Entrevista Mino Carta

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  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    1/20

    MINO

    JORNALISTA

    DE

    OPINIÃO

    rofissional

    e inegável

    postura ética

    exemplo

    de

    como

    manter a

    dignidade

    apesar

    dos encantos

    da serpente

    i110 Carta

    é um

    ovetn

    seiihor

    de

    67

    aitos talvez. pois riao

    e sabe a o certo quando

    nas-

    cerr

    mas a data está entre

    setembro

    de

    1933 e fevereiro de i934 iniprecisfio co-

    naum eritre as aii~17 ias e airtiganaente.

    Do

    iioiiie Deniérrio que iião gostava icou

    coin o diniiirutivo

    Mino.

    E uni dos niais

    taleirtosos

    e

    iniporfaiites jortialistas do

    país. Foi

    respon~úvel

    or periódicos

    que

    fizeram escola

    tais

    coino:

    Quatro

    Rodas

    Joriial da Tarde revista Veja Seriho~ sio

    E Jonial da República. lioje direror de

    redaçZo do

    revista

    Carta

    Cnpital . Ein eir-

    trevisra à Comunicação

    Educação

    de

    sua sala lia redaçZo as voltas oili ofa-

    zer

    e

    fazes heirifeito mais uiira ediçiio

    de

    sita revista falou sobre coiiio foi

    o

    pri-

    meiro eiicontro com VictnrCivi~a obre a

    contratação

    para fazer Quatro

    Rodas

    e

    depois Veja de

    sua

    relação uilz Golbety

    do outo e Silva cont o

    iiiiitistro

    d o go-

    ventoGeisel A m ar do Falcão

    eda

    çet sum

    Falou

    aiirda

    do

    Brasil

    para

    ele çolôilia

    dos EUA dosfuturos presideiiciáveis

    e

    da

    falta de qualidade do jornalismo que se

    pratica ioje iragraiide inipreirsabrasileira

    Por Roseli Fígaro.

    R C E :

    Você

    rem

    uiiia

    sradição

    de jonra-

    lis tas ira sua ni~iília; eu avó

    eu

    pai

    seu

    irniãu Luís e você Conro isso aconteceu?

    Mino

    Carta:

    Meu

    av

    materno

    que

    s

    chamava Luigi Luís era jornalista.

    eu

    pai apaixonou-se

    pela

    filha

    dele e decidi-

    r m s casar em idade relativamente

    di-

    minuta.

    Ambos

    acabavamde se

    formar

    na

    universidade.

    Ela

    em Letras

    ele

    em Di-

    reito Eles

    queriam

    casar

    mas

    eIe não ti-

    nha

    emprego

    e montar

    uma banca de

    ad-

    vogado parecia

    ser

    algo complexo o

    pai

    de

    meu

    pai

    era

    prof ssor

    e

    de todo

    j ito

    vivia

    de salário Entãoo pai da minhamãe

    que

    dirigia

    um jornal

    perseguido

    neste

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    Mino

    jornalista de opinião

    tempo pelo fascismo mas ainda um ho-

    mem d e m uito presiígio - inha uma certa

    forqa - arrumou um emprego para o meu

    pai

    no

    jornal. embora

    ele

    n3o

    pensasse

    em

    ser jornalista.

    RCE: [.TIO

    pili Gtiiova

    Mino

    Carta: Em Gênova. Então

    meu

    pai descobriu que gostava d e jornalismo

    parece que ele tinha talento. Ele logo saiu

    daqu ele jornal e foi trabalhar em outra

    que era o principal da cidzide. alias até hoje

    i

    o principal jornal da cidade da

    regiao

    que

    se cha ma 11 Secolo

    XIX E

    virou rc-

    dator-chefe deste jornal aos 28 anos.

    De-

    via ter

    algum

    talento

    o

    senhor

    meu

    pai eu

    não

    tinha ainda nascido. Mas ele foi anti

    fascista

    foi

    perseguido acabou preso

    enfim mil peripécias. E ai ele veio pata

    ci

    um ano

    e

    pouco depois da

    guerra

    em

    agosto

    de

    1946.

    RCE: ire

    itiotivori

    itiitdcr?

    Mino Carta: Motivou a vinda o fato

    de que

    apareceu umaproposta

    do

    sr. Fran-

    cisco Matarazzo que na época era o ho

    mem mais rico d o Brasil

    e quê

    entre ou

    tras coisas supunha ser dono

    do

    jornal

    Folha de

    S. Paulo aliás neste tempo Fo-

    lha da Manhã porque supunha ter

    a rnaio

    ria

    acioniria. Ele tinha

    um

    pacote

    de

    ações

    e

    achava que havia um pequeno grupo que

    estava com ele

    e

    que

    era

    o fiel

    da

    balança.

    Na verdade est e pequeno _grupo na hora

    H

    bandeou-se para

    o

    outro lado. Mas

    o

    Matarazzo não calculou

    isso

    e fez o con-

    vite para

    o

    m u pai vir para cá par3 ser O

    diretor atrás dos bastidores deste

    jornal.

    Atr5s dos bastidoresporque não seria pos-

    sível

    meu

    pai

    ser

    diretor send o estrangei-

    ro. Meu

    pai

    achou a proposta muito inte-

    ressante. Ele tinha também um a idéia

    que

    se verificou errada. Não era perfeito nin-

    guém é. Ele achava

    que

    viria uma Tercei-

    ra Guerra M undial. e

    nós inham os vivido

    uma

    guerra

    com

    dois filhos pequenos para

    criar e decidiu transpor a ponte.

    RCE: VOCL ti llinqitnntos

    niios I icsta

    poca 7

    Mino Carta:

    Agosto

    de

    1946

    eu

    tinha

    12

    anos e

    meu irmão tinha

    10.

    Mudamos

    para cá

    e logo

    aclimaiamos viramos bra-

    sileiros

    estudamos aqui. A i

    eu

    tive a

    opor-

    tunidade d e ir trabalhar

    na

    Itália.

    Mas

    enfim

    eu

    virei jornalista por

    causa de

    um

    terno azul-marinho meu irmão porque

    queria

    ser

    jornalista. Eu queria

    um

    terno

    azul-marinho 1130 sabia o

    que

    queria. Era

    um pândego.

    RCE:

    E

    a

    sria

    fonliaçllo

    para

    pirttrirn

    posqrie você

    tnilibétii é

    141nartista de irn

    port2ricia

    ocê

    teve

    foniração

    para isso?

    Mino Carta: Queria ser pintor

    mas

    com o pintor também sou um autodidata.

    Depois quando fui trabalhar em jornal

    na

    Itilia tive

    a

    oportunidade de trabalhar com

    um grande

    pintor

    durante algum tempo...

    Mas

    no

    fundo não 6

    que

    eu tenha forrna-

    ção de escola

    de arte.

    Meu pai além

    de ser

    jornalista fez

    cursos

    e virou professor

    de

    História da

    Arte.

    Ele

    dava

    aulas chegou a

    da r um curso importante na USP

    de His

    toria da Arte.

    R C E : E

    qitnirdo você i7oltori do

    Itcífia

    pnrn

    ccí disse qiie

    ilirou

    oninlista por co~i

    ta

    de

    irri i rei ito

    nzfrl-iirnrj~ihori s

    vocêpn

    rece qrre gosrotr.

    Mino

    Carta:Quando voltei

    para

    o Bra-

    sil

    o

    problema

    jrE

    estava

    resolvido.

    O

    ter-

    no azul-marinho remonta osmeus

    16

    anos

    enire os 5 e 16 anos q u e era quando

    eu

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

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    Comunicação Educação,São Pauto,

    [23): 7 a 90, jan./abr.

    2002

    queria um terno azul-marinho, deu para

    Veja.

    Achei tudo isso muito tentador e

    aca-

    escrever

    uns

    artigos, uns artiguetes

    assim

    bei aceitando. A í virei jornalista d e verda-

    s m

    grande esforço intelectual e

    consegui

    de. Na Itália, já tinha sido tambim, d e al-

    juntar um dinheiro para mandar fazer

    um

    guma forma.

    terno azul-marinho. Esse

    era o

    objetivo.

    Da í acabei virando jornalista por força de RCE: orrio oi este seir corit ro coni

    o

    inCrcia. Depois di sso

    fui

    para a

    Itália

    tra-

    Wctor Civita

    Por que

    você

    balhei

    e quando voltei para o Brasil, MineCarta: Primeiro, em 1958 sai do

    evidenterneke, o jornalismo ji nUo era jornal de

    Turim

    onde trabalhava, chama-

    força d e inércia. va-se a Gaze ta De1 Popolo. Sa i porque o

    dono deste iornal resolveu coloç5-10 na

    mão

    da

    democracia

    cristã. Neste tempo

    O

    C

    ta procurou

    em

    havia uma

    lei

    pela

    qual

    você

    podia exigir

    e

    me fez

    um

    convite

    muito

    sua

    indenização completa,

    e

    ser indeniza-

    te" tadoi;

    sobretudo e m tei mos

    d o "(6

    O

    Último tostão , Caso V O C ~ rovasse

    aue

    o

    seu iornal

    tinha mudado

    de

    Iinha

    d e salário.

    política.

    Eu

    estava trabalhando em um jor-

    nal teoricamente independente,

    ão

    liga-

    Então, voltei

    para se r diretor d e rê- do a nenhum partido e

    de

    repente o don o

    dação, que era uma coisa que na Itália as

    desse jornal,

    que

    não

    era

    diretor, na

    Itália

    pessoas gargalhavam. Porque na Itália, ão existe diretor por direito

    divino,

    tinha

    para

    ser

    diretor de

    redação,

    depois dos decidido apoiar o Partido D emocrata

    Cris

    quarenta anos,

    você

    precisa ter mostrado tão. Não pam tomá-lo um

    6rgão

    oficial

    do

    bastante serviço. E eu,

    aos

    25 receber uma

    proposta para

    ser

    diretor

    de

    redação

    RCE:

    sta

    proposta oi

    para

    você

    diri

    gir a Quatro Rodas?

