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B. IndClstr.anim., Nova Odessa, SP, 44(2):221·28, jul./dez. 1987 CANA-DE- AÇUCAR ACRESCIDA DE SUPLEMENTOS PARA VACAS MESTiÇAS EM LACTAÇAO (1) (Sugarcane plus supplements fed to lactating crossbred COWS) ROBERTO PEDRO BENINTENDI e), VERA LUCIA CARDOSO (3) e MARIA ARM~NIA RAMALHO DE FREITAS (3) RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo a avaliação da cana-de-açúcar picada como volumoso, praticamente exclusivo, acrescida de dois tipos de suplementos, para va- cas mestiças em lactação. Foram utilizadas doze vacas distribu fdas em dois tratamentos, em delineamento inteiramente casualizado. As do tratamento A receberam cana-de- açúcar + farelo de algodão + ração de produção; as do tratamento B, cana-de-aeú- car + uréia acrescida de sulfato de amônio + farelo de arroz + farelo de algodão + ração de produção. O experimento teve duração total de 105 dias (21 de adaptação e 84 de perfodo experimental). As produções leiteiras diárias médias observadas e corriql- das para 4% de gordura foram 8,22 ± 1,76 kg e 7,99 ± 1,78 kg, respectivamente para o tratamento A e 7,93 ± 1,97 kg e 8,13 ± 1,84 kg, respectivamente para o tratamento B. Não se observaram diferenças estatísticas significativasentre tratamentos. Foi observa- da diferença significativa a 1% (P < 0,01) entre tratamentos no que se refere à varia- ção do peso dos animais: os do tratamento A ganharam, em média, 28,67 kg/cabeça, e os do tratamento B perderam, em média, 5,8 kg/animal. INTRODUÇÃO É bastante difundido o uso durante a seca da cana-de-açúcar picada cornovolumo- so para vacas em lactação, vacas secas ou para animaí.s em desenvolvimento, tanto fornecida pura corno misturada com capins picados ou silagens, acrescida de algum concentrado quando possível. (1) Projeto IZ·029/84. Rflcebido para publicação em junho de 1987. (2) Da Estação Experimental de Zootecnia de Ribeirão Preto. (3) Da Estação Experimental de Zootecnia de Ribeirão Preto. Pesquisadores do CNPq. 221

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CANA-DE- AÇUCAR ACRESCIDA DE SUPLEMENTOS PARA VACAS MESTiÇASEM LACTAÇAO (1)

(Sugarcane plus supplements fed to lactating crossbred COWS)

ROBERTO PEDRO BENINTENDI e), VERA LUCIA CARDOSO (3) e MARIA ARM~NIA RAMALHO DEFREITAS (3)

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo a avaliação da cana-de-açúcar picadacomo volumoso, praticamente exclusivo, acrescida de dois tipos de suplementos, para va-cas mestiças em lactação. Foram utilizadas doze vacas distribu fdas em dois tratamentos,em delineamento inteiramente casualizado. As do tratamento A receberam cana-de-açúcar + farelo de algodão + ração de produção; as do tratamento B, cana-de-aeú-car + uréia acrescida de sulfato de amônio + farelo de arroz + farelo de algodão +ração de produção. O experimento teve duração total de 105 dias (21 de adaptação e84 de perfodo experimental). As produções leiteiras diárias médias observadas e corriql-das para 4%de gordura foram 8,22 ± 1,76 kg e 7,99 ± 1,78 kg, respectivamente para otratamento A e 7,93 ± 1,97 kg e 8,13 ± 1,84 kg, respectivamente para o tratamentoB. Não se observaram diferenças estatísticas significativasentre tratamentos. Foi observa-da diferença significativa a 1% (P < 0,01) entre tratamentos no que se refere à varia-ção do peso dos animais: os do tratamento A ganharam, em média, 28,67 kg/cabeça, e osdo tratamento Bperderam, em média, 5,8 kg/animal.

