ANÁLISE DAS ANOTAÇÕES DO DR. KERNER SOBRE OS FENÔMENOS

PSÍQUICOS DA SRA. FREDERICA HAUFFE SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA

ELTON RODRIGUES

e

CAROLINA MACHADO

Motivações

Objetivos

Este trabalho tem por objetivo realizar uma

análise dos fenômenos anotados pelo dr.

Kerner que podem ser interpretados como

mediúnicos à luz do espiritismo.

Dr. Kerner & Sra. Hauffe

O contato inicial de Justinus Kerner (1796-

1862) com o magnetismo animal se deu em

1797 (HÄFNER, 2017);

Em 1808 se forma em medicina e em 1816

é investido no cargo de médico-chefe

(KERNER, 1979);

É o primeiro a descrever um tipo de

intoxicação alimentar, hoje conhecida como

botulismo (ELLENBERGER, 1994);

Dr. Kerner & Sra. Hauffe

Kerner foi o primeiro a escrever umabiografia de Mesmer (ELLENBERGER,1994);

Em novembro de 1826 conhece a sra.Frederica Hauffe, tratando-a de 1827 até1829 (KERNER, 1979; ELLENBERGER,1994).

A sra. Hauffe nasceu em 1801, mas foi entre1822 e 1826 que os sofrimentos surgiram.(KERNER, 1979)

Dr. Kerner & Sra. Hauffe

O início do tratamento da sra. Hauffe foi

com banhos e homeopatia. Como o

tratamento não surtiu efeito, ele opta pelos

passes, promovendo melhora significativa à

doente.

Neste momento, Kerner inicia suas

observações e anotações dos fenômenos

produzidos pela sra. Hauffe, mais conhecida

como a vidente de Prevorst.

Elton, você não está exagerando?

Não. O caso é particularmente intrigante,

visto que diversos pesquisadores espíritas e

espiritualistas se dedicaram à análise

dessas anotações.

Bozzano (1972); Albert de Rochas (1979);

Gabriel Delanne (2006); Camille

Flammarion (2011); René Sudre (1956);

Kardec (2007a); Ellenberger (1994); Häfner

(2009)

Materiais e Método

Trabalho qualitativo e exploratório.

A Vidente de Prevorst, tradução de Carlos

Imbassahy.

Casos observados por Kerner.

Utilizamos obras de pesquisadores da

mediunidade que pudessem explicar os

fenômenos realizados pela sra. Hauffe.

Resultados

Kerner afirma que a sra. Hauffe, em estado sonambúlico,

reconhecia quando ele dava passes em um copo com

água, “pois esta lhe parecia mais escura que em estado

normal” e que “em clarividência, dizia-me, sem jamais

enganar-se, quantos passes lhe havia eu dado” (KERNER,

p. 35).

Também no estado sonambúlico, “sem que ela tenha

recebido instruções de qualquer tipo, não conhecendo o

básico de história, línguas, geografia e ciências”, escrevia

versos profundos, trazia instruções médicas para ela e

para outras pessoas e profetizava (KERNER, 1979, p. 27).

Resultados

Para Kardec o sonambulismo pode ser natural ou

magnético, quando este é provocado por um espírito ou

magnetizador (KARDEC, 2011, p. 233; PALHANO, 1999, p.

248). De forma geral o sonambulismo é um fenômeno

medianímico, visto que a própria alma emancipada vê,

ouve e percebe fora dos limites dos sentidos, o que ele

[o médium] expressa, haure-o em si mesmo; suas

ideias são, em geral, mais justas do que no estado

normal, seus conhecimentos mais extensos, porque

sua alma está livre; numa palavra, ele [o médium] vive,

por antecipação, a vida dos espíritos.

(KARDEC, 2010, p. 195)

Resultados

Como ocorre com diversos médiuns de todas as épocas, a

sra. Hauffe teve dificuldades em reconhecer encarnados e

desencarnados. Uma visão, em particular, a comovia: a da

sua avó Schmidgall, onde a reconhecia como “seu guia

constante e visível” (KERNER, 1979, p. 53).

Sua avó lhe aparecia “sob a forma que tivera em vida, mas

com atributos diferentes” (KERNER, 1979, p. 53).

Em O Livro dos Médiuns encontramos explicação para “os

atributos diferentes” na aparência da sra. Schmidgall: “Ele

pode [o espírito], à sua vontade, concentrar estes

elementos [fluidos] e lhes dar a forma aparente própria

aos seus projetos” (KARDEC, 2010, p. 152).