    Mino Carta:

    Foi para fazer

    a Quatro

    Rodas. Recebi em dezembro de 1959 e m

    Roma,

    o

    Victor Civita

    para

    um almoço

    e

    ele

    m e

    convidou para fazer a revista. Ar-

    partido, mas para tornar

    o

    jornal

    demo-

    crata-cristão. Resolvi não trabalhar nesse

    jornal

    e

    fui

    embora. E recebi a indeniza-

    ção. Hoje mudou um pouco esta lei por-

    que as diferenças ideoldgicas

    são

    menos

    sensíveis.

    Pelo

    menos dizem

    ...

    Acho que

    ão s50, mas ão importa o que eu acho.

    Urna

    revista de Roma

    me

    convidou para

    escrever uns artigos sobre o Brasil,

    umas

    gurneniei que não sabia

    dirigir

    automóvel

    reportagens.

    E vim

    para

    o

    Brasil, passei

    e

    nZo sei dirig ir até hoje.

    Não

    distingo

    um

    três meses aqui. Isso foi em 1958. O Victor

    Volkswagen de umMercedes. N5o me in-

    Civita, neste mom ento,

    me

    procurou,

    mas

    teresso, não tenho nenhum p endor

    para a

    eu não quis. Primeiro, não queria voltar,

    questão.

    Ele

    disse

    q u e

    precisava de um

    segundo,

    não

    tinha muita confiança. De-

    jornalista.

    Ele

    tinha um

    milhão de planos,

    pois

    ele acabou

    fazendo a proposta para o

    queria fazer uma revista para concorrer

    meu irmão. Meu irmão,

    Luis

    Carta esta-

    com a

    Manchete e

    se

    a

    minha experiência

    va

    em

    Roma.

    Foi

    chamado pelo Bloch

    e

    fosse bem-sucedida

    ele

    tinha planos para voltou para trabalhar

    om

    o Bloch,

    mas

    fazer uma outra revista,

    que

    no caso era

    a

    o Victor Civita o chamou para vir para São

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

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    Mino

    jornalista

    de

    opinião

    Paulo eles se acertaram e o Luís virou

    diretor editorial

    de

    u m a

    editora

    muito

    incipiente a Editora Abril

    cuja

    principal

    revista

    era

    chamada Manequim.

    Mas

    quan do o Victor Civita

    começou

    a pensas

    em fazer a Quatro Rodas no Brasil m u

    irmão

    disse

    a

    ele

    para

    me procurar. Foi

    assim

    que

    o

    Civira voltou a falar comigo.

    Eu disse

    para o

    meu irmão que aquele

    cara

    não

    era

    de confiança.

    Mas

    o Lu ís disse para

    eu não me preocupar que tudo iria d ar

    certo. Assim

    acabei

    aceitando.

    RCE:

    Queria

    que vocé

    f l sse

    unzpou-

    Mino

    Car ta

    um

    combatente

    da

    jornalismo

    de qu lid de

    co

    sobre

    ut t joritalisra e

    un

    dono

    de jnr-

    ria1 tanibéiri bastarite

    polêniico Sarriucl

    Wai wr E

    do

    ortialisíilo

    de

    riiira Hora.

    Queria que você expressasse sua

    opittiüu.

    Mino Carta: A c h o q u e o S a m u e l

    Wainer foi certamenteum

    homem

    brilham

    -

    te e um jornalista competente.

    A

    visão que

    ele

    dnha das coisas

    da

    política do mun-

    do

    da vida 5diferente da

    minha.

    Talvez

    ele fosse

    um realista um

    pragmático.

    Era

    um

    homem que estava disposto

    a

    traba-

    lhar para

    o poder

    de alguma forma.

    RCE:

    Vocé

    ch

    que o Úhiina Horafoi

    só uin

    jornal

    do poder?

    inoCarta:

    Não exclusivamente mas

    era um jornal feito para ter um compro-

    misso político para apoiar Getúlio t inha

    dinheiro

    do Matarazzo aliás

    issonão

    mais

    na

    década de

    40. Estou

    falando

    de

    outra

    década

    de 50

    e começo da década

    de 60.

    Era

    um

    projeto

    a

    seu modo

    bem

    interes-

    sante

    tinha coluna5 muito válidas para o

    m u gosto.

    Por

    exemplo a coluna do

    Stanislaw Ponte Preta era uma coisa

    di-

    vertida

    o Nélson Rodrigues escrevia A

    vida

    como

    ela é

    era

    umcontinha

    crônica

    meio conto diária. Era

    um

    jornal qu e ine-

    gavelmente t inha as suas qualidades. Re-

    pito que

    acho

    que

    o Samuel Wainer era

    muito inteligente

    e

    um

    jornalista muito

    competente com faro para

    a

    coisa

    mas

    com

    uma visão

    bem distinta

    da

    minha.

    Nunca faria

    um jornal

    que deliberadamente

    surgissepara apoiar este ou aquele.

    RCE:A sevim Realidadefoi

    l tiç d

    ei?i

    1966

    portairto d~poiso

    Golpe.

    Qrlal a

    i i r i -

    poricliicia

    de1 para

    o ontolisri~o

    época?

    Mino

    Carta:

    A

    grande qualidade

    da

    revista foi o fato de ela ter enfrentado

    al-

    uns

    emas que eram candentes na época

    que chamavam m uito

    a

    atençiío e que con-

    vinha debater

    era

    muito justo debater

    e

    ela

    soube selecionar estes

    temas

    e debate-

    10s. Esse foi o

    grande

    mlérito

    e

    a

    razão

    d e

    gr nde êxito da revista. Tinh a um

    defeito

    a

    meu ver

    que

    niio

    era u m

    defeito

    da pu-

    blicação

    e m

    si era um defeito da periodi-

    cidade.

    Era

    uma revista mensal e portanto

    u m

    pouco limitada deste ponto

    de vista.

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    5/20

    Cornunicaçfio

    8

    Educação Sdo

    Paulo

    233:

    7

    90

    an.labr.

    2002

    Tanto que quando veio

    a

    Veja,precipitou-se tipo

    de

    oriralisn~o e

    Realidade

    hoje

    ni

    da

    a crise da Realidade.

    Mino

    Carta: Não sei Assuntos canden-

    tes, importantes são prcduzidos todos os

    RCE:

    Eirrão

    você

    ch

    que

    a

    receita

    momentos.

    Estou

    falando

    de

    assuntos

    em

    da

    Veja

    ajudou a enterrar a~ealidade

    termos profundos

    em

    termos filos6ficos.

    Mino

    Carta

    A í h6 duas que s t k s a se

    O dia-a-dia fornece fatos,

    personagens

    rem

    consideradas. Primeiro

    o

    Reg ime eventos o diabo-a-quatro

    e

    tudo isso jus-

    Militar deu uma volta no parafuso . tifica a cobertura ornalística Mas ao mes-

    mo tempo. sempre h5 reflexões medita-

    ções idéias a serem aprofundadas a serern

    preci

    0 levar

    em conta isso*

    discutidas. O errorismo o

    que

    significa?

    Em

    relação a

    1966

    1968

    Esta seria um mat6ria

    que

    numa revista

    e sobretudo o

    f im de

    1968

    deste tipo caberia perfeitamente.

    E

    no fun-

    do cabe tambkrn numa revista semanal.

    foi Um tempo

    muito

    diferente.

    T,,,,

    que as revistas

    mensais

    hoje re-

    Tanto

    que

    dezembro de 1968

    vistas

    de

    cultura de alta cultura não é

    o

    jornalismo contingente ou então são coi-

    deságua no

    AI 5. Tem

    sas mais leves como era a revista Esquire

    Uma

    v01

    ta no parafuso que

    que não é tambem

    o

    que

    ela

    á foi. A

    peria

    rnpede que tolhe liberdade

    dicidade mensal nos dias de hoje

    6

    ainda

    mais complicada d e que

    então

    da

    Realidade.

    RCE: Você

    falou que a

    Veja

    deinorou

    A Realidade tinha discutido assun tosqu

    p r

    encontrar o

    seri

    camittho omo

    é

    iquela altura já não era possível discutir.

    que foi esta experiêricia iiticial

    Este 6

    um

    ponto importante. Por outro lado Mino

    Carta:

    Passou

    um

    tempo longo até

    a fórmuIa

    devej

    acaboujogando nas

    ban-

    encontrar o caminho porque em primeiro

    cas uma revista semanal e tudo isso

    n o

    lugar

    éramos um bando de celerados

    tem

    a

    ver com

    a

    qualidade de

    uma

    ou

    de

    inexperientes a começar por mim. Depois,

    outra não estou comparando as duas re-

    a público não estava preparado para aquele

    vistas.

    Inclusive porque

    a

    Veja levou tem-

    po para achar a embocadura correta. Mas

    digo emm duas publicações: uma muito

    favorecida pela

    periodicidade

    curta outra

    muito prejudicada pela periodicidade lon-

    ga.

