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Organizao:
Gustavo Nogueira Lemos
Renata Rozendo Maranho
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Organizao:
Gustavo Nogueira Lemos
Renata Rozendo Maranho
ministrio do meio ambiente
secretaria de articulao institucional e cidadania ambiental
departamento de educao ambiental
braslia, janeiro de 2008
Viveiros EducadoresPlantando Vida
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2008 Ministrio do Meio AmbienteQualquer parte desta publicaco pode ser reproduzida, desde que citada a onte.Tiragem: 5.000 exemplares
PresidenteLus Incio Lula da Silva
Ministrio do Meio AmbienteMarina Silva
Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania AmbientalHamilton Pereira da Silva
Departamento de Educao AmbientalMarcos Sorrentino
Ministrio do Meio Ambiente, Departamento de Educao AmbientalEsplanada dos Ministrios Bloco B, sala 553Cep: 70068-900 Braslia / DFTel: 55 61 - 3317 1207
Fax: 55 61 - 3317 1757e-mail: educambiental@mma.gov.br
Organizao:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo Maranho
Reviso:Dario NoletoAna Luisa Castelo BrancoEduardo Lyra RochaJos Vicente de FreitasMarcos Sorrentino
Philippe Pomier Layrargues
Projeto grco, capa e ilustraes:Masanori OhashyIdade da Pedra Produes Grcas LTDADiagramao:Alexandre Lemos (estagirio)Idade da Pedra Produes Grcas LTDA
Fotos:Gustavo Nogueira LemosEduardo Lira RochaInstituto de Permacultura, Organizao, Ecovilas e Meio Ambiente - IPOEMAGrupo de Trabalho de Apoio a Reorma Agrria - GTRA/UnB.
Catalogao na onte: Centro de Inormao e Documentao-CID Ambiental /MMA
B823vBrasil. Ministrio do Meio Ambiente. Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania
Ambiental. Departamento de Educao Ambiental.Viveiros educadores: plantando vida. - Braslia: MMA, 2008.84 p.; 23 cm.
ISBN 978-85-7738-092-3
I. Ttulo. II. Educao ambiental.
CDU 37:504
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Agradecemos especialmente Ondalva Serrano que
com seu proundo conhecimento e larga experincia de
vida contribuiu de orma inspiradora e complementarna idealizao da proposta dos Viveiros Educadores.
A leitura atenta e crtica de um documento por ela
produzido, repleto de aspectos humanitrios, princpios
e conceitos do pensamento sistmico, oi undamental
para a elaborao dessa publicao.
Maiores inormaes sobre este documento po-
dem ser acessadas na ntegra pelo endereo eletrnico
www.mma.gov.br
Carinhosamente,
Equipe DEA
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Apresentao......................................................... 8
O que so viveiros educadores ..........................10
Os viveiros e sua contextualizaona realidade brasileira ....................................... 15
A estrutura organizacional e operacionalde um viveiro educador ....................................... 18
Equipe pedaggica.................................................20
O Projeto Poltico-Pedaggico..........................22O Viveiro e a Escola 26, Segurana Alimentar 28, Incluso Social 31,
Prossionalizao e Gerao de Trabalho e Renda 33, Arborizao Urbana 36,
O Viveiro como Instrumento de Organizao Social de Comunidades
e Assentamentos Rurais 38,Pesquisa e Desenvolvimento 40,Comrcio Solidrio
41, A Realizao de Parcerias e a Sustentabilidade do Viveiro Educador 44.
Procedimentos tcnicos necessriospara a implementao de um viveiro .................. 46Escolha do Local 48, Estruturas Necessrias para a Conduo das Atividades 52,
Como Realizar a Coleta de Sementes 56, A Escolha das Sementes 59, Secagem
das Sementes 59, Como Armazenar suas Sementes 60, A Gincana como
Estratgia de Coleta 60, Quais so as Atividades Envolvidas no dia-a-dia
do Viveiro? 62, Plantio das mudas em campo 74.
Anexos ................................................................... 81
Referncias Bibliogrficas ................................ 86
SUMRIO
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Viveiros Educadores Plantando Vida
O Departamento de Educao
Ambiental do Ministrio do Meio
Ambiente procura desenvolver pro-
gramas, projetos e aes pautadas
pela perspectiva de cultivar a vida ea elicidade de viver, estimulando a
participao popular individual e co-
letiva nessa direo.
Esses programas, projetos e
aes tm por nalidade contribuir
para a ormao de cidads e cida-
dos que busquem cotidianamente
a construo de sociedades susten-tveis, aprendendo e educando em
sua prtica.
cada vez mais evidente a neces-
sidade da participao popular em
processos que busquem inverter a
lgica do desenvolvimento acompa-
nhado da degradao ambiental.
O envolvimento em aes dessanatureza oportuniza a refexo sobre
os atos, razes e interesses pelos
quais nossa sociedade seguiu nessa
direo. Refetir sobre tais aspectos
essencial para questionarmos as es-
colhas eitas e compreendermos que
possvel trilhar outros caminhos,
calcados pela solidariedade, pelauniversalizao da qualidade de vida,
pela valorizao do ambiente, e do
ser humano, como sujeito atuante na
construo de um mundo melhor.
A problemtica ambiental ex-
tremamente complexa, envolve em
sua raiz questes de carter social,
econmico, poltico e cultural, e
deve ser encarada de orma ampla,conjugando esoros nas mais die-
rentes rentes de atuao, para que
as transormaes almejadas tor-
nem-se realidade.
Nesta jornada importante
utilizarmos de orma intencional e
consciente os espaos e estruturas
existentes em nossa sociedade compotencial para a ormao de edu-
cadoras e educadores ambientais
capazes de irradiar pr atividade e
comprometimento, e com isso, con-
tagiar cada vez mais pessoas dispos-
tas a contribuir.
Espaos e estruturas educado-
ras so aquelas que demonstram,ou podem demonstrar, alternati-
vas viveis para a sustentabilidade
rente ao modelo hegemnico de
desenvolvimento, possibilitando o
aprendizado vivenciado, dialgico e
questionador acerca das temticas
nelas abordadas.
Viveiros forestais, ciclovias, hor-tas orgnicas, aixas de pedestre,
jardins de ervas medicinais, salas ver-
des, museus, centros de educao
ambiental entre outras, so exem-
Apresentao
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plos de estruturas e espaos que
podem assumir esse papel.
O processo de aprendizagem
desencadeado pela utilizao in-
tencional destas estruturas busca
proporcionar a refexo crtica sobre
os dierentes aspectos que a cercam,
estimulando as pessoas a realizarem
aes em prol do bem estar coletivo,
assim como, a rever valores, mto-
dos e objetivos.
O que transorma uma estrutura
simples, utilizada cotidianamente de
orma desapercebida, em uma estru-
tura cheia de signicados e aprendi-
zados, a qualidade das relaes que
se mantm com ela e dentro dela.
Nesse sentido, um bom exemplo de
estrutura que poderia ter apenas um
carter produtivo, ou mesmo comer-
cial, mas apresenta um enorme poten-cial educador, o viveiro forestal.
O projeto VIVEIROS
EDUCADORES busca estimular,
orientar e apoiar a implementao
de viveiros forestais como espao de
aprendizagem, estimulando os vivei-
ros j existentes a perceberem, valo-
rizarem e a incorporarem a dimen-so educadora em suas atividades.
Destina-se a educadoras e edu-
cadores ambientais, viveiros forestais
em atividade, grupos e instituies
organizados que possam defagrar esse
processo em suas comunidades, e ain-
da, a todos que tenham interesse em
se aproundar na temtica e contribuirpara a transormao de sua realidade.
Pretende-se assim dar mais um
passo para eetivar o alcance da
Educao Ambiental crtica e eman-
cipatria, atendendo a crescente de-
manda por subsdios que orientem,
tcnica e pedagogicamente a produ-
o de mudas e o plantio de rvores
como um processo continuado de
aprendizagem, extrapolando a pers-
pectiva pontual que tem caracteriza-
do historicamente essa atividade.
Reforestar as reas nativas de-
gradadas e requalicar os espaos
urbanos um desao enorme e
necessrio, que deve ser abraado
por todos. Trata-se de uma demanda
prioritria em todo o planeta, seja
pela importante uno que a ve-
getao exerce na manuteno dos
recursos hdricos e regulao do ci-
clo hidrolgico, pela proteo e er-
tilizao dos solos, pela perpetuao
da auna silvestre, ou ainda, por esti-mular a refexo sobre que medidas
podemos tomar rente ao eminente
avano do aquecimento global.
Nosso desejo que os Viveiros
Educadores sejam mais do que uma
poltica pblica, indo alm, como
instrumentos populares de transor-
mao, enraizados em toda a socie-dade brasileira, contribuindo para o
resgate e a construo da cultura
do plantar, presentes tanto nas
comunidades rurais, quanto no meio
urbano, em suas instituies, esco-
las, bairros e lares, ortalecendo as
relaes pessoais, os laos aetivos, e
cativando cada vez mais pessoas dis-postas a refetir e agir na direo de
um mundo mais justo e equilibrado
para todos.
Apresentao
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Viveiros Educadores so espaos
de produo de mudas de espcies
vegetais onde, alm de produzi-las,
desenvolve-se de orma Intencional,processos que buscam ampliar as
possibilidades de construo de co-
nhecimento, exercitando em seus
procedimentos e prticas, refexes
que tragam em seu bojo, o olhar
crtico sobre questes relevantes
para a Educao Ambiental como:
tica, solidariedade, responsabilida-de socioambiental, segurana ali-
mentar, incluso social, recuperao
de reas degradadas entre outras
possibilidades.
So espaos onde a produo de
mudas tratada como porta de en-
trada para refexes mais proundas
sobre as causas e possibilidades deenrentamento para a problemtica
socioambiental.
