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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva
do Café da Bahia
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva
do Café da Bahia
Salvador – Bahia
2011
DIAGNÓSTICO E PROPOSTAS PARA A CADEIA PRODUTIVA
DO CAFÉ DA BAHIA
Renato Hortélio Fernandes
Avenida Luiz Viana Filho, 4ª Avenida, nº 405 - CAB CEP: 41745-002 -Salvador - BahiaTel.: (71) 3115-2783 / 2862
www.seagri.ba.gov.br - [email protected]
FICHA TÉCNICA
GOVERNO DA BAHIA
Bahia. Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária.
Diagnóstico e propostas para a cadeia produtiva do café da Bahia.
40 p il.
1 . Agricultura - Planejamento - Bahia.
I. Título
. Café - Diagnóstico Bahia 2
CDU 633.73 (814.2)
Salvador: SEAGRI, 2011.
Governador do Estado da Bahia JAQUES WAGNER
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária EDUARDO SALLES
Chefia de GabineteJAIRO ALFREDO OLIVEIRA CARNEIRO
Diretoria Geral JUCIMARA RODRIGUES DOS SANTOS
Superintendência de Política do Agronegócio - SPA JAIRO VAZ
Superintendência de Irrigação - SIR MARCELLO NUNES DE ABREU
Superintendência de Desenvolvimento Agropecuário - SDA RAIMUNDO SAMPAIO DE CARVALHO
Superintendência de Agricultura Familiar – SUAF
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDAEMERSON JOSÉ OSÓRIO PIMENTEL LEAL
Agência Estadual de Defesa Agropecuária – ADAB PAULO EMÍLIO LANDULFO MEDRADO DE VINHAES TORRES
Bahia Pesca S.A. ISAAC ALBAGLI DE ALMEIDA
Coordenação de Desenvolvimento Agrário – CDA LUIS ANSELMO PEREIRA DE SOUZA
WILSON JOSÉ VASCONCELOS DIAS
ELABORAÇÃORenato Hortélio Fernandes
PRODUÇÃO EDITORIALCoordenação de Informação - SPA/SEAGRIRosangela Barbosa Machado - Coordenação/Editoração/RevisãoDiogo Cardoso de Oliveira - Programação visualFernanda Sousa / Geiziane Santos - Revisão
FOTOSHeckel Júnior - SEAGRISílvio Ávila - Ed. GazetaArquivo AgricaféRenato Fernandes / Paulo Saliba
CAPAFoto Sílvio Ávila (agradecimento especial à Editora Gazeta Santa Cruz pela gentileza no fornecimento da imagem)
IMPRESSÃOPress Color
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
2 CONDICIONANTES PARA O DESEMPENHO DA CADEIA PRODUTIVA
Ÿ Comportamento do mercado de café verde nos últimos anos
Ÿ Aumento do custo da mão de obra
Ÿ Estratificação da produção de café na Bahia
Ÿ Valorização de aspectos de sustentabilidade e de rastreabilidade
Ÿ Reposicionamento da bebida café e expansão do mercado mundial
Ÿ Valorização cambial
Ÿ Concentração na indústria brasileira de café
3 COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA: ANÁLISE DOS AMBIENTES INTERNO E EXTERNO
Ÿ Pontos positivos
Ÿ Pontos de estrangulamento
Ÿ Oportunidades
Ÿ Ameaças
4 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO
Ÿ Governança da cadeia e desenvolvimento de inteligência competitiva
Ÿ Assistência técnica e, principalmente, gerencial
Ÿ Programa de melhoria da qualidade do café da Bahia
Ÿ Reestruturação da pesquisa cafeeira
Ÿ Zoneamento agroecológico e econômico das regiões produtoras de café
Ÿ Incremento do uso de irrigação e evolução do seu manejo
Ÿ Redução dos picos sazonais de demanda de mão de obra e facilitação da formalização das relações de
trabalho
Ÿ Fomento ao estabelecimento de relacionamentos comerciais duradouros e ao uso dos mecanismos
de venda futura
Ÿ Marketing institucional do Café da Bahia
Ÿ Fomento à industrialização e exportação do café
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXOS
I - Tabela dos municípios que compõem as regiões produtoras
II – Listas dos participantes nas entrevistas e no Workshop Estratégias para o Café da Bahia
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SUMÁRIO
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Eu estou secretário de Agricultura, mas sou engenheiro agrônomo, e nessa
condição dediquei muitos anos de minha vida à agricultura, e em especial à
cafeicultura. Tive a honra de ser diretor, vice-presidente e presidente duas vezes da
Associação dos Produtores de Café da Bahia, e a oportunidade de trabalhar
durante anos em diversas empresas do setor, inclusive na segunda maior
produtora de café do mundo, a Fazenda Lagoa do Morro, em Brejões.
Assim, aprendi um pouco sobre a cafeicultura baiana, que é bastante diferenciada,
com regiões distintas, cada uma com suas características.
No Oeste, a cafeicultura é moderna, com irrigação, tecnologia de ponta, alta
produtividade, porém com custos mais elevados que em outras regiões. O café
produzido na Chapada e no Planalto, é de qualidade excepcional, mas a
cafeicultura dessas regiões é tradicional, com pouca mecanização e utilização
intensiva de mão de obra. A cafeicultura do Baixo Sul, Sul e Extremo Sul apresenta características de modernidade,
e tem avançado muito, mas também possui suas dificuldades.
Todas essas regiões têm características específicas e problemas distintos, necessitando portanto de tratamentos
também diferenciados.
Quando ingressamos na Secretaria da Agricultura verificamos que faltava um diagnóstico do que seriam os
problemas em cada uma dessas regiões para que pudéssemos atacá-los pontualmente e elaborarmos um
planejamento estratégico para o setor.
Não poderíamos dar respostas aos problemas sem conhecer as dificuldades de cada região especificamente.
Assim, o primeiro passo seria diagnosticar as necessidades inerentes a cada uma delas.
E foi o que fizemos.
Por meio da Assocafé e do engenheiro agrônomo Renato Fernandes, profundo conhecedor da cafeicultura da
Bahia, fizemos este diagnóstico com o comprometimento dos grupos representativos de cafeicultores,
exportadores, torrefadores e cafeterias, enfim, de todo o segmento regionalizado.
O trabalho resultou neste documento “Diagnóstico e Propostas Para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia”. Desta
forma, hoje, possuímos em mãos um Raio X completo da cafeicultura baiana e, assim, poderemos avaliar qual o
melhor caminho para esse setor que representa a geração de milhares de empregos e a sustentabilidade de
regiões muito importantes para a Bahia.
Cabe agora à Câmara Setorial do Café, que recriamos com toda representatividade da cadeia do café, elaborar um
Plano Diretor para a Cafeicultura Baiana, utilizando esta importante ferramenta, e estabelecer os caminhos a
serem seguidos nas diversas regiões produtoras do Estado, tendo sem dúvida a cumplicidade e o apoio necessário
do Governo da Bahia, na minha pessoa como secretário da Agricultura e do governador Jaques Wagner.
5
APRESENTAÇÃO
Eduardo Salles
Secretário da Agricultura
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
* Agrônomo, Especialista em Gestão do Agronegócio, Consultor nas áreas de planejamento estratégico e marketing para agronegócios, com ênfase no diagnóstico de competitividade de cadeias produtivas e na gestão de relacionamento (Business Liaison) entre os diferentes elos das cadeias.**O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa qualitativa realizada em visitas às seis regiões produtoras de café da Bahia, nas quais se entrevistou agentes-chave para análise da competitividade da cadeia produtiva do café da Bahia.
O autor agradece a todos os entrevistados nas regiões cafeeiras e, em especial, àqueles que se deslocaram para Vitória da Conquista para participar do Workshop Estratégias Para o Café da Bahia. Se há inteligência acumulada neste trabalho, ela nada mais é do que oriunda da tentativa de aglutinar o conhecimento que compartilharam. E, agradece, também de forma especial, a Amúlio Loureiro, Antônio Marcelino Santos, César Néri, Claudionor Dutra, Dalmar Fernandes, Fábio Lúcio Neto, Gianno Brito, Idalício Viana, Ivanir Maia, José Fontes Junior, Jovino Neto, Leonir Sossai, Luciana Pires Gomes, Ramiro Amaral e Silvio Leite, cuja boa vontade e apoio tornaram possível a realização das entrevistas nas diferentes regiões cafeeiras da Bahia e a organização do Workshop, em Vitória da Conquista.
A Bahia, produzindo uma média de cerca de 2,5 milhões de sacas anuais, oscila entre os postos de quarto e quinto
Estado maior produtor de café do Brasil. Entretanto, devido à sua dimensão geográfica e às diferentes condições
edafo-climáticas que apresenta, é possível dizer que a Bahia contém uma boa amostra de todo o mundo cafeeiro.
O Estado produz desde os lavados da Chapada Diamantina, do Planalto da Conquista e da região de Itiruçu/Vale do
Jiquiriçá/Brejões, aos cafés naturais finos do Oeste Baiano e mesmo ao conilon das regiões costeiras do Baixo
Sul/Sul e do Extremo Sul (Figura 1). A Bahia é hoje reconhecida como uma boa origem para desde os cafés especiais
super premium até para cafés comerciais de valor mais competitivo.
7
1 INTRODUÇÃO
Renato Hortélio Fernandes*
**
DIAGNÓSTICO E PROPOSTAS PARA A CADEIA PRODUTIVA
DO CAFÉ DA BAHIA
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No Gráfico 1, vê-se a evolução das médias móveis da produção nos três últimos biênios (uma safra pequena e uma
safra grande do café arábica) para os quais há dados na Pesquisa Agropecuária Municipal do IBGE, safras 2003/04 e
2004/05; 2005/06 e 2006/07; e 2007/08 e 2008/09. A análise pela média móvel é feita visando corrigir o efeito da
bienalidade da produção do café arábica. Houve recuperação gradual na produção das regiões da Chapada
Diamantina (incluindo municípios da Serra Geral, cujas lavouras de café estão em áreas mais próximas da Chapada
Diamantina e cujos negócios com café se desenvolvem tanto em Vitória da Conquista quanto em cidades da
Chapada) e no Planalto da Conquista, estabilidade com oscilação negativa, no Oeste Baiano, e declínio
significativo, na região de Itiruçu, Vale do Jiquiriçá e Brejões.
Em quatro das regiões produtoras apontadas na Figura 1, mais distantes do litoral e com altitudes mais elevadas, é
produzido café arábica.
Oeste
Planalto
Chapada
Salvador
Itiruçu/ V. doJiquiriçáBrejões
Sul eBx. Sul
Ext.Sul Arábica
Conilon
Figura 1 - Regiões produtoras de café da Bahia.Elaborado pelo autor.
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Nas regiões litorâneas, do Baixo Sul/Sul e do Extremo Sul, é cultivado café conilon. Como se vê no Gráfico 2, desde
2003, houve crescimento em ambas as regiões, com predominância da região Extremo Sul.
Fonte: IBGE, PAM.
Gráfico 2
Regiões produtoras de conilon. Evolução entre 2003 e 2008
Fonte: IBGE, PAM.
Gráfico 1
Regiões produtoras de arábica. Evolução entre 2003 e 2008
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
É preciso ressaltar que a composição das regiões cafeeiras aqui citadas foi baseada em aspectos edafo-climáticos e
na forma de cultivo predominante. Apesar da unidade base de planejamento do Governo do Estado da Bahia ser o
Território de Identidade, há casos em que as regiões citadas englobam municípios de mais de um Território.