INTRODUÇÃO

É bastante difundido o uso durante aseca da cana-de-açúcar picada cornovolumo-so para vacas em lactação, vacas secas oupara animaí.s em desenvolvimento, tanto

fornecida pura corno misturada com capinspicados ou silagens, acrescida de algumconcentrado quando possível.

(1) Projeto IZ·029/84. Rflcebidopara publicação em junho de 1987.(2) Da Estação Experimental de Zootecnia de Ribeirão Preto.(3) Da Estação Experimental de Zootecnia de Ribeirão Preto. Pesquisadores do CNPq.

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Na maioria das fazendas leiteirasexiste um pequeno canavial destinado aajudar a al.irrentaçãodo gado na época dedeficiência de pastagens.

Apesar de amplamente empregada,existem, entre nós, poucos trabalhos quetratam do estudo da utilização da cana-de-açúcar acrescida de suplementos para vacasem lactação.

JARDIM et alii (1951) compararam asilagem de milho e a cana-taquara como su-plementos volumosos para vacas em lactaçãodurante a seca. Concluíram que a silagemfoi ligeiranente superior à cana quanto àprodução leiteira, porém verificaram queesta última foi economicarrente superior,em virtude do seu menor custo.

CASTRO et alii (1967) pesquisaramquatro níveis de substituição da silagemde milho pela cana-de-açúcar e verifica-ram que não houve diferenças; porém, uti-lizaram quantidades elevadas de concentra-dos, 6 kg/animal/dia.

NAUFEL et alii (1977) realizaramtrabalho comparativo entre a cana-de-açú-car e as silagens de milho, de sorgo e denapier como volumosos exclusivos para va-cas em lactação. Concluíram, quanto à pro-dução leiteira, que as silagens de milho ede sorgo foram superiores à cana e à sila-gem de napier e que esta foi superior àcana-de-açúcar.

LENG & PRES'ION (1976) afinnam que oprincipal obstáculo à produtividade animalem dietas à base de cana-de-açúcar é a in-gestão, a qual seria linútada pelo supri-mento de aminoácidos necessários às sínte-ses protéicas e à glucogênese, e pelo áci-do propiônico para a síntese de glicose.

NCX;UEIRA FllllO et alii (1977) estu-daram a substituição parcial da silagem desorgo por colrros de cana-de-açúcar comovolumosos exclusivos para vacas em Iacta-ção, nos níveis de 0%, 20%, 40% e 60%.Concluíram que as produções leiteiras e oconsumo de volumosos dinúnuíram linearmen-te à medida que aumentava a participaçãoda cana na mistura de volumosos.

VALDEZ et alii (1977) forneceram ca-na-de-açúcar com e sem polidura de arrozpara touros e verificaram que a poliduranão teve efeito significativo sobre ofluido ruminal no que se refere ao seu pH,amônia, quantidades e proporções de AGV, equantidade de protozoários, concluíndo queo valor desse suplemento fornecido juntocorna cana deve ser creditado ao seu papelde provável fornecedor de nutrientes es-senc~a~s.

PRES'ION (1977) cita que quando seusa para ruminantes alirrentos que tenhambaixo teor protéico e alto teor de açúca-res, deve-se atentar para os seguintesitens: a) máxima ingestão de matéria orgâ-n~ca fermentecível; b) necessidade deaproximadanente 3 g de nitrogênio (N) fer-mentecível para cada 100 g de matéria or-gânica fermentecível; e c) quantidadesadequadas de proteína protegida e de pre-cursores da glicose.

BIONDI et alii (1978) pesquisaram asupstituição parcial e total da silagem demilho pela cana-de-açúcar como volumosospara vacas em Iactação, Concluíram que oingresso da cana até o nível de 50% dototal de volumosos não determinou dinúnui-ção na produção leiteira.

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ELLIOT et alii (1978) verificaramque à rredida que aurrent.avao nível de po-lidura de arroz na dieta de garrotes zebuscanulados recebendo cana-de-aç~car, lTJ2la-ço e uréia, aLl!Tentavaa quantidade de ami-do presente no duodeno desses anliTIa~s.

