcionada a um banco de dados do aplicativo que contém 374.352 posts dentre os quais 3 fotos são de trabalhos do Andy Warhol presentes no MoMA, dois do Picasso, um da pintura de Monet e uma foto do trabalho, realizado no mesmo museu, de Marina Abramovic. A imagem pode ilustrar diversas designações e conter múltiplas associações randômicas com imagens com o mesmo tag. Logo, o intuito final de se produzir uma imagem é a de levá-la ao caminho do compartilhamento.

Trecho de “O homem sem a câmera”, de Giselle Beiguelman na revista Select #6 p.15Trecho de “O homem sem a câmera”, de Giselle Beiguelman na revista Select #6 p.15

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Redes sociais

As redes sociais levaram a interatividade a um novo patamar, oferecendo um lugar em que o usuário pode ser o protagonista da própria história e contá-la através de imagens, vídeos e palavras suas ou de coisas que dirão sobre ele. Sobre o ponto de vista do protagonista do mundo, a interação é dada como um teatro: a plataforma social é o palco, os seguidores são a platéia e o usuário é o ator e para tanto é necessário que ele seja a personagem principal de seu espetáculo online, providenciando um bom show.

A premissa básica de uma rede social é propor a exposição do usuário. Esta sociedade contemporânea globalizada já está condicionada a pensar que muitas das suas ações estão também relacionadas com o ato de postar, de colocar na rede um recorte positivo da sua vida, recorte que representa a maneira ideal de como o outro vai enxergá-lo. As redes sociais estimulam o consumo de algo, a proximidade de coisas que imageticamente represente o usuário de alguma maneira.

Propagandas feitas para a internet cada vez mais são apresentadas aos usuários de maneira única, através de uma combinação de dados que são rastreados e articulados para que os produtos apresentados em propagandas dentro destes sites combinem o máximo possível com aquele perfil. A presença continua da internet na vida de um participante da globalização trouxe uma facilidade para a lógica capitalista de identificar o consumidor e também de estimular para que ele mesmo divulgue os produtos que adquire ao seu grupo social, que possivelmente adquire coisas semelhantes. O atrito entre lógica do consumo relacionada com a ideia da exposição do usuário gera um alavanque importante ao mercado. Pois cada vez mais o desejo é gerado através de um simples fascínio. Como escreve o filósofo Wolfgang Haug (1936- 1979) em seu livro “Crítica da Estética da Mercadoria”:

“O que denominamos tecnocracia da sensualidade significa bem mais que isso. Significa o domínio sobre as pessoas exercido em virtude de sua fascinação pelas aparências artificiais tecnicamente produzidas. Esse domínio, portanto, não aparece de imediato, mas na fascinação da forma estética. Fascinação significa apenas que essas formas estéticas arrebatam as sensações humanas. em razão do domínio dos

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aspectos sensíveis, os próprios sentidos passam a dominar o indivíduo fascinado.” (HAUG:1996, p.67)

A ideia de ter uma imagem icônica associada com um determinado usuário é resultado de uma lógica que determinou aquilo que o mercado queria. Entra-se em uma rede social para ver e ser visto, vê-se uma imagem de uma coisa que se deseja, este desejo é adquirido e o usuário produz uma imagem que é reprodução do que foi inicialmente visto e que produziu o desejo para que outro usuário veja e deseje a mesma coisa. Consome-se imagens pela aparência do que se quer ser, mas muito pouco é sabido sobre o objeto de desejo em si. A sua imagem torna-se um ícone e a sua importância como reprodução e como mercadoria torna-se mais importante do que o seu processo histórico de criação.