Um viveiro forestal pode ser uma
simples brica de mudas, conduzido
metodicamente, sem estabelecer
nenhum tipo de refexo acerca da
complexidade envolvida.
No entanto, ao refetir-se inten-cionalmente sobre a orma como
o ser humano tem se relacionado
com o ambiente, as causas e eei-
tos dos problemas socioambientais
O que so viveiros Educadores?
vividos, assim como, as dierentes
possibilidades de atuao, o proces-
so de produo de mudas passa a
ter outro signicado, mais amplo eproundo.
A produo de mudas e o plan-
tio de rvores so temas geradores
bastante ecientes. Por meio deles
possvel estimular o alcance da com-
preenso sistmica que a questo
ambiental exige.
Desde que conduzido de ormapedaggica e questionadora, o vivei-
ro pode estimular o surgimento de
novas iniciativas que complementem
e ortaleam a atuao de grupos e
instituies que desenvolvem proces-
sos de Educao Ambiental em todo
o pas.
O que diferencia o viveiroflorestal convencional deum viveiro educador a in-teno de utiliz-lo comoespao de aprendizagem,
orientado por elementose procedimentos pedaggi-cos destinados a formaodas pessoas que com eleinteragem.
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As aes propostas pelos grupos
envolvidos com o viveiro devem de-
sencadear o surgimento de projetos
que tenham poder de infuncia e
transormao da comunidade em
que est inserido, exercitando a pos-
tura ativa e cidad dos envolvidos.
Nesse sentido, o viveiro educador
pode desempenhar um importante
papel em processos de educao
ambiental, tendo como objetivo
contribuir para a viabilizao das
transormaes socioambientais ne-
cessrias ao resgate da qualidade de
vida e do bem estar humano.
Nesta publicao pretende-se
apresentar alguns elementos neces-
srios para a utilizao de viveiros
forestais como espaos educadores,
abordar ainda, de orma clara e
abrangente, os aspectos relaciona-dos a sua uno produtiva.
Para tanto, necessrio estru-
turar-se, e caminhar na direo da
construo de um projeto poltico
pedaggico que oriente a conduo
de todo o processo.
nesse movimento de constru-
o coletiva, em que as diversas pos-
sibilidades de abordagem e aprendi-
zagem so exploradas e organizadas
com o intuito de despertar o esprito
crtico, que o viveiro passa a ter sua
dimenso educadora exercitada.
H no territrio brasileiro uma
grande diversidade de tipos de vivei-
ros destinados produo de mudas
de inmeras espcies vegetais. Eles
podem ter carter e destinao vari-
vel, apresentando dierentes modos
de produo e objetivos.
Existem viveiros destinados
produo comercial, para o autocon-sumo, com nalidade de incluso
social, com carter tcnico-cientco,
alm da nalidade educativa, seja
em uma perspectiva de ormao de
educadores ambientais ou mesmo
prossionalizante.
Alguns so altamente tecni-
cados e automatizados, enquantooutros so simples, com baixo in-
vestimento em capital, e totalmente
operacionalizados manualmente. No
entanto, todos os tipos de viveiros
so capazes de assumir um carter
educador, desde que adequadamen-
te conduzidos.
Podemos caracterizar um
viveiro florestal como umespao estruturado, comcaractersticas prprias,destinado produo, pro-teo e manejo de mudas atque tenham idade e tamanhosuficientes para resistirems condies adversas do
meio e terem um crescimentosatisfatrio quando plan-tadas em definitivo(PAIVA, 2000).
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O Brasil conhecido mundial-
mente por sua rica diversidade de
ecossistemas e biomas naturais: con-
seqncia de sua grande diversidade
climtica e geosica. Nessa hetero-geneidade ambiental e tambm cul-
tural, a complexidade e diversidade
so bastante ampliadas, exigindo
para uma adequada contextualiza-
o dos viveiros educadores em todo
o territrio, a construo de uma
proposta aberta e fexvel, adaptvel
a toda essa diversidade de cenrios ede contextos locais.
Existem hoje no pas inmeros
viveiros conduzidos por rgos
governamentais como Secretarias
Estaduais ou Municipais de Meio
Ambiente, rgos ligados ao
uso e gesto da gua, alm de
Universidades e Institutos dePesquisa e Ensino. Outros so con-
duzidos por empresas privadas que
desejam assumir sua responsabili-
dade socioambiental, ou ainda, em-
presas que possuem algum passivo
ambiental e desejam associar a sua
imagem os aspectos positivos que a
atividade traz.Diversos assentamentos rurais
provenientes do processo desenca-
deado pela Reorma agrria apre-
sentam viveiros forestais, seja pela
necessidade de recuperao de suas
reas degradadas, para a produo
de madeira, rutos e outros bens de
consumo forestais, ou ainda, para a
comercializao de mudas.A sociedade civil organizada
tambm atua no enrentamento
dos problemas socioambientais que
contribuem para a perda da qualida-
de de vida, sendo uma das grandes
incentivadoras da implementao de
viveiros.
A produo de mudas nativas,ruteras e ornamentais uma ren-
tvel atividade empresarial. Cada
vez mais surgem viveiros com perl
comercial buscando conquistar esses
mercados.
crescente o nmero de mdios
e grandes produtores rurais que, em
virtude da excessiva e irresponsvelmaximizao da produo, ou mes-
mo pelo desconhecimento de suas
danosas conseqncias, degradaram
as reas de preservao permanente e
reserva legal de suas propriedades. E
hoje, para conseguir licenas ambien-
tais junto aos rgos competentes,
so obrigados a adequar suas proprie-dades legislao vigente e executar a
recomposio das reas degradas.
Outra categoria de consumidores
de mudas nativas que tem cada vez
Os viveiros e sua contextuali-zao na realidade brasileira
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mais absorvido parte da produo
comercial, a das grandes empresas
do setor primrio, como as siderrgi-
cas. Estas esmpresas causam grande
impacto e degradao, e para obter
o licenciamento dos rgos compe-
tentes, necessitam realizar a chama-
da compensao ambiental.
Todavia, apesar de toda essa di-
versidade de viveiros existentes, em
geral, no h uma conectividade en-
tre eles, uma ao coordenada que
os una e potencialize a ao de cada
um. Inormaes como o nmero de
viveiros existentes, o tipo de mudas
que produzem, a capacidade instala-
da de produo e quais j atuam em
uma perspectiva educadora so di-
ceis de ser obtidas, o que representa
um grande desao na conduo
desse processo de orma articulada.
No entanto, todos esses viveiros
tm um enorme potencial para tor-
narem-se educadores, desde que se
reestruturem com o intuito de in-
corporar a dimenso pedaggica ao
processo, despertando nos grupos
envolvidos o olhar crtico, o aprendi-
zado dialgico e o esprito coletivo
diante da realidade socioambiental.
Nesse sentido, imprescindvel
desenvolver polticas pblicas que
incorporem a dimenso educadora
produo de mudas, potencializando
os processos de restaurao da ve-
getao nativa, de requalicao do
ambiente urbano e melhoria da qua-
lidade de vida da populao.
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A estrutura
organizacional eoperacional de umviveiro educador
Na estruturao, implementao e organizao de
viveiros educadores, alguns aspectos so essenciaispara assegurar o alcance dos objetivos esperados.
Nessa perspectiva, podemos destacar trs pilares
bsicos:
1. Equipe pedaggica;
2. Projeto PolticoPedaggico;
3. Procedimentostcnicos;Estes componentes, uma vez denidos e dimen-
sionados, sero undamentais para elaborao, imple-
mentao e avaliao das aes desenvolvidas pelo
viveiro.
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O tamanho e a composio da
equipe necessria para gerir um
viveiro educador variam de acordo
com sua dimenso, objetivos e ocontexto em que est inserido. No
existe uma regra nica ou arranjo
ideal para a composio de uma
equipe, que contemple toda a diver-
sidade de possibilidades e situaes.
O importante que a equipe tenha
carter diverso, que valorize as
parcerias em um sistema de gestointegrada e complementar, em que
unes, competncias e respon-
sabilidades sejam partilhadas, para
que todos tenham clareza de sua
atuao.
O processo de ormao da equi-
pe deve estar previsto e especicado
no projeto poltico-pedaggico doviveiro, que por sua vez, deve ser
elaborado de orma participativa,
com a colaborao de todos os en-
volvidos e interessados.
Ao longo do processo, desej-
vel que as pessoas envolvidas com
o viveiro se apropriem dos conhe-
cimentos e habilidades necessrios execuo de outras unes,
alm das que j desenvolvem, o
que proporciona o aprendizado e a
qualicao nas dierentes reas de
atuao.
Buscando tornar o ambiente
do viveiro harmnico e produtivo,e estreitar e ortalecer as relaes
pessoais, devem ser previamente
acordados os princpios e as normas
de convivncia do grupo, alm de
denir instncias colegiadas como
espaos qualicados para a soluo
de confitos e tomadas de deciso.
Na gesto de todo o processo,ser muito importante a prtica da
tica, da solidariedade, e a abertura
para o dilogo. A coerncia entre os
princpios e os valores diundidos e
os realmente praticados, interna e
externamente, essencial para que
o viveiro educador contribua para
mudanas eetivas, dando sentido epara sua existncia.
A seguir, apresentam-se algumas
unes importantes no processo de
gesto de um viveiro. Cabe destacar
que este apenas um dos possveis
arranjos, que pode, de acordo com
cada contexto, ser revisto e adapta-
do a realidade local.
Equipe pedaggica
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21Equipe Pedaggica
Coordenador do viveiro
responsvel por orientar o planejamento,
conectando o processo de produo de mudas ea ao pedaggica s inmeras outras atividades
e processos demandados. O coordenador deve
ainda ser uma reerncia nas relaes interpessoais
da equipe.