Também há municípios cuja produção de café se concentra em parcelas da sua zona rural próximas de municípios
vizinhos, sendo as relações comerciais da cadeia produtiva desenvolvidas nessas cidades polos. A lista dos
municípios que compõem cada uma das regiões citadas, relacionadas com os Territórios de Identidade, está no
final deste trabalho.
A citação dos nomes dos municípios durante o transcorrer do texto se deve à sua tradição na produção de café, não
espelhando destaque atual em volume produzido. Devido ao pequeno volume produzido e às semelhanças nas
condições edafo-climáticas e no manejo da cultura o Baixo Sul e o Sul Baiano são tratados neste trabalho como
uma única região produtora.
Para embasar o presente trabalho, foi realizada uma pesquisa qualitativa em visitas às seis regiões produtoras de
café da Bahia, nas quais se entrevistou agentes-chave da cadeia produtiva (produtores em maior número, mas
também corretores de café, agentes de empresas exportadoras e torrefadores). Além disso, foram entrevistados
empresários do setor de cafeterias em Salvador.
Para análise da competitividade da cadeia produtiva do café da Bahia, foi montada uma análise SWOT (na sigla, em
inglês, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), a qual foi validada no Workshop Estratégias para o Café da
Bahia realizado na sede da COOPMAC, em Vitória da Conquista, no dia 21 de julho de 2010. Além da validação da
matriz SWOT, os agentes-chave da cadeia presentes no evento validaram proposições de ações e estratégias para a
cadeia.
Como base para o roteiro das entrevistas a ser realizadas com os agentes-chave da cadeia produtiva foi feito um
levantamento de condicionantes do desempenho da cadeia, os quais são listados e caracterizados a seguir.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da BahiaFo
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Ÿ Comportamento do mercado de café verde nos últimos anos
A cadeia produtiva do café na Bahia, assim como em todo o Brasil, se caracteriza como um ambiente altamente
competitivo, principalmente desde a desregulamentação da oferta internacional do produto, no início dos anos
noventa. Por ser o café uma cultura perene, exigente quanto à imobilização de ativos (especialmente máquinas e
equipamentos de beneficiamento) e com início da fase produtiva se dando apenas de dois a três anos após o
plantio, a elasticidade de oferta é baixa, o que tende a magnificar as discrepâncias entre as menores cotações e os
picos de preço, já que há um retardo entre a ocorrência de um estímulo ou desestímulo ao cultivo e sua expressão
em termos de oferta do produto.
Seria formado assim o conhecido “ciclo de preços do café”, no qual alternar-se-iam, por volta de a cada cinco anos,
picos e pisos do preço nominal do produto. Analisando os últimos quatorze anos, tal ciclo aparentemente reduz,
inicialmente, sua duração, para, em seguida, se amenizar, já nesta última década. Fazendo-se sua deflação pelo
IGPDI da Fundação Getúlio Vargas, o que se verifica é a tendência de queda dos preços do café arábica no mercado
interno brasileiro, paradoxalmente acompanhada pela tendência de aumento na produção brasileira de café
(Gráfico 3).
Gráfico 3
Queda de preço e aumento na produção?
Fontes: CEPEA/USP, CONAB e FGV.
O aumento da produção não faria sentido. Mesmo porque, passados os efeitos das grandes safras colhidas em
2001 e 2002, têm sido recorrentes, principalmente por parte das lideranças dos produtores de café arábica, as
reclamações de que a renda da atividade estaria sendo deprimida e de que seria iminente forte queda de
produção.
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2 CONDICIONANTES PARA O DESEMPENHO DA CADEIA PRODUTIVA
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Limitando a análise ao período de 2003 a 2010 e apenas ao café arábica (Gráfico 4), nota-se que, enquanto os
preços deflacionados pelo IGP-DI apresentaram ligeira queda, a tendência da produção foi de alta. Tal quadro
sugere que o modelo decisório dos produtores contempla mais fortemente os preços nominais que os preços reais
e que, pelo menos para parte dos produtores, os níveis de preço foram satisfatórios a ponto de estimular o
aumento de sua produção. A tendência de aumento na produção foi maior que a tendência de aumento dos
preços nominais, no referido período. A média móvel de duas safras saiu de 25,9 milhões de sacas, para 2003/04 e
2004/05, chegando a 32,1 milhões, média das safras 2009/10 e 2010/11.
Gráfico 4
Comportamento dos preços internos e da produção brasileira de café arábica, desde 2003.
Fontes: CEPEA/USP, CONAB e FGV.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da BahiaFo
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Para o conilon (Gráfico 5), o aumento nos preços nominais (de 241%, no seu pico) foi mais intenso, porém também
houve aumento nos preços reais e o crescimento da produção se situou entre as duas tendências. Vale ressaltar
que, desde meados de 2009, houve uma inflexão na curva de preços ainda não acompanhada por redução na
produção. Caso a queda de preços já seja decorrente de sobreoferta, o quadro pode se agravar, com queda ainda
mais acentuada nas cotações.
Gráfico 5
Comportamento dos preços internos e da produção brasileira de café conilon, desde 2003.
Fontes: CEPEA/USP, CONAB e FGV.
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A tendência de aumento na produção poderia levar a crer que os produtores teriam sido “iludidos” pela evolução
dos preços nominais, o que é pouco plausível para um período de mais de oito anos. Outra hipótese seria de que os
custos de produção teriam se ajustado de maneira a manter a rentabilidade do negócio e sua atratividade, mesmo
com a queda nos preços. A mão de obra é o maior fator de custo da cafeicultura, sendo responsável por até 48% do
custo, no caso do arábica, e 42% do custo no caso do conilon. Uma análise da variação no seu custo não aponta na
direção da manutenção da rentabilidade. Desde janeiro de 2003, o salário mínimo subiu 64,8% acima da inflação,
como mostrado no Gráfico 6.
Acontece que os diferentes sistemas de produção, as especificidades do café arábica e do robusta e a própria
escala dos empreendimentos fazem com que os impactos das variações em determinados fatores de custo não
atinjam os produtores de maneira uniforme. Produtores com maior grau de mecanização das lavouras estariam se
tornando cada vez mais competitivos.
Aumento do custo da mão de obra
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Gráfico 6
Variação do salário mínimo, desde 2003.
Fontes: BACEN e FGV.
Ÿ
A tabulação dos dados do Censo Agropecuário de 2006 permite identificar forte concentração na produção de café
na Bahia. Para estes resultados foram desconsiderados municípios cuja produção total era menor que 500 sacas.
No caso do arábica, produzido por mais de 18.500 produtores no Estado, mais de 46% da produção era obtida por
0,6% dos produtores, os quais possuem área maior que 100 hectares, enquanto os quase 93% dos produtores com
lavouras menores que 10 hectares, produziam apenas 23% do total da produção. É importante ressaltar que a
produtividade dos produtores de maior porte, de 33,3 sacas por hectare, era mais do que o dobro da obtida pelos
pequenos produtores, apenas 14,3 sacas por hectare (Gráfico 7).
Estratificação da produção de café na Bahia
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da BahiaFo
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Gráfico 7
Concentração na produção de café arábica na Bahia.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006, tabulado pelo autor.
A produção de conilon também é concentrada. Do total de pouco mais de 2.400 produtores, a parcela de 1,2%
destes que exploram áreas maiores que 100 hectares produzia, em 2006, 51,7% da produção baiana e em média
37 sacas por hectare. Produtividade mais do que 50% maior que as 23,5 sacas produzidas pelos produtores com
lavouras menores que 10 hectares, os quais são 85,1% do total de produtores e respondem por apenas 14,5% da
produção do Estado (Gráfico 8).
Gráfico 8
Concentração na produção de café conilon na Bahia.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006, tabulado pelo autor.
15
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Ÿ Valorização de aspectos de sustentabilidade e de rastreabilidade
Apesar de ainda não ser o fator determinante para a aquisição de café pela grande maioria dos consumidores, a
valorização dos conceitos de sustentabilidade está presente no mercado de café mundial e, como não poderia
deixar de ser, no mercado brasileiro. A pesquisa ABIC sobre tendências para o consumo de café de 2009 aponta que
apesar de mais de 70% dos consumidores não conhecerem o conceito de sustentabilidade, uma vez informados
sobre o tema, mais de 57% dos consumidores afirmaram que optariam por cafés sustentáveis e estariam dispostos
a pagar em média 5% a mais por tais produtos.
Episódios como a contaminação de carnes por dioxina, a contaminação de latas de refrigerante, as manifestações
da doença da vaca louca, e mesmo contaminação de café com ocratoxina e com defensivos impulsionaram a
crescente preocupação dos consumidores com a segurança dos alimentos.
Com os adventos da tecnologia de informação, a possibilidade de rastreamento da produção, com caracterização
dos aspectos da sustentabilidade em todas as suas vertentes tornou-se um diferencial importante para uma
parcela significativa dos consumidores, notadamente nos níveis de preço mais altos.
Ÿ Reposicionamento da bebida café e expansão do mercado mundial
Nesta última década, impulsionada principalmente pelo vertiginoso crescimento da rede norte-americana
Starbucks, se solidificou a nível mundial a cultura do consumo do café em cafeterias de alto padrão, notadamente
na forma de expresso (do italiano caffè espresso, que significa retirado sob pressão). O café (bebida) é cada vez
menos visto com um acompanhamento, que até era oferecido de graça, passando a motivar a presença dos
consumidores nos estabelecimentos, ou, noutros casos, a atrair clientes para estabelecimentos comerciais, nem
sempre do setor de alimentos. Surgiu uma parcela de público que conhece os atributos do café de qualidade e os
demanda inclusive para seu consumo diário, o que motivou o lançamento das máquinas domésticas de expresso.
Apesar de ainda ser um nicho de mercado, os cafés especiais têm apresentado taxas de crescimento de consumo
muito elevadas e a valorização da qualidade da bebida tem, em maior ou menor grau, também se refletido nos
demais estratos do mercado. Tal tendência abre espaço para agregação de valor ao café, mesmo na fase de
produção, por meio de processamento pós-colheita adequado, e, principalmente, por ações de marketing e
estratégias de comercialização.
Outra vertente da expansão do mercado mundial de café é a crescente penetração da bebida em regiões onde seu
consumo ainda não está consolidado, tais como o leste europeu e o sudeste asiático, inclusive a China com a maior
população do mundo. O café se expande em países cuja população tem mais arraigado o hábito de consumo do
chá, o que explica o fato de que a penetração inicial seja feita pelo café solúvel e por bebidas prontas a base de café.
O consumo mundial vem crescendo a taxas de 1,5% a 2% ao ano, o que representa um incremento de cerca de dois
milhões de sacas. Os estoques mundiais de passagem têm se apresentado em níveis considerados baixos, desde
2005, não há perspectiva a curto-médio prazo de sobreoferta de café e mesmo eventuais picos na safra mundial
poderiam ser absorvidos para recomposição de estoques, amenizando seu impacto negativo sobre os preços.
Ÿ Valorização cambial
Dentre os principais países produtores de café, o Brasil foi o que apresentou maior valorização de sua moeda
frente ao dólar, desde 2003. Em tal período, o real se valorizou 96,17%, enquanto moedas, como a rúpia indonésia
e a rúpia indiana, tiveram pequenas variações e outras, como o dongue vietnamita ou o birr etíope, se desvalo-
rizaram expressivamente.