“O ponto de vista da valorização do capital enquanto propósito próprio para o qual todos os esforços vitais, as ansiedades, os impulsos, as esperanças não passam de meios exploráveis, motivações às quais as pessoas podem se agarrar, e que são pesquisadas e utilizadas por todo um setor das ciências sociais - este ponto de vista da valorização, com um domínio absoluto na sociedade capitalista, opõe-se incisivamente àquilo que as pessoas são e o que querem por si mesmas. Falando bem abstratamente, o que as pessoas intermediam com o capital só pode ser uma mera aparência. Deste modo, o capitalismo necessita radicalmente do mundo das aparências.” (HUAG: 1996, p.70)

O processo de reprodutibilidade da imagem é contínuo e, como vimos no capítulo 2, crescente. Para a arte, a reprodutibilidade pode ter um aspecto positivo como citado por Walter Benjamin (1892 -1940) em “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”:

“A reprodução técnica pode colocar a cópia do original em situações que são inatingíveis ao próprio original. Sobretudo, torna possível ir ao encontro daquele que a recebe, seja na forma da fotografia, seja na do disco. A catedral abandona

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seu lugar para encontrar sua recepção no estúdio de um amante das artes, o coral que foi executado em uma sala ou a céu aberto se deixa ouvir em um quarto.” (BENJAMIN: 1985, p.21)

Todavia, a reprodutibilidade das imagens retiram seu significado original, e transformam-na em uma mercadoria que pode ser reproduzida ou adquirida em uma lojinha no final do museu.

“Pode-se resumir essas marcas distintivas com o conceito de aura* e dizer: o que desaparece na época da reprodutibilidade técnicada obra de arte é a sua aura. Esse processo é sintomático; seu significado vai muito além da esfera da arte. A técnica de reprodução, assim se pode formular de modo geral, destaca o reproduzido da esfera da tradição. Na medida em que multiplica a reprodução, coloca no lugar de sua ocorência única a sua ocorrência em massa. E, na medida em que permite à reprodução ir ao encontro daquele que a recebe em sua respectiva situação, atualiza o que é reproduzido. Esses dois processos conduzem a um violento abalo que foi transmitido - um abalo da tradição, que consiste no reverso da atual crise e renovação da humanidade. Estão em estreita conexão com os movimentos de massa de nossos dias. (...) Seu significado social não é concebível, inclusive e precisamente em sua forma mais positiva, sem esse lado destrutivo, catártico: a liquidação do valor de tradição na herança cultural.”(BENJAMIN, 1985, p.23)

*A explicação sobre o conceito de Benjamin sobre a aura: “O que é propriamente uma aura? Um estranho tecido fino de espaço e tempo: aparição única de uma

distância, por mais próxima que esteja. Em uma tarde de verão, repousando, seguir os contornos de uma cordilheira no horizonte ou um ramo, que lança sua sombra sobre aquele que descansa - isso significa respirar a aura dessas montanhas, desse ramo. Dispondo dessa descrição, é fácil entender os condicionamentos sociais da atual decadência da aura. Baseiam-se em duas circunstâncias, ambas relacionadas com o crescimento cada

vez maior das massas e com a crescente intensidade de seus movimentos. Nomeadamente: “Trazer para mais próximo” de si as coisas é igualmente um desejo apaixonado das massas de hoje, como o é a tendência desta

de suplantar o caráter único de cada fato por meio da recepção de sua reprodução. Diariamente, torna-se cada vez mais irresistível a necessidade de possuir um objeto na mais extrema proximidade pela imagem, ou, melhor, pela cópia, pela reprodução. E, de modo inconfundível, a reprodução, tal como fornecida para fornecida pelos jornais ilustrados e noticiários semanais cinematográficos, se diferencia da imagem.”.(BENJAMIN:1985, p.27-29)

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A movimentação alienada de reprodutibilidade das massas gera a cristalização de diversos ícones que potencializam a força da mercadoria mas que esvaziam-se em significado. Se por um lado a rede cibernética traz a proximidade à informação e à divulgação de imagens, por outro, o período de reflexão e formação de conhecimento é reduzido. Navega-se na superfície. Não se costuma optar pelo mergulho profundo.

