Ciclo inicial
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Belo Horizonte2004
Caderno
CICLO INICIALDE ALFABETIZAO
Orientaes para a organizao doCiclo Inicial de Alfabetizao
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A coleofaz parte da estratgia de preparao
dos professores para atuarem no ensino fundamental que, apartir de 2004, passou a ter a durao de nove anos.
A implantao do ensino fundamental de 9 anos,organizado em ciclos nos anos iniciais com nfase naalfabetizao e no letramento, na rede estadual e na maioria dosmunicpios do Estado de Minas, constitui-se em poderosaferramenta para elevao da qualidade da educao pblica, poissignifica a universalizao da pr-escola no mbito do ensinofundamental. Com mais tempo para ensinar e mais tempo paraaprender, a escola ter condies de planejar seu trabalho epropiciar experincias pedaggicas e culturais a todas ascrianas de modo a garantir a aprendizagem significativa.
Agradeo equipe do Ceale (Centro de Alfabetizao,Leitura e Escrita) da Faculdade de Educao da UFMG queelaborou esta coleo. Sou grata tambm s professorasalfabetizadoras* da Rede Pblica Escolar que participaram degrupos de discusso, partilhando suas experincias profissionaiscom a equipe do Ceale.
Orientaes para a Organizao do CicloInicial de Alfabetizao
* Ana Clia Costa Conrado, Ana Maria Prado Barbosa,Bernadete do Carmo Gomes Ferreira, Dirlene Aparecida Chagas Guimares,Maria Lcia Nogueira Ribeiro, Maria Terezinha Pessoa Vieira de Aquino,
Maura Lcia de Almeida, Nancy Fernandes Rodrigues de Souza,Rita de Cssia Pinheiro Quaresma, Rosa Maria Lacerda,Rosngela Presoti Versieux, Rosngela Rodrigues de Arajo Prado,Soraya do Valle.
Vanessa Guimares PintoSecretria de Educao
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Este caderno integra a Coleo ,
elaborada para auxiliar as escolas das redes pblicas do Estado de Minas Gerais na
organizao do CicloInicial de Alfabetizao.
A Coleo composta dosseguintes cadernos:
Caderno 2: Alfabetizando
Caderno3:Preparandoaescolaeasaladeaula
Caderno 4: Acompanhandoe avaliando
Para que a Coleo possa, de fato, auxiliar na organizao do Ciclo Inicial de
Alfabetizao, a sua colaborao muito importante. Escreva, dando suas sugestes e
fazendo suascrticas.
Orientaes para o Ciclo Inicial de Alfabetizao
Caderno1: Ciclo Inicialde Alfabetizao!
!
!
!
Entre em contato conosco:
SEE/SD/SED/DEIFAv. Amazonas, 5855 - GameleiraBelo Horizonte/MGCEP: 30.510-000Fax: 31 [email protected]
Universidade Federal de Minas GeraisFaculdade de Educao/CEALEProjeto Ciclo Inicial de Alfabetizao
Av. Antnio Carlos, 6627 Campus PampulhaBelo Horizonte / MGCEP: 31.270-901Fax: 31 3499 53 [email protected]
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APRESENTAO
A rede de ensino do Estado de Minas Gerais implantou o Ensino Fundamental de nove
anos. Dividiu esse ensino em dois grandes ciclos de aprendizado. H o Ciclo Inicial de
Alfabetizao, com durao de trs anos e voltado para o atendimento s crianas de seis, sete
e oito anos. E h o Ciclo Complementar de Alfabetizao, que atende s crianas de nove e dez
anosetemaduraodedoisanos.
Muitos educadores professores, supervisores e diretores devem estar se
perguntando:
Como trabalharcomesse novo sistema?
Que atividades propor para os diferentes Ciclos?
Que habilidades ou capacidades deve-se buscar desenvolver em cada um dessesmomentosda Educao Fundamental?
Como trabalhar com as crianas de seis anos que passaro a ingressar no primeiro ano do
CicloInicial de Alfabetizao?
Alm disso, muitos professores, supervisores e diretores devem tambm estar se
perguntando:
Porquemodificar(mais uma vez) a organizao do EnsinoFundamental?
Explicar as razes que orientaram essa nova forma de organizao do EnsinoFundamental o objetivo deste Caderno. Discutir, com os educadores, como organizar
pedagogicamente o Ciclo Inicial de Alfabetizao, para fazer com que toda criana tenha
!
!
!
!
!
Posteriormente, uma outra
coleo abordar o Ciclo
Complementar de
Alfabetizao.
assegurado o seu direito de aprender a lngua escrita, o objetivo
dos demais cadernos.
Cada um desses cadernos integra a coleo denominada
. Seu tema central Orientaes para o Ciclo Inicial de Alfabetizao
a organizao do trabalho, na escola e na salade aula, para a alfabetizao das crianas.Por essa razo, concentra sua ateno no primeiro ciclo da Educao fundamental. Seu
objetivo central discutir, com os educadores, instrumentos pedaggicos a serem
compartilhados entre as escolas para a elaborao, a execuo e a avaliao de seus projetos
para o ensino inicial da lngua escrita, da alfabetizao.
A foi apresentada e discutida, em sua verso preliminar, em um evento
exclusivamente destinado a essa finalidade, denominado
, organizado pela Secretaria de Estado da Educao, em
parceria com o Centro de Alfabetizao, Leitura e Escrita da Faculdade de Educao/UFMG(CEALE). O Congresso foi realizado no perodo de 2 a 5 de dezembro de 2003, em Belo
inicial
Coleo
Ensino Fundamental de Nove anos:
Congresso Estadual de Alfabetizao
7..........
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
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Horizonte, com a participao de 1800 educadores mineiros. A dinmica do evento possibilitou
o envolvimento dos participantes com conferncias, palestras, discusses em grupo e em
plenria, resultando em inmeras contribuies para a ampliao desta proposta, a ser
compartilhada com todos os educadores envolvidos com o Ciclo Inicial de Alfabetizao do
EstadodeMinasGerais.
Essa Coleo constituda de quatro cadernos:
Este Caderno apresenta e problematiza os fatores que justificam a reorganizao do
Ensino Fundamental no Estado e a nfase que nesse processo se d alfabetizao. No
Caderno, voc examinar e discutir respostas s questes sobre o porqu e o para que da
proposta de ciclos de alfabetizao.
Nos diferentes momentos do Ciclo Inicial de Alfabetizao, o que ensinar? Que
habilidades ou capacidades devem ser desenvolvidas? Nesse Caderno, voc analisar e
debater essas habilidadese capacidadese suadistribuioao longo dos trs anos do Ciclo.
A organizao da escola para o difcil trabalho de alfabetizao o tema desse
Caderno. Nele, so apresentados critrios e instrumentos relativos seleo de professores
alfabetizadores, ao planejamento da sala de aula, de sua rotina e das atividades a serem
realizadas e seleo dos mtodos e livrosde alfabetizao.