Tcnico viveirista
o responsvel por gerir e acompanhar de per-
to o processo de produo das mudas, coordenan-
do as atividades dirias envolvidas, como: prepara-
o do substrato, irrigao, o manejo das mudas
e o tratamento das plantas doentes, considerando
sempre a proposta pedaggica do viveiro.
Educador ambiental
o responsvel por coordenar, junto aos en-volvidos, a elaborao, implementao e avaliao
do Projeto Poltico-Pedaggico, buscando atender
as demandas e especicidades da regio em que
o viveiro est inserido. Outra responsabilidade do
educador ambiental mobilizar e articular a co-
munidade local, para assumir o protagonismo em
todo o processo.
Voluntrios
So responsveis por dar o apoio necessrio s
atividades desenvolvidas pelas dierentes rentes
de atuao do viveiro, sendo este um estgio ini-
cial de envolvimento, no qual espera-se cativar o
interesse dos voluntrios em aproundar-se cada
vez mais nas atividades, assim como, estimular o
seu crculo de convivncia a participar do processo.
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O conceito de projeto poltico
pedaggico h tempos associado edebatido em processos de educao
ormal. Todavia, o seu signicado
ainda desconhecido ou muito pou-
co utilizado por grande parte das
pessoas e dos grupos que atuam no
campo no ormal da educao.
Um Projeto Poltico-Pedaggico
(PPP) consiste na elaborao de uma
proposta educacional para determi-
nado espao, grupo ou processo,
apresentando desde seus reerenciais
conceituais, loscos e polticos at
a orma como ser operacionalizado.
Deve ser aqui entendido no
somente como um documento que
rene os elementos relativos ao
processo educacional defagrado em
um viveiro, mas tambm como um
processo de gesto contnua e de-
mocrtica, que deve envolver todos
os indivduos, grupos e instituies
com os quais o viveiro dialoga e se
relaciona.
portanto um documento
identitrio, no qual os su-jeitos se vem e atuam sobreas suas demandas e planos,que sero periodicamenterevistos e sistematicamen-te re-construdos(BRASIL, 2005).
Projeto Poltico-Pedaggico
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23Projeto Poltico Pedaggico
Na construo do PPP direcionado ao Viveiro
Educador, alguns questionamentos devem ser eitos
com o intuito de estimular e orientar o planejamentoda proposta pedaggica. Entre eles destacam-se:
Onde se pretende chegar com a implantao do
Viveiro Educador no contexto em que est inserido?
Quais so os objetivos a serem atingidos?
Quais so os princpios e diretrizes que iro guiar
a conduo do viveiro?
A quem se destina este viveiro?Quais so os reerenciais tericos e prticos que
orientam este processo?
Quais outros temas devem ser abordados nas
refexes do grupo?
Como estabelecer as conexes necessrias en-
tre os temas?
Existem experincias exitosas?
Quais so os recursos nanceiros e materiais dis-ponveis para a execuo da proposta?
Com quais pessoas pretende-se conduzir as ativida-
des demandadas?
Quais so as estratgias para monitorar e avaliar o
processo?
Que indicadores podem ser utilizados?
As respostas a estas questes devem ornecer os
subsdios necessrios para que o grupo avalie a perti-
nncia da proposta, e refita sobre as razes pelas quais
se envolveram no processo, assim como, se esta a via
mais ecaz para atingirem os objetivos almejados.
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O plantio de rvores apenas uma das
muitas rentes de atuao para o processo
de enrentamento da ampla e sistmica pro-
blemtica socioambiental, no sendo, por si
s, suciente para reverter o atual quadro de
degradao em que vivemos.
As refexes e aes desencadeadas a
partir das atividades desenvolvidas no viveiro
devem buscar estabelecer as conexes neces-
srias compreenso da radicalidade e com-
plexidade envolvida nesse processo.
Uma abordagem parcial e reducionista
pode desencadear o eeito contrrio ao es-
perado e proporcionar uma educao am-
biental supercial, sem o esprito crtico e
transormador.
Implantar viveiros educadores sem reali-
zar uma anlise conjuntural e poltica, assim
como, um diagnstico prvio, eito de orma
participativa junto comunidade envolvida,
pode ocasionar a criao de estruturas sub-utilizadas, e, numa perspectiva mais ampla,
transormar o viveiro em um mito de estru-
tura no uncional.
imprescindvel que a pertinncia do vi-
veiro no contexto local seja uma demanda
legitimada pela comunidade, uma proposta
embasada nas demandas locais, e no, uma
ao isolada e impositiva.Cabe destacar que o Projeto Poltico
Pedaggico deve ser aberto e fexvel para
permitir que as experincias vivenciadas sejam
objeto de refexo e sejam incorporadas, de
orma dialgica, proposta em construo.
Nesse sentido, o monitoramento e a ava-
liao das aes desenvolvidas devem ser rea-
lizados de orma regular, para que o processoseja aprimorado permanentemente.
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25Projeto Poltico Pedaggico
Buscando orientar a construo do PPP e facilitar a suacompreenso, importante organiz-lo em trs marcosestruturantes:
O Marco Conceitual
Nele devem estar expressos os princpios, os valores, a tica, o sonho
de uturo e a concepo de sociedade partilhados pelo grupo. importante
enunciar os reerenciais tericos e conceituais que iro orientar as aes do
viveiro, a compreenso de educao ambiental do grupo, as bases metodol-
gicas que sero desenvolvidas, assim como, os objetivos, papis e misso do
viveiro educador.
O Marco Situacional
Reere-se ao conhecimento e sistematizao das inormaes sobre a rea-
lidade em que o viveiro est inserido. Nesse sentido, observa-se a necessidade
da realizao de um diagnstico amplo, atento aos aspectos ambientais, so-
ciais, econmicos, polticos e culturais relacionados ao territrio de abrangn-
cia e sua populao.
Inormaes como o histrico de ocupao, aspectos sicos da regio e ascaractersticas da populao devem estar expressos, destacando seus anseios,
demandas e prioridades e desvelando os confitos, contradies e entraves ao
processo. necessrio ainda, mapear as aes de educao ambiental desen-
volvidas, assim como, os potenciais parceiros, grupos e instituies que atuam
na regio. com base nessas inormaes que as aes sero planejadas.
O Marco Operacional
onde apresenta-se o planejamento das estratgias e aes que sero
desenvolvidas no mbito do viveiro, enunciando de orma clara e objetiva as
metas propostas e as metodologias que sero utilizadas para o seu alcance.
necessrio denir um cronograma de atividades alinhado com as metas de-
nidas, destacando a composio e as unes das equipes envolvidas, assim
como, as bases e normas de organizao e uncionamento do viveiro.
essencial explicitar as estratgias de monitoramento e avaliao que se-
ro utilizadas, e ainda, denir o planejamento oramentrio, identicando os
recursos demandados e os disponveis, assim como, meios para captar o que
or necessrio inicialmente e um planejamento estratgico que promova a sus-
tentabilidade do viveiro.
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26 Viveiros Educadores Plantando Vida
O viveiro e a escola
A escola certamente a principal
estrutura educadora construda na
nossa sociedade. Porm, segundo
Matarezi (2005), em muitos casos,as escolas constituem espaos pa-
dronizados, cujas ormas e estru-
turas oram pensadas para atender
determinadas unes e objetivos
pedaggicos que levam a recluso,
controle e vigilncia, ou seja, de re-
gulao e no necessariamente de
emancipao.Buscando trazer um carter
emancipatrio para o ambiente es-
colar, podemos utilizar como espao
educacional no somente a sala de
aula, mas tambm outras estrutu-
ras como um viveiro, uma horta,
um jardim de ervas medicinais, um
A complexidade e o carter sistmico das questes envol-vidas com o viveiro torna essencial o uso de abordagensinter e transdisciplinares no processo pedaggico de-senvolvido. Desse modo, recomenda-se a adoo de linhasde atuao mais diversas quanto for possvel, abordandoquestes sociais, ambientais, econmicas, polticas, cultu-
rais e humanas. Nesse sentido, apresentamos a seguir algu-mas possibilidades.
Possibilidades de abordagem e atuao na
implementao de viveiros educadores
Maiores informaes sobre como elaborar um PPP podem ser obtidas na publicaoProjeto poltico pedaggico aplicado a centros de educao ambiental e a salasverdes, disponvel no portal eletrnico do Ministrio do Meio Ambiente, cujoacesso pode ser feito pelo endereo: www.mma.gov.br
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27Projeto Poltico Pedaggico
Esse processo deve ser continu-
ado, e desencadear na comunidade
estudantil, uma relao de iden-
tidade com o espao com o qualconvive, interage e aprende cotidia-
namente, estimulando em suas ativi-
dades o respeito e o cuidado com o
ambiente e as pessoas que a cercam.
Nesse sentido, o viveiro educador
deve possibilitar o desenvolvimento
de atividades relacionadas a todas
as disciplinas oerecidas no currculoescolar, de orma que as questes
socioambientais sejam trabalhadas
transversalmente.
Ao trabalhar a educao am-
biental com crianas, adolescentes
e adultos nos espaos escolares, os
conhecimentos ali gerados precisam
ser internalizados no dilogo e in-terao entre a escola, a amlia e a
comunidade.
O corpo docente das escolas
tem, de um modo geral, uma orma-
o ragmentada, limitada por disci-
plinas especcas, que utilizam como
base o conhecimento acadmico,
restrito na maioria dos casos, aocampo terico e cartesiano, o que
diculta a compreenso sistmica
que a questo ambiental necessita,
limitando conseqentemente sua
atuao.
Estimular e instrumentalizar os
proessores para utilizar o viveiro
como espao educador integrado aoProjeto Poltico Pedaggico escolar
um dos grandes desaos desse
processo.
bosque de espcies nativas ou uma
biblioteca, onde os alunos possam
refetir sobre novas possibilidadesde atuao coletiva, bem como, em
ormas positivas de expressar suas
potencialidades individuais.