FERFEIRO et alii (1979) estudaram astaxas de entrada de glicose em bovinosalÍID2ntados com cana, uréia e quantidadescrescentes de polidura de arroz e verifi-caram que à lTJ2didaque aLl!Tentavamas quan-tidades de polidura de arroz aurnent.avarntambém as taxas de entrada de glicoseentre a quarta e sétima horas após a in-gestão do suplemento. Verificaram, também,que esses aLl!Tentosse fizeram de forma li-near.

BOIN et alii (1983), utilizando va-cas rrestiças , observaram que a cana-de-açúcar devidamente sup lerrentada com pro-

teína vegetal pode substituir a silagem dewilho para vacas em lactação durante a se-ca. Obtiveram, também, resultados favorá-veis quando forneceram 5 g de uréia/kg decana acrescida de suplelTJ2nto protéico,ocorrendo, porém, pequena perda em pesocorporal.

PAIVA et alii (1986), em vacas ali-lTJ2ntadas com cana-de-açúcar + 0,8% de NNPe com silagem de milho + 0,5% de NNP, ve-rificaram que as produç~s leiteiras obti-das com a cana foram inferiores às conse-gui.das com silagem. Observaram rrenor con-sumo de matéria seca (MS) e maior perda empeso nas alÍID2ntadas com a cana.

O objetivo do presente trabalho foiavaliar a cana-de-açúcar como volumosopraticamente exclusivo, acrescida de doistipos de supl errentos, para vacas rresti.çasem lactação.

MATERIAL E MÉ1Doos

O experÍID2nto foi realizado na Esta-ção ExperÍID2ntal de Zootecnia de RibeirãoPreto, do Instituto de Zootecnia.

Foram utilizadas doze vacas lTJ2stiças(europeu x zebu) com produções e estágiosde lactações selTJ2lhantes, em delineamentointeiramente casualizado, distribuídas emdois tratalTJ2ntos:

A = Cana picada + farelo de algodão+ ração de produção;

B = Cana picada + uréia + farelo dearroz + farelo de algodão + ração de pro-dução.

A variedade da cana utilizada foi aNA 5679, com um ano de idade. Para ambos os

trat arrentos as misturas de cana +..suple-mentos foram isoprotéicas, com aproximada-lTJ2nte10% de proteína bruta (PB) na MS.

A uréia foi previalTJ2nte misturadacom sulfato de amônio (adubo), na propor-ção de nove partes de uréia para uma partede sulfato (em peso), fornecida na base de5 g de mistura para cada kg de cana ofere-cida e previamente diluída em água.

Para produções aCliTIade 5 kg diáriosde leite foi oferecida ração de produçãocom 17% de PB, na base de 1 kg para cada 2kg de leite. A ração era composta de 51%de milho desintegrado, 47% de farelo dealgodão e 2% de sal mineral, em peso.

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Os anllna1S experimentais, após osorteio, foram separados em dois lotes(traterrentos),sendo que no período de 21dias de adaptação substituiu-se gradativa-mente a silagem por cana picada acrescidados suplerrentos descritos. A uréia foifornecida em quantidades crescentes atéchegar aos 5 g para cada kg de cana. Operíodo experimental foi de 84 dias.

Os controles leiteiros foram sema-nais, com dosagens de gordura individuais.Após as ordenhas, manuai,s e feitas duasvezes ao dia, com bezerro ao pé, as criaspermaneceram separadas das mães. As vacasficavam soltas em estábulo dividido aomeio, destinando-se una parte para cadatratarrento.Cada metade dispunha de um pi-quete de grama batatais (Paspalum notatumFlügge), com área média de 400 m2/animalde grama.

Semanalmente as vacas eram pesadasdepois da primeira ordenha. Periodicarrentecoletar~se amostras dos alimentos forne-cidos, as quais eram analisadas nos labo-ratórios do Instituto de Zootecnia, segun-do as normas da AOAC (1970).