Como diagnosticar o conhecimento dos alunos? Como avali-los? Como avaliar a
escola? Que respostas dar aos problemas de ensino e de aprendizagem detectados pelo
diagnstico e pela avaliao? O Caderno apresenta instrumentos para auxiliar a responder a
essas perguntas.
At aqui, foram apresentadas as finalidades desta Coleo e sua estrutura. Nas duas
sees seguintes, voc poderconhecere analisarcomo a Coleo foi elaborada.
Caderno 1: Ciclo Inicialde Alfabetizao
Caderno2: Alfabetizando
Caderno3:Preparandoaescolaeasaladeaula
Caderno 4: Acompanhando e avaliando
Como a Coleo foi elaborada?
Atendendo a demanda da SEE-MG, esta Coleo foi
elaborada por uma equipe de professores do Centro deAlfabetizao, Leitura e Escrita (CEALE). O Centro um rgo da
A noo de letramento
discutida mais frente.
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O debate terico-
metodolgico da rea da
alfabetizao ser
apresentado nas sees
seguintes.
referncia, mas de tornar suas mais relevantes contribuies
operacionais e passveis de ser implementadas pelos
educadores.
A Coleo deveria assumir uma atitude equilibrada em relao
s que caracterizam opolarizaes tericas e metodolgicas
!
Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que desenvolve
projetos depesquisa e ao educacional nareada alfabetizao e do .
Para elabor-la, a equipe baseou-se em trspressupostos principais:
A Coleo deveria assumir um carter predominantemente , de modo a fornecer aos
educadores instrumentos para auxili-los no planejamento, no acompanhamento e na
avaliao da alfabetizao. O Brasil e o Estado de Minas Gerais j contam com ricos
referenciais curriculares. No seria o caso de propor mais um documento geral de
letramento
prtico!
estado atual das discusses sobre alfabetizao. Isso significa evitar a defesa de apenas
uma proposta terico-metodolgica, como, por exemplo, uma das que se fundamentam em
mtodos de base fnica ou uma das que se orientam por pressupostos construtivistas. Mais
relevante seria a reavaliao ou o redimensionamento das questes terico-
metodolgicas, no atual contexto poltico-pedaggico e luz de nossas atuais
necessidades, para que as principais contribuies dessas diferentes perspectivas da
alfabetizao possam ser incorporadas.
A Coleo deveria basear-se na experincia e no saber acumulados pelos professoresalfabetizadores, que enfrentam cotidianamente os desafios da alfabetizao e do
respostaspositivasa esses desafios.
Tendo em vista esses pressupostos, a equipe do CEALE utilizou trs grandes
conjuntos de fontespara a elaborao da Coleo:
A documentao oficial produzida nos ltimos anos, no Brasil, na qual se incluem, entre
outros documentos, o (1998), que
define vrios eixos de formao e capacidades a eles relacionadas, e os
(1997), que sistematizam objetivos para o ensino da lngua,
definindo categorias de contedos (conceituais, procedimentais e atitudinais) em funo de
vrios eixos didticos.
Estudos e pesquisas nacionais e internacionais sobre a alfabetizao, produzidos com
base em diferentes perspectivas tericas.
A experincia de um grupo de alfabetizadores da rede pblica do Estado, que discutiu sua
prtica de ensino com a equipe do CEALE, evidenciando problemas e dificuldades, e
apresentando as solues dadas a esses problemas. A experincia desse grupo foi
ampliada coma participao no referido Congresso, a ela se agregando as contribuies de
representantes dasescolas pblicas do Estadode Minas Gerais.
Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil
Parmetros
Curriculares Nacionais
!
!
!
!
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Alm desta Coleo, a
SEE-MG est preparando
outros subsdios para
implementao dos ciclos
de alfabetizao. Eles
dizem respeito a dimenses
como a formao do
alfabetizador, seu estatuto
profissional, suas condiesde trabalho e a avaliao
desta proposta.
Apresentamos, at aqui, as finalidades e a estrutura desta
Coleo, o processo de sua elaborao e consolidao final.
preciso, agora, examinar:
Uma menina chamada Dbora nos ajudar a responder a
essas questes.
tem 12 anos. Ela est numa turma equivalente 4
srie da educao fundamental. Foi reprovada duas vezes. Ela l e
escreve com tanta dificuldade que no se considera alfabetizada.
Numa entrevista coma supervisora de sua escola, ela disse:No sei
escrever direito; quando fao alguma coisa, fao errado. Na mesma
entrevista, quando indagada sobre as pessoas que, em sua casa,
sabem ler e escrever, ela respondeu que todos sabiam, menos ela e
suairm.Suairmtemdezanoseestnaterceirasrie.
Dbora vive na regio metropolitana de Belo Horizonte, na
periferia de uma das vrias cidades que compem a metrpole. Sua
Dbora
Dbora a
!
!
!
porque a reorganizao do Ensino Fundamental foi necessria?
por que enfatizara alfabetizao?
porque elaboraresta Coleo?
famlia pobre e, s vezes, passa por perodos difceis. Mas seus pais so alfabetizados e, de
acordo com ela, sua me anota as coisas para no ficar devendo e seu pai costuma escrever
as contas. De outras pessoas que, na vizinhana usam a escrita, Dbora lembra-se de uma
vizinha que escreve para saber o que faz no servio e as coisas que est precisando em casa.
Dbora j sabe que a escrita representa sons da lngua, o que um passo muito
importante em seu processo de alfabetizao. Ela escreve e l corretamente muitas palavras:
algumas porque decorou sua forma; outras porque so mais simples. Por exemplo, num ditado,
escreveu corretamente caneta e caderno, dentre outras palavras.
Mas Dbora faz tambm erros estranhos de escrita, que no condizem com seusacertos: ela troca sempre, por exemplo, o P pelo T, duas letras muito diferentes graficamente e
O caso de Dbora baseia-se
em diferentes casos reais de
crianas com dificuldades
no aprendizado da leitura e
da escrita. Mas a maior
parte das informaes foi
extrada de casos relatados
e analisados pela professora
Ana Maria Prado Barbosa.
Ela atua como docente e
como supervisora na rede
de ensino do Estado.
! Aps o Congresso, a equipe do CEALE reformulou a Coleo, que a Secretaria de Estado
de Educao agora apresenta a toda a rede de ensino.
A do Ciclo Inicial de Alfabetizao ser acompanhada ao longo dos
anos de 2004, 2005 e 2006. Por meio desse acompanhamento, novas reformulaes podero
ser feitasna Coleo, para queelase torne umareferncia efetiva no trabalhodasescolas.
implementao
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que representam sons muito diferentes, escrevendo latis, em vez de lpis; latiseira, em vez
de lapiseira. Dbora tambm escreve de maneira pouco previsvel outras palavras: zir, em
vez de giz, sena, emvez de semana, trino, emvez de tio.