A presena de viveiros e hortas
em espaos escolares no nenhu-
ma novidade, existem inmeros
viveiros escolares no pas. No en-
tanto a abordagem utilizada tem,em geral, se demonstrado pontual,
caracterizada pela supercialidade,
insucientes para atingir as transor-
maes esperadas.
A utilizao do viveiro como es-
pao de aprendizagem deve propor-
cionar a convivncia em um ambien-
te rtil para o desenvolvimento deatividades que trabalhem de orma
ampla e transversal aspectos sociais,
ambientais, culturais e polticos.
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2 Viveiros Educadores Plantando Vida
primordial, ainda, assumir os
conhecimentos, conexes e princ-
pios da transdisciplinaridade, ine-
rentes s questes socioambientais
envolvidas na sua conduo.
Cabe destacar, que os viveiros
educadores inseridos na escola de-
vem oportunizar intencionalmente
a realizao de atividades em prol
de uma educao ambiental crtica,
transormadora e emancipatria,
abordando a temtica socioambien-
tal como estmulo a refexes mais
proundas.
Esse processo deve proporcionar
aos alunos a possibilidade de cons-
truir coletivamente a sua concepo
de desenvolvimento, pautada na ne-
cessidade de valorizar cada vez mais
as vertentes ambiental, social e hu-
mana na busca por uma sociedade,mais justa e sustentvel.
A abordagem e vivncia de
questes ambientais nas atividades
escolares por meio de espaos e es-
truturas educadoras undamental
para uma leitura mais adequada
da realidade, e conseqentemente,
para a transormao de atitudesnegativas, em aes mais humanas,
quer repercutam positivamente no
s na escola, mas em todos os as-
pectos da vida.
Segurana Alimentar
A Lei N 11.346, de 15 de se-
tembro de 2006, que cria o Sistema
Nacional de Segurana Alimentar eNutricional SISAN, em seu art. 2
diz que: A alimentao adequada
direito undamental do ser humano,
inerente dignidade das pessoas
e indispensvel realizao dos di-
reitos consagrados na Constituio
Federal.
A qualidade de vida da popula-o est diretamente relacionada
com a qualidade de sua alimen-
tao, uma vez que grande parte
das doenas da nossa civilizao
est relacionada orma como nos
alimentamos.
Pensar sobre segurana alimen-
tar refetir sobre a qualidade doprocesso de produo de alimentos,
do campo mesa. Isto pressupe a
adoo de sistemas produtivos am-
bientalmente adequados, socialmen-
te justos, que valorizem o trabalho
das pessoas envolvidas em todas
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2Projeto Poltico Pedaggico
tem como objetivos assegurar o
acesso alimentao saudvel, a
expanso da produo de alimentos,
a gerao e distribuio de renda, e
o estmulo a iniciativas que promo-
vam o ortalecimento da produo
local de alimentos e a constituio
de rede solidrias de comercializa-
o, pautadas na tica do acesso
cidadania.
Considerando a perspectiva
emancipatria que o enrentamen-
to a esta questo exige, um viveiro
educador pode tornar-se um ecien-
te instrumento de ao coletiva na
busca pelo acesso a uma alimenta-
o saudvel para a totalidade da
populao brasileira, objetivo maior
de programas que atuam nessa
direo.
No Brasil, a produo de rutas concentrada em grandes plos e
regies, havendo a necessidade de
grandes deslocamentos para a sua
distribuio e comercializao, o que
representa custos extras e, em mui-
tos casos, o comprometimento da
qualidade do alimento.
Uma orma de enrentar essaproblemtica, estimular e ortale-
cer a produo local de alimentos,
valorizando as espcies nativas e a
cultura alimentar de cada regio, e a
comercializao local e solidria do
que or produzido.
Uma alternativa vivel nesse sen-
tido, a ormao de pomares dequalidade, com uma grande diversi-
dade de espcies, capazes de orne-
as etapas da produo do alimento
e sejam economicamente viveis,
proporcionando uma distribuio
equnime e saudvel para toda a
populao.
O contexto econmico interna-
cional globaliza a pobreza e concen-
tra o poder, ampliando as disparida-
des entre os pases desenvolvidos e
em desenvolvimento, assim como,
dentro deles, entre suas camadas
mais ricas e carentes.
As polticas pblicas que pro-
movem a segurana alimentar e
nutricional da populao brasileira
devem questionar os modelos de
produo de alimento impostos ao
pas. So pacotes tecnolgicos que
geram pobreza, concentram riqueza,
diminuem a biodiversidade e degra-
dam o ambiente, buscando transor-m-los em sistemas sustentveis de
produo.
O desenvolvimento da agricultura
amiliar de base agroecolgica, a
valorizao da fora nativa, o incen-
tivo ao agroextrativismo, o estmulo
a ormao de pomares domsticos,
assim como, a produo de alimen-tos por meio de sistemas livres de
organismos geneticamente modi-
cados, vital para assegurar a so-
berania e a segurana alimentar das
populaes do campo e da cidade.
Um dos grandes desaos dos
Viveiros Educadores a articulao
com outros programas do GovernoFederal que tenham sinergia com a
proposta como o Fome Zero, que
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30 Viveiros Educadores Plantando Vida
cer rutas durante todas as estaes
do ano, e garantir a autonomia ali-
mentar das amlias.
A grande maioria das moradias
brasileiras no dispe de pomar
em seu quintal. Por isso, as pessoas
acabam comprando alimentos in-
dustrializados, de baixa qualidade e
alto custo.
Viveiros pblicos, comerciais,
comunitrios ou mesmo privados
podem, em uma perspectiva educa-
dora, contribuir para a constituio
de pomares comunitrios ou mesmo
individuais, estimulando a produo
de mudas ruteras, e o seu poste-
rior plantio.
Esse processo, ortalecido pela di-
menso pedaggica, poder desen-
cadear diversas refexes e abordar
em suas atividades questes como oresgate e a aproximao do ato de
plantar, a responsabilidade socioam-
biental, a postura crtica e atuante
diante da realidade apresentada,
entre outros.
Os viveiros e a comunidade en-
volvida podem se organizar, realizar
eiras e gincanas, trocar sementese mudas, e aproximar-se uns aos
outros. Nesse processo, com o pas-
sar do tempo, todos tero acesso a
uma grande diversidade de espcies
ruteras.
Esses rutos, oerta extra de ali-
mentos, podem representar uma
grande onte de renda, desde que,adequadamente processados em
gelias, sorvetes, doces, compotas
entre outras possibilidades e, em
seguida, comercializados de orma
solidria.
Nesse processo ganha-se na
qualidade da alimentao, na di-
minuio dos gastos com produtos
industrializados e principalmente na
promoo de sade.
A iniciativa dos viveiros educado-
res no pretende superar a questo
da segurana alimentar, que envol-
ve uma complexa problemtica, mas
ser uma ao intencional que con-
tribua complementarmente para a
conquista da emancipao alimentar
no pas.
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31Projeto Poltico Pedaggico
Incluso Social
O problema da excluso social
geralmente encarado de modo
parcial, privilegiando aes assisten-cialistas, ocando exclusivamente a
gerao de renda e o emprego por
meio da prossionalizao e rentes
de trabalho.
Tais aes, apesar de bastante
positivas, sozinhas no atingem seu
objetivo no sentido mais proundo,
pois omitem a dimenso central doenmeno, a perda da auto-estima
e do sentimento de pertencimento a
um grupo social organizado.
A incluso torna-se de ato ecaz
quando, atravs da participao em
aes coletivas, busca-se recuperar
a dignidade e consegue-se, alm
de emprego e renda, acesso a ser-
vios sociais bsicos de educao,
sade e moradia, tendo a oportu-
nidade de se expressar e interagir
culturalmente.
Esta dicil tarea exige o enga-
jamento contnuo do governo por
meio de polticas pblicas continu-
adas e de carter emancipatrio,
sobretudo na rea social, permean-
do as eseras ederais, estaduais e
municipais.
Diante da complexidade do de-
sao da transormao social e a
multiplicidade dos atores envolvi-
dos, no existe uma soluo nica e
milagrosa para a questo.
A construo de uma sociedade
democrtica e sustentvel, apesar
dos avanos j alcanados, um
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32 Viveiros Educadores Plantando Vida
processo lento, que requer mudan-
as estruturantes.
Como enrentar as questes ad-
versas e unilaterais da economia que
levam excluso social e vedam
populao menos avorecida o aces-
so ao mercado de trabalho, mora-
dia, aos servios coletivos de sade,
educao, lazer e a um ambiente
equilibrado?
Interagir na construo do co-
nhecimento para utiliz-lo de orma
a transormar a realidade, constitue-
se em um desao prioritrio.
Buscar conhecimentos e prticas
construtivas, calcadas na compaixo,
na tica, no compromisso com o
bem-estar coletivo e na justia social,
a chave para a superao dos ato-
res que acarretam a excluso social.
A participao em aes desen-volvidas no viveiro educador podem
oportunizar a prossionalizao, a
gerao de renda e o acesso a em-
pregos e postos de trabalho, mas
deve, acima de tudo, enrentar a
dimenso central da excluso social,
a perda da auto-estima.
A oportunidade de conviver einteragir em um processo pedag-
gico de incluso social, por meio de
um viveiro educador, pode estimular
os participantes a vivenciarem o pro-
tagonismo cotidiano em aes que
busquem reverter o atual quadro de
degradao socioambiental em que
vivemos.Aes como a coleta de semen-
tes, a produo de uma muda ou o
plantio de uma rvore, estimulados
por processos educadores coletivos e
intencionais desenvolvidos no vivei-
ro, podem trazer aos participantes o
sentimento de pertencimento, reper-
cutindo positivamente na recupera-
o da auto-estima perdida.
vital que as aes desenvolvidas
tragam em seu bojo a coletividade e
o pensamento sistmico, orientando
a caminhada rumo a construo de
sociedades sustentveis, nas quais o
direito a ter direitos seja reconhecido
em toda sua plenitude.