Sócrates já dizia que quanto mais as pessoas escreviam seus pensamentos e liam o pensamento de outros, menos dependentes da própria memória ficavam. Não é de agora que utilizamos de acessórios, extensões que reproduzem o que vemos e o que sentimos para fora. Livros sempre foram uma fonte de informação, fotografias sempre eternizaram o momento, pinturas, esculturas... A nossa relação com a internet é mais um rizoma. Mas desta vez esta dependência nos torna reféns da extensão que inventamos:

“A introdução de novos meios de armazenamento e gravação ao longo do último século -fitas de áudio, fitas de vídeo, microfilmes e microfichas, fotocopiadoras, calculadoras, computadores drives- expandiram bastante as lentes e o âmbito da “memória artificial”. Comprometer informações à sua própria mente parece cada vez menos essencial. A chegada dos bancos de dados da internet ilimitados e facilmente pesquisáveis trouxe mais uma mudança, não apenas na forma como vemos a memorização, mas na forma como vemos a memória em si. A rede rapidamente passou a ser vista como uma substituta para, ao invés de apenas um complemento, a memória pessoal.” (CARR: 2011, p. 180)

Nicholas Carr (1959- ), autor americano que escreve sobre cultura, economia e tecnologia escreve o livro “The Shallows: What the internet is doing to our brains” (os ocos: o que a internet está fazendo com nossos cérebros) dedicado ao uso da Internet em si. Mas “the Shallows” pode ser aplicável também ao Smartphone que condensa a rede a um aparelho que também produz imagens, calcula, grava, guarda todas as suas informações, e possui aplicativos que permitem que você divulgue socialmente as suas produções e a todas estas informações estão presentes de maneira wireless e cabem no seu bolso. Se o seu aparelho não comporta a quantidade de informações, você pode até armazená-los em locais abstratos chamados “nuvem”. De

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qualquer forma, na palma da mão humana cabe um HD externo do qual dependemos cada vez mais. Deste modo pode se acessar com facilidade o momento, a nota, a memória e assisí-la.

Ao perguntar para uma moça que tirava uma foto ao lado da pintura Starry Night o porquê de fazer isso e, ela respondeu “Porque quero voltar para a Austrália, rever as minhas fotos e ao olhar esta foto, me lembrarei exatamente de como o trabalho de arte era e do que eu estava sentindo neste momento”. Aquele foi um ponto de virada na minha pesquisa. Se antes olhava para o outro com certo julgamento, ali, conversando com o outro era quase como se eu tivesse me inclinado total à sua causa, a causa de fotografar trabalhos. Mas o quanto que uma imagem realmente retém da memória? A memória humana é conectada com tantas outras informações que ultrapassam uma imagem estática, elas são duas memórias praticamente opostas. O quanto que uma faz bem à outra? Qual é a real importância em produzir uma imagem? Ela realmente vale mais do que a nossa própria memória?

·

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“A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhos apresenta. Eis porque o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda a parte.”

(DEBORD:1997, p.23)

Pode se entender a relação entre as pessoas e as redes sociais como um grande espetáculo teatral. O ator é a pessoa que cria uma conta na rede social. Seu personagem é o usuário criado. Cabe ao ator interpretar da melhor forma o que e como ele acha que o personagem deve passar. O público do espetáculo são aqueles que seguem a conta do usuário, que lhe dão o feedback, que comentam e assistem a sua história. E o aplicativo é a plataforma, é o palco. Warhol dizia na década de 60 que no futuro todos teriam os seus quinze minutos de fama. Dentro da rede esses minutos sofrem uma dilatação. O público está diante de um palco que contém inúmeros personagens contando suas inúmeras historias. Então é incumbência do ator a de interpretar e passar através do seu personagem uma história destacável e memorável ao seu

público, uma história na qual cada um da plateia sinta vontade de viver.