Na leitura, a lentido, a hesitao e a necessidade de decompor cada slaba mostram
como, para ela, difcil decodificar palavras. To difcil que, lendo textos, o sentido de palavras
e passagens se perde. Dbora manifesta vrias dificuldades na leitura: no consegue ler
globalmente as palavras; slabas pouco comuns (e, em geral, mais difceis para um aprendiz)
terminam por exigir um grande dispndio de tempo e de energia, como em ele te, ti ,
le e coe .
Com certeza, Dbora j sabe muitas coisas importantes sobre a lngua escrita. Mas
deveria saber muito mais aos doze anos, na 4 srie: em razo de suas dificuldades na
codificao e na decodificao de palavras, apresenta srias limitaes para escrever e ler
textos; apresenta srias limitaes para usar a escrita na escola para aprender novos
contedos e para desenvolver novas habilidades.
A supervisora da escola de Dbora estava fazendo uma complementao de seu curso de
Pedagogia. E Dbora se correspondeu com um dos professores da supervisora. Na
primeira carta,ela escreveu,coma ajuda da supervisora:
fan gre
o lho
a
Na primeira carta, o
professor disse a Dbora
para desculp-lo pela letra
ruim. Foi por isso que ela
respondeu que no era para
se preocupar com a sua
letra.
Eugostei da cartaescrevadadi novo
oi
brigada t ela carta ce voc m ondou
para min voc deve ser legau
descute pela
com a letre
um abrao
Dbora
[pela] [que] [mandou]
[...]
[noprecisadesepreocupar]
[desculpe]
[letra]
No pre siza desipre
acuta
Na mesma turma de Dbora, outras crianas apresentam dificuldades parecidas: h o
William, h o Jhonatan. William l, mas escreve com muitas dificuldades. Jhonatan, como
Dbora, l e escreve comdificuldade.
Como eles, mais da metade das crianas de 4 srie manifesta tantas dificuldades que
no pode ser considerada alfabetizada, ou alfabetizada funcionalmente. Descobrimos isso em
2003.
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Educacionais Ansio Teixeira (INEP). A segunda a do Programa
Internacional de Avaliao de Estudantes (PISA), desenvolvida pela
Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
(OCDE) eenvolvendo .
E os resultados no so nada bons. De acordo com os
dados do PISA, a proficincia em leitura de estudantes brasileiros dequinze anos significativamente inferior de todos os outros pases
participantesda avaliao.
De acordo com os dados do SAEB, na avaliao realizada
em 2001 (divulgada em 2003), apenas 4,48% dos alunos de 4 srie
do Ensino Fundamental possuem um nvel de leitura adequado ou
superior ao exigido para continuarseus estudos.
Uma parte deles apresenta um desempenho situado no
nvel intermedirio: 36,2%, segundo o SAEB, esto comeando a
diferentes pases
a
32 pases participaram do
PISA, dentre eles Coria do
Sul, Espanha, EUA,
Federao Russa, Frana,
Mxico, Portugal e Brasil.
desenvolver as habilidades de leitura, mas ainda aqum do nvel exigido para a 4 srie (p. 8). A
grande maioria se concentra, desse modo, nos estgios mais elementares de
desenvolvimento: 59% dos alunos da 4 srie apresentam acentuadas limitaes em seu
aprendizado da leitura e da escrita. Dito de outra forma: cerca de 37% dos alunos esto no
estgio de construo de suas competncias de leitura (o que significa que tm
a
a
crtico
Qualidade da Educao:
uma nova leitura do
desempenho dos estudantes
da 4 srie do Ensino
Fundamental. Braslia:
MEC/INEP. Abril 2003.
Analfabetismo na escola!?
Em 2003, os jornais e as revistas noticiaram o fracasso da escola brasileira em fazer
comqueseus alunosse alfabetizem,aprendendo a ler e a escrever.
As notcias foram a propsito da divulgao dos resultados de duas avaliaes dashabilidades de leitura de crianas e jovens brasileiros. A primeira a do Sistema de Avaliao
da Educao Bsica, o SAEB, desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Trata-se do trabalho
realizado por Alicia
Bonamino, Carla Coscarelli
e Creso Franco (Avaliao
e letramento: concepes de
aluno letrado subjacentes
ao SAEB e ao PISA.
,
Campinas, vol. 23, n. 81, p.
91-113, dez. 2002). A
comparao foi feita com
os dados do SAEB 1999.
As citaes foram extradasda pgina 103.
Educao e Sociedade
dificuldades graves para ler) e 22% esto abaixo desse nvel, no
estgio (o que significa quenosabemler).
Segundo o SAEB, as crianas no estgio crtico se
caracterizam pelo fato de no serem leitores competentes, por
lerem de forma truncada, apenas frases simples (p. 8). As crianas
no estgio muito crtico, por sua vez, so aquelas que no
desenvolveram habilidades de leitura. No foram alfabetizadas
adequadamente. No conseguem responder aos itens da
prova(p.8).
Uma comparao, feita por , entre os
resultados no SAEB de alunos do Ensino Fundamental (4 e 8
sries) e do Ensino Mdio (3 ano), tambm desalentadora: o
aumento da proficincia em leitura de uma para outra srie
muito crtico
pesquisadoresa a
o
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bastante modesto, o que significa uma aquisio ainda muito restrita de novas habilidades e
competnciasem lngua portuguesa ao longo da escolaridade bsica.
A concluso uma s e assustadora: um nmero expressivo de estudantes no
aprende a lerna escola brasileira; essa escola produz um grande contingente de analfabetos ou
de - quer dizer, pessoas que, emboradominem as habilidades bsicas do ler e do escrever, no so
capazes de utilizar a escrita na leitura e na produo de textos na
vida cotidiana ou na escola, para satisfazer s exigncias do
aprendizado.
Pode-se compreender, assim, por que o Estado de Minas
Gerais est ampliando a durao do Ensino Fundamental. Pode-se
compreender tambm por que d tanta importncia alfabetizao,
denominando os dois ciclos do primeiro segmento desse ensino
como ciclos de alfabetizao. Isso no significa, evidentemente, que
os outros contedos da instruo no sejam importantes (a mesma
avaliao do SAEB mostra que o desempenho dos alunos de 4 srie
analfabetos funcionais
a
em Matemtica tambm se concentra nos estgios e ). Isso tampouco
significa que o carter formativo da escola esteja sendo abandonado. Significa apenas que,
tendo em vista a natureza da alfabetizao para o aprendizado dos demais
contedos escolares, o domnio da leitura e da escrita deve, neste momento, ser destacado,
ganhar maior visibilidade e concentrar os esforos de gestores e educadores. preciso fazer
comqueaescolaalfabetizesuascrianas.