As produções leiteiras diárias mé-dias obtidas durante o período experimen-tal são mostradas no quadro 1. Pela fórmu-la L4% = 0,4 P + O, 15 P x G, obteve-se aprodução corrigida de cada vaca e, em se-guida, as médias apresentadas no quadro 1.

A análise de variância demonstrouque entre tratarrentos as produções leitei-ras observadas ou corrigidas não diferiramestatísticarrente.

A cana e os supl.erentoseram forne-cidos duas vezes ao dia e a ração de pro-dução, antes da segunda orde~~a. Devido aoaparecimento de abelhas, que começaram aprejudicar a alimentação dos animais,' foiestabelecida una estratégia no fornecimen-to dos alimentos: pela manhã era fornecido1/3 da alimentação, sendo os 2/3 restantesoferecidos no final da tarde, para que osanimais tivessem bastante alimento dispo-nível durante a noite, livres da presençadas abelhas.

Foram anotados diariamente os consu-mos de cana, farelo de algodão, uréia efarelo de arroz, por tratamento. O consumode ração de produção foi controlado indi-vidualmente.

O esquema para as análises de va-riância foi o seguinte:

FV GLTratarrentosResíduo

110

Total 11

RESULTAOOS

Os coeficientes de variação foram15,11% e 16,22% para as produções leitei-ras observadas e corrigidas, respectiva-mente, referentes às produções totais ob-tidas durante o experimento.

As variações de peso dos arumai.sacham-se no quadro 2. Entre tratarrentos,os ganhos em peso diferiram estatistica-mente ao nível de 1% de probabilidade. Ospesos vivos médios durante o experimento

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foram 495,49 kg para o tratarrento A e473,03 kg para o tratarrento B.

o consumo médio de ração de produçãofoi 1,92 kg/cabeça/dia para o t~atarrento Ae 1,81 kg/cabeça/dia para o tratanento B.

o consumo médio de volumosos e desuplementos, excluindo a ração de produçãoe a pequena quantidade de gramínea exis-tente nos piquetes e que foi pastoreada,foi 42,69 kg/dia/vaca para o tratarrentoAe 40,83 kg/dia/vaca para o tratamento B.

o consumo médio de MS fornecida nocacho foi: tratarrento A = 15,34 kg/dia/va-cai e tratarrento B = 14,18 kg/dia/vaca.

Relacionando-se as quantidades de MSingeridas cem os pesos corporais médios,verifica-se que o consumo de MS foi seme-lhante para ambos os tratarrentos, atingin-do cerca de 3% dos pesos corporais médiospara cada tratarrento, colocando-se as die-tas ccmo de boa qualidade, semelhantes àsilagern de mi lho CCRAMPI'ON & HARRIS,1969).

Os resultados das análises brcmato-lógicas são apresentados no quadro 3.

Quadro 1. Produção de leite e porcentagens de gordura por tratamento

(médias)

Tratamentos Produções leiteiras Gordura Produções corrigidasmédias diárias (%) a 4% MG

(kg) (kg)

A 8,22 ~ 1,76* 3,79 7,99 : 1,78*B 7,93 ± 1,97* 4,19 8,13 !. 1,84*

* Desvio-padrão.

Quadro 2. Pesos e ganhos dos an i mai s por trat amento (mé-dias)

Tratamentos Pesos iniciaismédios

(kg)

Pesos finaismédios

Diferenças(kg)

(kg)

A

• B

485,00482,50

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513,67476,70

+ 28,67- 5,80

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Quadro 3. Análises bromatológicas dos alimentos fornecidos; médias de quatro análises

PB FB EE MM ,NN

---MS MS MO MS MO MS MO MS MO M5 MO(%) (%) (%) (%) (%) (%) (X) (%) (%) (X) (%)