As prticas desenvolvidas no
viveiro tambm devem estimular a
atuao do grupo envolvido em con-
selhos, runs, grupos de trabalho,
associaes, cooperativas, enm,
em todas as ormas de organizao
social com potencial de mobilizar emotivar a populao a assumir suas
responsabilidades.
Dessa maneira, as aes e apren-
dizados desencadeados pelo conv-
vio em um viveiro educador podem
contribuir consideravelmente em um
processo de incluso social.
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33Projeto Poltico Pedaggico
Profissionalizao, geraode emprego e renda
Alinhar a conduo das ativida-
des do viveiro educador s polticaspblicas de desenvolvimento social,
em especial, as de gerao de tra-
balho e renda, pode proporcionar
resultados extremamente positivos
nos processos de prossionalizao
desencadeados.
um desao enorme, que de-
pende do comprometimento emobilizao dos dierentes atores
governamentais e empresariais en-
volvidos, e de toda a comunidade.
Podemos destacar trs eixos
estratgicos na busca pela prossio-
nalizao e a gerao de emprego
e renda: a capacitao prossional
pautada em aspectos pedaggicos
emancipatrios, o acesso ao crdito
popular ou microcrdito e a gerao
de alternativas de mercado.
Nesse processo importante
envolver parceiros com atuao dire-
cionada prossionalizao, como
o Sebrae, o Senac, entre outros,
procurando inserir as demandas
especcas das reas de atuao do
viveiro, entre os cursos e processos
de ormao desenvolvidos por estas
instituies.
Um viveiro conduzido como es-
pao de convvio solidrio e voltado
para a prtica de valores humanos
deve proporcionar aos envolvidos
a oportunidade de construir sua
prossionalizao sobre sua prpria
base vocacional de dons e habilida-
des naturais.
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34 Viveiros Educadores Plantando Vida
Deve-se buscar a construo de
um perl prossional caracterizado
pela busca por relaes econmicas
e comerciais mais justas.
O momento requer um esoro
de ormao de prossionais com-
prometidos com as transormaes
socioambientais esperadas, o que
implica no desenvolvimento e utiliza-
o de metodologias e instrumentos
adequados, no intercmbio de ex-
perincias exitosas e na construo
compartilhada de novos reerenciais.
A prossionalizao despertada
a partir dos processos de ormao
desencadeados junto aos viveiros
educadores, deve estimular jovens
e adultos a identicar na produo
de mudas e suas atividades comple-
mentares, a possibilidades de acesso
renda.A produo tem um custo e tam-
bm resulta na gerao de uma ren-
da, seja por meio da venda das mu-
das produzidas, ou pelos inmeros
servios e benecios socioambientais
desencadeados em conseqncia de
sua existncia.
Inmeras tcnicas e habilidades
podem ser desenvolvidas e ortaleci-
das a partir da atuao em um vivei-
ro educador, desde que conduzidas
de orma intencional, com a contri-
buio de parcerias qualicadas, e
direcionadas ormao prossional
e gerao de novas alternativas de
mercado.
Coleta de sementes, produo de
mudas nativas, ornamentais e me-
dicinais, recuperao de reas de-
gradadas, tcnicas de enxertia e es-
taquia, ruticultura, implantao de
sistemas agroforestais, arborizao
urbana, paisagismo, jardinagem, ar-tesanato, entre outras possibilidades
devem ser buscadas e desenvolvidas.
O ecomercado uma rente
ainda em ormao e desenvol-
vimento na economia atual. Essa
perspectiva de relao econmica
cresce a cada dia, e diante do acele-
rado ritmo das mudanas climticasglobais, no ser mais uma rente
marginal de atuao, e sim, um pa-
dro de comportamento consciente,
estimulado e popularizado em todo
o mundo.
As mudanas exigidas nesse
processo de converso econmica
so de carter estrutural e no selimitam a questes conjunturais,
ainda que estas possam reorientar o
processo.
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35Projeto Poltico Pedaggico
O trabalho e o emprego no utu-
ro certamente tero outra natureza,
bem dierente da conhecida e prati-
cada atualmente.
Tais transormaes demandam
recursos humanos com ormao
integral e sistmica, capazes de ler e
interpretar a realidade de orma crti-
ca, com capacidade de trabalhar em
grupo, partilhar responsabilidades e
intererir em seu meio de orma res-
ponsvel, criativa e sustentvel.
Os indivduos que aproveitarem
as oportunidades de aprendizado
proporcionadas no viveiro educador
construindo novos conhecimentos,
baseados na uso de elementos
acadmicos e populares, tendem a
se sobressair.
Uma orma de organizao co-
letiva que pode contribuir em todoesse processo a constituio de
cooperativas. Uma cooperativa de
trabalho uma onte de produo e
prestao de servios, administrada
e gerida unicamente por seus asso-
ciados, todos com os mesmos direi-
tos e obrigaes.
A caracterstica autnoma, de-mocrtica e coletiva das cooperativas
acilita o acesso a crditos, que indi-
vidualmente no poderiam ser aces-
sados, bem como, diminui os custos
gerados em processos de compra e
venda.
Uma cooperativa de viveiros
pode trazer inmeros benecios aoscooperados, desde a diminuio dos
custos de produo at a comerciali-
zao coletiva do que oi produzido.
cada vez mais necessrio no
enrentamento e superao dos
aspectos excludentes da economia,
trabalhar de orma articulada, rom-
per com a lgica de aes ragmen-
tadas e setorizadas, que provocam
a sobreposio de aes similares, e
consomem desarticuladamente re-
cursos e energia para o mesmo m.
O PRONAF - Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura
Familiar outra promissora possibi-
lidade de acesso a crditos para pe-
quenos produtores que pretendam
conduzir viveiros educadores.
O programa, que tem diversas
linhas de nanciamento, omenta
em sua vertente forestal, o PRONAF
FLORESTAL, a produo de mudas
e o plantio de espcies forestais,
apoiando os agricultores amiliaresna implementao de projetos de
reforestamento, manejo susten-
tvel de uso mltiplo, e sistemas
agroforestais.
Essa iniciativa pretende preencher
uma lacuna que existe na relao
com a agricultura amiliar, e contem-
plar uma categoria de produtoresque historicamente estiveram
margem, ou pouco avorecidos, por
nanciamentos pblicos.
Como se v existem inmeras
possibilidades de prossionalizao
e gerao de emprego e renda asso-
ciadas ao viveiro. Basta despert-las
no seu vivenciar, refetindo e prati-cando de orma consciente e solid-
ria junto comunidade na qual est
inserido.
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36 Viveiros Educadores Plantando Vida
Arborizao Urbana
O elevado crescimento popu-
lacional e a alta de planejamento
urbano tem proporcionado inmerosrefexos negativos para a qualidade
de vida da populao que vive nas
cidades.
Desencadear um processo de
arborizao de centros urbanos ,
no atual contexto, uma necessidade
ambiental, principalmente nas gran-
des cidades, onde h, em geral, umacobertura vegetal insuciente.
Alm da uno paisagstica, as
rvores plantadas amenizam uma
srie de atores negativos presentes
no meio urbano.
Entre suas principais contribui-
es destacam-se:
Diminuio da poluio sonoraproduzida pelos rudos no trnsito e
fuxo de pessoas.
Reduo dos nveis de po-
luio atmosrica por meio da
captura de partculas slidas e gs
carbnico(Co2) lanado em excesso
no ambiente urbano.
Melhoria do conorto trmico
proporcionado pelo sombreamento
advindo das rvores.
Aumento da umidade relativa do
ar.
Ampliao da permeabilidade do
solo, contribuindo para a diminui-
o da possibilidade de enchentes e
enxurradas.
Abrigo e alimento para a au-
na urbana, e animais silvestres em
trnsito.
Melhoria no quadro de poluio
visual, um dos atores que promo-
vem o estresse urbano.
O processo de requalicao ur-bana passa pela arborizao de seus
espaos de convvio social.
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37Projeto Poltico Pedaggico
Esse processo tem um enorme
potencial pedaggico e proporciona
s comunidades envolvidas a oportu-
nidade de rever a orma como suas
ruas, bairros, praas e lares esto
estruturados.
Diversas atividades educativas
podem ser desencadeadas de orma
intencional a partir da arborizao
urbana.
O simples ato de plantar e cui-
dar do que oi plantado, desde que
devidamente conduzido, pode des-
pertar sentimentos de solidariedade,
tica, coletividade e responsabilidade
socioambiental.
Nesse processo, a comunidade
pode restabelecer laos a muito tem-
po perdidos nos grandes centros, e
aproximar-se da cultura do plantar.
No entanto, ao desencadearaes de educao ambiental asso-
ciadas arborizao urbana, deve-se
atribuir a elas um carter crtico e
emancipatrio, gerando refexes
sobre os aspectos polticos, econ-
micos e culturais ligados questo
ambiental.
Desse modo, os viveiros educado-
res podem ter na arborizao urbana
uma importante rente de atuao,
proporcionando atravs das prti-
cas geradas, o estmulo para que a
comunidade assuma uma postura
consciente e atuante, na transorma-
o do ambiente em que vive.
Viveiros conduzidos por associa-
es de moradores, centros de edu-
cao ambiental, escolas, preeituras
e outras instituies, podem assumir
um papel de protagonismo nesse
processo, adotando uma rua, um
bairro, ou mesmo, dependendo de
sua dimenso, a cidade toda.
Para isso, necessrio estabe-
lecer parcerias que assegurem e
legitimem esse processo, uma vez
que o poder pblico municipal o
responsvel legal pela arborizaodas cidades.
Nesse sentido, deve ser buscada
a articulao necessria para a anu-
ncia e participao de secretarias
municipais de meio ambiente, de-
partamentos de parques e jardins, e
outros rgos envolvidos na concre-
tizao dessa iniciativa.