Mas, por que muitas crianas no tm se alfabetizado? A constatao de que a escola
(que tem como uma de suas principais funes alfabetizar as crianas) vem produzindo,
paradoxalmente, analfabetos e analfabetos funcionais gerou um intenso debate nas escolas,
nas universidades, nas secretarias de Educao, na imprensa. Nesse debate, duas principais
possibilidades de explicao desse fracasso tm sido levantadas:
para uns, o sistema de ciclos e a adoo do sistema de progresso continuada o principal
fator;
para outros, a responsabilidade do fracasso recai na escolha e adoo de mtodos
inadequados de alfabetizao.
Discutir essas diferentes possibilidades de explicao pode nos ajudar a tomar
decises a respeito de como buscar modificar nosso fracasso em alfabetizar. o que faremos
nas prximassees.
muito crtico crtico
instrumental
!
!
Aqui voc encontra uma
definio de
. Essa definio
retomada mais frente.
analfabeto
funcional
Por que ampliar a durao
do ensino fundamental? Por
que organizar seu primeiro
segmento em ciclos dealfabetizao? Aqui voc
encontra uma resposta.
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dezenove anos relativas a crianas e jovens que esto ou estiveram na escola apresentam
uma reduo expressiva nos ltimos anos: entre 1996 e 2001, os percentuais de analfabetos
nessafaixadeidadecaempelametade,isto,decercade14%paracercade7%.
Mais importante, avanamos (mesmo que lentamente), ao mesmo tempo em que
aumentamos nossas expectativas em relao alfabetizao, quer dizer, ao mesmo tempo em
que progressivamente ampliamos o nosso conceito de alfabetizao, em resposta a novos
problemas, colocados pelomundo contemporneo.
O (2001) apresenta a definio de
alfabetizao. Ela o ato ou efeito de alfabetizar, de ensinar as primeiras letras. Assim, uma
pessoa alfabetizada entendida como aquela que domina as primeiras letras, que domina as
habilidadesbsicas ou iniciais do lere do escrever.
A ampliao do conceito de alfabetizao
Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa estrita
15..........
Conseguimos, tambm, na dcada passada, reduzir os
percentuais de analfabetismo entre crianas e jovens em idade
escolar: as taxas de analfabetismo nas faixas etrias de dez a
Ver, a respeito, o
.
Braslia: INEP, 2003.
Mapa do
analfabetismo no Brasil
Um exemplo: voc capaz de ler global e instantaneamente
(de uma s vez, sem analisar cada elemento) a primeira
porque alfabetizado. Outro exemplo: voc capaz de
decodificar, analisando seus elementos (letra, slaba), a segunda
(embora elanoexista), porquevoc alfabetizado.
palavra ao
lado
palavraaoladoAVLATONPLAN
CASA
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
As mesmas desigualdades tambm se manifestam em matria de escolarizao: s
no final da dcada passada, o Pas conseguiu universalizar o acesso escola, embora em
muitos estados persistampercentuais expressivos de crianas fora da escola.
Sabemos sobre que parcelas da populao incidem o analfabetismo e o fracasso
escolar. Sabemos quais grupos sociais no tm acesso escolarizao. Os dados do SAEBso exemplares: o fracasso na alfabetizao maior entre as crianas que vivem em regies
que possuem piores indicadores sociais e econmicos; entre as crianas que trabalham, entre
as crianas negras. Quer dizer, o problema do analfabetismo, na escola ou fora dela, parte de
um problema maior, de natureza : o da desigualdade social, o da injustia social, o da
excluso social.
Assim, as dificuldades que enfrentamos no presente no so, em certa medida,
dificuldades novas. Fazem parte de uma dificuldade antiga e persistente em nosso Pas: a de
assegurarmos a todos os brasileiros a igualdade de acesso a bens econmicos e culturais,
neles compreendidos a alfabetizao e o domnio da lnguaescrita.
Mas os mesmos dados que mostram a difcil herana que nos foi legada e as
dimenses de nosso desafio mostram tambm que, ainda que muito lentamente, avanamos.
Ao longo de todo o sculo passado, conseguimos incluir novas parcelas da populao no
mundo da escrita. ramos cerca de 18% de alfabetizados, quase no final do sculo XIX; no
inciodo sculoXXI, somos quase 83%.
poltica
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A ressignificao do conceito de alfabetizao nos Censos
... at os anos 40 do sculo passado, os questionrios do Censo indagavam, simplesmente,
se a pessoa sabia ler e escrever, servindo, como comprovao da resposta afirmativa ou
negativa, a capacidade de assinatura do prprio nome. A partir dos anos 50 e at o ltimo
Censo (2000), os questionrios passaram a indagar se a pessoa era capaz de ler e escrever
um bilhete simples, o que j evidencia uma ampliao do conceito de alfabetizao: j no se
considera alfabetizado aquele que apenas declara saber ler e escrever, genericamente, mas
aquele que sabe usar a leitura e a escrita para exercer uma prtica social em que a escrita
necessria.
Essa ampliao do conceito revela-se mais claramente em estudos censitrios
desenvolvidos a partir da ltima dcada, em que so definidos ndices de alfabetizados
funcionais (e a adoo dessa terminologia j indica um novo conceito que se acrescenta ao de
alfabetizado, simplesmente), tomando como critrio o nvel de escolaridade atingido ou a
concluso de um determinado nmero de anos de estudo ou de uma determinada srie (em
geral, a quarta do ensino fundamental), o que traz, implcita, a idia de que o acesso ao mundo
da escrita exige habilidades para alm do apenas aprender a ler e a
escrever. Ou seja: a definio de ndices de alfabetismo funcional
utilizando-se, como critrio, anos de escolaridade, evidencia o
reconhecimento dos limites de uma avaliao censitria baseada
apenas no conceito de alfabetizao como saber ler e escrever ou
saber ler um bilhete simples, e a emergncia de um novo conceito,
que incorpora habilidades de uso da leitura e da escrita
desenvolvidas durante alguns anosde escolarizao.
Ao longo do sculo passado, porm, esse conceito de
alfabetizao foi sendo progressivamente ampliado, em razo de
necessidades sociais e polticas, a ponto de j no se considerar
alfabetizado aquele que apenas domina as habilidades de
codificao e de decodificao,mas aquele que sabe usar a leitura e
a escrita para exercer uma prtica social em que a escrita
necessria.
A definio entre aspas
de Magda Soares(Alfabetizao: a
ressignificao do conceito.
.
Revista de Educao de
Jovens e Adultos. RaaB, n.
16, julho 2003, p. 10-11).
Alfabetizao e Cidadania
Essa ampliao se manifesta, por exemplo, nos Censos (cujos dados utilizamos
acima). Leia o texto abaixo, de Magda Soares, sobre como os Censos foram progressivamente
ampliando seu conceito de alfabetizao:
O trecho foi extrado do
mesmo artigo da educadora,
citado acima.