“O homem acaba por se assemelhar àquilo que gostaria de ser” (BAUDELAIRE:1996, p.9)

Espetáculo

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“A aura seria, portanto, como um espaçamento tramado do olhante e do

olhado, do olhante pelo olhado.” (DIDI-HUBERMAN: 2007, p.147)

Talvez a maior correlação que permeia toda a relação entre o espectador x obra e o seu desdobramento nos meus dois trabalhos é a densa e inabalável presença do olhar. O filósofo francês Georges Didi-Huberman (1953- ) retoma em seu livro “O que vemos, o que nos olha” a ideia benjaminiana da aura (citada anteriormente) enfatizando a presença de tempo e espaço dentro da mesma. “Próximo e distante ao mesmo tempo mas distante em sua proximidade mesma: o objeto aurático supõe assim uma forma de varredura ou de ir e vir incessante, uma forma heurística na qual as distâncias - as distâncias contraditórias- se experimentariam umas à outras, dialeticamente. O próprio objeto, tornando-se, nessa operação, o índice de uma perda que ele sustenta, que ele opera visualmente: apresentando-se, aproximando-se, mas produzindo essa aproximação como o momento experimentado “único” e totalmente “estranho” de um soberano distanciamento de uma soberana estranheza ou de uma extravagância. Uma obra da ausência que vai e vem, sob nossos olhos e fora de nossa visão (...)”. ( DIDI-

HUBERMAN:1998, p.38)

Olhar

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O artista produz um trabalho enxergando-o.

O trabalho vê os espectadores vendo-o.

Visitantes vão ao encontro de instituições de arte para ver trabalhos.

Vejo um trabalho.

Vejo pessoas vendo um trabalho.

Vejo pessoas vendo telas de aparatos fotográficos que vêem um trabalho.

Vejo Uma tela um aparato fotográfico que vê pessoas vendo suas telas de aparatos

fotográficos que vêem um trabalho.

Um espectador assiste a meu trabalho de pessoas vendo um trabalho. Um trabalho vê

um aparato fotográfico apontado para ele que é segurado por alguém que é assistido

por mim que aponto outro aparato fotográfico para a cena.

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Capítulo II

Capítulo IICapítulo II

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Na pintura do artista espanhol Diego Velásquez (1599-1660), o pintor realiza com proeza um jogo de pingue e pongue entre o que se vê e o que os olha. O personagem de assunto central na pintura é Margarita, a garotinha de cabelos claros, a princesa da família real espanhola. A pintura mostra diversos funcionários da corte espanhola, as damas de honra- donas do título da obra- e outros tantos que ali estavam para garantir o bem estar do momento do retrato. A pintura também possui um autorretrato, uma vez que Velásquez encontra-se presente do lado esquerdo e o rei Filipe IV e a rainha Mariana encontram-se refletidos no espelho, acima do ombro direito de Margarita . Em primeiríssimo plano, do lado esquerdo, vemos a própra pintura que nos é apresentada. O reflexo do rei e da rainha mostra que, na verdade, o espectador se posiciona no próprio lugar onde os reis estão. Velásquez, por sua vez, pinta também voltado ao espectador, como se todo este arranjo da corte reverenciasse aquele que os vê, logo, nós, os espectadores. Somos participantes ávidos da obra, refletidos como reis e pintados pelo artista, como se houvesse a quebra da quarta parede que nos retira deste estado contemplativo para um estado participativo, protagonista e real no trabalho de Velásquez.

Se somos os reis, Velásquez, o artista é colocado em uma posição de funcionário do espectador, mas ele que está lá eternizado, os reis foram depostos podem ser qualquer um de nós.. O artista deve criar então arte aos espectadores, aqueles que o assistem, seja qual for a sua origem.

“Las meninas” se relaciona com “Espectro” assim como a ideia de Didi-Huberman sobre “O que vemos e o que nos olha”, dado a esse jogo constante do olhar do trabalho que também nos vê.

Las Meninas1656Diego Velásquezóleo sob tela 3.18x2.76Museu do Prado, Espanha.

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imagem retirada de <https://www.museodelprado.es/en/the-collection/online-gallery/on-line-gallery/zoom/1/obra/the-family-of-felipe-iv-or-las-meninas/oimg/0/> acesso em 06/11/2014

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O conjunto da trajetória de trabalhos de Sophie Calle (1953 - ) sempre foi uma referência uma vez que enxerguei em Calle uma forma semelhante a minha em pensar sobre o outro e desta forma lidar com o mundo. O conjunto da obra daté o momento de Calle é uma referência mas seleciono aqui o trabalho Suite Vénitienne (Suíte veneziana).