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3 Viveiros Educadores Plantando Vida
O viveiro como instrumentode organizao socialde Comunidades e
Assentamentos RuraisTrabalhar coletivamente em as-
sentamentos e comunidades rurais
um grande desao. A alta de
organizao social, a diculdade em
atuar em grupo e as questes de
gnero que desestimulam e com-
prometem a participao eminina,
so os principais entraves para odesenvolvimento de aes coletivas
no campo.
Um viveiro educador pode ser
um ecaz instrumento de ao,
capaz de promover o avano da
capacidade de organizao coletiva
dentro de um assentamento, seja
em pequenos viveiros implantadosindividualmente em cada quintal ou
pela organizao coletiva em torno
de um viveiro comunitrio.
Um grupo pequeno de amlias
pode conduzir e administrar coletiva-
mente um viveiro, executando todas
as tareas que a atividade necessita,
sem comprometer com isso, a pro-duo individual de cada amlia.
Com sete amlias administrando
coletivamente um viveiro, cada uma
delas trabalhar apenas um dia por
semana, deixando os outros seis
dias livres para outras atividades
produtivas. Cabe ressaltar que este
apenas um dos possveis modelos deadministrao de um viveiro em as-
sentamentos e comunidades rurais.
A refexo sobre como conduzir as
atividades e envolver a comunidade
no processo deve levar sempre em
considerao o contexto local e suas
especicidades.
No incio do processo, vital criar
coletivamente, regras claras de ad-
ministrao e convivncia. Atividades
como coleta de sementes, produo
das mudas, manuteno do viveiro
e comercializao, assim como, a
diviso das tareas e a diviso da
produo nal devem ter regras bem
denidas, de orma que as pessoas
se sintam esclarecidas e seguras em
trabalhar em grupo.
importante criar e valorizar
espaos de reunio que propor-
cionem a todos a oportunidade de
se expressarem e contribuirem no
processo.
Mutires e outras ormas decooperao podem surgir a partir
da aproximao gerada pelo hbito
de se reunir e discutir coletivamente
estratgias de enrentamento dos
problemas da comunidade.
O trabalho coletivo no viveiro
pode gerar um vnculo de responsa-
bilidade e conana entre os envol-vidos, de orma que com o tempo,
a credibilidade esteja presente nas
relaes pessoais, e esse comporta-
mento se estenda a outros mbitos
da comunidade.
Um grupo pequeno de pessoas
desenvolvendo uma atividade de
sucesso, que traga melhorias para acomunidade, um grande exemplo,
e pode infuenciar o surgimento de
outras iniciativas de organizao e
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3Projeto Poltico Pedaggico
produo coletiva. Comear peque-
no, mas de orma coletiva e organi-
zada pode trazer grandes resultados
para todos.
A perspectiva educadora surge
quando a ao coletiva que desen-
cadeou a produo de mudas
exemplar e o viveiro torna-se uma
reerncia na comunidade.
Muitos so os casos de pes-soas que alm de produzirem suas parcelas, traba-lham fora, vendendo suafora de trabalho para
complementar a renda dafamlia. Um viveiro de mudas,administrado de forma co-munitria uma atividadeque no exige exclusividade,permitindo que as pessoasenvolvidas possam desen-volver outras atividades
durante a semana sem comisso compromet-las.
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40 Viveiros Educadores Plantando Vida
Pesquisa e Desenvolvimento
A cultura predominante em
nossa sociedade tem por hbito va-
lorizar os saberes cientcos e acad-micos, e reduzir ou mesmo ignorar o
saber popular.
O conhecimento tradicional,
construdo nos processos cotidianos
de aprendizagem, tem sido histori-
camente, e de orma equivocada,
relegado a um segundo plano.
Para o desenvolvimento de pes-quisas que tragam contribuies
realmente estruturantes para a cons-
truo de sociedades sustentveis
necessrio direcionar as linhas de
pesquisa para temas que busquem
atender as demandas prioritrias
da nossa sociedade, privilegiando o
atendimento s camadas menos a-vorecidas da populao.
essencial romper com a lgica
e a dinmica dos nanciamentos de
pesquisa realizados com recursos
provenientes de grupos e segmen-
tos empresariais que se utilizam do
capital para nanciar e direcionar as
linhas de estudo desenvolvidas emcentros de pesquisa e universidades
pblicas para o interesse prprio,
sem reverter para a comunidade os
avanos alcanados.
Inmeras pesquisas podem ser
desenvolvidas a partir do viveiro,
utilizando como objeto de estudo os
dierentes aspectos ligados a produ-o de mudas e o plantio de rvores,
assim como, acerca das relaes in-
ter-pessoais que so geradas a partir
do convvio no viveiro e na relao
com a comunidade na qual ele est
inserido.
Procedimentos pedaggicos
inovadores, metodologias partici-
pativas de diagnstico, materiais
alternativos para a construo de
viveiros, tcnicas para a quebra de
dormncia, germinao, secagem
e armazenamento de sementes,
tcnicas inovadoras de enxertia e
reproduo vegetativa, estratgias
para recuperao de reas degra-
dadas, seqestro de carbono, assim
como, estratgias e solues ecolo-
gicamente corretas de convivncia,
preveno e combate ormigas e
patgenos especcos so apenas
algumas das inmeras possibilidades
de pesquisa que podem ser conduzi-
das utilizando a estrutura do viveiro,a produo de mudas e o plantio de
rvores como temas geradores.
Cabe a esta linha de ao esta-
belecer os indicadores e parmetros
tcnicos, produtivos, educativos, am-
bientais, sociais, econmicos, institu-
cionais e polticos a serem adotados
e ou pesquisados.O grande desao ser capaz de
religar e integrar, de orma respeito-
sa e complementar, os conhecimen-
tos acadmicos com o saber emp-
rico, construdo ao longo do tempo
por dierentes geraes e culturas
para, a partir da, conduzir ensaios,
experimentos, pesquisa-ao e ou-tros tantos processos que busquem
a construo coletiva de conheci-
mento a servio da coletividade.
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41Projeto Poltico Pedaggico
Comrcio Solidrio
O Brasil, como pas em processo
de desenvolvimento, sore as conse-
qncias negativas da globalizaodo capital. Esse enmeno refete
diretamente nos altos ndices de de-
semprego e subemprego do pas.
Este quadro proporciona um
crescimento econmico de carter
caractersticasGeraodetrabalhoerenda. Acessoevalorizaodemercadoslocaisesolidrios. Estabelecimentod
erelaesduradourasedeconfianamtua. Pagamentodepreojustopelaproduo. Resgateevalorizaodossistemasdetroca.Relaesdemocrticasdetrabalho.
Valorizaodoconhecimentotradicional. Gestocompartilhadanabuscapela
auto-sustentabilidade.Transparnciaeprestaodecontas. Capacitaoequalificaodaequipeenvolvida. Valorizaoepreservaoambiental.
excludente, que provoca a elevao
do setor inormal da sociedade. Tais
eeitos so vivenciados principalmen-
te nas classes menos avorecidas,
que no tm acesso a conhecimen-
tos bsicos.
Muitas experincias coletivas
de trabalho e de produo esto
se disseminando em todo o pas.
So cooperativas de produo, de
crdito, de servios e de consumo,
associaes de produtores, empresas
em regime de autogesto, bancos
comunitrios e organizaes popula-
res, no campo e na cidade.
Essas iniciativas azem parte de
um processo de transormao dos
modelos econmicos atuais, em uma
economia solidria (Singer, 2002).
O comrcio solidrio procura criar
meios e oportunidades para melho-rar as condies de vida e de traba-
lho dos produtores, especialmente
os pequenos, buscando construir
uma relao mais justa entre consu-
midores e produtores.
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42 Viveiros Educadores Plantando Vida
Nesse processo, busca-se ultra-
passar as diculdades de comerciali-
zao do atual modelo econmico,
e garantir aos produtores, o acesso a
mercados justos, pautados em pro-
cessos sustentveis.
vital que os caminhos adota-
dos assegurem a sustentabilidade
da produo, e a transparncia na
composio do preo, que acarrete
no pagamento justo pelos produtos
ou servios prestados. Aprender a
identicar e dimensionar os custos
sociais e ambientais das atividades
produtivas se torna erramenta signi-
cativa na reviso dos custos de pro-
duo e, portanto, dos preos nais
no mercado.
Nessa perspectiva, devem ser
considerados os valores humanos e
a contribuio dos empreendimen-tos ao bem-estar social e ambiental.
Tais atores tm se tornado cada vez
mais importantes na escolha de que
mercadorias consumir.
Empresas, investidores e consu-
midores so agentes sociais, cuja
responsabilidade vai alm da gera-
o de empregos e impostos, se es-tendendo promoo do bem-estar
e da qualidade de vida da sociedade.
vital que os atores sociais en-
volvidos passem de agentes passivos
a cidados atuantes e pr-ativos.
Nessa perspectiva, importante que
as atividades desenvolvidas pelo vi-
veiro educador estimulem a adoode prticas comerciais calcadas nos
princpios e premissas do comrcio
solidrio.
desejvel que, na medida do
possvel, os viveiros educadores pro-
curem se associar a outros viveiros
com o intuito de constituir redes de
produo e comrcio solidrio de
mudas, que proporcionem o inter-
cmbio regional e garantam a per-
petuao de espcies nativas, que
em muitos casos se encontram em
vias de extino.
A operacionalizao desse pro-
cesso um desao que demanda
dedicao e comprometimento de
todos e, em um primeiro momento,
por questes e valores que esto
arraigados no comportamento oci-
dental, parece pouco provvel de ser
viabilizado.
No entanto, estimular as pessoas
e grupos envolvidos a buscarem a
construo desse processo extre-mamente saudvel, e pode tornar-se
uma reerncia inovadora e positiva
nas relaes entre viveiros.