Resultados

Kerner classificou de “clarividência magnética” a sensibilidade da sra.

Hauffe pelos objetos e substâncias imponderáveis. Em diversas

situações, a luz, o ar, rochas e metais causavam sensações distintas à

jovem de Prevorst. Aliás, também era sensível “às moléstias

contagiosas ou epidêmicas” (KERNER, 1979, 41-42). Além do mais,

conseguia ler cartas fechadas, distinguir nitidamente órgãos do corpo,

principalmente quando enfermos (KERNER, 1979, p. 48).

Segundo PALHANO (2013, p. 63), essas percepções

extrassensoriais podem estar ligadas aos sistemas sensórios

comuns, aos quais o espírito encarnado está condicionado,

como: auditivo, visual, olfativo, gustativo e tátil. Porém, há

sensações não-condicionadas (as chamadas alucinações

extracampinas) que são percebidas fora dos campos sensoriais

normais; seria, por exemplo, o fato de visualizar pessoas, objetos

ou cenas reais fora do campo visual.

Outros fenômenos...

. Via membros amputados

. Levitação

. Segunda Vista

. Pressentimento (Premonição)

. Exteriorização do corpo fluídico

Conclusões

Concluímos, através da análise dos fatos apresentados, que há um forte

indício que a sra. Hauffe tenha sido uma médium com múltiplas faculdades,

perpassando pelos fenômenos telepáticos – inspiração, intuição,

pressentimento e premonição; pelos fenômenos psicossensoriais –

impressionabilidade, vidência, clariaudição e táteis; pelos fenômenos de

psicodissociação – sonambulismo, êxtase, desdobramento e efeitos físicos.

Dentro dos efeitos físicos provocados pela sra. Hauffe, observamos a levitação

e materialização.

Em diversas passagens há fortes evidências que a influência anímica se

sobrepunha nos fenômenos realizados pela sra. Hauffe. Por outro lado, isso

não é motivo que faça diminuir todos os casos apresentados nas anotações

realizadas por Kerner.

Ainda, os fenômenos mediúnicos registrados nessas anotações se

assemelham com diversos fenômenos observados por Allan Kardec.

Referências

BOZZANO, Ernesto, Desdobramento, fenômenos de bilocação, 1ª edição, Rio de Janeiro, CALVÁRIO, 1972

DELANNE, Gabriel, O fenômeno espírita, 1ª edição, Rio de Janeiro, CELD, 2006

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DOYLE, Arthur C., A História do Espiritualismo, De Swedenborg ao início do século XX, 1ª edição, Brasília, FEB

ELLENBERGER, Henri F., The Discovery of the Unconscious: The History and Evolution of Dynamic Psychiatry, Londres, Fontana Press, 1994.Trabalho original publicado em 1970.

FLAMMARION, Camille, A morte e seus mistérios, Vol. III, 5ª edição, Rio de Janeiro, FEB, 2011

GELLI, D.S. et al. Botulism: a laboratory investigation on biological and food samples from cases and outbreaks in Brazil (1982-2001), Revista doInstituto de Medicina Tropical,

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KARDEC, Allan, A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo, 2ª edição, Rio de Janeiro, CELD, 2008

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KARDEC, Allan, Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos (1861), 2ª edição, Brasília, FEB, 2007a

KARDEC, Allan, Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos (1867), 2ª edição, Brasília, FEB, 2007b

KERNER, Justinus. A vidente de Prevorst, 4ª edição, Matão, O CLARIM, 1979

PALHANO JR., Lamartine, Léxico Kardequiano, manual de termos e conceitos espíritas, 1ª edição, Rio de Janeiro, CELD, 1999

PALHANO JR., Lamartine. Dicionário de filosofia espírita, 3ª edição, Rio de Janeiro, CELD, 2008

PALHANO JR., Lamartine. Transe e Mediunidade, 3ª edição, Bragança Paulista, LACHÂTRE, 2013

POLAQUINI, L.E.M. et al, Estudo de toxina botulínica e esporos de Clostridium botulinum em amostras de cama de frangos, coletadas emaviários. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de Fora, MG, Anais… Juiz de Fora: SBZ, 1997. p.48.

SUDRE, René. Traité de Parapsychologie, Paris, PAYOT, 1956

ZIMMERMANN, Zalmino, Teoria da Mediunidade, 1ª edição, Campinas, Editora Allan Kardec

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