“Por meses eu segui estranhos na rua. Pelo simples prazer de segui-los e não porque eles particularmente me interessavam. Eu os fotografei sem que soubessem, anotei suas ações e ai finalmente os perdia e os esquecia. No final de janeiro de 1980, nas ruas de Paris, eu segui um homem o qual perdi de vista por alguns minutos em uma multidão. Na mesma noite, por acaso, ele me foi apresentado em uma vernissagem. Durante a nossa conversa ele me contou que planejava uma viagem à Veneza”

Calle foi à Veneza e o acompanhou, registrando e fotografando minuciosamente o percurso do homem.

Este trabalho é referência ao “Espectro” principalmente pelo caráter do voyeurismo presente, pelo interesse por um outro alguém que começa com uma obsessão investigativa e termina absolutamente desprendido. O registro da ação é o que interessa. Durante as minhas visitas aos museus para recolher material eu não segui alguém. Essas pessoas eram apresentadas na minha frente e eu as registrava. Elas iam embora e eu ia a outro lugar. Foram todos encontros espontâneos, assim como nos print screen das telas do celular. Nenhuma das contas de usuários colecionada foi investigada. Apenas coletei a foto que eu queria, as palavras que queria ler. Que vêm de outro alguém, mas só tratam de um encontro. O meu planejamento durante ambos os trabalhos foi de estar em um local propício para observar os acasos os quais eu queria analisar acontecendo. É uma obsessão profunda pela ação do outro ou pelo um pequeno recorte de sua opinião sobre esse assunto que busco. Acredito que essa enorme reunião das minhas obsessões falam muito sobre “Espectro” e se relacionam com Sophie Calle.

Suite Vénitenne1980Sophie Calle

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imagem retirada de <http://jacindarussellart.blogspot.com.br/2011/07/so-phie-calles-suite-venitienne.html> acesso em 06/11/2014

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O trabalho Sin Peso, de Cao Guimarães (1965 - ), é passado inteiro em uma feira. Neste filme podemos escutar toda a movimentação conhecida de feiras, muitas vozes indistinguíveis no fundo são contrapostas pelo grito alto dos vendedores. É um áudio absolutamente imagético, que remete ao grande movimento, ao barulho de várias pessoas reunidas em um mesmo local, a diversos alimentos e informação. Todavia em contraposto com o volume de informação que carrega o áudio, o filme acompanha imagens bastante leves e sutis deste mesmo lugar da feira, mas de um recorte da composição dos toldos e do céu em planos bem equilibrados, calmos e delicados.Sin Peso foi referência aos vídeos de “Espectro” por ser um trabalho que busca estimular o encontro de extremos em um mesmo local. Ora, se o museu é um local que remete fatores como a cultura, a educação, a arte, muitas vezes tudo o que se consegue presenciar é o caos, o barulho, ou mesmo o vazio completo e o silêncio. A presença ou ausência humana é quem determina um espaço.

Sin Peso2007Cao GuimarãesFilme Super 8 transferido para vídeo. 7’’.

Cao Guimarães. Sin Peso, 2007.frames do filme

retirados de < http://www.caoguimaraes.com/obra/sin-peso/>

acesso em 06/11/2014

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Capítulo III

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Durante a passagem de semestres o projeto passou por uma mudança significativa de estrutura. Tudo ocorreu depois de uma rápida visita que tive ao MoMA em fevereiro de 2014. Na realidade a ideia do trabalho inteiro teve o início lá, no mesmo lugar, quando, em 2012 numa visita ao MoMA, me deparei com o trabalho Starry Night. Emocionada quis chegar perto dele, mas senti que atrapalharia a horda de pessoas que fotografavam a pintura.. Starry Night é um dos trabalhos mais populares do MoMA e é facilmente reconhecível pela maioria dos visitantes. Esperei um pouco as pessoas que apontavam as câmeras para ele para me aproximar e contemplá-lo, mas uma pessoa era substituída por outra com outra câmera e então desisti da educação e fui para perto do quadro. Mesmo sem entender essa ação compulsiva de tirar foto da pintura eu também saquei o meu dispositivo e fiz uma foto. Diferente, de pertinho. Igual.