Inmeros produtos podem ser
gerados e comercializados a partir
da produo de um viveiro.
O plantio das dierentes mudas
produzidas em um viveiro podegerar, desde que adequadamente
extrados e devidamente
processados, rutas secas ou in
natura, doces, conservas, compotas,
leos, resinas, garraadas e uma
innidade de produtos artesanais
desenvolvidos a partir de espcies da
fora nativa.Sistemas de troca devem ser
incentivados, valorizando a cultura
local e a fora da regio, enatizan-
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43Projeto Poltico Pedaggico
do ainda, o valor social agregado
produo.
Estimular e ortalecer ao longo
do processo, o valor simblico e li-
bertrio da troca, seja em eiras or-
ganizadas, ou mesmo diretamente
com outros membros da comunida-
de, extremamente desejvel.
importante criar espaos pbli-
cos e organizados onde o comrcio
solidrio seja priorizado. Feiras livres
e pontos de venda descentraliza-
dos so algumas possibilidades de
comercializao para os viveiros
envolvidos.
No existe ainda uma regula-
mentao que promova a certica-
o e o controle de qualidade das
mudas para o mercado interno.
Como estratgia de superao
a essa questo, as associaes ouredes de viveiros que trabalham com
produo de mudas na perspectiva
do comrcio solidrio, devem cer-
ticar os produtos com sua prpria
marca, criando um selo com nome
prprio, como orma de atestar
a origem dos produtos que so
comercializados nos pontos devenda solidrios.
Outro aspecto que deve ser en-
atizado quando se ala em comr-
cio solidrio o sistema de compras
coletivo. Os produtores devem bus-
car negociar coletivamente a com-
pra de embalagens, adubos e todo
material de consumo necessrio
produo de mudas.
Em uma perspectiva local tal me-
dida pode reduzir o valor do rete
envolvido no transporte, tanto das
compras quanto da distribuio da
produo.
Esse procedimento reduz bastan-
te os custos envolvidos, na medida
em que negociar coletivamente mo-
vimenta volumes maiores, acilita a
negociao e possibilita uma econo-
mia energtica acima de tudo.
Como se v, atuar coletivamente
e em uma perspectiva solidria sortalece as aes desenvolvidas
pelos viveiros educadores, seja nas
vertentes ligadas a produo e co-
mercializao, ou ainda pela
caracterstica humana e
pedaggica que o pro-
cesso tem.
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44 Viveiros Educadores Plantando Vida
A realizao de parceriaslocais e a sustentabilidadedo Viveiro Educador
A escassez de recursos tantonanceiros quanto humanos para
se enrentar a problemtica so-
cioambiental um ator que tem
intererido signicativamente na
eetividade e continuidade das aes
defagradas.
A amplitude e complexidade
que a questo envolve demandamuma elevada capacidade de orga-
nizao e articulao para o seu
enrentamento.
A interao entre o poder pbli-
co, o setor privado, a sociedade civil
organizada e a comunidade um
arranjo promissor como alternativa
para convergir esoros. Esta integra-
o deve ser buscada permanente-
mente, e de orma pr-ativa.
No se trata apenas da busca por
recursos nanceiros, mas tambm,
da procura por habilidades, conhe-
cimentos, estruturas e outros subs-
dios que proporcionem aos indivdu-
os, grupos e instituies que atuam
rente dos viveiros educadores as
condies necessrias para que ele
desempenhe adequadamente o pa-
pel que dele se espera.
Nessa perspectiva, undamental
a realizao de um mapeamento
atento aos aspectos relacionados
diversidade socioambiental da re-
gio, na busca por polticas pblicas
convergentes, programas, projetos
e aes de educao ambiental em
andamento, assim como, institui-
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45Projeto Poltico Pedaggico
es, grupos e movimentos que pos-
sam produzir sinergia.
Em geral, em municpios muito
pequenos as pessoas e instituies
que participam dos dierentes oros
e arenas onde so tratadas as ques-
tes ambientais so as mesmas. H a
necessidade de multiplicar esoros e
potencializar a capacidade instalada
no local, sob o risco de esvaziar as
discusses desenvolvidas no mbito
do viveiro e nos dierentes outros
processos relacionados.
A parceria com as diversas ini-
ciativas convergentes como as Salas
Verdes, COM VIDAS, Coletivos
Educadores, Pontos de Cultura,
Frum Lixo e Cidadania, Comits de
Bacia entre outros, devem ser esti-
muladas com o intuito de criar laos
de cooperao mtuos, baseados
em princpios democrticos, e em
prol de objetivos comuns.
Todo esse processo deve buscar
ainda, a viabilizao de uma ampla
rede de viveiros educadores estrate-
gicamente distribudos e estrutura-
dos local, regional e nacionalmente.
Este um sonho de uturo, a ser
construdo como uma utopia poss-
vel de ser alcanada.
Diante de tamanho desao, ca
claro que a realizao de parcerias
deve ser buscada cotidianamente,
estimulando a realizao de encon-
tros presenciais e distncia, para
intercmbios, dilogos ormao
tcnica e pedaggica dentre outros
processos que promovam o surgi-
mento de sinergias e aprendizados a
partir das relaes estabelecidas.
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46 Viveiros Educadores Plantando Vida
Procedimentos Tcnicos
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47Procedimentos Tcnicos
Para adequar e compatibilizar os procedimentos
tcnicos adotados em um viveiro educador s necessi-
dades demandadas na construo de sociedades sus-
tentveis, importante o estudo, seleo e emprego
de tecnologias apropriadas, que utilizem racionalmente
os recursos naturais e energia disponveis, causando o
mnimo impacto ao meio ambiente e gerando ao longo
do processo benecios sociais e ambientais.
A ao produtiva no deve visar apenas os aspectos
quantitativos ligados maximizao da produo e
dos lucros, pautados exclusivamente pela racionalidade
econmica. necessrio buscar o equilbrio e a har-
monizao entre aspectos quantitativos e qualitativos,
entre a racionalidade econmica e a sustentabilidade
ambiental.
As escolhas e decises devem basear-se em novas
ormas de produzir, compatibilizando o processo de
aprendizado permanente com a produo comprome-
tida com a biodiversidade e a sustentabilidade humana.
Dentre os componentes tcnicos neces-srios a uma adequada instalao e ma-
nuteno de um viveiro lembramos comoprioritrios os ITENS A SEGUIR:
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4 Viveiros Educadores Plantando Vida
Quando pensamos em construir
um viveiro, a primeira pergunta a
surgir : Qual o local ideal?
No momento da escolha, es-
sencial observar os inmeros atores
que de alguma maneira podem
infuenciar positivamente ou negati-
vamente a conduo dos trabalhoscom o viveiro. muito importante
levar em considerao no momento
da escolha, atores como:
O lugar definido deveapresentar algumascaractersticas bsicas,com o intuito de tornar otrabalho mais eficiente,e facilitar as aesconduzidas no dia a dia.
Escolha do local
Abastecimento de gua
O ornecimento de gua es-
sencial para o desenvolvimento das
atividades em um viveiro. o princi-
pal ator a ser observado na escolha
do local mais adequado para sua
construo. A rea escolhida deve
ser prxima a alguma onte segura,
capaz de ornecer gua de boa qua-
lidade, livre de doenas ou produtos
qumicos, e em abundncia, durante
o ano todo.
O abastecimento de gua de um
viveiro no pode ser interrompido
por longos perodos, sob o risco de
todo o trabalho de produo de mu-
das ser perdido caso isso ocorra.
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4Procedimentos Tcnicos
Rios, crregos, lagos, reservat-
rios articiais, cisternas, poos arte-
sianos ou gua encanada da rede
pblica so as ontes mais utilizadas.
Todavia, uma boa estratgia para
quem no dispe de locais auto-su-
cientes no ornecimento de gua,
construir estruturas de captao de
gua da chuva.
Utilizadas milenarmente por in-
meras civilizaes, e diundidas com
grande xito na regio do semi-ri-
do, elas apresentam grande vocao
e potencial para serem utilizadas em
todo o pas.
Relevo
O terreno escolhido deve ser o
mais plano possvel, acilitando os
trabalhos e a locomoo dentro doviveiro. Porm, desejvel que haja
uma leve inclinao, para evitar que
a gua que empossada, e atraia
assim, ungos e outros seres que
possam vir a comprometer a sade
das plantas.
Os canteiros devem ser sempre
dispostos de orma perpendicular
ao sentido da inclinao do terreno,
com o intuito de conter a velocidade
da gua, e evitar a ormao de ero-
so entre os canteiros. Caso a rea
disponvel apresente uma grande
inclinao, deve-se dividir a rea do
viveiro em degraus, de orma que os
canteiros quem sempre numa su-
percie plana.
Luminosidade
O viveiro tem como caracterstica
principal a diminuio da intensida-
de dos raios solares que incidem so-
bre as mudas. Todavia, o local onde
ser instalado o viveiro deve receber
luz solar e calor durante todo o dia.
O sol vital em todo o processo.Os canteiros devem estar pree-
rencialmente dispostos no sentido
nascente poente, para que as mu-
das quem expostas de orma ho-
mognea aos raios solares, ao longo
de todo o dia.
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50 Viveiros Educadores Plantando Vida
Proteo contra o vento
No momento da escolha vital
observar o comportamento dos ven-
tos predominantes no local. Ventosortes so capazes de derrubar ou
mesmo quebrar as mudas, alm
de ressecar o ambiente, tornando
necessrio uma irrigao mais cons-
tante, e aumentando com isso o
consumo de gua.
Caso seja necessrio, interes-
sante a ormao de quebra ventosnaturais, utilizando para isso, rvores
robustas, plantadas em duas ou trs
leiras paralelas em volta do viveiro.
importante destacar que as r-
vores utilizadas como quebra vento
no devem sombrear o viveiro, mas
permitir a boa circulao de ar. Para
isso, a distncia entre as rvores e
o viveiro, deve ser maior ou igual a
altura das rvores quando adultas.