    De

    qualquer maneira aVeja prejudica-

    ria

    a Realidade mas houve além

    de

    tudo

    o

    fato deque

    certos

    debates promovidos cer

    tas questões que a Realidade tinha coragem

    de

    levantar

    jii

    não podiam ser levantados.

    tipo

    de comuniçaçãa: blocos pequenos

    muito texto confrontando este modelo com

    a Manchete com as revistas ilustradas que

    naquele temgoeram grandes tinham

    forma-

    to maior que os de hoje. Tudo

    isso

    criava

    emdificuldades. Junte a issoo

    fato

    de

    que

    eu tinha recebido uma receita: produzir um

    ZWJr~~agazi~re

    e estilo americano no

    Bn-

    sil portanto tiv de adaptá-lo dentrodas pos-

    sibil idades

    e

    aquilo não

    era

    nada fácil. Um

    dos ingredientes da receita rezava que se

    RCE:

    Voc2

    acha que há espaço p r o

    fizesse uma revista que se apresentava

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    6/20

    Mino jornalista de opinião

    como se tivesse

    sido

    escrita pela

    mesm

    mão de fio

    a pavio.

    Também isso criava

    certas d ificuldades, conciliar estilos dife-

    rentes. Então levou tempo.

    RCE:

    epois

    da

    sua saicla de Veja

    a

    certsurn

    açal?orrpara

    a

    revista? Gostoria

    qfrevocêfalasse um

    pouco

    rSisso Depois

    gostnria qite

    você

    falasse do SEI mirtpi

    ili rrfo orri os ivita e o

    qiie isso

    teve

    a

    ver oiir

    os irlteresses ecoid~iiicos aAbril

    ti oportuiridade

    Mino

    Carta:

    Posso te fazer

    uma

    pro-

    posta nefanda. (Mostra o livro Cas telo de

    Âmbar) Está tudo aqui. Conto apenas

    a

    hist6ria exata como foi. Recoloco os tem-

    pos. Aliis, o livra é atemporal, mas isso

    aqui

    não IMostra o capitulo d o livro

    e

    ini-

    cia sua leitura.). Na manhã

    de

    22 de ja-

    neiro de 964 etc

    ...

    Isto aqui é a história

    exata exatamente com o aconteceu Envol-

    ve

    o m inistro Falcão,

    a

    redação da

    Veja,

    a

    minha presença no conselho diretor d a

    revista.

    Você pode transcrever.

    Ab ixo rra~i.rcreveiliosorre do texto

    a qrie

    se

    refere

    Mino

    Carta e qiie está Ira

    livro de sua atiroria Castelo de irnbar'

    soh o lorii de U m ento, apenas)

    Meados de novembro

    de

    1975,

    Mino renova

    a

    proposta. Nos último s

    três meses

    a

    situaçãodegringolou em

    conseqüência de

    u m

    desastrado dis-

    curso do general-presidente Geisel .

    Afirmou que a distensão não foi ti70

    lenta e gradual quanto seria desejá-

    vel, houve precipitaç30, e, portanto,

    deixou de ser segura

    Daí

    da conve-

    niência

    d e

    se reestudar o projeto. E m

    letargo h 5 tempo,

    o

    terror d e Estado

    emerge da toca.

    Quand o Mino retorna presença

    de

    Vici

    om

    seu

    plano, acaba

    de

    mor-

    rer

    so b tortura

    nas

    masmorras da re-

    pressão

    o

    jornalista Vlado

    Herzog,

    diretor de Jornalismo

    da

    T V

    Cultura.

    Duas semanas antes do assassínio,

    Mino dera emprega a um dos melho-

    res amigos de Aerzog, e seu imediato

    na

    televisão, saído da Cultura por

    me-

    dida

    d e precaução.

    Não

    foi

    o

    único

    desafio

    ao

    regime

    cometido por

    Vejn

    no período

    apesar

    das ameaças e da tensão montantes. A

    revista aprimorou as tentativas para

    ludibriar

    a

    censura e às vezes,

    conse-

    guiu. Além d isso,

    e m

    julho, Mino en-

    tregou

    a

    PIinio Marcos, teatrólogo

    e

    ator, perseguido pelo regime, uma ru-

    brica semanal deesportes que de

    tudo

    falaria

    menos

    dos

    próprios. Plinio

    é

    autor da peça AJmjllrr

    Lilhs,

    cujaestréia

    foi proibida

    por

    deterrninaçfio direta

    de Armando Falcão,

    a

    quem

    compete.

    entre outras atribuições, elaborar

    o

    index da ditadura fardada.

    Mino encara

    a

    situação de dois 5n-

    gulos e ambz c

    as

    anhliçes o conduzem

    3mesma conclusão. De um lado está

    a

    Editora Abril,

    om

    seu

    pedido

    de

    ern

    préstimo subordinado 3 renúncia

    h li-

    nha crítica.

    De

    outro, a convicçiio de

    que

    seu

    tempo

    na Vejn se esgotou. A

    morte de Vlado é o ponto de ruptura.

    Mino sabe que sua concepção de jor-

    nalismo já não

    se

    justifica à

    sombra

    da

    arvorezinha, símbolo da Abril, e o im-

    pele

    na direçio

    de outras experiências.

    Vici tergiversa, mas Arci sugere:

    1. CARTA. Mino.

    Castelo

    de imbar. io

    dc Janciro:

    Rccni

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    7/20

    Comunicação

    &

    Educação

    São Paulo, 23): 7 a 90, jan./abr 2002

    or que

    você

    não tira um

    perído

    de

    férias, de seis m eses, por exemplo?

    Mino esclarece:

    enho

    três

    meses

    de fér ias

    vencidas, três e não

    mais.

    E

    Robert, complacente:

    -Tudo bem, então

    tire

    três.

    Observa M ino:

    daí, o que

    muda? Mesmo de

    fé,,,, sou u diretor, enquanto estou

    oficialmente no leme não há como al-

    terar a rota.

    A

    rapidez com que pai

    e

    filho apre-

    sentam uma soluç ão para o problema

    é

    suspeita,

    e nem

    por isso Mino se

    abala. s dois estiio prep r dos

    tempo para

    esta

    conversa,

    é

    óbvio.

    No

    entanto, os bot6es

    do

    diretor

    de

    Veja

    permanecem em estado de absoluta

    indiferença quando Vici esclarece:

    aremos um protocolo para

    ga-

    rantir o

    sossego

    de suas férias.

    Protocolo? Que nome ridículo,

    pensou M ino. Mas lhe faltou animo

    para

    uma daquelas tiradas

    que

    desper-

    tavam o inesperado sorriso do diretor

    responsiivel.

    E

    se fez o protocolo,

    colaborou o prdprio Edgard Faria para

    lhe

    dar a forma de docum ento juridi-

    camente válido.

    Pontos

    principais:

    Mino seria substituído

    em

    tudo e por

    tudo peIos dois redatores-chefes, Jos6

    Roberto Guzzo e Skrgio Pornpeu;

    a

    linha da revista n5o sofreria a mais

    pálida

    modificação; ninguém, empre-

    gado ou colaborador, poderia ser

    de-

    mitido por razões político-ideológi-

    cas

    Não estaria

    a

    salvo, esta claro

    mas

    como seria

    bom

    o çontrGrio),

    quem, por exemplo, desferisse um

    IouvBveI pontapé nos fundilhos

    de

    Robert

    Civita.

    Mino

    partiu

    para Rom a natural-

    mente nos

    últimos dias

    de 1975,

    com data marcada para o retorno

    redação

    no

    dia

    1

    de abril

    do

    ano

    se-

    guinte, quand o caducaria o protoco-

    lo. Partiu

    em

    paz, em companhia d a

    mulher qu e amava, deixando-se

    em-

    balar pelo momento presente. Não

    teria

    razões

    para

    se arrepender

    por

    ter

    posto a emoção a cantar.

    Nem se passaram quinze dias de

    sua

    partida,

    e

    ao encontrar Fdgard

    Catoira aparentemente por acaso,

    Victor Civita desvendou

    os

    propósi-

    tos da operação. Destinava-se

    a

    ava-

    liar

    o grau

    de fidelidade

    da

    redação

    de Veja

    ao diretor,

    a

    capacidade dos

    redatores-chefes

    de

    assumir o coman-

    do e

    sua

    disposição para a lterar

    a rota

    Não

    é

    que Mino não tivesse cogitado

    desta

    possibiIidade,

    e

    a te

    a

    aquilatas-

    se

    como a mais provivel. Dá-se que,

    àquela altura, pouco

    se

    importava

    com o desfecho d o enredo. Em com-

    pensação Catoira, que nutr ia por

    Mino admiração infinda, padeceu

    de

    insônia noites

    a

    fio.

    O encontro

    com o

    patAo aconte

    ceu

    na

    praia

    onde

    ambos veraneavam,

    Catoira d e austero calção azul-mari-

    nho, Vici de sunga exígua, inadequa-

    da ao físico

    e

    h idade, vestida com a

    implaclivel certeza

    de

    estar sempre

    agradando. Catoira, esticado na espre-

    guiçadeira, sentiu

    a

    mão imperiosa

    pousada

    sobre o ombro, ergueu

    os

    olhos e

    bateu no rosto rapace

    d o

    cltain?tatr

    Levantou-se num salto. Al-

    gukm poderia supor

    a

    dernonstraçáa

    do respeito. No entanto, foi susto.

    -Vamos dar um passeio onvi-

    dou Vici, co m o que induzido ao ges-

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    8/20

    Mino

    ornalista de

    opinião

    to pela modorra embaçada da

    hora.

    Caminharam

    com

    os pés

    na

    agua

    espumosa. patrão dissertou

    sobre

    eventos recentes, relatou outros,

    de-

    teve-se

    de

    súbito:

    dgard, que faz

    o

    empresário

    cujo

    executivo toma decisõesque pre-

    judicam

    a

    empresa?

    Mais

    tarde,

    Catoira perguntou sua

    mulher (eles eram muito unidos):

    or que o cara fala estas coisas

    comigo? Ele sabe q u e adoro

    o Mino.

    or

    isso mesmo espondeu

    a mulher.