Visitar museus faz com que eu me questione muito de que forma é dada a experiência da arte nos dias de hoje e por que ela é praticamente sempre mediada por uma aproximação junto com uma câmera fotográfica. Nesta minha segunda visita ao MoMA, sentei-me no sofá na frente do Starry Night para contemplar desta vez as interações com ele, e nesta análise in loco tentar compreender os costumes e ações dos visitantes. A maioria deles sempre olhava a pintura e tirava uma foto logo depois, ou até mesmo nem o olhava direito, tirava uma foto e ia para o próximo. É claro que dentro da sua sala, o Starry Night é o que tem mais facilidade de ser reconhecido, assim como Van Gogh. Os dois já fazem parte da cultura geral da maioria das pessoas que visita museus. Durante esta minha pesquisa eu me lembrei do tempo que havia acabado de passar trabalhando num parque de diversão que encerrava o dia com explosões de fogos. Tive o prazer de assistir diversas vezes ao espetáculo e, assim como no museu, me perguntava constantemente porque as pessoas preferiam aproveitar o momento com uma câmera na mão do que olhando diretamente ao assunto. E quero exemplificar com este caso dos fogos de artifício porque enxergo neles algo completamente efêmero, momentâneo. Um

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fogo nunca explodirá da mesma maneira, e eles são completamente encantadores e enfeitiçadores, o suficiente para que você realmente desejar guardar uma foto de recordação. Mas será que essa fixação do momento, assim como compartilhá-lo pela internet é tão mais importante do que viver integralmente a experiência, do que viver integralmente o presente?

Eu olhava para os visitantes do MoMA com certo desdém, como se quase mais ninguém pudesse viver a experiência da arte de maneira integral, mesmo apesar de eu mesma sentir vontade de tirar fotos. O que é, afinal, esta vontade quase condicionada que temos esta de sacar fotos de coisas que gostamos? Na minha frente passaram três senhoras, funcionárias do museu, com um carrinho que tinha uma placa explicativa sobre a atividade que educativo propunha. O museu chamou o fenômeno de “Pose and Snap” e gostaria de conversar com aqueles que o “praticavam” para entender. Então logo me senti em casa: até o próprio museu se questionava sobre o chamado “Fenômeno”. Eu fui conversar com as senhoras para contar sobre a minha pesquisa e elas me convidaram para abordar os visitantes e os questioná-los também, algo que por minha timidez, eu jamais teria coragem de fazer sozinha. Gosto de notar comportamentos passando despercebida e não de interceptá-los. Cada pessoa que posava com o trabalho, assim como posariam com uma celebridade era questionada sobre a ação. E as respostas de muitas das pessoas fizeram com que eu mudasse a minha perspectiva ao observá-las. Muitas queriam guardar o momento para que, quando olhassem para a foto, se lembrassem da pintura e da sensação que era estar ao seu lado, já que sempre viram reproduções e agora estavam conhecendo pessoalmente o original. Essas duas foram (e são) as palavras mais utilizadas para explicar o valor do momento. E senti que são palavras positivas. Conversar com tantas pessoas, vindas de tantos lugares do mundo trouxe a clara visão de que, pelo menos, aquelas pessoas, reunidas naquele determinado lugar, com a intensão de ir a um museu e a tirar uma foto com o mesmo trabalho, pensam de maneira bastante semelhante e são o público perfil que está disposto a interagir com a arte de maneira aberta. Mas ao mesmo tempo vi que corpos estão condicionados ao mesmo molde.