Alfabetizao: a
ressignificao do conceito.
Alfabetizao e Cidadania.
Revista de Educao de
Jovens e Adultos. RaaB, n.16, julho 2003, p. 10-11.
Em sntese: alfabetizao, em seu sentido estrito, designa, na leitura, a capacidade de
decodificar os sinais grficos, transformando-os em sons, e, na escrita, a capacidade de
codificaros sons da lngua, transformando-os em sinaisgrficos.
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A ampliao do conceito de alfabetizao se manifesta tambm na escola. At muito
recentemente, considerava-se que a entrada da criana no mundo da escrita se fazia apenas
pela alfabetizao, pelo aprendizado das primeiras letras, pelo desenvolvimento das
habilidades de codificao e de decodificao. O uso da lngua escrita, em prticas sociais de
leitura e escrita, seria uma etapa posterior alfabetizao, devendo ser desenvolvido nassries seguintes.
Desde meados dos anos 80, porm, concepes psicolgicas, lingsticas e
psicolingsticas de leitura e escrita vm mostrando que, se o aprendizado das relaes entre
as letras e os sons da lngua uma condio do uso da lngua escrita, esse uso tambm
uma condio da alfabetizao ou do aprendizado das relaes entre as letrase os sons da
lngua.Essa idia se manifesta
tambm em muitas outrasprticas pedaggicas
realizadas antes, durante e
depois da alfabetizao,
como, por exemplo, a
leitura em voz alta pelo
professor, a redao de
textos coletivos em que o
docente serve de secretrio
ou escriba, o contato com
textos que circulam na
sociedade e no apenas com
textos produzidos para a
explorao das relaes
entre letras e sons.
Talvez tenha-se manifestado, primeiramente, na
defesa da criao, em sala de aula, de um .
Metodologicamente, a criao desse ambiente se
concretizaria na busca de levar as crianas em fase da alfabetizao
a usar a lngua escrita, mesmo antes de dominar as primeiras
letras, organizando a sala de aula com base na escrita (registro de
rotinas, uso de etiquetas para organizao do material, emprego de
q ua dr os p ar a c o nt r ol ar a f r eq nc i a, p or e xe mp l o) .
Conceitualmente, a defesa da criao de um ambiente alfabetizadorestaria baseada na constatao de que saber para que a escrita
serve (suas funes de registro, de comunicao distncia, por
exemplo) e saber como usada em prticas sociais (organizar a sala
de aula, fixar regras de comportamento na escola, por exemplo)
essa idia
ambiente alfabetizador
auxiliariam a criana em sua alfabetizao. Auxiliariam por dar significado e funo
alfabetizao; auxiliariam por criar a necessidade da alfabetizao, auxiliariam, por fim, por
favorecera explorao, pela criana, do funcionamento da lnguaescrita.
A necessidade desse conhecimento sobre os usos e as funes da lngua escrita seriaparticularmente relevante para crianas de famlias com restrita explorao da cultura escrita e
de suas diversas prticas, ou seja, que no teriam muitas oportunidades de manusear textos,
de participar de situaes de leitura e produo de textos.
Assim, alfabetizar no se reduziria ao domnio das primeiras letras. Envolveria
tambm saber utilizar a lngua escrita nas situaes em que esta necessria, lendo e
produzindo textos. para essa nova dimenso da entrada na cultura
escrita que se cunhou uma nova palavra, . Ela serve para
designar o conjunto de conhecimentos, atitudes e capacidadesnecessriospara usar a lnguaem prticas sociais.
letramento
Aqui se aborda o conceitode letramento.
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
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Por meio desse conceito, a escola ampliou, assim, o seu conceito de alfabetizao. O
que boa parte dos dados do SAEB mostra que muitas crianas, embora alfabetizadas, no
so letradas (ou manifestam diferentes graus de analfabetismo funcional). Em outras palavras,
no so capazes de utilizar a lngua escrita em prticas sociais, particularmente naquelas que
se do na prpria escola, no ensino e no aprendizado de diferentes contedos e habilidades deescrita.
As dificuldades que enfrentamos hoje na alfabetizao so agravadas tanto pelo
passado (a herana do analfabetismo e das desigualdades sociais), quanto pelo presente (a
ampliao do conceito de alfabetizao e das expectativas da sociedade em relao a seus
resultados).
O que fazer em resposta a essas dificuldades? Resolveremos o problema pela
alterao do sistema de ciclos e da promoo contnua? Resolveremos pela adoo de um
nico mtodo?
Tem-se alegado, com certa freqncia, que o sistema de ciclos de aprendizagem,
implantado na ltima dcada em diferentes redes pblicas de ensino, seria o grande
responsvel pelos resultados desastrosos com que hoje deparamos. Tambm se tem alegado
que a no-reprovao de alunos, bem como os diferentes programas de correo de fluxo damatrcula desenvolvidos pelas redes de ensino teriam contribudo, diretamente, para o
analfabetismo escolar.
Com certeza, o sistema de ciclos traz novos problemas para a escola e pede novos
modos de atuao tanto dos gestores das redes de ensino quanto dos profissionais da
educao, sejam eles diretores ou supervisores. Mas o problema da aprendizagem da leitura e
da escrita no, de forma alguma, novo,apesardosprogressos feitosnasltimas dcadas.
Um problema dos ciclos?
Isso fica claro quando analisamos sobre a matrculanassries iniciais do Ensino Fundamental, em meadosda dcada de
80, ou seja, antes da implantao desses diferentes programas. As
estatsticas dessa poca mostram que, de cada mil crianas que
iniciavam a 1 srie, menos da metade chegava 2 ; menos de um
tero conseguia atingir a 4 srie, e menos de um quinto conseguia
dados
a a
a
concluir esse nvel de Ensino. Quer dizer: no havia analfabetos na escola ou sua presena
no era percebida porque, em funo justamente da repetncia, eles se concentravam na 1
srie, ou porque, em razo da evaso, eles abandonavam a escola (ou, dependendo do pontode vista, dela eram expulsos).
a
Os dados estatsticos foram
extrados do trabalho de
Magda Becker Soares
( : uma
perspectiva social. So
Paulo: tica, 1986).
Linguagem e escola
..........Ciclo Inicial de Alfabetizao
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19..........
Os argumentos contra os ciclos de aprendizagem, alm disso, esto baseados num
pressuposto inadequado: o de que a maior parte da rede escolar se organize com base nesse
sistema e no na seriao. No o que ocorre. Segundo os dados do Censo Escolar de 2002,
apenas 20,9% das matrculas do Ensino Fundamental foram
cobertas por escolas assim organizadas. Em outros termos, cerca de80% das matrculas foram oferecidas por escolas organizadas pelo
sistema seriado.