16
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
A valorização do real “encareceu” o café brasileiro em dólar e, graças à significativa parcela ocupada pelo Brasil no
mercado mundial, chegou a limitar o aumento das cotações da bolsa de Nova Iorque, que entre 2008 e o primeiro
semestre de 2010 tiveram correlação negativa com o câmbio no Brasil. A bolsa subia quando o câmbio caía e vice-
versa. Tal correlação foi rompida, apenas neste segundo semestre de 2010, quando a escassez de cafés de
qualidade tem puxado para cima as cotações de Nova Iorque.
A valorização do real também limita o potencial de industrialização do café no Brasil, pois, cada vez mais, a mão de
obra brasileira encarece em dólar (mais detalhes no item Aumento do Custo da Mão de obra, p. 13). As
exportações brasileiras de café solúvel declinaram fortemente, enquanto se sucediam as notícias de instalações de
fábricas no leste europeu, abastecidas principalmente por café robusta do Vietnã, da Índia e da Indonésia.
Recentemente, foi anunciada a instalação no México de uma indústria de café solúvel, cuja construção era prevista
para ocorrer no Estado do Espírito Santo. No Gráfico 9, vê-se a variação cambial em alguns dos principais países
produtores de café, do início de 2003 até junho de 2010.
Gráfico 9
Variação cambial frente ao dólar nos principais países produtores de café.
jan. 2003 a jun. 2010.
Fonte: Banco Central do Brasil, tabulado pelo autor.
Ÿ Concentração na indústria brasileira de café
Na última década, a indústria brasileira de torrefação tem passado por uma concentração bastante forte. Relatório
da ABIC de 2009 aponta que as dez maiores torrefadoras brasileiras ocupam uma parcela de 72,9% do mercado.
O mercado interno de café solúvel é ainda mais concentrado, com a empresa líder tendo mais de 70% de
participação.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Pontos positivos
Bahia replica o mundo cafeeiro por produzir tipos diferentes de café - Extensão do Estado e diferentes ambientes
edafo-climáticos propiciam a produção de praticamente todos os tipos de café produzidos no mundo. Indústria
baiana tem potencial para trabalhar com blends para os mais variados mercados consumidores, se abastecendo
com matéria-prima local.
Produtores competitivos mesmos com preços supostamente não-remuneradores - Há exemplos de produtores,
em praticamente todas as regiões, com estruturas de produção, de irrigação e administrativa, e também com
escala de produção, que lhes permitiram serem competitivos mesmo nos níveis de preço vigentes entre 2003 e
2009. Além dos benefícios diretos dos fatores citados, há a possibilidade, exercida por boa parte deles
(principalmente de café arábica), de utilização de esquemas de trava de preço, mitigando o risco de preço de forma
bastante satisfatória. Alguns deles aliam as travas de preço a bons sistemas de controle de custos. Os dados
secundários e as entrevistas realizadas apontam para o fato de que tais produtores estariam sendo responsáveis
pela maior fatia do total da produção baiana e, com isso, “ditando” novos limites de competitividade.
Há também, casos, mais esparsos, de produtores que partiram para a especialização explorando nicho específicos,
como cafés super premium ou mesmo cafés orgânicos, e que conseguiram se posicionar competitivamente,
mesmo nos períodos de baixa dos preços do café. A menor escala exigida nos nichos de mercado facilita a atuação
de produtores que dispõem de áreas menores, mas, ainda assim, boa produtividade, uso irrigação e bom
processamento têm sido muito determinantes para a competitividade.
Bons resultados com sistemas de processamento por via úmida de baixo custo - Em locais como, por exemplo,
Barra do Choça e Piatã, houve significativas melhorias na qualidade do café, além de incrementos também
significativos nos resultados econômicos e na qualidade de vida de pequenos produtores através da disseminação
de sistemas de processamento de café por via úmida de baixo custo. Há grande potencial para a replicação desses
exemplos, pois nas regiões do Planalto da Conquista e da Chapada Diamantina, o desafio a ser enfrentado no
preparo dos cafés é a ocorrência de fermentação.
Irrigação como mitigador do risco climático e também do risco de preço - Boa parte das regiões produtoras do
Estado, notadamente Oeste Baiano, parte da Chapada, parte (mais restrita) do Planalto da Conquista e o Extremo
Sul apresentam disponibilidade de água para irrigação, o que pode elevar a produtividade, mitigar o risco climático
e também mitigar o risco de preço, por propiciar a comercialização via sistemas de trava de preço. No Extremo Sul e
no Planalto, o uso da irrigação é feito, na maior parte dos anos, quase que apenas no período de granação e há
fazendas tendo bons resultados com sistemas de custo mais baixo de implantação.
Sul Baiano produz bem, sem irrigação – A condição de pluviosidade extremamente bem distribuída propicia aos
produtores do Sul Baiano a possibilidade de produção sem irrigação, com risco climático bastante pequeno.
Café Washed Bahia - Conceito de qualidade do café Washed Bahia (lavado da Bahia) já tem reconhecimento
internacional, há um bom tempo, e pode ser utilizado como ponta-de-lança de um programa de promoção e
valorização da qualidade do café do Estado, inclusive com possibilidade futura de criação de marcas regionais ou
mesmo de processos visando obtenção de identidade geográfica.
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3 COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA: ANÁLISE DOS AMBIENTES INTERNO E EXTERNO
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Naturais finos do Oeste e algumas áreas da Chapada – O Oeste Baiano tem se posicionado como uma fonte
confiável, com escala e regularidade de oferta, de cafés naturais finos, muito demandados para blends de
expresso. A condição de inverno seco, propiciando condições desfavoráveis à fermentação do café; a bienalidade
de produção não tão acentuada; o uso intensivo de mecanização e irrigação e o maior porte das fazendas têm
permitido à região atrair compradores e fazem com que os contratos de venda para entrega futura se disseminem.
Produtores grandes de áreas mais secas da Chapada Diamantina também têm produzidos bons cafés naturais,
juntamente com os lavados, mais típicos daquela região.
Consolidação do mercado baiano de cafés especiais – A fatia de mercado dos cafés especiais já está bem
estruturada na Bahia, inclusive com algumas exportadoras atuando voltadas especificamente para este estrato. O
concurso de Qualidade dos Cafés da Bahia, já na sua nona edição, tem trazido destaque para os cafés especiais do
Estado, tanto lavados quanto naturais. Cafés baianos, oriundos de tal concurso, se destacam no concurso nacional
promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC. No ano de 2009, cafés lavados de Piatã,
dominaram a premiação do concurso Cup of Excellence, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais -
BSCA. Os produtores baianos de cafés arábica especiais têm a segurança de que há valorização de seu produto e de
que há mercado compensador para a sua produção.
Bom grau de mecanização da cafeicultura - Regiões como o Extremo Sul, para conilon, o Oeste Baiano, parte da
Chapada Diamantina e parte do Planalto da Conquista apresentam topografia plana que propicia a mecanização
de boa parte das atividades realizadas na lavoura. No Oeste, a colheita mecanizada está bastante disseminada e
alguns produtores sequer fazem repasse manual de colheita. No Planalto e na Chapada, produtores maiores
também têm mecanizado a colheita com sucesso.
Primeiros exemplos de integração da cadeia - Começam a surgir os primeiros exemplos de integração na cadeia e
de relacionamentos comerciais mais duradouros. São os casos das permutas de insumos por produto e de outros
mecanismos de trava de preço, os quais estão intimamente ligados a uma escala mínima de produção, a padrões
específicos de qualidade e à utilização de irrigação, que permite maior segurança no cumprimento dos contratos
pelos produtores, nos volumes pré-comercializados e nos demais parâmetros contratados. Travas de preço
atraentes oferecidas para padrões de qualidade específicos tem tido o papel de direcionar a produção para o
atendimento da demanda futura.
Produtores inovadores – Em todas as regiões do Estado há produtores que tem se destacado pela capacidade de
inovação e por desenvolver e adaptar tecnologias que, por meio do boca a boca, acabam se disseminando
regionalmente. Como exemplos, temos o plantio de café em pivôs centrais com alinhamento circular, no Oeste
Baiano, ou mesmo um produtor do Sul Baiano que está aparentemente tendo sucesso no controle de broca com a
disseminação e preservação das condições para desenvolvimento do fungo Bauveria bassiana. Tais produtores
têm claro potencial para atuar como demandadores, parceiros e validadores da pesquisa cafeeira do Estado,
inclusive cedendo áreas de suas fazendas para pesquisas de campo.
Realização do Agrocafé – Já na 11ª edição, o Simpósio Nacional do Café - AGROCAFÉ, se firmou como um dos
principais eventos da cadeia produtiva do café do Brasil. Também por ser o primeiro evento de nível nacional a ser
realizado no início de cada ano, o Agrocafé tem conseguido trazer à Bahia representantes dos diferentes elos da
cadeia das mais variadas regiões do país. O evento também se caracteriza pela oferta de cursos voltados
principalmente para os produtores. É importante fortalecer o Agrocafé como momento de aglutinação dos
representantes dos diferentes elos da cadeia na Bahia, bem como, é importante que na sua programação passe a
haver momentos dedicados à avaliação da competitividade da cadeia e ao seu planejamento.
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Pontos de estrangulamento
Acesso restrito à tecnologia - A maior parte dos produtores, notadamente os pequenos, não utiliza as tecnologias
mais modernas disponíveis para a cafeicultura, especialmente no tocante ao processamento do café, e não tem
acesso a assistência técnico-gerencial efetiva. Produtores assistidos por ATER (assistência técnica e extensão rural)
pública e mesmo produtores assistidos por profissionais ligados a revendas de insumos não estabelecem relação
de confiança e comprometimento com os técnicos, o que limita fortemente a efetividade de tais modelos de
assistência.
Desconhecimento do custo de produção - A grande maioria dos produtores, inclusive boa parte dos médios e
alguns grandes, não dispõem de sistemas estruturados de controle de custos de produção. Com isso, não há o
conhecimento de indicadores que possam parametrizar (benchmarking) o desempenho dos produtores com
relação aos variados fatores determinantes da competitividade econômica. A avaliação dos empreendimentos
ainda é quase que estritamente baseada na produtividade por área, que é um indicador bastante importante, mas
que, por si só, nem sempre espelha a competitividade econômica do empreendimento.
Oscilação da produção por bienalidade do arábica e ciclo de poda do conilon – Por característica fisiológica o café
arábica tende a apresentar oscilação bienal na sua produção, alternando uma safra grande e uma menor. No caso
do conilon, não há tal bienalidade, mas, com a poda em ciclo preconizada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa e
Extensão Rural - INCAPER e utilizada pela maioria dos produtores, há variação significativa na produção entre os
quatro anos que compõem o ciclo. A conjunção de um momento de mercado com preços ruins e uma safra baixa é
difícil de ser enfrentada pelos produtores.
Sazonalidade na demanda por mão de obra - A cafeicultura apresenta picos muito fortes na demanda de mão de
obra, notadamente na colheita, para ambas as espécies, e, no caso do conilon, também na desbrota e na poda,
dificultando a formalização da contratação de trabalhadores pelas regras vigentes.
Lavouras antigas e com stand desuniforme – Há lavouras antigas, com potencial produtivo comprometido,
espaçamento muito largo e stand desuniforme em todas as regiões produtoras, com exceção do Oeste Baiano e do
Baixo Sul/Sul Baiano, embora nesta última região haja lavouras com stand e espaçamento desuniformes por terem
sido formadas substituindo cacau em áreas de cabruca. No Extremo Sul há boa parte das lavouras de conilon ainda
formada por meio de mudas advindas de sementes, materiais que possuem limitada capacidade produtiva,
desuniformidade de produção, maturação e qualidade dos frutos, principalmente se comparados às variedades
clonais mais recentemente lançadas pelo INCAPER.
