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Fonte: http://www.genizahvirtual.com/2014/08/niilismo-eclesiastico-uma-analise-do.html?
Niilismo Eclesiástico Uma Análise do Movimento dos Desigrejados
Fonte: http://www.genizahvirtual.com/2014/08/niilismo-eclesiastico-uma-analise-do.html?
No ano de 2010 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou os dados
censitários de uma ampla análise desenvolvida pelo POF (Pesquisa de Orçamentos
Familiares), onde, entre outros temas, avaliou a performance da religiosidade do
brasileiro. Na pesquisa foi apontada que, em termos de identidade religiosa, o grupo
que mais cresceu foi dos que se declararam “sem religião”. Algo surpreendente no
Brasil, que sempre se orgulhou de ser o “o maior país católico do mundo”. Além
disso, outro dado divulgado e que muito chamou a atenção, foi a identificação de um
ator social até bem pouco tempo inexistente no extrato religioso em nosso território:
o evangélico nominal, isto é, sem vínculo eclesiástico, ou, como ficou conhecido,
desigrejado. De acordo com o IBGE, já são mais de quatro milhões de evangélicos
em tal situação. São cristãos protestantes, identificados com as doutrinas
fundamentais de fé cristã (creem, portanto, no nascimento virginal de Cristo, na sua
morte expiatória, na ressurreição, na Segunda Vinda e na vida eterna aos fiéis;
celebram a Ceia e passam pelas águas do batismo), mas que se recusam a
congregar, pois não acreditam mais na necessidade e relevância da igreja
institucional.
A amostragem dos dados que comprovam o fenômeno chamou a atenção da mídia
cristã especializada e também da secular , pois, historicamente era conhecido no
que tange ao comportamento dos evangélicos no Brasil, que duas características
sobressaíam: o hábito da leitura da Bíblia e a pertença eclesiástica. Contudo, com a
revelação do contingente impressionante de desigrejados , a noção e o valor da
pertença entre os evangélicos já vem sendo questionada, aproximando-se, portanto,
dos católicos nominais, despertando a curiosidade de pesquisadores das Ciências
da Religião e dos próprios órgãos de imprensa.
A Repercussão
Assim que os dados foram divulgados, uma série de reportagens, livros e sites
começou a circular, tentando entender o fenômeno. A Revista Cristianismo Hoje,
prestigiada publicação cristã e braço brasileiro da Christianity Today, publicou duas
matérias sobre o assunto . Até aí, nada surpreendente, visto ser natural que um
periódico cristão de linha protestante repercutisse um assunto que atinge em cheio a
realidade eclesiástica no Brasil. Entretanto, as Revistas Isto É e Época (esta última
de responsabilidade das Organizações Globo) e também o importante jornal Folha
de São Paulo, publicaram matérias sobre o assunto, evidenciando a importância do
movimento para a compreensão do fenômeno religioso brasileiro. Editoras cristãs
também entraram em cena, propondo reflexões sobre a tendência e, como não
poderia ser diferente em tempos virtuais, sites e blogs também resolveram contribuir
e/ ou tumultuar o debate.
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O Histórico da Repercussão no Brasil
a) Augustus Nicodemus Lopes publica no blog Tempora-Mores, em abril de 2010,
um artigo intitulado “Os Desigrejados” e populariza tanto o conceito quanto o uso do
termo no Brasil. Início de minha pesquisa.
b) Maurício Zágari publica em 2010, na Revista Cristianismo Hoje, artigo intitulado:
“Decepcionados com a Igreja”.
c) Em 2010 a Revista Época publica matéria de capa (A Nova Reforma Protestante)
com evangélicos insatisfeitos com os modelos tradicionais de igreja.
d) Jornal Folha de São Paulo publica, em 2011, matéria intitulada “Cresce o número
de evangélicos sem ligação com igrejas”.
e) Revista Isto É publica, em 2011, matéria de capa “O Novo Retrato da Fé no
Brasil” – nomadismo religioso.
f) Sites como Genizah e Púlpito Cristão multiplicam o assunto nas redes sociais.
Um Fenômeno Mundial (pós-modernidade)
Há no mundo contemporâneo uma crise de pertença, sobretudo, religiosa. Nos
Estados Unidos da América (a maior nação protestante do mundo) e na Europa
(berço das mais conhecidas denominações cristãs, como as Igrejas Anglicana,
Luterana, Presbiteriana, Batista, Congregacional e Metodista, Exército da Salvação,
entre outras) a marcha dos desigrejados é um fenômeno conhecido e discutido.
Obras importantes e outras polêmicas já vieram a lume, visando esclarecer e ou
polemizar a questão. Portanto, longe de ser um movimento isolado manifesto
apenas em nosso país, o que vem ocorrendo é uma expressão nacional de uma
onda de deserção institucional de grandes proporções que alcança o mundo inteiro,
consequência, sem dúvida, da pós-modernidade que questiona e relativiza
afirmações e conteúdos antes considerados absolutos e inegociáveis, gerando,
assim, desencaixe em todas as esferas da sociedade, atingindo todas as expressões
institucionais: partidos políticos, sistemas de governo, utopias, convenções
familiares, casamento, religião, igrejas e etc., pois, conforme denunciou Zygmunt
Bauman, “as estruturas estão se decompondo em face dos Tempos Líquidos” .