A progresso continuada e os diferentes programas de
correo de fluxo tampouco podem ser responsabilizados. A evaso,
primeiramente, um problema que continua a ocorrer na escola
Os dados do Censo Escolar
esto disponveis no site do
INEP (www.inep.gov.br),
nos links Sinopse da
Educao Bsica e
EdudataBrasil.
fundamental: 10,4% dos alunos abandonaram a escola pblica em 2002 (para se ter um termo
de comparao, na rede privada, apenas1% dosalunos abandonoua escola em 2002).
A repetncia, em segundo lugar, est longe de ser uma questo resolvida: de cada dez
alunos do Ensino Fundamental, dois repetiram a srie em 2001 e 2002. Na primeira srie
(momento em que se realiza a alfabetizao), os percentuais so mais altos: 31,6%. Como se
v, mesmo em ndices menores que na dcada de 80, a escola brasileira uma escola que
reprova percentuais expressivos de alunos e que contribui, em certa medida, para sua
desistncia.
Tudo isso no significa que a implantao dos ciclos de aprendizagem no seja
problemtica. Muitas vezes, ela feita sem a necessria adeso dos professores. Com
freqncia, ela no acompanhada de medidas que favoream o trabalho coletivo do
professor, que possibilitem o desenvolvimento de estratgias de superviso e
acompanhamento dos professores, bem como de apoio a seu trabalho. Muitas vezes, os ciclos
so implantados apenas como uma soluo para diminuio das taxas de reprovao, sem
uma preocupao efetiva com a aprendizagem.
Alm desses problemas, a organizao em ciclos, por ampliar o tempo dos
aprendizados, pode conduzir a uma diluio ou uma procrastinao de metas e objetivos a
serem atingidos gradativamente ao longo do processo de escolarizao. Do mesmo modo, oprincpio da progresso continuada pode tambm, se mal concebido e mal aplicado, resultar
numa ausncia de compromisso com o desenvolvimento sistemtico de habilidades e
conhecimentos.
Talvez a residam muitos dos problemas que atribumos aos ciclos: em sua
implementao, muda-se o modo de organizao escolar, mas no se criam mecanismos para:
a) , diagnosticar os problemas de ensino-aprendizagem; b) fazer face a eles, por
meio de processos dinmicos de reagrupamento; c) alterar procedimentos de ensino que se
mostrarem inadequados para os alunos em dificuldade. Na maior parte das vezes, cadaprofessor continua fazendo sozinho trabalho, com turma, com modo de ensinar,
com expectativasem relao shabilidadesa serem dominadas por alunos.
coletivamente
seu sua seu
suas seus
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
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Assim, o sistema de ciclos atende de modo mais adequado ao desenvolvimento daalfabetizao e do letramento, submetendo o tempo da escola ao tempo dessas
aprendizagens, afirmando o aprendizado em oposio reteno.
Tambm para pesquisadores, os ciclos, se adequadamente implementados, possuem
um conjunto de implicaes positivas:
Os problemas de implementao, entretanto, no impedem
reconhecer a para a
ampliao das possibilidades de aprendizagemdos alunos.
importncia da organizao em ciclos
A partir daqui, voc
encontra uma justificava
para a adoo dos ciclos de
alfabetizao.
Eu participei do Congresso Mineiro de Educao em 1983 como
professora de alfabetizao. Eu me lembro que uma das nossas
reivindicaes era aquele um ano... Naquela poca era o mtodo
global [de alfabetizao]. No dava tempo... Um ano era pouco... O
menino era retido... A, no incio do ano ele comeava tudo de
novo. Quando em 1985 foi implementado o Ciclo Bsico no foi
realmente uma coisa assim... imposta. Quem trabalhou na poca
lembra que realmente isso foi reivindicao dos professores
alfabetizadores.
Em relao alfabetizao, suas conseqncias positivas so apontadas por
professores e educadores. A respeito da implantao do Ciclo Bsico de Alfabetizao em
Minas Gerais, uma professora e supervisora de So Joo Del Rey d o seguinte depoimento,
em que argumenta que o sistema de ciclos foi uma reivindicao dos prprios professores
alfabetizadorese evidencia a importncia do ciclo para a alfabetizao:O depoimento da
professora foi citado por
Cludia Fernandes e Creso
Franco no trabalho Sries
ou ciclos? O que acontece
quando os professoresescolhem? (In: FRANCO,
Creso.
.
Porto Alegre: Artmed,
2001. p. 55-68.) A citao
do depoimento da
professora est na
pgina 58.
Avaliao, ciclos e
promoo na educao
Implicaes positivas da organizao por ciclos
1. Cria a necessidade de se repensar o sentido da escola, dasprticas avaliativas, dos contedos curriculares, do trabalho
pedaggico e da prpria organizao escolar;
2. Agiliza o fluxo de um maior nmero de alunos, contribuindo
para a diminuio do desperdcio de recursos financeiros.
Pode tambm gerar a necessidade de expanso da oferta
dassriesfinaisdo EnsinoFundamental e Mdio;
3. Descongestiona o sistema, possibilitando o acesso
populaoescolarizvel quese encontra fora da escola(...);
O trecho sobre as
implicaes positivas dos
ciclos de autoria de
Jefferson Mainardes (Aorganizao da escolaridade
em ciclos: ainda um desafio
para os sistemas de ensino.
In: FRANCO, Creso.
A
.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
p. 35-54). O trecho utilizado
est na pgina 48.
valiao, ciclos e
promoo na educao
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21..........
A organizao em ciclos possui, portanto, diferentesimplicaes positivas. em razo dessas implicaes e das
reivindicaes dos professores alfabetizadores que Minas Gerais
voltar a adotar o sistema de ciclos para o primeiro segmento do
Ensino Fundamental.
Alm disso, ao incluir a
faixa etria de seis anos, o sistema adotado amplia o direito dessa
criana a uma escolarizao mais extensa e a uma alfabetizao
ressignificada com a nfase que vem sendo assumida nestaproposta. Historicamente, o marco de entrada da criana na escola
bsica - fixado em torno de sete anos - sempre se regulou pela
concepo de prontido para a aprendizagem da escrita e da leitura,
avaliada por testes classificatrios. As atuais exigncias de
democratizao do acesso escola pblica de qualidade se
no Ciclo Inicial de Alfabetizao
4. Garante aos alunos maior permanncia na escola, elevando assim as mdias de
escolaridade, em termosde anos de estudo;
5. Exige a destinao de maiores recursos para a educao, a fim de garantir
condies adequadas;6. Implica mudanasnas concepes e prticas pedaggicas;
7. Implica igualmente mudana de atitude dos , que deixariam de se preocupar
apenas com a aprovao, passando a se interessarem, tambm, pelo conhecimento
que seus filhos estariam adquirindo na escola, bem como pela necessidade de
assumir a responsabilidade da freqncia escola no perodo regular e nos perodos
destinados ao reforo ou recuperao.
pais
Por causa da importncia da
presena e da participao
dos pais na escola, oCaderno 3 apresenta
sugestes para envolv-los
na alfabetizao.