    Mino voltou d e viagem dia 23 de

    janeiro

    de

    1976, v i nha

    no mesmo

    avião que trazia

    o

    vice-governador d a

    Estado

    de

    São

    Paulo,

    Manuel Gon-

    çalves Ferreira

    FiIho. E senhora.

    O

    mesmo

    Maneco

    ssim

    ochamavam

    os amigos que tempos

    depois

    se re-

    feriria

    a

    Mino, em conversa com

    o

    co-

    mandante do

    I

    Exkrcito (abrangen-

    do

    vasta região a partir

    de

    São Pau-

    lo ,

    genera l D i l e r rnando G om es

    Monteiro, com o perigoso subversivo.

    Com unista até a medula.

    generaI Dilerrnando era,

    a

    seu

    modo, bastante peculiar. Discordou:

    ubversivo?

    ão

    acho, leio

    o

    que e le escreve, enxergo um opositor

    q u e sabe

    honrar sua profissão.

    Dias

    depois, convidou Mino

    em

    sua casa para uma ch5 no meio da tar-

    de, e

    ambo s acharam muita graça no

    Maneco.

    E

    voltaram a se encontrar

    muitas

    vezes.

    M i n o

    e

    o vice-governador não

    combinavam

    e

    a

    bordo

    do

    aviso

    evi-

    taram trocar

    olhares. Na

    hora

    de

    sair,

    a

    mulher de Mino,

    encanto

    de

    pes-

    soa distraída, adiantou-se, embora

    Min o tentasse segurá-la,

    e

    desceu ao

    lado do vice-governador, esperado

    na pista pela claque dos correligio-

    nários.

    S

    faltava

    a

    banda

    de músi-

    ca. Aos és

    da

    escada,

    a

    mulher de

    Mino deu-se conta do ocorrido. A

    au dn tic a senhora Ferreira, atrasada

    tres degraus

    e de

    inicio ignorada,

    a

    despeito de um penteado

    e m

    perfeita

    levitação graças ao laquê prodigioso,

    foi

    presa de um

    ataque de

    irritaçãa

    sem

    freios, para de leite de Mino que,

    do

    alto

    da

    escada, gozava

    de

    visão

    p an or h i ca do conjunto .

    Ao

    chegar em casa

    casal ainda

    r ia

    do evento, quando o telefone tri-

    lou. Era a secretária

    de

    Civ ita pai. O

    patrão convocava Mino para

    u m a

    conversa urgente. Ele foi, para ou vir

    Vici decretar:

    wi?

    precisa demitir Plínio Mar-

    cos, já

    Mino não tinha tido

    tempo de sen-

    tar-se, sentou-se,

    omo

    emitir Plinio Marcos epe-

    tiu

    o

    patrão. or quê ?

    A

    censura está para sair de

    Veja,

    garante Vici,

    a

    demissão

    de

    PIínio

    Marcos

    é o

    que falta para encerrar

    o

    assunto.

    Mino,

    empenhado h i algum tem

    po

    em

    controlar

    a

    sua

    impulsividade,

    receitara para si próprio adequados

    exercíciosde respiração a serem exe-

    cutados nos mom entos ríspidos, bem

    como

    o

    tradicional recurso de

    Contar

    mentalmente até

    dez antes

    de

    tomar

    qualq uer atitude.

    Foi

    o que fez,

    e

    mais

    tarde louvaria

    a

    si próprio por isso.

    eu

    Victor, assinam os

    o

    proto-

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    9/20

    Comunicação

    Educação,

    São

    Paulo,

    (23): 1 a 90, jan,/abr. 2 2

    colo - embrou

    ter esquecido o

    ue está

    áspero.

    O

    cli iri~i n

    arecia

    documento.

    dizendo? - nquiriu,

    Paciente, M i n ~ecordou que o

    pro-

    tocolo vigorava

    até 1 de

    abril.

    -Até:

    h

    -disse -, as coisas

    ficam

    çomo estão, depois faça

    o que bem

    entender, mas despeça

    a mim antes

    de Plínio Marcos.

    ão

    - xclamou Vici

    - você de-

    mite.

    -

    E sublinhou você ,

    com

    ên-

    fase.

    Mi no repet iu

    os

    exercícios

    relaxantes. Ao cabo perguntou:

    que o leva

    a

    crer que a censu-

    ra está

    saindo da

    Veja?

    E

    ele prontamente:

    rrecêesteve

    ontem em Brasfiia,

    com

    o

    Falcão, está tudo acertado.

    into, seu Victor, mas

    o

    proto-

    calo

    tem de ser

    respeitado

    até I"

    de

    abril. Não abro

    mão

    do

    protocolo.

    as

    como?

    Até o

    Tratado

    de

    Versalhes

    foi rasgado

    ico supres0 om

    esta

    lembran-

    ça -

    disse Mino.

    e

    imaginou que,

    es-

    tivesse

    ali, o diretor responsável não

    evitaria um son-iso - mas que o se-

    nhor, judeu , se refira ao Tratado de

    Versalhes

    é de

    pasmar...

    Vici

    não

    entendeu,

    ou

    fingiu.

    O

    Tratado

    de

    Versalhes,

    assinado

    quase sessenta anos

    antes,

    vexara se-

    veramente a Alemanha, batida em

    cnientissima guerra mundial, e

    a

    hu-

    milhação fora o caldo

    de

    cultura

    do

    qual,

    pelas tantas, emergiua figura

    sinistra

    chamada

    Hider.

    emita Plínio Marcos - man-

    dou Victor Civita.

    emita

    o

    senhor,

    até

    Fogo epas-

    sar bem.

    -

    Mino deu-lhes as costas

    e

    saiu da

    sala. No

    andar

    de

    cima o es-

    peravam redatores-chefes

    e

    editores,

    Mino se viu na condição de repórter

    e

    cumpriu

    com concisão, Seu nome

    saiu do

    expediente na ediçã o seguin-

    te

    e

    foi proibido

    seu

    acesso a o Edifí-

    cio Abril.

    Um dia antes do retomo

    de

    Mino,

    mais

    um havia

    morrido

    sob tortura, o

    operario M anuel Fiel

    Filho. De

    todos

    os episódios do trabalho incompeten-

    te da repressão, este foi

    o mais

    patéti-

    co

    e

    trrigico, ao

    mesmo

    tempo. Ma-

    nuel, inócuo cidadão, não

    era aquele

    que supunham ser. Todos trafegaram

    hs escuras, torturadores e torturado".

    [ ..I

    Para

    mais um

    encontro

    com

    Mino,

    prontificou-se o prõprio

    cliairmali

    Uma

    sensaçiio de

    vergonha

    e

    humilha-

    ção

    agitava

    a

    redação

    alguns estavam

    confusos, outros encolerizados, e tais

    sentimentos não favoreceram as duas

    edições feitas depois da demissão de

    Mino. E m compensação, facilitaram a

    operação Dorrit.

    visou

    a Mino:

    -Seu

    Victor gostaria

    de

    conversar

    com

    você aqui mesmo, na editora.

    as

    çomo

    - disse

    ele -

    se mi-

    nha

    entrada foi proibida?

    Você vai entrar.

    A m a n h ã às 4

    está bem?

    O e itor e diretor saiu de tr5s da

    mesa

    de

    trabatho e

    foi ao encontro de

    Mino

    de

    braços abertos, apertou-ocon-

    tra

    o

    peito -Mino juraria que Vici es-

    tava

    de o lhos m are jados

    -

    e o

    comboiou para o sofá

    conforme

    ritual

    reservado

    a

    visitantes de respeito.

    ino

    Mino, por favor

    me

    aju-

    de

    -

    nvocou.

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    10/20

    Mino. ornalista

    e

    opinião

    simples disse Mino

    -

    é só

    colocar novamente em vigor

    o

    proto-

    colo, oficialmente

    até

    1 de abril, de

    verdade, antes disso

    o

    senhor recebe-

    rá minha carta de demissão, porque

    está claro nesta editora

    n5o trabalho

    mais, nem

    mesmo

    como

    correspon-

    dente em

    Roma

    impossível convi-

    ver

    com seu filho um cretino...

    ão diga isso mplorou Vici -

    diga

    ingênuo

    stá

    bem, insênu o. Por enquan-

    to,

    o

    senhor devolve

    meu

    nome ao

    topo

    do

    expediente

    e

    chama de

    volta

    o

    Plínio Marcos. Acho que assim

    a

    redação

    se

    acalma.

    as, que vai dizer o Falcão?

    perguntou o diretor-presidente, com

    a

    ingenuidade que atribuía ao

    filho,

    pensou Mino

    na

    hora. Tem pos

    depois

    pensaria melhor: ingenuidade? Que

    nada, desfaçatez. Na ocasião, Mino

    esclareceu prontamente: u mes-

    mo contarei ao

    Falcão

    estas decisões,

    marquei uma audiência com ele.

    O

    chairinai~

    rregalou os olhos.

    mesmo?

    Mino respirou fundo:

    O

    senhor a c h a que

    e s t o u

    brincando?

    O nome de Mino reapareceu na

    edição seguinte no lugar habitual,m s

    Plínio Marços

    recusou-se

    a

    voltar

    a

    colaborar, o demitiram novam ente ao

    caducar o protocolo.

    Mi no

    deixou

    uma lacônica carta dc demissão

    nas

    m5os do s redatores-chefes, avisando:

    m

    dia desses peço

    para

    entre-

    gar

    ao seu

    Victor.