Cana 27,5 3,34 0,92 28,7,9 7,92 2,11 O,5B 3,13 0,86 62,63 17,22Fare 1o de arroz 89,S 13,46 12,05 14,87 13,31 19,56 17,51 12,32 11,03 39,79 35,60Farel0 de a190dão 89,98 30,81 27,72 29,54 2~,58 2,29 2,06 5,16 4,64 32,20 28,98Milho des tnt eçr ado 88,40 8,79 7,77 13,17 11,64 4,12 3,65 1,60 1,42 72,32 63,92 ~

Os resultados obtidos mostram que otratamento A foi capaz de proporcionarproduções leiteiras médias de aproximada-mente 8 kg diários durante o período expe-rimental e ainda um aumento médio em pesode 28,67 kg/vaca, indicando que a dietaoferecida serla capaz de propiciar maioresproduções caso o potencial dos animaisfosse maior, pois eles ganharam peso du-rante o ensalO.

Quanto ao tratamento B, como as per-das em peso foram de pequena rronta, haven-do praticamente manutenção de peso dosanimais, a dieta oferecida,mostrou-se su-ficiente para a mantença e, ainda, para aprodução média de aproximadamente 8 kgdiários de leite por vaca.

No presente trabalho, as diferençasde peso corporal poderiam ser explicadaspelo fato de que no tratamento B o nitro-

Pelos resultados obtidos conclui-seque é possível fazer o uso da cana-de-açú-car como volmoso praticamente exclusivopara vacas mestiças em lactação, utilizan-

DISCUSSÃO

gênio oferecido pela uréia não teria sidoutilizado com a mesma eficiência que o ni-trogênio protéico existente no tratamentoA, determinando menor eficiência energéti-ca pêra a ração contendo uréia.

Deve ser assinalado que, apesar deambos os tratamentos terem apresentadoproduções leiteiras semelhantes, houve di-ferença significativa entre eles no que serefere ao peso vivo, com desvantagem parao tratamento em que se utilizou a uréiacomo fornecedora de parte das necessidadesprotéicas. Esse fato guarda semelh~ça como ocorrido em trabalho de BOIN et alii(1983), que utilizaram a uréia como forne-cedora de parte das necessidades protéicas .para vacas mestiças em lactação, tendocomo volt.nrososa cana-de-açúcar ou a sila-gem de mi lho.

COOCLUSÕES

do-se como fontes protéicas principais ofarelo de algodão ou uréia + sulfato deamônia, estes últimos associados ao farelode arroz.

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COIID os resultados para ambos ostratarrentos foram semelhantes no que serefere à produção leiteira, a preferênciapara a utilização de um ou outro tratarren-to depende da disponibilidade e dos preçosdos alimentos na ocasião.

COIID o experimento teve duraçãototal de 105 dias sem qualquer problema

aparente com a saúde dos animais, asdietas fornecidas podem ser utilizadas porperíodos semelhantes, ou sejam, 105dias. Para casos em que haja interesseem utilizar um dos tratarrentos por longotempo, sugerem-se observações sobre o'comportarrento dos animais.

SU M M A R Y: This work was carried out to evaluate chopped sugar cane as an almostexclusive roughage [there was a small walking area besides the barn), with two kinds ofsupplernents, using crossbred lactating cows, during 105 davs (21 davs adaptation and 84days experimental perlod). .In a completelv randomized desiqn, twelve cows were dis-tributed in two treatments: treatment A = sugar cane + cottonseed meal + additionalration based on milk production; treatment B = sugar cane + urea (amonium sulfate)+ rice polishings + cottonseed meal + the additional ration. It was recorded the milk,the milk fat, roughage and concentrates intakes and live weight gains. The average milkyield for treatment A was 8.22 ± 1.76 kg/cow/day and for treatment B was 7.93 ±1.97 kg/cow/day; for fat corrected milk the yield were 7.99 ± 1.78 kg and 8.13 ±1.84 kg, respectively. These means showed no significant statistical differences. Signifi·cant differences (P < 0.01) were observed in changes of live weights: animais ontreatment A gained 28.67 kg (average) and on treatment B there was an average 1055 of5.80 kg.

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