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
Como ser visto nos
prximos Cadernos, a
organizao do Ciclo Inicial
de Alfabetizao no se faz
por faixa etria, mas simpor ano de escolaridade no
Ensino Fundamental, sendo
o primeiro ano designado
como Fase Introdutria e os
dois seguintes como Fase I
e Fase II, respectivamente.
acompanham de demandas bastante complexas: a permanncia das crianas de camadas
populares nessa escola e a ampliao de suas oportunidades de acesso cultura escrita, pois
tais oportunidades j so precocemente vivenciadas por camadas sociais mais favorecidas.Isso implica o direito daquelas crianas alfabetizao e ao letramento, em processos de
aprendizagem que assegurem progressivas capacidades e habilidades, como se procurar
evidenciar no Caderno 2 desta Coleo.
Para isso, o importante no se submeter a aprendizagem exclusivamente ao
processo de maturao ou desenvolvimento, previamente determinado por testes,
acreditando-se que as aprendizagens vivenciadas pelas crianas so capazes de produzir
processos de desenvolvimento e novas possibilidades de avano em suascapacidades.
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Esses mtodos de base fnica cuja utilizao vem sendo
defendida recentemente no se identificam com o j conhecido
mtodo fnico de alfabetizao. Os mtodos de base fnica mais
recentes propem metodologias de ensino baseadas no necessriodesenvolvimento da , na anlise da relao
entre letras ou grafemas e sons ou fonemas da lngua, bem como
no desenvolvimento da fluncia em leitura,
conscincia fonolgica
do vocabulrio e da
compreenso.
Seria timo que os problemas da alfabetizao no Pas
pudessem ser resolvidos por um mtodo seguro e eficaz. Mas as
metodologias de ensino, por si mesmas, no so suficientes para
assegurar resultados positivos, pois dependem sempre do
professor, de sua sensibilidade para interpretar as necessidades dos
alunos - particularmente daqueles que apresentam dificuldades no
processo de aprendizagem. Dependem tambm de uma
organizao coletiva da escola e das redes de ensino, por meio das
quais so definidos os patamares mnimos de aprendizagem numa
srie ou ciclo, estabelecidas formas de diagnstico e desenvolvidos
processos de interveno.
Alm disso, os argumentos dos defensores brasileiros do
retorno aos mtodos de base fnica baseiam-se em um pressuposto
inadequado: o fato de os programas curriculares de estados e
municpios, bem como de os Parmetros Curriculares Nacionais
adotarem fundamentos ligados a teorias construtivistas ou ao
conceito de letramento no significa que as metodologias
decorrentes desses fundamentos tenham sido adotadas
efetivamente, nassalas de aula.
Um bom indicador de que essas metodologias no foram
adotadas so os padres de deescolha de livros didticos
A conscincia fonolgica
pressupe a compreenso
de que a escrita se organiza
como seqncia de sons,
diferenciados conforme a
posio ocupada por letras
e slabas nas palavras. As
rimas, por exemplo, podem
ser percebidas nesse nvelde conscincia e facilitam
estratgias de inferncias e
generalizaes para novas
construes de palavras.
A principal associao
internacional de alfabetizao
e letramento, a International
Reading Association (IRA)
defende a multiplicidade de
mtodos para o ensino inicial
da leitura e da escrita (
, IRA, 1999.
Using
multiple Methods of
beginning reading
instruction
Esses dados sobre a escolha de
livros de alfabetizao so
analisados em BATISTA,
Antnio Augusto Gomes
(Org.).
.
Relatrio de pesquisa. Braslia:SEF/MEC, 2002.
O professor e a escolha
do livro didtico (1998-2001)
..........Ciclo Inicial de Alfabetizao
.......22
Um problema de mtodo?
Tem-se tambm alegado que o analfabetismo escolar tem
como base principal a implantao de metodologias de ensino
baseadas no construtivismo e no conceito de letramento. Por essarazo, defende-se a utilizao de mtodos de base fnica,
organizados em torno da explorao sistemtica das relaes entre
letra e som, isto , entre o sistema fonolgico do portugus e seu
sistema ortogrfico.
-
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alfabetizao no Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD). Como se sabe, so os
professores e as escolas que escolhem, nesse Programa, os livros que utilizaro. Desde o
PNLD 1998, os livros mais solicitados ao MEC pelas escolas so justamente aqueles que se
organizam em torno de princpios do mtodo silbico, baseado na explorao das ditas famlias
silbicas, compostas inicialmente apenas por vogais, depois por slabas consideradascomplexas, passando, antes, pelas consideradas simples. Mesmo que o mtodo silbico se
distancie, em diferentes aspectos, das novas concepes fnicas, estas esto baseadas numa
gradual e sistemtica explorao das relaes entre grafemas e fonemas. Assim, no se trata
de pedir um retorno aos mtodos de base fnica. Eles so, de fato, aqueles presentes nas
escolas.
Mas aqueles que defendem o mtodo como explicao para o analfabetismo escolar
poderiam ter razo em uma coisa (embora no utilizem esse argumento): o discurso de base
construtivista ou fundamentado na concepo de letramento, por ter-se tornado hegemnico,
tem inibido o desenvolvimento de outras perspectivas metodolgicas e tem contribudo, em
certa medida, para a perda da especificidade da alfabetizao.
Evidentemente, a perspectiva construtivista trouxe diferentes e importantes
contribuies para a alfabetizao. Algumas dessas contribuies so apontadas, em um
artigo, porMagda Soares. Segundo ela, o construtivismo
... alterou profundamente a concepo do processo de construo
da representao da lngua escrita, pela criana, que deixa de ser
considerada como dependente de estmulos externos para
aprender o sistema de escrita, concepo presente nos mtodos
de alfabetizao at ento em uso, hoje designados tradicionais
- e passa a sujeito ativo capaz de progressivamente (re)construir
esse sistema de representao, interagindo com a lngua escrita
em seus usos e prticas sociais, isto , interagindo com material
para ler, no com material artificialmente produzido para
aprender a ler; os chamados para a aprendizagempr-requisitos
Este trecho foi retirado do
mesmo artigo de Magda
Soares:
: as muitas
facetas, apresentado na 26
Reunio Anual da ANPED.
GT Alfabetizao, Leitura e
Escrita. Poos de Caldas, 7
de outubro de 2003.