    D i a s depo i s , Fa lcão d i s se

    ao

    recebê-lo:

    ino. você

    vive

    dias m uito ten-

    sos acho

    que

    Ihe

    faria bem uma tem-

    p o r a d a

    na

    m i n h a f a z e n d a

    de

    Quixeramobim, um beleza,

    vocé

    vai

    t

    pelo tempo

    que

    quiser, deita na

    rede debaixo das árvores, toma água

    d e coco...

    Mino foi polido.

    brigado, mas fica para

    outra

    vez. Por

    enquanto, seja gentil

    de

    ou-

    tra maneira, m conta com o foi,

    do

    seu

    Sngulo,

    essa

    história toda que nos

    envolveu

    -Elementar,

    elementar:

    eu

    recebia

    aqui quatro

    diretores da

    Abril, Vicior

    Çivita, Robert Civita,Edgard

    de

    Silvio

    Fa ia e

    Pompeu

    de Souza. Os quatro

    repetiram,

    dois

    anos

    a

    fio que

    a eja

    estava

    contra a

    gente por

    sua

    causa.

    Então, pergunto: que teria

    d e fazer?

    Meu caro,

    não

    tinha alternativa.

    Mino anuiu.

    erto, certissimo.

    Despediu-se.

    lha, não vai esquecer

    do meu

    convite

    para

    a

    f zend

    de Quixemobim

    ecomendou Falcão.

    Dois

    meses após,

    a

    censura

    aca-

    bou

    em

    Veja e

    a Abri l recebeu

    o

    ernpr6stirno .

    A

    saída de Veja não

    foi

    u m

    fato ne-

    gativo

    na

    vida

    de

    Mino. Pelo çontrá-

    rio levou-o

    a

    praticar u m

    t ipo de

    jornalismo que correspondia àç

    suas

    idéias políticas, pendores estéticos

    e

    humores em

    circulação entre o

    fígado

    e

    a alma.

    Versos

    escritos

    em

    perfeito

    itat

    iaiio

    duzentos anos

    ntes

    de

    Dante

    pelo

    re i

    Enzo da Sicí l ia , neto de

    normandos,

    ele os

    tinha

    como

    lema:

    ionionon ho di

    posa

    coi ie~ i e lrnm I aiida.

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    11/20

    Comunicação

    Educação.São Paulo, 231: 71 0 jan./abr.2002

    Achava que

    os

    versos o retratavam.

    Mediu, naquele começo

    de 1976 e

    isto também foi positivo

    -

    os alcan-

    ces

    da velhacaria

    patronal

    e

    de

    boa

    partedos seus colegas, patifaria

    de

    lar-

    go espe ctro, e espaço idem para a es-

    tupidez, a ignoráncia, a prepotência,

    a

    inveja, a hipocrisia, o oportunismo

    e o que mais

    quiserem

    na linha ines-

    got5vel das características do lado

    negro do homem. Com exceção

    de

    notas e sp an as, m as prudentes,

    a

    his-

    tória

    foi

    contada,

    om

    correção

    e

    todos os detalhes, pe lo jornal do sin-

    dicato dos jornalistas

    de

    São Paulo,

    então presidido

    por Audálio Dantas,

    veterano

    do

    jornalismo

    a

    despeito de

    apenas

    quarentão,

    e

    dono daquela

    rara

    coragem que não

    se

    permite alardes.

    Vinte

    e três

    anos depois surgiu nas

    pãginas de ornais e revistas

    uma

    çom-

    paração entre Victor Civita

    e

    Mino

    Carta,

    feita

    em 1987

    pelo último

    ge-

    nesa I -p res iden te , Jo ã o B apt i s t a

    Figueiredo, em

    meio

    a

    longo depoi-

    mento

    a

    ser

    divulgado somente depois

    de sua

    morte. 'Victor

    Civita',

    gravou

    Figueiredo, 'me disse no palácio que

    o

    papel

    da

    imprensa não

    é

    agradar

    o

    governo. Mas serri que

    tinha

    moral

    para

    dizer isso?

    V á

    ver

    se

    a Abril

    n50

    foi

    selecionada

    para fornecer livros

    fornecidos peloMinistério da Eduça-

    ção

    Prefiro o Mino C arta,

    de quem

    o

    general

    Geisel não gostava.

    OMino

    é

    um

    chato , um criador

    de

    casos, com

    aquele

    vício d e

    questionar tudo. Al-

    gum dia

    l vai

    querer fazer a revisão

    d o Evanpelho.

    Mas

    n5o ficou

    com

    o

    rabo p reso'.

    Mino

    achou

    que

    este foi

    o maior

    elogio que recebeu em toda

    a

    vida e

    talvez

    valesse

    como epitáfio .

    RCE:

    tlrprésriinofoi

    iherado

    depois

    Mino

    Carta:

    C l m .

    50

    milhões de dóla

    res. Antes de escrever o livro,

    tive

    uma con-

    versa

    com

    o Carlos R ieschbieter que na

    épo-

    ca era o presidente da Caixa Econômica

    quem

    liberaria o dinheiro depois de

    recebi-

    da

    a

    autorização das autoridades

    supremas

    para confimardireito, E ele

    confirmou.

    Capa

    deVqa. e

    1

    OH211

    969

    e ilustração d e Millõr

    Fernandes em eja de

    maio de 1974; tempos

    de

    chumbo em que a revista

    ousou denunciar a tortura.

    RCE:

    Que tipo de rrâirsiro de contato

    você tiiiha

    nesta

    Ppoca

    ço t

    os escalões

    do

    goveriio prir ic ipal t~ier i te

    om

    o

    Golbev

    do Corito

    e

    Silva

    e

    coni

    o

    An~iai t -

    do Falcão.

    Mino Carta: Tambkm isto

    esta de al-

    guma

    forma neste

    cento.

    O Golbery, eu o

    conheci desde antes; em 1972,

    ele

    estava

    f o r a d o

    g o v e r n o , e r a p r e s i d e n t e

    d

    Chemical.

    Fui apresentado a ele pelo Elio

    Gaspari, que trabalhava na revista

    Veja,

    chefiava

    a

    seção

    de

    política da revista. Eles

    j5

    se

    conheciam

    h5

    uns quatro

    anos.

    A i

    o

    Gaspari

    disse-me

    que eu precisava çonhecê-

    10 Fui

    conhecer o GoIbery no

    Rio

    fomos

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    12/20

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    13/20

    Comunicação Educaçõo,São Paulo,

    23)

    71 a

    90

    an./abr.

    2 2

    rigorosamente o

    papel que a

    ditadura

    lhes

    tinha atribuído. A Folha

    da

    Tarde, além de

    tudo, era considerado o jornal com m aior

    tiragem d o

    Brasil, porque só dava tira Iá

    dentro. Gente que trabalhava praticamen-

    te

    para

    a

    poIícia

    e

    a

    olha emprestava

    os

    seus carros para a 0 b an 2 . Seria

    bom

    um

    papo com o Antônio Carlos Fon ele conta

    boas histórias a este respeito.

    R C E

    E aNoticiasPopulares? Diz-seque

    o

    otícias Populares titi fi víitçulos coni

    o

    DOI-CODP. Itrclusive,

    tião

    sei

    se

    você

    se

    l e n h a d o

    episódio do Bacuri. A inorte do

    Bacun ,

    que

    er

    uin

    militante da

    VPR,foi

    dadapelo

    NP

    quatido

    ele aitida estava vivo

    noDOPS,

    Que

    históf i foi essa?

    Mino Carta:

    Desta

    histdria

    eu não

    sei.

    A Folha

    tinha

    dois

    sócios o Frias

    e o Cal-

    deira. 8 Cald eira, mais nitidamente, tinha

    ligações com a Oban

    e

    com o que

    havia

    de

    pior

    na

    praça.

    RCE: Quaisos

    pritlcipais desafios qu

    você eticontrou frente da revisra Isto E e

    depois tio Jornal da República?

    Mino Carta: N o caso da Isto E devo

    confessar que não tive grandes problemas,

    porque

    a

    revista teve sucesso muito rapi-

    damente

    quando virou semanaI,

    ela

    come-

    çou m ensal.

    Depois

    de

    dez edições ela

    vi-

    rou semanal. Começou

    a dar

    lucro dois

    meses

    depo is. Estou faIando de coisas pe-

    quenas, porque

    o

    investimento era míni-

    mo. Mas

    foi muito

    bem não teve proble-

    mas.

    Era

    uma

    revista

    muito corajosa,

    teve

    capas incríveis, 'AbaixooAI-5 ....

    O

    Jor-

    na1 da República

    foi

    mal,

    pois teve

    um

    plano financeiro

    muito

    mal montado. Não

    tinha nenhum respaldo de dinheiro.

    Um

    jornal é muito diferente de uma revista

    e

    ele

    nZo

    se

    adaptou.

    Se

    tivesse

    att6s um

    apoio financeiro razoável, porque

    o

    nosso

    empreendim ento era barato dentro das

    cir-

    cunstâncias de um jornal diArio, poderia

    estar vivo até hoje.

    RCE: as isso

    não

    se deveria t sua

    liiilia

    editorial?

    Mino

    Carta:

    Não, porque

    o

    ornal não

    discrepava da linha editorial

    da

    Isto E.

    A

    linha era praticamente

    a

    mesma.

    RCE:

    Então por que izão tittha pitbli-

    cidade

    Mino Carta:

    Porque

    ~ ã o

    inha tiragem.

    A

    Isto

    tinha

    tiragem

    de 100

    mil exem-

    piares, era

    uma

    boa tiragem.

    A Veja

    devia

    ter

    180 200mil exemplares.

    Não era uma

    diferença

    tão

    brutal.

    Estou

    falando

    do

    f im

    da

    década de 70

    inicio da dkcada de

    80.