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Como meu tempo hábil naquele dia foi curto, sai do museu já com vontade de entrar em contato novamente com as percepções que me pareciam positivas sobre a experiência de estar em um museu e diante especificamente do Starry Night. A partir daquele dia eu comecei a entrar no Instagram -uma rede social em que seus usuários podem compartilhar imagens e curtos vídeos- e procurar no tag #MoMA pessoas que tivessem tirado foto com o Starry Night. Comecei a ler relatos de seus usuários, observar pontos convergentes e divergentes de cada uma delas ou quais tags que eram utilizadas para associar a imagem a um certo tipo de segmentação. Depois de uns dias comecei a colecionar essas imagens tirando um print screen da tela. Essa foi uma ação essencial para que eu começasse a pensar todo o trabalho de uma nova forma. Logo que voltei ao Brasil comecei a ir para diversas exposições para observar as pessoas, comecei a filmá-las e quando percebi, já estava produzindo uma boa quantidade de material bruto que me daria alicerce para o trabalho.

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Como as filmagens foram feitas todas, in loco, o que me deu tempo também de refletir, em cada um dos museus, sobre as próprias situações que o espaço de arte propunha e as próprias situações em que eu me encontrava diante do resto das pessoas. A minha intenção produzindo os vídeos sempre foi a de interferir menos possível no ambiente, para que as pessoas não notassem que estavam protagonizando qualquer tipo de fotografia ou vídeo. A minha escolha por filmar praticamente tudo com celulares foi exatamente esta: a de me tornar invisível. O momento contemporâneo no qual vivemos respeita bastante a relação homem X smartphone, apesar de haver já algumas correntes de pensamento que ressaltam os malefícios deste vício, seu uso ainda é incentivado e cresce cada vez mais. Uma pessoa usando um aparelho de celular parece anular-se do mundo de maneira que as pessoas em sua volta não se importem com o que ela faz nele.

Fiz questão de visitar museus em diversas horas do dia, para que assim pudesse encontrar vários tipos de movimentos, relações e clima dentro de um mesmo lugar. Quanto menos visitantes um lugar tinha, mais tímidos eu e meu celular éramos. Um dia fui ao MAC e me deparei com uma sala onde não tinha absolutamente ninguém. Nem mesmo guardas que zelassem pela obra. Naquele dia senti que o céu era o limite, pude fazer planos deitada no chão, esticando o braço bem alto. A verdade é que no início do trabalho confesso que eu me inseria em uma zona de conforto dentro de uma bolha que me protegia do medo do ridículo. De me sentir ridícula ou maluca de não ser mais invisível, de que os outros descobrissem e com isso todo o clima intacto do local, essa aura psicológica criada por mim, fosse desbarrancada. Assim como uma vez que uma senhorinha no metrô de NY me deu bronca bem alto por estar tirando foto das pessoas do vagão sem a autorização de cada uma delas, aquele momento da vida me senti nua, revelada e desestimulada. Mas a relação das pessoas com a fotografia e o compartilhamento delas chegou a situações tão quantitativas e extremas, que a partir daí me senti menos envergonhada caso fosse desmascarada, colocaria até mesmo um “sorria você está sendo filmado” no meu pescoço se fosse preciso.