Adoção restrita de colheita semimecanizada na Chapada Diamantina, no Planalto e na região de Itiruçu/Vale do
Jiquiriçá/Brejões – O uso de colhedoras manuais costais ainda é muito restrito nas regiões citadas onde há claro
potencial para sua utilização, com restrições ora sendo determinadas pelo inverno chuvoso e pela baixa
produtividade por planta de parte das lavouras.
Uso restrito de irrigação e manejo deficiente - Muitos produtores que têm água disponível para irrigação não
fazem uso da tecnologia, quer por desconhecimento ou por falta de capital para implantação, continuando
sujeitos aos riscos climáticos e também sem acesso à possibilidade de utilização de travas de preço advinda pela
maior segurança quanto aos volumes produzidos propiciada pela irrigação. Por outro lado, mesmo entre os
produtores que utilizam irrigação, ainda há carência de conhecimento de seu manejo, havendo tanto subirrigação
como desperdício de água e energia.
Desconhecimento sobre classificação e degustação de café - Poucos produtores têm conhecimentos sobre
classificação e, principalmente, degustação de café e sua grande maioria não tem real noção do que efetivamente
produz, portanto não tem como vislumbrar as potenciais oportunidades de comercialização.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Produção de café em áreas marginais para café - A estrutura de mercado da produção de café se aproxima da
competição perfeita. Já que não têm o controle sobre o preço, os produtores buscam elevar a produtividade com
redução de custos, o que gera a tendência, no longo prazo, de queda nos preços por saca. Isso determina que áreas
com limitação no potencial de aumento da produtividade, mesmo que tradicionais, tornem-se marginais para a
produção. Ou seja, na medida em que o patamar mínimo de produtividade para obtenção de lucratividade
aumenta a ponto de não poder ser alcançado em tais regiões, passa a ocorrer o gradativo abandono das lavouras e
se instala um ciclo vicioso de contínua redução da produtividade e queda na rentabilidade do negócio.
Essa situação está presente em algumas áreas do Planalto da Conquista e da Chapada Diamantina e é bastante
preocupante na região de Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/Brejões, mais tradicional produtora do Estado. Nessa última
região, a combinação da baixa pluviosidade com a salinidade das fontes de água para irrigação tem levado à
situação de declínio generalizado, claramente percebida nas visitas às propriedades e nas entrevistas com agentes
da cadeia realizadas na região. Dados do Censo Agropecuário 2006 apontam uma produtividade média de 12,3
sacas por hectare nessa região, quase que 50% abaixo da média da Chapada Diamantina, região da qual mais se
aproxima. As entrevistas realizadas na região, no presente trabalho, apontam para uma média de produtividade
ainda menor que a verificada em 2006.
Já no Oeste Baiano, há lavouras que foram implantadas em áreas de solo com teor de argila muito baixo e que estão
sofrendo mais intensamente os problemas de depauperamento precoce de lavouras, ainda não esclarecidos.
Desconhecimento sobre qualidade potencial - A grande maioria dos produtores não conhece a qualidade
potencial de sua produção. Muitos acreditam que não há espaço para melhoria significativa e simplesmente se
contentam em produzir no padrão que reconhecem como tradicional. Por outro lado, alguns vislumbram e focam
em possibilidades que, na realidade, estão acima do potencial edafo-climático de sua região ou muito próximo do
potencial máximo, para cuja obtenção, principalmente em maior escala, são necessários esforços e investimentos
nem sempre recompensados pelo mercado.
Infraestrutura de processamento pós-colheita necessitando incrementos - Crenças como a de que o café conilon
“aceita” ser preparado por via seca com secagem a altíssimas temperaturas ou a de que o transporte de café
arábica cereja por distâncias de até 100 quilômetros para secagem na caatinga não prejudica significativamente a
qualidade ainda levam muitos produtores a não acreditarem em possíveis ganhos por melhoria de qualidade. O
uso de alternativas como as citadas fazem com que a estrutura de processamento e secagem de café ora existente
em todas as regiões produtoras do Estado, com exceção do Oeste Baiano, necessite ser incrementada, caso os
padrões de processamento sejam alterados no sentido da busca de maior qualidade do produto. Na Chapada
Diamantina, principalmente na região de Bonito, ainda se pratica comércio de café em cereja.
Pragas, doenças, desuniformidade de maturação e sombreamento no Baixo Sul/Sul Baiano – As lavouras do
Baixo Sul/Sul Baiano, na sua maioria, foram estabelecidas, em área de topografia mais amorrada do que no
Extremo Sul. Com isso, a mecanização de atividades como controle do mato e pulverizações para controle
fitossanitário são bastante dificultadas. Com o agravante de que a ocorrência de ferrugem é mais frequente devido
à predominância do clima úmido.
Frágil integração entre os diferentes elos da cadeia - A grande maioria dos relacionamentos comerciais é pontual
ou de curto prazo (o chamado mercado spot). Mesmo as cooperativas que atuam comercializando café na Bahia
não têm qualquer sistema estruturado de monitoramento da qualidade e direcionamento da produção, visando
atender as especificidades da demanda. O preço é o único estímulo à melhoria da qualidade. Tal estímulo é pouco
tangível e efetivo, já que a maior parte dos produtores tem contato com os compradores apenas no momento da
venda física da produção já colhida. É patente entre os produtores a sensação de que a melhor remuneração por
qualidade é uma promessa com fracas garantias de cumprimento.
É rara a comercialização direta entre produtores e indústrias. A comercialização é feita mais comumente para
intermediários ou corretores que fazem triagem do café para exportação ou para consumo interno. Principal-
mente no caso do conilon, os produtores têm pouca noção da demanda das indústrias baianas.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Com relação a aspectos político-institucionais, também não há um fórum estruturado no qual os representantes
dos diferentes elos da cadeia do café no Estado se reúnam e busquem traçar os caminhos para seu
desenvolvimento ou para demandar do governo ações que impulsionem sua competitividade.
Atuação limitada de associações de produtores e cooperativas – Há carências na organização dos produtores de
café da Bahia. Houve um processo de fomento à formação de associações de pequenos produtores por parte de
bancos oficiais e de órgãos governamentais, buscando viabilizar liberação de financiamentos coletivos. Há
honrosas exceções, mas a grande maioria dessas entidades tem pouca representatividade e presta pouco serviço
aos produtores. Não há qualquer estrutura que as aglutine para uma representação efetiva a nível estadual, a qual
também poderia ter maior espaço nos fóruns nacionais do setor. As associações que têm alguma atuação se
restringem ao âmbito local e trabalham de forma muito pontual. Por outro lado, a Associação de Produtores de
Café da Bahia - Assocafé carece de penetração nas regiões produtoras.
Poucas são as unidades comunitárias de processamento de café que realmente funcionam e, mesmo nessas, não
existe, via de regra, padronização dos processos, muito menos da qualidade dos lotes de café dos associados. Com
isso, são também pontuais os exemplos de comercialização conjunta de café na Bahia (sem escala não há travas de
preço).
Mesmo as cooperativas existentes no Estado têm número de associados proporcionalmente bem mais baixo que o
padrão nacional (no Brasil, entre 25 e 30% da produção de café é comercializada via cooperativas). Na cooperativa
que tem sede no Espírito Santo e filial em Teixeira de Freitas é baixa a participação dos produtores baianos nos
processos decisórios.
Carência de marketing institucional do café da Bahia – Não há programa de marketing institucional do café do
Estado. As ações de marketing que são realizadas, como, por exemplo, caravanas de compradores internacionais
às regiões produtoras, são pontuais e realizadas quase que individualmente por agentes que vislumbram
oportunidades de negócios. Resultados importantes, como o recente desempenho excepcional dos cafés de Piatã
no concurso da BSCA, não têm sido objetos de nenhuma ação de divulgação mais sistematizada.
Valorização da qualidade pela indústria e consumidores ainda incipiente – São esparsos os exemplos de
valorização da qualidade quer pela indústria torrefadora baiana, pelos varejistas e também pelas cafeterias,
inclusive de Salvador. O preço ainda é o principal argumento de venda do café industrializado na Bahia e a cultura
do consumo de café de qualidade ainda é pouco difundida na sociedade baiana.
Seguindo a tendência internacional, o café passa cada vez mais a ser reconhecido como um atrativo em
estabelecimentos comerciais, mesmo não ligados ao ramo de alimentação. Em Salvador e na Bahia como um todo,
tal tendência começa se expressar, mas ainda são mais frequentes os casos em que estabelecimentos de bom nível
deixam em segundo plano a preocupação com a qualidade do café servido.
Além disso, ainda está presente no Estado, principalmente nos mercados locais do interior, um nível considerável
de clandestinidade no setor de torrefação de café (há exemplos significativos no eixo Barra do Choça-Vitória da
Conquista). Fraudes na composição e informalidade fiscal, trabalhista e sanitária tornam difícil para as indústrias
formais competir com os clandestinos. Também houve queixas de que haveria fraudes na composição do café
mesmo entre as indústrias formais.
Carência de mão de obra capacitada para trabalhar com café no varejo – Há pouca disponibilidade de mão de
obra que conheça os atributos de um café de qualidade e que esteja preparada para explicá-los aos clientes, quer
nas cafeterias de Salvador, quer nos pontos de venda de café no varejo. Por outro lado, a falta de reconhecimento
do valor do café de qualidade superior também contribui para o não reconhecimento do valor dos profissionais
que o servem.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Concentração da comercialização de arábica no polo de Vitória da Conquista – As regiões da Chapada
Diamantina, de Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/Brejões e do Oeste Baiano se ressentem da falta de uma melhor rede de
compradores de café, já que a comercialização de café de arábica na Bahia tornou-se muito concentrada em
Vitória da Conquista. Principalmente para o caso dos pequenos produtores das duas primeiras regiões citadas, tal
concentração gera a atuação de intermediários desnecessários ao processo, os quais, para se remunerar,
absorvem parte da renda potencial dos produtores.
Indústria baiana perdendo competitividade no processo de concentração do mercado brasileiro – No processo
de concentração do mercado brasileiro de café torrado e moído, ocorrido na última década, as principais marcas
de café da Bahia tiveram sua produção descontinuada. Não há nenhuma empresa baiana dentre as 10 maiores
indústrias brasileiras pelo ranking da ABIC, as quais concentram 72,9% da produção. A primeira indústria baiana
ocupa apenas o vigésimo sexto posto do referido ranking.
Principais exportadoras mais estruturadas noutras regiões do país - Dentre as exportadoras de maior porte,
apenas uma embarca todo o café que compra na Bahia via Salvador e outras o fazem de forma parcial. O porto de
Salvador é mais utilizado por exportadoras que trabalham com café fino, cujos embarques são um pouco mais
espaçados e programados que os de café commodity. Além do que é tocante ao próprio porto, a maior parte das
exportadoras têm estrutura comercial e administrativa mais concentrada noutras regiões e acaba lhes sendo mais
conveniente levar o café do que montar nova estrutura em Salvador.