    Mas no caso do jornal, ele era uma coisa

    muito m enor,

    além

    de

    tudo m uito prejudi-

    cado

    pelo fa to

    de

    ser uma pub licação lo-

    cal.

    Isto É

    era uma revista nacional

    e o

    jornal circuIava

    em São Paulo,

    capital.

    Basicamente

    esse

    era o

    territóriodele.

    RCE: Você

    aclia

    qu

    um

    projeto

    corno

    aqrrele bem

    esrruturado jtianceirainen-

    te

    seria

    viável hoje?

    Mine

    Carta: Hoje aquele, exatam ente

    igual não.

    O

    pais de alguma

    forma,

    e m

    termos materiais, que são

    os

    menos im-

    portantes,

    se

    tornou

    mais

    exigente, quer

    dizer, em

    termos tecnotógicos. Por

    outro

    2.

    Opemção Ban deim tes

    de Za

    Pauto

    centro

    policial-miliiar

    e gmGo, oriun

    e m e osopositorcsm

    M i m e .

    N.

    Ed

    3.

    niònio

    CarlosFon jornalista

    prcsidentc do

    Sindicato dos lornafistasno início

    dos

    anos90.

    N.

    d.)

    4

    Dcpanamcnto

    de Operaçães

    Internas Centro de

    00peções

    de

    Defesa

    Interna foi

    um

    organismo inlormaçio

    e

    repressso,

    incuIado

    ao

    exérciio e

    durante o

    Regime M ilitar roi rcsponshvcl pcla prisUoe

    rnone

    de inúmeros opositores

    do Rcgirnc. N .

    Ed.)

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    14/20

    Mino jornalista

    de opinião

    lado havia coisas naquele jornal que hoje

    em

    dia

    não seriam entendidas criariam

    m ui to mai s problemas do que pod ia

    aguentar . Nós t ínhamos uma página

    sindical

    em

    toda edição. Hoje não haveria

    jeito de fazer. Era um jornalismo revolu-

    cion5rie.

    Hoje

    não seria

    a

    mesma coisa.

    mesmo jornal acredito que não mas

    conceito continuaria valendo. Valeria

    o

    conceito central e valeria a capacidad e

    de

    produzi r um jornal d iár io com uma

    redação pequena.

    RCE: Tect~olo~icaiiieir~evihvel

    Mino Carta:

    Sim

    é

    viável. No entan to

    o jornal

    6 um

    sorvedor

    de

    dinheiro.

    R C E :

    Você

    aclia que

    o

    joninlisinu

    perdeu seu e r,qajanieilto,seu m~traritisnio,

    ito teilipo que se pensava ira iiifortiração

    para

    rrartsforrriar

    a

    realiclnde?

    Esta foi

    uilia

    6poca

    herdica? Hoje

    a

    iiotícia

    é

    s6

    i~iercadoria?

    MinoCarta:

    Não vejo assim.

    jornn

    lismo continua sendo jornalismo. qu e

    houve

    foi o fato de

    que

    o dinheiro neces-

    sário o investimento indispensável para

    criação

    de

    algumas

    empresas

    fortes

    deter-

    minou mudanças concentrou a

    rnídia em

    poucas mãos Mas

    não

    é que o ornalismo

    tenha

    que

    ser diferente de como já foi.

    j o rna l i sm o con t inua sendo a m e s m a

    coisa. Acho

    q u e

    temos

    u m a sociedade

    complexa

    o

    que

    explica

    o fato

    de

    que

    as

    grand es editoras estejam sempre juntas na

    Iiora do risco comum

    daquilo

    que elas

    interpretam como

    r i s o

    comum

    com

    relação

    As políticas que são destinadas a impedir

    a criação de um mercado. Eles dependem

    do

    mercado mas não querem o mercado.

    É

    uma série de contradições são péssimos

    administradores.

    R C E : riotícin

    de

    qil o Estadão cori-

    segui14 uiit caiinl

    de TV

    iio Maraitlrão,

    ser que FPtir algrrtltn coisa a ver corti a

    Roseaiia

    S a r ~ ~ q v ?

    Mino Carta

    Não estou a par. Pode até

    ser.

    É

    dif íci l

    fazer

    a l g u m a c o i s a

    n o

    Maranhão sem

    a

    aprovação do

    Samey.

    RCE: Qrre t ipo de

    jorrialisnro a Veja

    pratica

    hoje

    Que tipo dc it)portlitrcia ele

    teinpara opúblico leitore

    p r

    nfon~inçfio

    das

    i~ovaserações

    de

    jonialistas

    Mine

    Carta:

    Nenhum importsncia

    zero. Brasil

    é

    um pais desimportante

    não tem

    a

    menor importância. É

    uma

    coloniazinha dos Estados Unidos.

    RCE: Dei~tm essa sitlcação de col8iiia.

    qrre

    papel esse jornalisitio

    de Veja

    exerre

    Mino Carta A

    Veja

    é a mais é

    u

    baluarte da

    dominação da

    metrópole.

    RCE:

    Vmêacha

    qli o onialisri~oiirrdo1c

    por

    causad TVedas riuv s teciiologias?

    Mino Carta: Certamente TV e as

    novas tecnologiaç tiveram uma influ ência

    sobre o jornalismo. Mas

    não

    sei até que

    ponto isso implica uma mudança de con-

    teúdo.

    Houve

    uma mudança formal

    forte

    RCE:

    Você

    aclia

    qlie os processos

    ds

    ediçfio

    qlte Iroje são e,rercidos ira grnird~

    iniprerisa

    brnsileira sclo

    m is ou

    nieaos

    de~eiliocrdricosdo qrre eram rias décadas

    passarhs

    Mino

    Carta:Há muito tempo o cami-

    nho es t ava t r açado . O c a m i n h o d a

    çopidescagem do texto da criação

    de

    uma

    casta

    de

    pessoas que tem a incurnbencia

    de trabalhar os textos e são sacerdotes

    do

    patrão das regras internas das mazelas e

    segredos portanto são qualificados

    para

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    15/20

    Comunicação Educação,São Paulo, [23] :71

    a 90

    jan./abr.2 2

    uniformizar

    o

    texto

    e

    torná-lo adequado

    linha do jornal. A o

    invks de

    trabalhar for-

    malmente o texto enriquecê-lo i teraria-

    mente

    eles

    cuidam

    disso.

    Isso

    mais

    ou

    menos

    estava traçado há tempos

    e

    é

    também

    um fruto da cópia

    do

    jornalismo

    americano.

    N6s

    copiamos

    mal

    frequen-

    temente até na expressão

    copy

    desk. Cupy

    desk é uma mesa

    aqui virou um a

    pessoa o

    que demonstra que

    não

    sabemos falar

    o

    in-

    glês

    não conhecem os

    a gírias

    americanas.

    O fato é que

    copiamos

    u

    modelo que

    além

    de tudo não

    tem a

    ver c o m o

    Brasil

    por

    causa d e recursos

    financeiros

    mesmo. Então estas editorns

    estão falindo

    por causa

    disso

    copiaram

    o

    modelo

    errado.

    Este

    modelo

    não serve

    é um

    modelo

    c:iríssimo

    de

    gente

    rica.

    RCE:

    Coiiro você

    aitalisa

    a

    legis~açüo,

    q~deoi aprovoda

    iro

    Cotigresso,para aher-

    tm das einpresas bmsileiras de rádio e

    Vs em 30 para o

    niercado

    externo?

    Mino

    Carta

    Vejo

    como uma consequên-

    ci lógica

    da nossa subserviencia. Estam os

    quebrados nada melhor

    do

    que achar ça-

    pita1 que vem de fora. Não há razão para

    achar que

    isso

    ir5 tornar o pais

    mais

    inde-

    pendente.

    RCE: Que papel o

    joriialisrno

    felirjo-

    gado Fias

    eleições pr~sideiiciais,desde a

    catl~parrlrn as diretas?

    Mino

    Carta: Estou

    vendo

    o

    jornalis-

    mo brasileiro

    a

    mídia

    em geral princi-

    palmente

    a

    imprensa muito empenhada

    e m

    promover

    a

    candidatura José Serra.

    Estou vendo que eIa est8 com pactamente

    com

    o

    Serra

    ali ,

    isso

    m e comove.

    Eles

    se juntam quando

    se sentem

    ameaçados

    eles acham

    que

    sem o Serra

    seremos

    um

    pais

    muito

    infeliz.

    RCE: E Roseana?

    Mino Carta:A Roseana tenho a sen-

    saçiio de que não tem

    uma

    única escassa

    idéia

    própria.

    Acho que

    o

    Serra

    deve ter

    mais idéia que a Roseana.

    RCE: Mas

    p r

    serpreside?tte rãopre-

    cisa ter

    m i d a

    idéia.

    Mino Carta: Absolutamente. Niio sei

    ond e saiu uma

    matéria sobre a saúde

    dos

    pré-candidatos. O Sema está tinindo. Ele

    pode disputar as Olimpíadas

    em

    varias

    modalidades. i

    a

    Roseana esth estrepada.

    Já fez inúme ras operações tiram-lhe não

    sei quan tos rnetros

    de

    reta quantos

    rnetros

    de cólon

    coração

    pontes

    viadutos

    ...Uma

    cois

    terrível. Coitada.

    Essas

    são coisas

    interessantes

    a

    maneira de enfrentar este

    problema.

    E o que m e

    encanta é a capaci-

    dade com qu e os meus colegas

    se

    sujeitam.