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De qualquer maneira, as pessoas que perceberam aceitaram, ignoraram ou até se flexibilizaram muito bem. Houve um momento engraçado comigo no Louvre: enquanto fazia filmagens na sala da Monalisa, logicamente muito lotada, eu filmava um cara de mais de dois metros de altura tentando fotografá-la e driblava as tantas pessoas que estavam na nossa frente. Pouco depois o grandão olhou para trás, para mim e em inglês me perguntou: “quer que eu tire para você?”. Fiquei tão desconcertada com a simpatia do cara, que achava logicamente que eu e os meus 1m50 passávamos apuros com a busca pela minha própria “Mona de bolso” que eu aceitei a fotografia como lembrança. As pessoas se tornam muito solidárias com a fotografia do outro. Param de andar para não passar na frente da foto, se prontificam para tirar uma foto de pessoas que não conhecem. Nestas grandes obras se respeita mais uma câmera do que um espectador que queira ver a obra de perto, com tempo. A Monalisa é claramente um caso especial de fanatismo, mas a verdade é que não se vê mais a Monalisa. Tudo faz parte de uma experiência de vida completamente empacotada. A Monalisa, para mim, é toda a ação de ir ao Louvre, pegar fila no sol para entrar, passar pela inspeção, subir diversos degraus, enfrentar uma massa inacabável de turistas, chegar no aglomerado da sua sala, passar na frente de várias pessoas, chegar perto da fita que separa o aglomerado da pintura, ligar o celular, dar zoom para que a distância dada pela fita, pelo corrimão de madeira que a protege, assim como o vidro blindado não interfiram na foto, tirar a foto rápido para o próximo integrante aglomerado tirar, postar em uma rede social para cumprir o seu papel de turista e finalmente sair pela lojinha do Louvre comprando qualquer bugiganga de poucos euros com uma estampa dela. Esta é a Monalisa. A iconofilia trancafiou a pintura de daVinci nestas condições. Não interessa mais o que ela significa, mas o que significa estar tão perto dela. Aquele que não tem uma câmera e queria apenas admirá-la sofre diversas barreiras para tanto. Não estou aqui ou com o trabalho pregando contra o uso das câmeras fotográficas. Mesmo por que isto seria impossível e ingênuo. Mas proponho uma reflexão sobre a produção de imagens e a interação contemporânea com a arte.

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A pintura “La Gioconda”, é uma superstar há pouco tempo, na verdade. Antes de 1900 ela não passava de mais uma pintura do Louvre, que poderia passar desapercebido por muitos frequentadores. Ela não era um grande destaque era apenas uma boa pintura Renascentista. Mas em 1911, “La Gioconda” foi roubada e seu destino mudou. Demoraram 26 horas para notar a sua falta, uma vez que o Louvre é um local tão grande. Dois dias depois, o anúncio do Louvre sobre seu sumiço causou um imenso burburinho em toda a França a notícia propagou e gerou muito mistério. Até Picasso foi acusado do roubo, todos iam ao Louvre ver o lugar onde a Monalisa deveria estar e depois que foi encontrada que as pessoas começaram a reunir grupos para visitar a pintura que havia sido roubada, e a indagar sobre o seu sorriso, sobre o seu mistério. Sua ausência que se fez notar.

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O que me estimulou durante todo o processo de criação, pesquisa e trabalho da monografia foi a curiosidade de entender o outro para compreender qual é o papel de um artista e como ele pode se posicionar diante da atualidade. Estive atenta para poder ver o mundo com “olhar de estrangeiro”- como diria o escritor Albert Camus- e tentar entender qual pode ser a minha ação como profissional sobre a relação entre espectador e obra.

E do quanto a imagem é o elemento cerne que é preciso analisar para que seja possível a análise da relação entre o espectador e a obra. A iconofilia é parte essencial do mundo globalizado, e é preciso compreendê-la para, a partir dela, se entenda grande parte das ações dentro

de um espaço expositivo.

Minha intenção não é julgar,classificar, ajuizar ou mesmo prezar, estimar, exaltar e aprovar o momento em que vivemos, mas enxergá-lo com olhos de uma aluna de artes que, ao frequentar uma instituição artística não se aproxima apenas de trabalho, mas de toda a atmosfera do local. De alguém que possui diversos dispositivos eletrônicos e que também os utiliza. De alguém que cresceu em uma geração que teve uma infância “analógica”, mas que cresceu também junto com o desenvolvimento desta tecnologia. Talvez para mim seja mais fácil de incorporar a tecnologia do que para alguém da geração dos meus pais, mas também será mais difícil para lidar com algum desenvolvimento tecnológico que a próxima geração já estará muito mais apta em lidar. E é por isso que viver este aqui agora onde algumas relações estão em mudança fazem com que eu me questione, e me interesse bastante sobre

esta transformação no olhar.

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Revisão: Belmira Apparecida Martins Lourenço

Diagramação e imagens da capa: Flávia Lourenço Salama

Capa: Bruna de Oliveira