Oportunidades
Integrar instituições de crédito ao programa de ATGER – A carência no conhecimento para controle de custos e
gestão financeira da fazenda, além do desatrelamento da assistência técnica prestada dos principais fatores de
competitividade são causas importantes de inadimplência em financiamentos para a cafeicultura. Faz todo
sentido integrar as instituições de crédito ao programa de assistência técnico gerencial e de extensão rural, pois
este será um redutor importante do risco de concessão do crédito. Tais entidades podem participar como
mantenedoras do núcleo gestor do programa, como financiadoras da parte do pagamento dos técnicos que caiba
aos produtores e também direcionando suas linhas de crédito para fatores efetivamente determinantes da
competitividade.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Fomento, financiamento e/ou distribuição de pequenas estruturas de processamento de café – O exemplo de
Piatã demonstra que, para pequenos e micro produtores, unidades de processamento por via úmida e secagem de
pequeno porte, inclusive até lavadores manuais, têm grande potencial para a melhoria dos resultados econômicos
e da qualidade de vida dos produtores. O processamento inadequado, por via seca, com secagem em terreiro
descoberto, em regiões de inverno chuvoso, como o Planalto, a Chapada e Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/Brejões chega
a reduzir o valor da produção em mais de 30%. Mesmo para pequenos produtores de conilon, há potencial para
agregação de valor com a produção de café cereja descascado. Vale salientar, que assistência à comercialização e
marketing do produto ampliam significativamente o potencial de avanço.
Posicionar a Bahia como fonte de cafés de qualidade – A Bahia não tem potencial para assumir posição de
liderança em volume na produção de café no Brasil. Porém pode buscar se diferenciar dentre os estados
produtores pela produção de café de qualidade. Exemplos como o do lavado baiano e dos naturais do Oeste Baiano
ou mesmo o fato de que o conilon do Espírito Santo carrega uma imagem negativa por conta do mau
processamento, abrem espaço para um programa de melhoria da qualidade do café baiano integrado a um
programa de marketing que reposicione o produto no mercado. Além da padronização do processamento, um pré-
requisito crucial para o deslanche de tal programa é o esclarecimento de dúvidas que muitos produtores ainda têm
sobre a viabilidade econômica da produção de café de qualidade – especialmente no caso do conilon cereja
descascado.
Governo do Estado atuar no fomento à adequação à legislação trabalhista – Apesar da legislação trabalhista ser
de âmbito federal, o Governo da Bahia poderia montar programas que visem fomentar a adequação da
cafeicultura a seu cumprimento. Podem ser programas de mutirões para emissão de documentos nos momentos
que antecedem os picos de demanda, como a colheita. Também seriam oportunos programas de visitas por
técnicos do governo estadual para indicar formas de adaptação e validar as adaptações realizadas, previamente à
fiscalização federal.
Legislação de PIS/COFINS favorece a comercialização via cooperativas – Pela legislação vigente (IN635/2006 da
Receita Federal), as cooperativas de produtores podem absorver créditos presumidos de PIS/COFINS oriundos de
operações de compra de cafés de associados e, mesmo sem ter efetivamente recolhidos os valores, fornecer
crédito de 9,25% para as indústrias adquirentes de seu produto. As cooperativas podem, então, se apropriar de
parte dos 9,25% e ainda assim o café vendido custará mais barato para o comprador do que o adquirido de um
produtor pessoa física, que não fornece crédito, ou de uma pessoa jurídica que tenha recolhido os 9,25% de
PIS/COFINS e inclua o valor no seu preço de venda. Para melhor ilustrar, veja o exemplo: Uma saca de café vendida
a R$ 200,00 pela cooperativa entra na contabilidade do comprador valendo 9,25% a mais, R$ 218,50. 1-
(200/218,25) = 0,847, ou seja, se com o crédito de PIS/COFINS, o produto vale 109,25% para o comprador, a
cooperativa pode vendê-lo com desconto de até 8,47% ou pode não dar todo o desconto e aumentar seu preço de
venda sem onerar o comprador.
Programa de pequenos barramentos para irrigação – Em algumas regiões da Chapada Diamantina e do Planalto
da Conquista, cujo principal exemplo é Barra do Choça, há possibilidade de construção de pequenos barramentos
visando acúmulo de água para irrigação, já que o déficit hídrico é concentrado apenas na fase de granação. Como
já foi dito, o acesso à irrigação tem sido um fator crucial para a competitividade dos produtores, por mitigar, além
do risco climático, o risco de preço do café.
Convênios para pesquisa conjunta com instituições de outros estados – A própria existência do Consórcio
Pesquisa Café indica a possibilidade de, ao invés de, reestruturar a pesquisa cafeeira baiana partindo quase que do
zero, montar um sistema baseado em convênios com instituições localizadas em outros estados. Seria montada
uma equipe de pesquisadores contratados pela instituição de pesquisa baiana, a qual, ao trabalhar em conjunto
com pesquisadores líderes nacionais em cada área, absorveria conhecimentos e se desenvolveria, até que a
pesquisa baiana atingisse a maturidade para caminhar independentemente. Exemplo nesse sentido é o recente
protocolo de intenções assinado entre a SEAGRI, a CEPLAC e o INCAPER para pesquisa de café conilon no Extremo
Sul da Bahia.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Posição geográfica da Bahia favorecendo o abastecimento do Norte e Nordeste – Dentre os principais estados
produtores de café do país, a Bahia, por sua posição geográfica, e também por produzir tanto arábica quanto
conilon, desponta como fornecedor preferencial para os estados do Nordeste e do Norte, o que pode ser feito com
café verde, mas, desde que haja escala para implantação de indústrias competitivas, com café industrializado, cujo
custo de transporte é menor.
Aproveitar o potencial turístico da Bahia como indutor do consumo do café do Estado – Estão na Bahia alguns dos
destinos turísticos mais visitados do Brasil, como Salvador e Porto Seguro. Servir ao público visitante café de boa
qualidade, devidamente identificado como baiano e divulgado com “orgulho” tem grande potencial de divulgar o
produto nas regiões de origem dos turistas e de fidelizar clientes para o café da Bahia.
Ameaças
Desestruturação da pesquisa cafeeira baiana e adoção de tecnologias sem validação local – Nas últimas décadas
foi dado pouco impulso à pesquisa cafeeira da Bahia. Apesar da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola -
EBDA ser membro fundador do Consócio Pesquisa Café e de haver instituições como a Universidade Estadual do
Sudoeste - UESB, em Vitória da Conquista, e a Fundação Bahia, em Luiz Eduardo Magalhães, que atuam na
pesquisa cafeeira, o número de trabalhos publicados e tecnologias desenvolvidas ficou aquém do potencial. E não
há nenhuma linha de pesquisa cafeeira na qual a Bahia tenha posição de liderança. Com isso, o que tem sido visto
nos últimos anos é que a cafeicultura baiana tem importado tecnologias desenvolvidas em unidades de pesquisa
localizadas fora do Estado e os produtores as tem implantado sem que haja validação local.
Há uma série de questões que ameaçam significativamente a competitividade da cafeicultura baiana ou, pelo
menos, limitam a expressão de seu potencial e estão esperando por respostas da pesquisa cafeeira da Bahia.
Podem ser citados: o esgotamento precoce em lavouras no Oeste Baiano; o limite para o uso de águas salobras na
irrigação (Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/Brejões); a adaptabilidade de clones de conilon produzidos no ES; a colheita
semimecanizada do arábica; a colheita mecânica do conilon e viabilidade de produção de conilon CD.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Restabelecimento da produção de lavados na Colômbia e na América Central – Os cafés lavados baianos estão
obtendo preços muito atraentes neste ano de 2010, devido, além da sua qualidade, à escassez de cafés suaves
gerada pelas seguidas quebras de safra nos principais países produtores. A Colômbia implantou um programa de
renovação de lavouras, previsto para recompor a produção e as quebras nos países centrais se deveram a excesso
de chuvas, que não ocorrem em todos os anos. Com a volta da produção em tais países a níveis normais, os
diferenciais de preço para os cafés lavados tenderão a cair e a demanda tenderá a refluir para os produtores mais
tradicionais. É premente a necessidade de posicionar os lavados baianos no mercado, especificando seus atributos
e fortalecendo os canais para sua comercialização de forma a fidelizar os compradores que passaram a adquiri-los
neste momento de escassez.
Sistema de ATER pública inoperante e que não gera inteligência competitiva – Em geral, os produtores
caracterizaram o sistema de assistência técnica e extensão rural da Bahia como de baixíssima efetividade. Os
poucos resultados positivos estão mais ligados à dedicação pessoal de alguns técnicos que possuem maior
afinidade com a cafeicultura.
Por outro lado, como não há acompanhamento gerencial, os produtores que recebem assistência não como têm
avaliar a situação econômica de seu empreendimento. Atuam apenas voltados para aumento da produtividade e
esperam que os preços remunerem a atividade, ao invés de procurar fazer a gestão do custo de produção, que tem
sido o caminho mais efetivo para obtenção de resultados compensadores.
Não há um programa estruturado de assistência, logo não há qualquer tipo de meta ou de indicador de
desempenho da assistência técnica. Isso faz com que o Estado não se aproprie da inteligência competitiva que
poderia ser construída e retroalimentada pela avaliação dos resultados dos produtores assistidos e das metas do
programa.
A EBDA tem uma imagem muito ruim dentro da cadeia. No workshop realizado em Vitória da Conquista foi quase
que unânime a manifestação de que qualquer tentativa de restabelecimento da assistência técnica que envolva tal
empresa mereceria pouco crédito e teria pouca chance de sucesso.
Aumento de custo e escassez de mão de obra – Do ponto de vista socioeconômico, a política de recomposição do
valor do salário mínimo através de reajustes maiores que a inflação é extremamente benéfica e tudo indica que
deve manter-se nos anos vindouros. No entanto, tem forte impacto na competitividade de atividades com uso
intensivo de mão de obra, caso do café, principalmente o arábica de regiões montanhosas e o conilon, que não
mecanizam colheita, sendo que este último ainda apresenta demanda concentrada também para operações de
poda e desbrota.
Com o crescimento da economia – especialmente da construção civil, que absorve mão de obra não qualificada, a
montagem do sistema de garantia de renda mínima para populações carentes (bolsas do governo) e a tendência de
urbanização do país, a oferta de mão de obra sazonal diminuiu fortemente e os indícios atuais (p.ex. grande déficit
habitacional e de infraestrutura do país) apontam para a continuidade de tal tendência. Há também casos, como o
que ocorre em relação à silvicultura de eucalipto no Extremo Sul, em que a competição com outras atividades
rurais limita a oferta de mão de obra para o café.
Em todas as regiões produtoras ficou evidente a preocupação com a escassez de mão de obra, mesmo no Oeste
Baiano, onde apenas o repasse da colheita é manual, ou no Sul Baiano, onde supostamente haveria
disponibilidade de trabalhadores desempregados pela crise do cacau. Até pequenos produtores com áreas
menores que 10 hectares relataram ter dificuldade de encontrar mão de obra avulsa para auxiliar na colheita.
Muitos produtores relataram que a possibilidade de falta de mão de obra é um fator que pesa bastante
negativamente quando analisam a possibilidade de expansão de sua atividade.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Legislação trabalhista e dificuldade de relacionamento com órgãos que a aplicam – Segundo os produtores, há
dificuldade para cumprimento da legislação trabalhista, principalmente com relação à mão de obra sazonal
(mesmo por que muitos trabalhadores não têm os documentos necessários à formalização da relação de
emprego).
Teria havido também aumento abrupto nas exigências quanto a alojamentos e estruturas de proteção em
maquinários, às quais a adaptação de estruturas e máquinas antigas é difícil.
Além disso, não haveria padronização na interpretação e aplicação dos normativos pelos representantes tanto do
Ministério do Trabalho e Emprego, quanto do Ministério Público do Trabalho, a postura de tais órgãos é
meramente punitiva e não há qualquer espécie de fomento à adequação. Vários produtores relataram que
chegam a ter dificuldade de mensurar o risco de punição por inadequação às exigências trabalhistas e, mesmo
aqueles que acreditaram ter se adaptado, relatam a carência de uma validação prévia das melhorias feitas, pois
quando recebem a fiscalização isto já ocorre no momento da utilização das instalações e com intuito punitivo.