As espcies escolhidas para
ormar a cortina de quebra vento
devem ser adaptadas as condies
da regio, e apresentar algumas ca-
ractersticas como: alta fexibilidade,
olhagem perene, crescimento rpi-
do, copa bem ormada e razes bem
proundas.
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51Procedimentos Tcnicos
Para alcanar melhoresresultados com a proteodo vento, alguns cuidados
devem ser observados:A altura da proteo contra o
vento deve ser dimensionada de
acordo com o tamanho do viveiro.
Quanto maior or o viveiro, mais al-
tas devem ser as rvores plantadas;
A proteo deve ser homog-
nea em toda a extenso do quebra
vento; importante que no haja alhas
na barreira ormada pelo quebra
vento, com o intuito de evitar o au-
nilamento da corrente de ar;
O quebra vento deve estar po-
sicionado perpendicularmente di-
reo dos ventos predominantes na
regio.
Acesso ao viveiro
O viveiro deve estar em um local
de cil acesso, preerencialmente
conectado a boas estradas, buscan-
do acilitar a entrada e sada de ve-culos, pessoas e materiais de manu-
teno, e a retirada das mudas para
o plantio ou comercializao.
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52 Viveiros Educadores Plantando Vida
Alm da estrutura do viveiro
necessrio construir algumas instala-
es que daro suporte no processo
de produo de mudas. Entre elas
destacam-se:
Galpo
essencial a construo de um
galpo que d suporte ao processo
de produo de mudas. vital pro-
teger as sementes coletadas da ao
do vento, sol e chuva, proporcionan-
do condies adequadas para o seu
armazenamento.O galpo pode ter ainda um
cmodo para guardar erramentas
e materiais de consumo de orma
segura. A estrutura pode ser eita de
alvenaria, barro ou mesmo madeira.
O importante ser bem ventilado e
seco, evitando a presena de umi-
dade e altas temperaturas em seu
interior.
interessante e desejvel, cons-
truir uma rea coberta, porm aber-
ta, conectada ao galpo, com o in-
tuito de realizar de orma mais con-
ortvel e produtiva, as operaes
de preparo do substrato (mistura de
terra, areia e adubo orgnico), bem
como o enchimento dos recipientes
(saquinhos ou tubetes).
Estruturas necessrias para
a conduo das atividades
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53Procedimentos Tcnicos
Sementeira
o local onde eita a semeadu-
ra, um estgio intermedirio, ante-
rior ao plantio da muda no saquinhoou tubete, sendo bastante indicado
para espcies com baixo ndice de
germinao.
A sementeira um canteiro que
recebe diretamente as sementes,
para que elas possam germinar, e
depois, quando estiverem com o
porte necessrio, serem transplanta-das com acilidade para recipientes
individuais at que sejam levadas em
denitivo campo.
A terra utilizada na sementeira
deve ser de preerncia arenosa,
para acilitar a retirada das mudas
durante a operao do transplante,
tambm chamado de repicagem.
Deve-se ainda, evitar a utilizao de
terras que carreguem sementes anti-
gas, elas so indesejadas nesse pro-
cesso, uma vez que, a identicao
das sementes que oram semeadas
dicultada, e sua retirada demanda
trabalho extra.
importante que haja uma pro-
teo lateral para o canteiro, com o
intuito de evitar que no processo de
irrigao a terra escorra lateralmen-
te, e se perca um grande nmero
de sementes. Essa proteo pode
ser eita de tijolos, ripas de madeira
ou bambu, bem como, qualquer
outro material que a criatividade
possibilitar.
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54 Viveiros Educadores Plantando Vida
Assim como no viveiro, dese-
jvel que a cobertura eita para a
sementeira bloqueie boa parte dos
raios solares que incidem em seuinterior, proporcionando condies
mais avorveis germinao, seme-
lhantes s encontradas embaixo das
rvores ou no interior das matas.
O tamanho da sementeira deve
variar de acordo com a produo de-
sejada e a disponibilidade de espao.
Todavia, a largura no deve passarde 1 metro, visando acilitar as ope-
raes de semeadura e transplante
(retirada de mudas ).
Ptio
necessrio, no momento de
planejamento, destinar boa parte doterreno a ser utilizado para a produ-
o de mudas, para a ormao do
ptio.
As mudas podero permanecer
no ptio por um longo perodo
de tempo, at serem levadas para
o campo em denitivo. As mudas,
principalmente as de espcies nati-vas, ou de comportamento avor-
vel alta luminosidade, devem ser
transportadas do viveiro para o ptio
mais rapidamente, entre 2 e 4 meses
aps a germinao.
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55Procedimentos Tcnicos
O tempo em que a muda per-
manecer no ptio vai depender da
nalidade de sua utilizao. Caso
sejam destinadas arborizao ur-
bana, ou recuperao de reas de-
gradadas, desejvel que as mudas
permaneam mais tempo no ptio,
para que sejam rusticadas.
As mudas devem car dispostas
em canteiros, como no viveiro, sen-
do tambm necessria a construo
de uma proteo lateral que evite o
tombamento das mudas. A proteo
pode ser eita com arame, ou outro
material disponvel na regio, tendo-
se apenas a preocupao de atingir
a metade do tamanho do saquinho.
O ptio deve estar a cu aberto,
e ser cercado com o intuito de evitar
a entrada de animais, o que pode
causar grandes estragos, principal-
mente se o viveiro estiver situado no
meio rural.
O solo do terreno a ser utilizado
como ptio deve ser o mais poroso
possvel, e um pequeno desnvel
desejvel, para evitar o acmulo de
gua entre as mudas, bem como o
empoamento de gua da chuva ou
proveniente da irrigao.
Uma vez construdo oviveiro quais so osprximos passos parainiciar a produo demudas?
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56 Viveiros Educadores Plantando Vida
A coleta das sementes oprimeiro passo no processoprodutivo de um viveiro,e por ser a produo demudas um processo delicadoe que leva tempo, a escolha
de sementes de qualidade primordial para ter-se um resultado finalsatisfatrio. Para isso,alguns cuidados devem sertomados:
Escolha da rvore matriz
A escolha correta das rvores
para a coleta de sementes essen-
cial para o sucesso do plantio. As
rvores escolhidas devem apresen-
tar porte avantajado, crescimento
uniorme, uma boa produo de
sementes, ser vigorosa e livre de
doenas.
Uma boa rvore matriz no
muito jovem nem muito velha. im-
portante escolher para cada espcie
a ser coletada, o maior nmero pos-
svel de rvores matriz, com o intuito
de aumentar a diversidade gentica,e no sobrecarregar nenhuma delas.
Estas rvores devem ser marcadas
com plaquetas, ou mesmo tintura
natural, e deve ser eito um mapa
com o posicionamento de cada rvo-
re para orientar as coletas dos anos
seguintes.
Como realizar a coleta de sementes?
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57Procedimentos Tcnicos
poca da coleta
A poca de coleta de sementes
varia de regio para e regio, e
tambm para as dierentes espcies. importante observar o comporta-
mento das espcies no local onde
vive, bem como, buscar pesquisas j
realizadas sobre o assunto, e obter
inormaes com pessoas mais expe-
rientes, ou que vivam no meio rural
em sua regio.
Uma vez conhecida a poca deruticao, devem ser eitas expe-
dies de coleta de 15 em 15 dias,
ou em intervalos menores de tempo,
procurando observar o estado de
maturao das sementes, uma vez
que as sementes devem ser cole-
tadas somente quando estiverem
quase maduras, e preerencialmenteno p.
Deve-se evitar coletar sementes
verdes, que no estejam totalmen-
te desenvolvidas. Estas sementes
provavelmente no germinaro,
ou tero o seu desenvolvimento
comprometido.
Uma orma de saber se a semen-
te j est no ponto de ser coletada,
observar o momento em que as
sementes esto comeando a cair.
Este um bom indicador de que j
esto prontas para ser coletadas.
Outra orma de sabermos se as
sementes esto prontas obser-
vando se elas j atingiram a colora-
o do ruto quando maduro.
Quando puxamos ou tentamos
cortar um ramo cheio de semen-
tes em uma rvore, e este, no se
rompe com acilidade, ainda muito
ligado a ela, um indicador de que
ainda no a hora de realizar a co-
leta, uma vez que aquelas sementes
ainda precisam de um contato maior
com a rvore, para tornar-se prontas
para germinar.
Espcies que gerem sementesmuito pequenas, e que se espalham
ao cair, devem ser coletadas pree-
rencialmente ainda no p, para evi-
tar perdas atravs da ao do vento.
muito importante no coletar
todas as sementes viveis em uma
rvore. Um grande nmero de ani-
mais silvestres depende daquelassementes para sobreviver, portanto,
essencial saber colet-las, sem com
isso, diminuir signicativamente a
oerta de alimentos para a auna
local.
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5 Viveiros Educadores Plantando Vida
Mtodos de Coleta
Existem diversos mtodos de co-
leta, desde mtodos modernos que
utilizam equipamentos sosticadosde escalada para alcanar a copa das
rvores, at mtodos simples e mais
acessveis realidade do campo.
So nesses mtodos que vamos nos
concentrar.
Coleta com podes
Os podes so instrumentos en-
contrados acilmente em casas de
erramentas, e que servem para a-
zer a coleta dos ramos ainda no p,
podendo atingir a parte alta das r-
vores dependendo do seu tamanho.
O podo um instrumento
cortante, que deve ser preso a umcabo, que pode ser um varo de
madeira o mais comprido possvel.
interessante utilizar madeiras leves
como cabo do podo, para acilitar
o seu manuseio e transporte pela
mata.
Subindo na rvore
Subir nas rvores uma outra
orma muito usada e com bons
resultados para a coleta, porm r-vores muito altas e de dicil acesso
p