    RCE:

    Como

    você anajisa os U l t i i ~ ~ o s

    acotitecinientos

    de

    ~tovetnbro/dezenibm

    e

    2001 ,

    depois da

    reiriiião da

    OMC m

    Dolia

    oride o ~iosso

    resideirte brilho14fa-

    zeiidu

    discursos

    m i defesa de

    iloss

    iiacio-

    fialidade

    e, lia

    seqütiicia,

    tivernos alguils

    fotos no

    Brasil iiircressarttes, coino

    por

    exe?ltpla

    a voraçtio eila c ráter

    de

    ei~ieyêti

    ria para

    a

    frexibiliznçiio

    da CLT vota

    ção

    dos 30 de aberiirru do capital

    das

    eiiiprcsas de

    rádio

    e

    TI?

    n

    legiskrçíio

    sobre

    os traris~êtiicos

    Mino Carta

    Talvez

    tenha alguma

    re-

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    16/20

    Mino

    jornalista

    de

    opiniao

    laçãe. É o coroamento

    de

    politicas que

    pioraram o país de

    todos

    o s pontos de vis

    ta. Continuamos nesta brilhante toada.

    RCE: A revista Carra C api t a l teni

    çresçido basfnttre, iitclrisive rec~beiido

    iiiais niiui~cinittcs.

    COII IOo ê

    ~7tlalisa

    esrc

    cresciiiientn

    e

    qcial a relaçã o etltre

    n

    prrblicidode e

    e

    jortialistiro

    q u e a

    re-

    vista

    pra t i ca?

    Mino Carta: Acredito que

    a

    revista

    de-

    veria

    ter muito

    mais

    publicidade do

    que tem.

    A

    mis ta

    tem

    defendido

    os

    interesses

    do

    país

    e,

    portanto,

    os

    interesses

    da empresa

    nacio-

    nal

    e

    mesmo da empresa rnultinacionalque

    trabalha em

    proveito

    do país.

    RCE: Hoje

    ela

    teri ent rortio

    de 30

    das págiil s cont prrhlicidade?

    Mino

    Carta:

    Depende. Isso varia mui

    to. Mas aí

    precisa

    ver o que é publicidade

    paga

    e

    o

    que

    é

    permuta. E

    uma

    revista que

    se aguenta, mas ela poderia ter boa

    parte

    de apoio

    de

    certos

    empresários

    que tomam

    posições

    interessantes.

    RCE: Você

    acha

    q u e o

    jon~al is i i to

    rte

    elapratica te111espaço

    paro

    c m e r itais

    jriiito ao ptihlico

    leiios?

    Mino

    Carta:

    Sem dúvida.

    Isso

    é

    uma

    questão de dinheiro,

    se

    ela

    tiver

    recursos,

    se

    puder

    s e p r o m o v e r a t r a v é s d e

    niarketitix,

    através de campanhas

    de

    ven

    da

    de

    assinatura, ela terá uma oportuni-

    dade de

    expansão

    razouvel. N o entanto,

    niio m e parece possível

    imaginar que

    uma

    revista

    dessa possa,

    num pais

    como o

    Bra-

    sil, ir muito além de

    150

    mil exemplares

    de

    tiragem. Mas tendo

    e m

    conta que C arta

    Capiital

    tem,

    no mom ento, 75 mil exem-

    plares, ela pode

    dob rar tranqüilamente.

    Tranqüilamente é

    um

    exagero, mas pode

    d o b r a r su a t i r a g e m .

    Pense

    q u e

    a

    Economist, n Inglaterra,

    um pais com

    índices de leitura um pouco mais alto do

    que o

    do

    Brasil, tem uma tiragem

    de

    200

    mil exemplares.

    E é

    uma revista q ue visa

    a um

    público

    mu ito interessado, inteIec-

    tualrnente

    mais evoluído.

    Mas, quando

    vejo o s resultados d este teste5 realizado

    com

    a

    participação de 4.800 jovens bra-

    sileiros

    de 15

    anos,

    que

    jogou o

    Brasil

    num confronto com

    3 países, e m 32

    lu-

    gar em termos de

    compreensão

    de leitu-

    ra,

    e

    verifico que

    60 são

    débeis m en-

    tais, e

    que

    somente 1 consegue

    ler

    e

    entender o que está lendo, acho que te-

    mos ai

    um

    retrato

    d a

    pais, terrível mas

    suponh o verdadeiro.

    SiÍo

    genocidios.

    A

    nossa elite ometeri

    um

    oenocídio. E estií indo em

    frente

    por

    esse

    çamitilio.

    Estarnos ofertando gugus.

    est mos oferecendo este tipo

    de coisa

    2

    população.

    Gugu que também está

    na

    campanha

    do

    Serra.

    Outro

    dia o

    vi

    dizendo: Obri-

    gado,

    Ministro

    por tudo o que o senhor

    faz

    pelo

    Brasil

    RCE: A

    rede de TV

    riarte-aiizericmia

    NN eili sidof o i i t ~ e iilfonnaçüopn vile-

    giada efrtn~orlie ~fose

    crhe

    iriteriracioi~al.

    5.

    Pcquisu

    reuli7a i rn 2MK). em

    32 paíscs,

    peloProgr;im~ nicmacion;il

    de Avaliaç30

    dc

    Alunos-

    Pisa.

    Ver

    mais

    cm

    WEBEK. D..

    AVANCINI.

    M . / rimnlittros bmsi l~im~l(fiil peíi.ror. O

    Eqíado

    de S.

    Paul@. án bulo

    SfdetMI.

    genl.

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    17/20

    Comunicaçào Educação,

    São

    Paulo, 23):7

    a 90,

    j an .1~

    r.2 2

    Como você

    artalisa

    a coberturada CNN e

    da

    impretisa tiorte-ailiericaita Iros

    episó-

    ios decorrentesdos ataques de I

    de

    se-

    ternbro?

    Mino

    Carta: Risos

    ...A í é

    covardia. Os

    Estados Unidos são o que são Eles tem

    este rom pan te patriótico.

    RCE

    Mas a grande

    nação

    deinocrári-

    ca

    de

    irnpretlsa

    livre

    e deniocrática coino

    muitos de

    nossos

    pmfissiotzais e intelec-

    mais

    se iitspirani

    para

    defendê-la

    onde

    foi

    isso?

    Mino

    Carta: Houve até vozes nos Es-

    tados Unidos de gente que tentou u m a

    análise

    fria.

    O

    mundo não se divide en-

    tre

    bem e

    mal. Não se trata

    d e

    escolher

    entre

    u ma

    guerra

    e

    o terror. Ambas

    as

    coisas

    são lamentáveis e condenAveis

    tanto o terror

    quan to

    a guerra que os

    E s t a d o s U n i d o s

    levaram

    p a r a o

    Afeganistão.

    Os

    Estados Unidos não são

    um a nova Rom a. Vai

    ver que

    Roma

    em

    algum momento se pareceu com o s Es-

    tados Un idos.

    Mas

    ertamente os

    Esta-

    dos U nidos são um

    país

    discutivel não

    são o

    melhor país do mundo. Tem gente

    dtima tem gente mais

    ou

    menos

    tem

    bons jornais

    tem

    maus jornais

    RCE:

    Vocé

    acha

    que

    o

    rtorte-anierica-

    rio

    aiesnio

    o

    ~iorfe-anierica~tooinum se

    descobriu epois de I I de setembro deti

    rro

    de

    unr murido

    no

    qual ele

    rião

    era ama-

    do

    iitclusive?

    M i n o Carta:

    O

    n o r t e - a m e r i c a n o

    percebeu

    que

    era vulnerável.

    E e m sen-

    do vulnerável não tão am ado quan to

    eles supunham.

    Eles se imaginavam o

    farol

    da

    hum anidade e descobr i r am

    q u e n ã o eram. Descobr i ram que h u -

    manidade os o l h a

    de

    outra maneira.

    Mas

    devo dizer

    que de

    u m

    m o d o ge-

    ral o mundo in te i ro

    se

    portou

    de for-

    m a bas t an te d i scu t íve l sobre tudo o

    chamado

    primeiro mundo.

    Não

    foram

    muitas as vozes

    d e quem

    quis d iscut ir

    um pouco E u se

    fosse governo

    niio

    mandar ia t ropas para a judar

    os EUA

    poder ia tomar formalmente um a pos i -

    ção cont ra o terrorismo.

    Mas

    me in-

    surgir ia

    contra a

    manei ra

    como

    a ope-

    ração foi condu zida.

    Não acho

    que foi

    correta. Os EUA poder iam defender a

    idéia de q u e

    o

    a ten tado

    era

    algo

    q u e

    no fundo foi desfech ado contra a mun-

    do in te i ro

    e

    que por tanto

    o

    m undo in -

    teiro deveria

    se

    conscient izar do r i s-

    co . Mas i sso era um a coisa a ser pro

    posta na sede correta ou seja na ONU

    Chegar

    na

    O N U

    e

    discut ir

    aber tamen-

    te

    o que

    vam os f aze r?

    RCE:

    O U

    perdeu

    relevâircia

    nos

    últ mos am~os?

    Mino Carta: Com este episbdio fi-

    cou claro.

    RCE

    E

    como

    se

    f z

    globalização

    sein

    órgãos globais?

    Mino

    Carta: Mas globaIização nós

    sabemos muito

    bem

    o quê

    quer

    dizer. Quer

    dizer

    a

    capacidade dos ricos

    d e

    imporem

    aos mais pobres

    as

    suas regras d o jogo.

    Órgiíos globais atrapalham este tipo

    de

    debate. Então é normal acontecer o que

    está

    acontecendo.

    A

    globalização

    é

    isso.

    Além

    d e

    tudo a globalização

    é um

    feno-

    meno

    indiscutivel determinado

    até

    pelo

    avanço tecnológico. A

    Internet é um

    epi-

    sód io t í p i co

    é

    um forma t íp ica

    d a

    globalização.

    Esta

    claro que

    o

    que atrapa-

    lha nisto s50

    as

    políticas implementadas

    pelos mais fortes.