Carências na atuação do Estado na governança da cadeia – As estatísticas disponíveis sobre a cadeia produtiva do
Café da Bahia são, via de regra, produzidas a nível nacional e não há estrutura a nível estadual voltada para a
tabulação dos dados da Bahia e para construção de inteligência competitiva e sua apropriação pelo Estado para
direcionamento das políticas públicas. Nos últimos anos, o crescimento da Cadeia Produtiva, e também os seus
problemas, têm se desenrolado quase que a revelia do Estado. Casos claros, são a descontinuidade de algumas das
principais indústrias de café da Bahia e o evidente declínio da produção na região de Itiruçu/Vale do
Jiquiriçá/Brejões.
Insuficiência e ineficácia do crédito oficial – Os projetos mais estruturados e mais competitivos são de grandes
produtores que não dependem do crédito nem da pretensa assistência técnica a ela associada. Foram recorrentes
as alegações de que o crédito oficial para a cafeicultura é insuficiente e descompassado do calendário agrícola da
atividade. Também foi alegado que há burocracia excessiva para a liberação do crédito e que os bancos não têm
pessoal suficiente para analisar os processos com a celeridade requerida. Principalmente no caso dos pequenos
produtores, que dela dependeriam, a pretensa assistência técnica incluída nos financiamentos funciona mais
como um condicionante burocrático, na execução dos projetos, e como um fiscalizador da alocação dos recursos
financiados, tendo pouquíssima efetividade para o sucesso dos empreendimentos. Os variados elos da cadeia não
enxergam o financiamento oficial como um alavancador da sua competitividade.
Carências na logística para exportação via Salvador – Nas entrevistas realizadas com exportadores e fazendas que
fazem exportação direta, foram comuns as alegações de que há problemas de infraestrutura no porto de Salvador
e de que o desembaraço das exportações é lento.
Imagem ruim associada ao arábica natural baiano e também ao conilon – Devido às falhas no processamento, foi
estabelecida a imagem de que o arábica natural baiano seria de baixa qualidade. Tal preconceito se refere mais
fortemente aos cafés do Planalto, de Itiruçu/Vale do Jiquiriça/Brejões e da Chapada, mas também é usado
comercialmente na tentativa de depreciar até o café do Oeste, região cujo inverno é seco.
No caso do conilon, também devido às práticas inadequadas de processamento, há o conceito de que os cafés
dessa espécie só entrariam nos blends como matéria-prima de baixo custo, com forte potencial para estragar a
bebida.
Derrocada da indústria brasileira de solúvel e não-absorção do conilon pelo mercado interno brasileiro – A
indústria brasileira de café solúvel perdeu, mais por fatores conjunturais (vide Valorização cambial, p. 16) que
intrínsecos, a competitividade internacional, nos últimos anos, e sofre um contínuo processo de encolhimento.
Existiam 11 indústrias de café solúvel no Brasil, hoje reduzidas a apenas cinco. No período de 2005 a 2009, o
mercado mundial de café solúvel cresceu cerca de 6%. No mesmo período, as exportações brasileiras de café
solúvel caíram de 4 milhões de sacas, em 2005, para 2,8 milhões em 2009, com perda de participação no mercado
mundial, de 14 para 9%.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
A maior parcela do café conilon brasileiro é escoado no mercado interno de torrado e moído. Sua adição nos blends
das torrefadoras brasileiras cresceu significativamente na última década, o que tem mantido as cotações no Brasil
mais altas que no mercado internacional. Com o declínio da indústria de solúvel e das exportações de conilon
verde, há grande chance de ocorrer sobreoferta de conilon no mercado interno, principalmente nos momentos
em que houver aumento na produção de arábicas baixos, sendo importante levar tal possibilidade em conta como
condicionante ou mesmo fator limitante da expansão dos plantios de conilon.
Impacto de questões fiscais na comercialização e na industrialização – A comercialização de café para
industrialização tem sido afetada por questões fiscais. No caso do PIS/COFINS, o produto adquirido de pessoas
físicas não gera crédito. Com isso, indústrias de maior porte que trabalham em regime de lucro real têm priorizado
fortemente a compra de pessoas jurídicas (inclusive cooperativas), visando obter o crédito de 9,25%, percentual
bastante significativo. Por exemplo, uma torrefadora cuja indústria fica no estado de Sergipe, montou uma ótima
estrutura de classificação e armazenamento no Polo industrial Vitória da Conquista e já chegou a adquirir até 25%
da produção da Bahia. Hoje compra apenas 10% da produção baiana, tudo oriundo do Oeste, nenhuma saca do
Planalto. Acrescente-se a isso o fato da citada indústria ter adquirido, apenas no primeiro semestre de 2010, 500
mil sacas de café em Minas Gerais.
Outro fator que estimula a compra em Minas Gerais da matéria-prima para torrefação por indústrias de outros
estados, é o fato de que naquele Estado a alíquota de ICMS para saída de café é de 7% contra 12% na Bahia. Isso faz
com que o torrefador de outro estado que adquira café na Bahia tenha que imobilizar 5% a mais do valor de sua
matéria-prima enquanto aguarda, por até seis meses, a concessão do crédito de ICMS.
Tais distorções limitam o canal de venda de café para as torrefadoras de maior porte em regiões como o Planalto da
Conquista, a Chapada Diamantina e Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/Brejões, onde não há cooperativas que atuem na
comercialização do produto. Mesmo no caso do conilon, as torrefadoras maiores buscam adquirir produto da
cooperativa e de empresas comerciais do Espírito Santo, evitando comprar diretamente de produtores.
Conceito de que o cultivo do conilon poderia levar à destruição da Mata-Atlântica no Baixo Sul/Sul Baiano – Tais
regiões têm importante parcela de suas áreas sob florestas remanescentes do sistema de cultivo do cacau na
cabruca. Há possibilidade de que, ao ser o conilon apresentado com alternativa de substituição ao cacau, se tente
impingir à atividade o potencial de degradadora ambiental.
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Governança da cadeia e desenvolvimento de inteligência competitiva
O ponto de maior consenso nas discussões do workshop foi a necessidade de se efetivar a Câmara Setorial do Café
como o centro de coordenação da governança da cadeia produtiva do café da Bahia. Para tal, foi salientado que a
Câmara necessariamente terá que conter representatividade de todos os elos da cadeia e que os seus membros
deverão ter canais diretos com agentes-chave nas seis regiões produtoras, para levantamento de demandas e
avaliação dos resultados dos programas que vierem a ser implantados. O braço operacional da Câmara seria um
núcleo de coordenação, que teria como principais funções:
- facilitar a interlocução entre os agente-chave regionais e os membros da Câmara;
- montar as pautas das reuniões da Câmara e fazer a convocação dos participantes;
- implementar o programa de reestruturação da pesquisa cafeeira do Estado, inclusive prospectando e
indicando fontes de recursos e possibilidade de convênios de cooperação;
- coordenar; criar programa de capacitação dos técnicos; definir metas e indicadores locais e estaduais; e
tabular os dados obtidos pelo programa de assistência técnico-gerencial e extensão rural (ATGER);
- construir, com base nos dados oriundos do programa de ATGER, indicadores regionais de desempenho da
cadeia produtiva e, em conjunto com dados secundários, construir inteligência competitiva, que embasará
a Câmara Setorial na busca de políticas públicas ou mesmo na formatação e execução de ações conjuntas
da cadeia produtiva;
- dar apoio a ações de fortalecimento da competitividade, como, por exemplo, programas de comercialização
conjunta e estabelecimento de relacionamentos comerciais de longo prazo, cuja oportunidade seja
explicitada pelas informações advindas do programa de ATGER;
- subsidiar os representantes dos diferentes elos da cadeia com informações para embasar sua participação
nos fóruns nacionais do setor.
A estrutura do núcleo seria custeada pelo Estado, em parceria com entidades representativas dos diferentes elos
da cadeia produtiva (FAEB, Assocafé, Sindicafé, Centro de Comércio de Café, OCEB), com entidades de fomento e
capacitação (SEBRAE e SENAR) e com instituições de crédito (Banco do Nordeste e Banco do Brasil). Poderia ser
apresentada proposta de convênio ao Funcafé, visando a obtenção de parte dos recursos para custeio do núcleo. O
núcleo seria subordinado à Câmara Setorial do Café.
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4 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Assistência técnica e, principalmente, gerencial
Ficou muito clara nas entrevistas e discussões do presente trabalho a carência de assistência técnica e
principalmente gerencial aos produtores de café. Exemplos como o Projeto Educampo Café, do SEBRAE, ou o
Programa Certifica Minas, da SEAPA/MG, são reconhecidos como o que há de mais moderno nesse campo no país.
A grande virtude de tais programas está em não apenas indicar tecnologias que visem aumentar a produtividade,
esperando que a condição de mercado as remunere satisfatoriamente. A assistência gerencial neles contida foca
na apuração dos custos de produção e no estabelecimento de metas e indicadores de desempenho que permitem
aos produtores ter um balizamento para que sejam competitivos dentro das condições vigentes no mercado. Essa
premissa favorece os técnicos prestadores da assistência, cuja efetividade do trabalho passa a gerar
reconhecimento; os governos, que deixam de serem colocados na posição de corresponsáveis pela não
rentabilidade da produção; os agentes de crédito, cujo risco de inadimplência e de solicitação de prorrogações de
prazo se reduzem; e os demais elos da cadeia, que passam a ter uma segurança maior na regularidade da oferta, já
que a produção se torna menos sujeita às oscilações do mercado.
As diretrizes do programa de ATGER serão dadas pela Câmara Setorial, definindo metas e indicadores que
permitam à produção atender às demandas do mercado. A coordenação do programa, subordinada à Câmara,
conforme exposto no item anterior, fará a capacitação dos técnicos, a definição das metas e indicadores de
desempenho locais, regionais e estaduais, e a tabulação dos dados oriundos de cada grupo de produtores
assistidos.
Cada grupo de produtores será assistido por um profissional com dedicação exclusiva. O número de produtores
em cada grupo será determinado pelo seu porte e pela correspondente capacidade de atendimento do técnico
para que haja assistência efetiva com pelo menos uma visita mensal (por exemplo, um técnico tem capacidade de
atender 10 produtores de 4 ha num dia, mas não há como atender 5 de 40 ha).
A composição de cada grupo será determinada por aspectos dentre os quais se destacam semelhanças no sistema
de produção e a proximidade entre as propriedades. A aglutinação dos produtores será feita pela entidade
parceira na montagem do grupo, que pode ser uma prefeitura, uma cooperativa, associação de produtores, uma
agroindústria ou mesmo uma firma exportadora que adquira a produção. Haverá também a possibilidade de que
profissionais autônomos que tenham um grupo de clientes para os quais já prestem serviço façam a adesão ao
programa, recebam capacitação para assistência gerencial e passem tanto a fornecer dados de seus clientes como
receber os resultados dos indicadores.
No modelo do Projeto Educampo, os profissionais são autônomos com empresas registradas e prestam serviços
diretamente aos produtores, havendo em muitos casos subsídio dos custos por parte das entidades parceiras.
Acreditamos ser interessante manter aberta a possibilidade das entidades contratarem os profissionais, mas os
resultados de outros estados indicam que, mesmo que haja subsídio, a assistência técnica não deve ser fornecida
de forma gratuita e, se o for de início, o subsídio deve ser reduzido e eliminado na medida em que o produtor
obtenha capacidade de custeá-lo.