Letramento e
alfabetizao
da escrita, que caracterizariam a criana pronta ou madura para ser alfabetizada -
pressuposto dos mtodos tradicionais de alfabetizao - so negados por uma viso
interacionista, que rejeita uma ordem hierrquica de habilidades, afirmando que a
aprendizagem se d por uma progressiva construo do conhecimento, na relao da
criana com o objeto lngua escrita; as dificuldades da criana, no processo de
construo do sistema de representao que a lngua escrita - consideradas
deficincias ou disfunes, na perspectiva dos mtodos tradicionais - passam a ser
vistas comoerros construtivos, resultado de constantes reestruturaes.
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
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Em primeiro lugar, dirigindo-se o foco para o processo de construo do sistema
de escrita pela criana, passou-se a subestimar a natureza do objeto de conhecimento em
construo, que , fundamentalmente, um objeto lingstico constitudo, quer se
considere o sistema alfabtico quer o sistema ortogrfico, de relaes convencionais e
freqentemente arbitrrias entre fonemas e grafemas. Em outras palavras, privilegiando a
faceta psicolgica da alfabetizao, obscureceu-se sua faceta lingstica fontica e
fonolgica.
Em segundo lugar, derivou-se da concepo construtivista da alfabetizao uma
falsa inferncia, a de que seria incompatvel com o paradigma conceitual psicogentico aproposta de mtodos de alfabetizao. De certa forma, o fato de que o problema da
aprendizagem da leitura e da escrita tenha sido considerado, no quadro dos paradigmas
conceituais tradicionais, como um problema sobretudo metodolgico contaminou o
conceito de mtodo de alfabetizao, atribuindo-lhe uma conotao negativa: que,
quando se fala em mtodo de alfabetizao, identifica-se, imediatamente, mtodo com
os tipos tradicionais de mtodos sintticos e analticos (fnico, silbico, global, etc.),
como se esses tipos esgotassem todas as alternativas metodolgicas para a
aprendizagem da leitura e da escrita. Talvez se possa dizer que, para a prtica daalfabetizao, tinha-se, anteriormente, um mtodo, e nenhuma teoria; com a mudana de
concepo sobre o processo de aprendizagem da lngua escrita, passou-se a ter uma
teoria, e nenhummtodo.
Acrescente-se a esses equvocos e falsas inferncias o tambm falso
pressuposto, decorrente deles e delas, de que apenas atravs do convvio intenso com o
material escrito que circula nas prticas sociais, ou seja, do convvio com a cultura escrita,
a criana se alfabetiza. A alfabetizao, como processo de aquisio do sistema
convencional de uma escrita alfabtica e ortogrfica, foi, assim, de certa formaobscurecida pelo letramento, porque este acabou por freqentemente prevalecer sobre
aquela, que,como conseqncia, perde sua especificidade. Este trecho foi retirado do
artigo
: as muitas
facetas, apresentado na
26 Reunio Anual da
ANPED. GT
Alfabetizao, Leitura e
Escrita. Poos de Caldas,7 de outubro de 2003.
Letramento e
alfabetizao
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.......24
Apesar dessas contribuies, necessrio reconhecer que a perspectiva
construtivista e os estudos baseados no letramento conduziram a diferentes equvocos. Leia,
no texto a seguir, um outro trecho do artigo de Magda Soares sobre esses equvocos:
A necessidade de articular os processos de e de
ser retomada no Caderno 2. importante enfatizar que tais processos
devem ser desenvolvidos de forma simultnea e indissocivel. O
no deve ser compreendido como um processo ou estgio preparatrio
que antecede a alfabetizao ou como um conjunto de atividades pertinentes
apenas a uma classe inicial de alfabetizao.
alfabetizao letramento
letramento
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25..........
Mas tudo isso s possvel se atentarmos para dois conjuntos de fatores no
analisados aqui e que tambm condicionam nosso fracasso em alfabetizar.
preciso que as redes de ensino enfrentem trs problemas que tm evitado enfrentar:
o professor alfabetizador precisa ser um dos mais capacitados da escola (ele precisa, portanto,
de uma adequada formao); precisa tambm ser um dos mais valorizados da escola (ele
precisa, portanto, de um estatuto diferenciado); necessrio reorganizar a escola e os tempos
destinados ao trabalho coletivo, em equipes de professores e coordenadores (o professor no
o dono de sua sala, mas algum que responde, com o conjunto da escola, pela alfabetizao desuascrianas).
Os demais cadernos desta
coleo fornecem
instrumentos para esse
conjunto de tarefas.
Ciclo Inicial de Alfabetizao.............
discriminar que conhecimentos e habilidades devem ser dominados pela criana em diferentes
etapas do ciclo. Para isso, fundamental, tambm, que as escolas possuam instrumentos
compartilhados para diagnosticar e avaliar os alunos e o trabalho que realiza; fundamental,
por fim, que, coletivamente, as escolas desenvolvam mecanismos para reagrupar, mesmo que,
provisoriamente, os alunos que no alcanam os conhecimentos e habilidades em cada etapa
do processo, utilizando novos procedimentos metodolgicos e diferentes materiais didticos
baseados ou no em mtodos fnicos, inspirados ou no em fundamentos construtivistas,
calcados ou noem mtodos ideovisuais ou globais.
Em primeiro lugar, as redes de ensino e as escolas devem
definir quais so as capacidades mnimas a serem atingidas em
diferentes momentos desse primeiro ciclo; extremamente
contraprodutivo esperar que s ao final do terceiro ou do segundo
ano do ciclo o aluno esteja alfabetizado e ponto final. necessrio
A questo metodolgica da alfabetizao possui, assim, de fato, um peso importante
no nosso fracasso em alfabetizar. Esse fracasso, entretanto, reside, em certa medida, na
ausncia de um equilbrio entre essas diferentes perspectivas terico-metodolgicas. Como se
defendeu anteriormente, o letramento uma condio para a alfabetizao, para o domnio das
correspondncias entre grafemas e fonemas; mas a alfabetizao e a explorao sistemticadessas relaesgrafo-fonmicas so tambm uma condio para o letramento.
Do mesmo modo, o conhecimento das hipteses feitas pelas crianas no aprendizado
da lngua escrita uma condio fundamental para o seu aprendizado; mas a anlise e a
explorao gradual e sistemtica dascaractersticas formais da lngua escrita so tambmuma
condiofundamental da alfabetizao.
A escola pblica brasileira mudou, aps a implantao do sistema de ciclos. E nela no
possvel continuar a trabalhar como se fosse a mesma escola de antes. O problema da
alfabetizao inicial tem de ser resolvido no primeiro ciclo de aprendizagem. Mas no vai ser a
escolha de um mtodo, por si mesma, que resolvero problema.
O que fazer?
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preciso que os professores alfabetizadores se conscientizem de que as crianas das
escolas pblicas, em sua maior parte expostas a processos de excluso social, so capazes de
aprender: no possuem deficincias cognitivas, no possuem deficincias lingsticas,
culturais, comportamentais.
nossa responsabilidade individual, nossa responsabilidade poltica, assegurar aessas crianas o domnio da lnguaescrita.
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