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    18/20

    Mino

    jornalista

    de

    opinião

    H5

    e

    hciiive tantas criticas rio

    i ieol hel al

    smo que

    coniccri r

    haver

    gerife

    que

    jií

    n5o ousa

    pronunciiii a expi-essao tr?o

    aliei~arnente

    uanto jií

    r: fez.

    Mas

    é cvidente qiie itido

    foi montndci

    para

    que os

    r icos fiissem

    rnriil;

    ricos e os pobres mais pobres.

    RCE:

    A

    Alcn

    vet~r

    iesre

    seirtido?

    Você

    aclili que a Alca sai?

    Mino Carta: A

    Alca vai acabar saindo

    porque

    a

    Alca interessa aos EUA. Parece-

    me que

    qualquer coisa sai

    desde que haja

    interesse para o s

    EUA.

    RCE:

    Hoje se discutein t~itiitos i~reios

    de coiirrmic~çiiora escala Caiire você

    aclia

    qrie

    se

    pode tralial/~arom

    os

    nteios

    e

    coriil4iiiçaçíio tia

    cscnlo?

    Coilin traiis-

    fnrtiiar o ortiaSisi~io

    or

    exolrplo em iits-

    tntirteiiro de trnbnllio? Televisão jortial

    si7 iiistnri~ieiilos

    e

    fral?aIl~~mje paro o

    pmfessor; para

    a

    sala de airln?

    M i n o Carta: São

    na

    medida em que

    servem para mostrar como

    não

    se

    faz.

    Seria ótimo pegar o

    Estadão,

    a Folha

    e

    dizer:

    e

    ass im

    que

    115

    e faz.

    É

    outra

    coisa. Pegar programas de televisa0

    e

    mostras:

    não

    é assim q u e

    se

    faz. Con

    f rontar

    um noticiário da

    Globo e

    um

    noticiário da

    BBC e dizer:

    assim

    1 60é

    assim

    é.

    E perfeito?

    Não,

    nada

    é

    perfei-

    to. O homem definitivamente

    e

    com-

    pletamente imp erfeito. Ma s

    o

    noticiário

    da EBC muito melhor que

    o

    noticiario

    da

    Globo. O jornal

    The

    Gurirdian ão

    pode ser

    compar ado

    ao Estadiio,

    j Fo

    lha. Não dd

    RCE:

    iie vocZ

    aclia da

    síihstit~iiçüo

    is so terir acoirrecidu rfo livro diddtiço pelo

    joriial?

    Mino

    Carta:

    Eu nem

    sei

    muito

    bem

    o

    que quer

    dizer livro

    didático.

    Mas certa-

    mente o jornal

    não

    é didático, os

    nossos

    jornais não si?odidáticos.

    RCE: VocC

    acha

    que os

    ineius de co

    iiirriticaçZo f rir coiirpm iirisso çotit a eclrr-

    cuqiio

    Mino

    Carta: Compromisso zero. Eles

    estão convencidos de que

    o

    leitor

    é

    im-

    becil e d e

    que

    é necessário secun dar

    a

    im-

    becilidade

    do

    leitor.

    Então eles tentam

    obscurece r as consciências, embrutecer

    as pessoas. Isso é uma

    tentativa

    conduzida

    a ferro

    e

    fogo pelo nosso jornalismo,

    sendo que n i o se sabe se é cometido este

    crime por incompe tência, ou seja, porque

    eles

    não

    chegam além

    daquilo

    ou por-

    que

    um

    plano deliberado.

    R CE : Vocé6

    roir~alicista piittor:

    Mino Carta: Romancista nada. Escre-

    vi um livro

    que é

    uma srítira.

    RCE: Falc trtlz porrco desse seir trafia-

    Ilio

    rlesse serr gosto pela pititlira o qice

    voe?

    rstópei~saildn

    ohre

    isso agora o qzie

    você

    P S ~

    mdl4ziitdo

    ...

    Mino Carta: Nã o

    estou produzindo

    coisa a lguma.

    Porque a única

    coisa que

    no momento me convoca é

    a

    revista Carta

    Capital

    e no

    fundo estou vivendo, e m cer-

    tos

    pontos de vista, um momento

    de

    pro-

    funda perplexidade em relação ao

    pais,

    as

    coisa s da vida.

    RCE: Você escollieil esse estilopara n

    seir Ii17m

    por q1re

    vocr iz coi sos qire aitr-

    dn

    r i f T o podem SPT

    ditos?

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    19/20

    Comunicação

    Educaçõo,

    São Paulo,

    (23): 7 a 90, jan./abr.2002

    Mino Carta: Porque não estava a fim

    de fazer um livro jornalístico. Ac ho os

    I i

    vros jornalísticos

    ridículos isso do fund o

    do coração.

    Acho

    que

    Joyce

    não

    preten-

    deu escrever

    u m l i v ro jo rna l i s t i co

    tampouco Prous t contar

    u m a

    história

    jomalístiça.

    Eu

    estava contando uma his-

    tória

    verdadeira.

    Mas tentei

    vesti-la como

    se

    ela fosse fantasia fruto da imaginação.

    Não

    interessava dizer isto aconteceu

    âs-

    sim e

    assim 9s

    12 horas

    e

    tal. Não dei a

    mínima para isso

    no

    livro.

    O homem

    vive

    dentro do eterno

    e

    do infinito.

    RÇE: E os

    nersoiiaactis

    i ião são

    i i i l

    L

    poriaiites ?

    Mino

    Carta:Todas

    as personagens que

    estão no livro

    são verdadeiras. Algumas

    são fundidas unem caracteristicas de duas

    ou três pessoas.

    A

    única

    coisa

    que

    é

    feita

    no estilo jornalístico é o tal conto sobre

    minha

    demissão

    de

    Veja

    exatamente

    por-

    que é um conto. Se não

    fosse

    um conto

    seaia igual

    ao

    resto

    porque

    o resto

    é

    reali-

    dade. O conto que

    é a

    coisa esçri

    ta

    tex-

    to jornalístico frio mais ou

    menos

    frio

    porque não sei escrever como a maioria

    dos jornalistas escreve. Precise botar um

    adjetivo

    de vez

    em

    quando

    preciso

    cons-

    truir um frase preciso d e uma metáfora

    para

    me

    expressar.

    Tudo

    o que est*

    1a

    aconteceu.

    AIiiis

    gostaria que Roberto

    Civita

    ine

    metesse um

    processo

    porque ia

    m e

    divertir

    muito. Ele

    nao vai fazer nunca

    isso. porque

    tudo

    o que

    conto

    I5

    a

    respeito

    dele

    é uerdacfe.

    Em

    1978

    ino

    Carta era

    dire

    tor

    e redação

    de isto

    E.

    RCE: Quais são seusp ro j e t o s f r r t u

    Mino Carta:

    ão

    enho.

    O

    Único pro

    jeto futuro é fazer com

    a

    que a Carta Ca-

    pital

    vingue se estabeleça mais

    ou me-

    nos solidamente

    enfim

    que ela exista

    passe a

    existir

    de

    fato. Estamos na

    ão

    de

    um

    cara

    ou melhor

    do

    Chinaglia que é

    o

    distribuidor estamos

    na

    mão

    do

    jorna-

    leiro estarnos na mão

    de

    um monte de

    coisas

    complicadas.

    Estamos na mão dos

  • 8/18/2019 Entrevista Mino Carta

    20/20

    Mino,

    jornalista

    e opinião

    anunciantes

    dos leitores que

    não enten-

    dem

    o que

    estarnos

    fazendo

    e

    s5o muitos;

    estamos

    nas mãos

    de uns garotos

    de uma

    professora

    muito legal

    que

    adora

    Car-

    ta

    Capital

    e

    de idiu

    submeter aos seus

    alunos de 15 anos cobertura de Veja e

    Carta Capital sobre

    os atentados

    ou

    ata-

    ques de de setembro e o que se

    seguiu

    Resumo:Mino carta fala em entrevistaa

    Co-

    municação

    Educação

    sobre como

    chegou

    ao jornalismo, sua experiGnçia em órgãos

    importantes

    da

    imprensa brasileira como

    Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Veja, Isto E

    e

    Jornal da República. Fala também das di-

    ficuldades para manter Carta Capital

    e faz

    críticas severas aos rumos do pais, aos pre-

    sidenci veis, bem como

    ao

    jornalismo que

    se pratica no Brasil, desqualificando-o para

    o uso em sala de aula.

    Palavras-chave: jornalismo, jornalista,

    Mino Carta, Brasil, Carta Capital, revis-

    ta, jornal

    RCE: E aí

    Mino Carta Os

    meninos

    não

    enten-

    dem o que escrevea Carta Capital. Dizem

    que

    não

    stavam

    entendendo.

    É

    inguagem

    muito

    complicada.

    Eles

    entendem a

    Veja.

    Isso

    demonstra

    que

    o jornalismo

    brasileiro

    onseguiu seu intento estamos

    na

    mão

    disso tudo.

    (Mino, journalist of opinion)

    bstract

    Mino Carta, in an interview

    to

    Comu

    nicação Educação, talks about how he

    entered

    the world

    of

    journalism and

    about

    his

    experience in important Brazilian press

    organisms such as Quatro

    Rodas,

    Jornal da

    Tarde, Veja, Isto É and Jornal da República.

    ealso talkç about

    the

    difficulty in maintaining

    Carta

    Capital and severely criticizes the path

    followed by the country, th candidates to the

    Presidency, and the journalism practiced in

    Brazil, disqualifying if for use in theclassroom.

    ey

    words

    journalism, journalist, Mino Carta,

    Brazil, Çarta Capital, magazine, newspaper