A consciência pelos produtores de que a assistência técnica é um insumo básico para o negócio rural no qual vale a
pena investir, tem sido crucial para o sucesso do modelo de assistência técnico-gerencial e isso é demonstrado pela
evolução dos indicadores de desempenho. O subsídio pode então ser direcionado para novos grupos que sejam
montados usando os resultados positivos dos primeiros assistidos como atrativos à adesão.
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aDiagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Foi mostrado no presente trabalho que uma parcela dos produtores baianos vem determinando os padrões de
competitividade da produção de café no Estado, nos últimos anos. Padrões esses baseados em assistência técnica
eficiente; gestão financeira; uso de irrigação; e processamento adequado à produção de cafés na qualidade
almejada pelo mercado e com a escala requerida, possibilitando a comercialização em bases mais sólidas,
inclusive com uso de venda futura. O programa de ATGER proposto tem o poder de disseminar tais fatores de
competitividade para um número muito maior de produtores (incluído os pequenos), melhorando sua qualidade
de vida e, concomitantemente, a competitividade de toda a cadeia produtiva. A Figura 2 é um fluxograma do
programa proposto.
Programa de melhoria da qualidade do café da Bahia
Propõe-se um mapeamento da qualidade potencial do café nas seis regiões produtoras para embasar um
programa de melhoria da qualidade.
O programa poderá constar de fomento e financiamento à montagem de estruturas de processamento de baixo
custo para pequenos produtores, podendo inclusive contemplar o fornecimento para micro produtores de
equipamentos individuais como lavadores manuais de café.
Deverá haver um programa de capacitação para boas práticas de processamento de café, atrelado ao programa
estadual de ATGER.
Também deve haver um programa de apoio e capacitação para a adaptação das torrefações baianas à Instrução
Normativa 16 do MAPA, em vias de entrar em vigência e que determinará novos padrões mínimos para a qualidade
do café industrializado, bem acima dos hoje praticados por algumas indústrias.
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Núcleo 2
Ligado a
Agroindústria
Coordenação do
programa de ATGER
Câmara Setorial
Indicadores de desempenho
Inteligência competitiva
Demandas de pesquisa
Demandas de políticas
Diretrizes
Metas
Demandas do mercado
Núcleo 1
Ligado a prefeitura
Núcleo 3
Ligado a cooperativa
Núcleo 4
Ligado a associação de produtores
Núcleo 5
Ligado a exportadora
Coordenação para núcleos: Capacitação de técnicos e produtores, diretrizes, dados tabulados, metas e indicadores.
Núcleos para coordenação: Dados primários, demandas (inclusive de pesquisa), feedback e avaliação do programa.
Figura 2 - Fluxograma do programa estadual de ATGER.
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Reestruturação da pesquisa cafeeira
Para que a adoção de tecnologias geradas noutras regiões sem a devida validação local deixe de ser a praxe na
cafeicultura baiana é vital a reestruturação da pesquisa cafeeira da Bahia. Há que se contratar novos
pesquisadores (possivelmente para uma EBDA saneada ou uma nova empresa exclusivamente de pesquisa) e
apoiar os centros de pesquisa que já trabalham com café, como a UESB e a Fundação Bahia.
As linhas de pesquisa seriam demandadas pela Câmara Setorial e é importante que haja uma estrutura de
captação de recursos para projetos, que podem advir, além do Funcafé, de parcerias com instituições de fomento e
mesmo bancos que investem na cafeicultura (vide FUNDECI do Banco do Nordeste).
Um ponto crucial, que foi consenso no workshop de Vitória da Conquista, é que, no início desta nova etapa, o
melhor caminho a seguir é celebrar convênios com as instituições que detêm expertise nas diferentes áreas da
pesquisa cafeeira (ex., INCAPER no café conilon) para que as equipes baianas trabalhem em conjunto com suas
equipes.
Zoneamento agroecológico e econômico das regiões produtoras de café
Deve ser feito zoneamento agroecológico e econômico das regiões produtoras de café, visando identificar o grau
de aptidão das regiões produtoras e, principalmente, regiões onde, nas condições atuais, a competitividade da
cafeicultura é marginal. Tal mapeamento indicará de forma mais clara as ações específicas a serem tomadas para
incremento da competitividade da cafeicultura nas regiões mais aptas; para seu resgate, nas regiões ora marginais,
onde ainda haja potencial; e indicará também as regiões que se tornaram inaptas, para as quais deverão ser
buscadas outras alternativas econômicas.
No mapeamento serão também levantadas as fontes de água para irrigação, visando embasar a montagem de um
programa de construção de barramentos.
Deverá ser mapeado também o estado das lavouras, para estabelecer qual a necessidade de sua renovação e
possibilitar o dimensionamento de um programa estadual com tal objetivo.
Por outro lado, o zoneamento indicará as áreas com aptidão para as quais devem ser direcionados os futuros
programas de financiamento para implantação de novos cultivos. Isto evitará plantios em áreas marginais ou
mesmo equívocos como os plantios que foram feitos em áreas de cabruca relativamente densa no Sul/Baixo Sul,
sendo que em tais regiões há áreas disponíveis, nas quais havia sido feita conversão anterior para pastagens.
Incremento do uso de irrigação e evolução do seu manejo
Conforme claramente evidenciado no diagnóstico regionalizado, o uso de irrigação tem sido um fator crucial para a
competitividade, pois, à exceção da região do Sul/Baixo Sul, todas as regiões produtoras da Bahia estão sujeitas,
em menor ou maior grau, à ocorrência de veranicos no período de granação do café.
A irrigação tem propiciado a mitigação tanto do risco climático, quanto do risco de preço, pois a garantia de
segurança na oferta é um dos pré-requisitos básicos para o acesso aos mecanismos de venda futura e trava de
preços. O mapeamento das fontes de água previsto no item anterior permitirá montar um programa de fomento
ao uso de irrigação para pequenos produtores. É importante também que os projetos de financiamento para
implantação de cafeicultura, com exceção do Baixo Sul/Sul Baiano, passem ter a inclusão de irrigação como uma
premissa básica, inclusive contemplando recursos para o custeio de seu manejo, pois este é deficiente em boa
parte dos cultivos irrigados do Estado.34
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Redução dos picos sazonais de demanda de mão de obra e facilitação da formalização das
relações de trabalho
Com as tendências de urbanização e crescimento do país e de aumento da remuneração da mão de obra, os picos
sazonais de demanda de mão de obra apresentados pela cafeicultura tendem a ter ampliados seus impactos
negativos pela dificuldade de captação e aumento de custo da mão de obra sazonal.
A redução da demanda sazonal por mão de obra pode ser buscada mais diretamente pelo fomento à mecanização
da colheita. Para tal haverá necessidade de capacitação de mão de obra e dos produtores para uso de colheita
semimecanizada, com colhedoras costais, principalmente nas áreas mais amorradas das regiões do Planalto, da
Chapada e de Itiruçu/Vale do Jiquiriçá/ Brejões. Também serão necessários testes e adaptações das referidas
colhedoras e mesmo das colheitadeiras automotrizes para utilização no conilon. Podem vir a ser necessárias
modificações nos espaçamentos das lavouras – o que já ocorre no Planalto da Conquista com as lavouras antigas
de café arábica.
Sistemas de poda, conhecidos como safra zero, têm sido utilizados noutros estados produtores de arábica com
bons resultados na redução do peso do custo da colheita no custo de produção do café.
A dificuldade de captação de mão de obra exacerba as dificuldades atuais para a formalização da mão de obra
sazonal. O governo estadual pode buscar sua amenização através de ações como convênios para mutirões de
emissão documentos nas regiões cafeeiras no período pré-colheita; a busca pela cadeia produtiva, apoiada pelo
governo estadual, de modificações na legislação para melhor contemplação do trabalho sazonal; e convênios com
o MTE para validação/fiscalização prévia por agentes do governo estadual da adequação de instalações e
equipamentos das fazendas às normas vigentes.
Fomento ao estabelecimento de relacionamentos comerciais duradouros e ao uso dos
mecanismos de venda futura
Por conta do retardo na resposta da produção aos estímulos de preço, a cafeicultura se notabiliza como uma das
atividades rurais nas quais o risco de preço é mais acentuado e suas variações, às vezes abruptas, causam danos
mais intensos à produção.
A cadeia do café também foi caracterizada, até bem pouco tempo, pela quase que inexistência de relacionamentos
comerciais estruturados e pela predominância das vendas pontuais (mercado spot).
Ferramentas de travas de preço via permuta por insumos e vendas futuras têm propiciado aos produtores que as
utilizam mitigar o risco de preço de forma bastante satisfatória e isso tem sido um fator importante para sua
competitividade. Têm sido também um canal de comunicação da demanda futura por parte dos compradores.
Apoiar a disseminação de tais ferramentas e estruturar a oferta de produtores de menor porte (via cooperativas e
associações) de forma a propiciar sua utilização tem grande potencial para fortalecer a competitividade da cadeia
do café da Bahia.
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Marketing institucional do café da Bahia
Por produzir praticamente todos os tipos de café, a Bahia tem potencial para ser um fornecedor mais estratégico
para os compradores, principalmente internacionais, do seu café.
Há que se criar conceitos para os cafés da Bahia, utilizando seus atributos principais, como, por exemplo, o perfil
sensorial do lavado baiano e a possibilidade de oferta em grande escala dos naturais finos do Oeste. Além disso,
aspectos como a tradição de produção dos lavados ou mesmo a riqueza cultural e natural da Bahia têm grande
potencial de sensibilização dos consumidores e mesmo para embasar projetos de busca de reconhecimento de
identidade geográfica.
A divulgação da existência na Bahia de cafés diferenciados, tais como os super premium ou mesmo cafés orgânicos
de qualidade, atrairia a demanda dos compradores de tais nichos, fazendo com que mais pequenos produtores,
que não têm condições de ampliar sua escala, tenham acesso a canais de venda de boa ou ótima remuneração
para escoar sua produção.
Um programa estadual estruturado amplificaria os resultados positivos obtidos nos últimos anos em exemplos
como o de Piatã, que foram frutos de esforços isolados de agentes da cadeia que vislumbraram as oportunidades e
buscaram aproveitá-las.
Fomento à industrialização e exportação do café
A maior parte do café da Bahia é direcionada para outros estados, parte para ser industrializada, parte para ser
exportada por outros portos. Pela sua posição geográfica, a Bahia tem potencial para ser um fornecedor
preferencial de café industrializado para o Norte e Nordeste do Brasil e para que uma parcela maior da exportação
do café baiano seja feita pelo porto de Salvador.
Como parte do processo visando impulsionar a industrialização de café na Bahia, é importante que o Governo
combata, veemente, as fraudes na composição do café e a atuação das torrefações informais, principalmente no
interior do Estado. Isto possibilitaria melhores condições de atuação para as torrefadoras legalizadas de menor
porte, ora sujeitas a competir em desvantagem com os agentes de mercado que atuam à margem da legislação.
Indústrias que poderiam vir a se tornar grupos importantes a nível estadual têm tido dificuldades para se manter
no mercado.
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da BahiaFo
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O presente trabalho, mais do que um projeto de consultoria, emana das percepções dos agentes-chave da cadeia
produtiva ouvidos nas entrevistas do processo regionalizado de diagnóstico e cuja presença no Workshop
Estratégias para o Café da Bahia foi de suma importância para a validação das conclusões do referido processo.
Um dos principais pontos de consenso entre os agentes da cadeia foi a falta de conhecimento efetivo da cadeia por
parte do Estado e a carência de estatísticas confiáveis e bem estruturadas sobre os seus mais diferentes elos. A
proposição da criação de uma estrutura de governança e de desenvolvimento de inteligência competitiva,
capitaneada pelo Estado e alicerçada pela participação de todos os elos da cadeia foi o ponto apontado como
básico e crucial pelos presentes no Workshop.
O desafio que se impõe à Cadeia Produtiva do Café da Bahia, com o devido apoio do Estado, é dotar a sua estrutura
de governança das condições e recursos necessários para a concepção de um plano diretor com base nas linhas
estratégicas compiladas no Workshop e/ou sugeridas no presente trabalho.
De tal plano diretor, deverão constar as ações estratégicas a serem implementadas, com metas e indicadores de
desempenho, designação de responsáveis por sua condução, parâmetros e pré-requisitos para implantação,
fontes financiadoras e prazos para execução.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
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ANEXOS
I - Tabela dos municípios que compõem as regiões produtoras
REGIÃO DA CHAPADA DIAMANTINA
Municípios Territórios de Identidade
Barra do Mendes. Irecê
Andaraí, Barra da Estiva, Bonito, Ibicoara, Iraquara, Itaeté, Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Utinga e Wagner. Chapada Diamantina
Caetité, Contendas do Sincorá e Tanhaçu. Sertão Produtivo
Ruy Barbosa, Piritiba, Mundo Novo, Tapiramutá e Miguel Calmon. Piemonte do Paraguaçu
Jacaraci. Vitória da Conquista
REGIÃO DO PLANALTO DA CONQUISTA
Municípios Territórios de Identidade
Caatiba, Iguaí, Itambé, Nova Canaã. Itapetinga
Barra do Choça, Encruzilhada, Planalto, Poções, Ribeirão do Largo e Vitória da Conquista. Vitória da Conquista
Boa Nova, Dário Meira. Médio Rio das Contas
REGIÃO DO OESTE BAIANO
Municípios Territórios de Identidade
São Desidério, Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães. Oeste Baiano
Cocos e Correntina. Bacia do Rio Corrente
REGIÃO DE ITIRUÇU/VALE DO JIQUIRIÇA/BREJÕES
Municípios Territórios de Identidade
Amargosa, Brejões, Cravolândia, Irajuba, Iramaia, Itaquara, Itiruçu, Jaguaquara, Jiquiriçá, Lafayete Coutinho, Lagedo do Tabocal, Maracás, Mutuípe, Nova Itarana, Planaltino, Santa Inês, São Miguel das Matas e Ubaíra.
Vale do Jiquiriçá
Itagi, Jequié e Jitaúna. Médio Rio das Contas
REGIÃO DO BAIXO SUL/SUL BAIANO
Municípios Territórios de Identidade
Almadina, Arataca, Buerarema, Camacã, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Ilhéus, Itacaré, Itajuípe, Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau Brasil e Santa Luzia. Litoral Sul
Camamu, Gandu, Igrapiúna, Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Valença e Wenceslau Guimarães.
Baixo Sul
Belmonte. Extremo Sul
Laje. Vale do Jiquiriçá
Ibirataia, Nova Ibiá e Itamari. Médio Rio das Contas
REGIÃO EXTREMO SUL
Municípios Territórios de Identidade
Alcobaça, Caravelas, Eunápolis, Guaratinga, Ibirapuã, Itabela, Itamaraju, Itanhém, Jucuruçu, Medeiros Neto, Nova Viçosa, Porto Seguro, Prado, Santa Cruz Cabrália, Teixeira de Freitas, Vereda. Extremo Sul
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Alber Bastos, Fazenda Bela Vista, Itabela/BA
Alberto Vieira de Novaes, Armazéns Gerais Maratá, Vitória da Conquista/BA
Alexandre Cristii Magalhães, ASSOCAFÉ, Salvador/BA
Álvaro Brechbueler, Fazenda Viçosa, Alcobaça/BA
Amúlio L. P. Loureiro, - SEADE - Prefeitura Municipal de Camacan/BA
Anderson Carlos Riva, COOABRIEL, Teixeira de Freitas/BA
Antônio Guerreiro, consultor, Luís Eduardo Magalhães/BA
Antônio Joaquim de Souza Neto, COOABRIEL, São Gabriel da Palha/ES
Assentamento Córrego do Ouro, Camacan/BA
Barbara Gomes, Tecon, Salvador/BA
Cesar Neri, MAPA, Vitória da Conquista/BA
Claudionor Dutra, COOPMAC, Vitória da Conquista/BA
Dalmar G. Fernandes, EBDA, Vitória da Conquista/BA
Danilo Kumagai, Fazenda Vale do Urso, Luís Eduardo Magalhães/BA
Donato Tenisi, Café Tenisi, Itiruçu/BA
Edimar Margotto, Fazenda Duas Barras, Itabuna/BA
Ednardo de M. Oliveira, Viveiro São Francisco, Itabela/BA
Edney Souza Figueiredo, FETAG, Piatã/BA
Émerson Bronzon, Bronzon Agropecuária, Itamaraju/BA
Evair Vieira de Melo, INCAPER, Vitória/ES
Evaristo Viana, Fazenda Graciosa, Itabela/BA
Fabiano Borré, Fazenda Progresso, Mucugê/BA
Fabio Lúcio Martins Neto, EBDA, Seabra/BA
Fabricio M. Bastos, Fazenda Bom Retiro, Arataca/BA
Geraldo Pitton, Produtor de Café, Vitória da Conquista/BA
Geraldo Sinay, Fazenda Quixadá/COOPMAC, Encruzilhada/BA
Gianno Brito, Fazenda Viçosa, Barra do Choça/BA
Gilson Luiz, COOPMAC, Vitória da Conquista/BA
Gisvaldo de Souza Maciel, Assentamento Guarani II, Bonito/BA
Glauber de Castro, Fazenda Café Rio Branco/ABACAFÉ, Luís Eduardo Magalhães/BA
Gláucia Fontes, Fazenda Grão de Ouro, Vitória da Conquista/BA
Hermínio Junior de Martins, Fazenda Conjunto Vista Alegre, Itabela/BA
Idimar Barreto, ADAB, Vitória da Conquista/BA
Irineu L. Freitas, Secretaria de Agricultura de Barra da Estiva/BA
Jardel Xavier, Prefeitura Municipal de Barra do Choça/BA
João Cordeiro, Fazenda Bela Vista, Bonito/BA
João Paulo R. Pina, Prefeitura Municipal de Piatã/BA
Dhone Dognani, Fazenda Santa Maria, Luís Eduardo Magalhães/BA
Jorge Esteve Jorge, EISA Empresa Interagrícola S/A, Santos/SP
José Alberto de Martins, Fazenda Piracicaba, Eunápolis/BA
José Carlos Novaes, JC Corretagem, Vitória da Conquista/BA
José Henrique Tinôco, Secretaria de Agricultura de Barra da Estiva/BA
Jose Luciano Fernandes, Fazenda Alcoprado, Teixeira de Freitas/BA
José Marcos S. Rocha, Secretaria de Agricultura de Barra do Choça/BA
José Nildo Rodrigues Chaves, Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Boa Nova, Barra do Choça/BA
José Rogério Thomes, Fazenda Bom Retiro, Arataca/BA
José Valmir de Martins, Fazenda Coqueirinho, Itabela/BA
José Willis Grassi, Fazenda Mariana, Itabela/BA
Jovino de Almeida Neto, Secretaria de Desenvolvimento e Agricultura de Itiruçu/BA
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II – Listas dos participantes nas entrevistas e no Workshop Estratégias para o Café da Bahia
Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia
Juarez Silva Araujo Fazenda Tangará, Encruzilhada/BA
Jumahil M Oliveira Filho, Agropecuária Arakatu, Luís Eduardo Magalhães/BA Juracy Pires, Grupo Brandão e Filhos, Itiruçu/BA
Leonir Sossai, Fazenda Bom Jesus, Sindicato Rural/FAEB, Itabela/BA
Lessivan Pacheco, Fazenda Lagoa do Morro e Café Mainha, Brejões/BA
Libanilson B. Oliveira, COTEBA/MLT, Salvador/BA
Lindomar Lembranci, Fazenda Lembrança, Eunápolis/BA
Lucas Favaro Garcia, ABACAFÉ, Luís Eduardo Magalhães/BA
Luciano G. de Lima, Banco do Brasil, Vitória da Conquista/BA
Luís Fernando Tostes, Fazendas Reunidas Ideal, Caravelas/BA
Manoel Carlos Rocha Filho, BNB, Vitória da Conquista/BA
Marcelo Rocha, AMDES/ Prefeitura Municipal de Barra do Choça/BA
Marcial Spagnol, Fazenda Serra da Gente, Itabela/BA
Marco Antônio R. Sant'Ana, Café Brasil, Alfenas/MG
Marco Túlio Guimarães Freire, Fertilizantes Heringer, Vitória da Conquista/BA
Marcos Antônio Pimenta Menezes, consultor, Luís Eduardo Magalhães/BA
Maria Aparecida de Roussan, Lucca Cafés Especiais, Salvador/BA
Mark Hillmann, Fazenda Agronol, Luís Eduardo Magalhães/BA
Maurício Magalhães Pacheco, EISA Empresa Interagrícola S/A, Vitória da Conquista/BA
Michael Freitas de Alcântara, Café Gourmet Piatã, Piatã/BA
Nelson Pires Cordeiro, Fazenda Floresta, Ibicoara/BA Nelson Pires Cordeiro Júnior, SEMUDES-BA Ibicoara/BA
Nivaldo Silva Cruz, Cooperbac, Barra do Choça/BA
Oberdan Rocha, AMIRS, Barra do Choça/BA
Osvaldo Gagari. Banco do Brasil, Vitória da Conquista/BA
Paulo Carilo, EBDA, Itabuna/BA
Paulo Cesar Afonso Jr., Embrapa Café, Brasília/DF
Paulo Rodrigues Tavares, Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região do Barreiro, Barra do Choça/BA
Paulo Sérgio Brito Saliba, Fazenda Paraíso Teixeira de Freitas/BA
Paulo Tadeu M. Barros, Banco do Brasil, Salvador/BA
Ramiro Amaral, EBDA, Salvador/BA
Roberto Almeida, Café Tangará/SINDICAFE, Salvador/BA
Roberto Cangussu, Fazenda Santa Lúcia, Itabela/BA
Rodrigo Haum, FETAG-BA, Vitória da Conquista/BA
Rogério Bassete, Fazenda São José, Itabela/BA
Rosabis Rocha Dias, Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Baixa dos Taquaras, Barra do Choça/BA
Rosalvo Gomes de Oliveira, produtor e comerciante de café, Bonito/BA
Sandra Elizabeth, UESB, Vitória da Conquista/BA
Sérgio de Oliveira, COOPMAC, Vitória da Conquista/BA
Sérgio Pitt, AIBA, Luís Eduardo Magalhães/BA
Silvana Leite, Bahia Bourbon Coffee, Salvador/BA
Silvestre Gomes de Oliveira, Secretaria de Agricultura de Bonito/BA
Sílvio Leite, Agricafé, Salvador/BA
Thiago Khouri, Café Bahia, Vitória da Conquista/BA
Valério Almeida, OCEB, Salvador/BA
Valter Rodrigues Santos, Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Santo Antônio, Barra do Choça/BA
Wagner Correia , Fazenda Fermaco, Vitória da Conquista/BA
Wanderlino Bastos, Fazenda Bom Retiro, Arataca/BA
Wedson Marques de Souza, Associação dos Hortifrutigranjeiros da Ressaca, Piatã/BA
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Diagnóstico e Propostas para a Cadeia Produtiva do Café da Bahia