Os Números do Fenômeno no Mundo
a) Estados Unidos da América - 20 milhões de desigrejados (pouco mais de 13% da
população protestante que é constituída por mais de 154 milhões de americanos-
51% do total da população do país que está acima de 308 milhões) -
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b) França /1990 – 80% da população se declarava cristã. Em 2007 o percentual caiu
para 57%.
c) Inglaterra / 1999-2000 - 56 % dos entrevistados se declararam ateus ou
agnósticos.
d) Continente Europeu - Apenas 21% dos entrevistados reconhecem a relevância da
religião para a vida.
Os Números do Fenômeno no Brasil
a) 4 milhões são os brasileiros que se declaram evangélicos, mas não têm
vinculação eclesiástica; o percentual de evangélicos nesta situação é de 10%.
b) 62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais, cuja
ênfase é a teologia da prosperidade;
c) 63% dos respondentes declararam que voltariam a se vincular a uma comunidade
que não apresentasse os vícios e malversações que os afastaram da comunhão;
d) 29% dizem que não pretendem manter vínculo com outra igreja novamente;
e) 5,6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.
As Causas do Niilismo Eclesiástico e quem são os Desigrejados?
Por Niilismo Eclesiástico podemos entender como a proposta de muitos cristãos que
“advogam um cristianismo totalmente despido de formas, estruturas e concretude
institucional” . O termo foi empregado por Émile G. Léonard, na obra “O
Protestantismo Brasileiro” . O historiador empregou o termo ao referir-se aos
darbistas, movimento religioso inglês do século XIX, praticante do niilismo
eclesiástico.
Quais as causas e /ou razões para o desengajamento eclesiástico? Por que tantos
cristãos contemporâneos rejeitam o modelo institucional de igreja?
A Decepção e a Crítica
Quando analisamos de perto o fenômeno dos desigrejados, a partir de entrevistas e
publicações editoriais e/ou virtuais, podemos perceber a consolidação de dois
grupos majoritários no cenário: os decepcionados com a liderança e os críticos do
modos operandi da institucionalização da igreja . Os Decepcionados são àqueles
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que sofreram abuso espiritual por parte das lideranças eclesiásticas (pastores,
bispos e apóstolos) nas comunidades de fé onde congregavam ou que se frustraram
com promessas (de cura, libertação, bem-estar pessoal/familiar ou prosperidade
financeira) realizadas em nome de Deus e que nunca se cumpriram. A jornalista
Marília de Camargo César e o teólogo Paulo Romeiro, escreveram obras de
referência quanto ao tema do abuso espiritual e da decepção consequente gerada
nos crentes. Casos de despotismo, dinastia familiar, acepção de pessoas, intrigas,
disputas, coação, manipulação, constrangimento, humilhação, ofensas, ameaças,
mentiras, além do enriquecimento ilícito por parte das lideranças pastorais, são
apresentados na comovente obra de Marília, explicando o porquê muito dos
entrevistados que aparecem em seu livro ficaram profundamente decepcionados
com o que viram, ouviram, presenciaram e experimentaram nas greis em que
dedicaram parte de suas vidas e decidiram, então, abandoná-las.
O livro da jornalista é ao mesmo tempo denúncia, alerta e apelo. Denúncia, pois
revela o que acontece nos bastidores de muitas igrejas, lideradas por figuras
personalistas e que usam as pessoas da congregação como massa de manobra
para se promoverem e enriqueceram e que pouco se importam com as
necessidades e demandas espirituais dos seus membros. É, também, um alerta para
que outras pessoas não sejam enganadas e que não submetam suas vidas a uma
liderança pastoral que comece a demonstrar os mesmos sinais no ministério. Serve
para os próprios pastores, porquanto é notório que muitos começam no pastorado
tendo em mente às melhores aspirações de serviço e vocação, desejosos de
fazerem um trabalho digno e para a glória de Deus, mas que, por motivos variados,
terminaram mudando o foco de seus ministérios, agindo mais como empresários da
fé do que como legítimos pastores, despenseiros da graça de Deus. Mas, a obra de
Marília é, ainda, um apelo. Um apelo para àqueles que estão nas igrejas a olharem
com misericórdia para muitos daqueles que desertaram e que estão longe de serem
apenas pessoas “complicadas” ou “esquisitas”. Que há muitas pessoas assim em
nossas igrejas (e que as deixaram) é indiscutível, mas o que Marília faz é nos
chamar a atenção para muitos que estão fora da igreja e relutam contra a ideia de
um retorno, pois estão machucados, com enormes feridas ainda abertas e
sangrando. Como poderiam, então, retornar para um ambiente que, ao invés de ser
uma comunidade terapêutica por excelência, foi, na prática, causadora de dor,
frustração e mágoa? Não seria, destarte, necessária uma prática pastoral carregada
de amor, perdão, paciência e graça para com os que se encontram em tal situação?
Há, também, os que se decepcionaram com o àquilo que lhes foi prometido e que
não aconteceu. São muitos os casos trazidos à tona pelo pastor, teólogo e doutor
em Ciências da Religião, Paulo Romeiro que, em seu instigante livro,
“Decepcionados com a Graça”, revela em suas páginas a saga de muitos cristãos
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sinceros que caíram nas teias ministeriais de pastores e líderes comprometidos com
a Teologia da Prosperidade e que acreditaram piamente que, seguido um esquema
fixo de obediência irrestrita ao pastor mais a fidelidade / regularidade dizimal,
alçariam uma vida de bem-estar físico, psicológico, familiar e social, com uma
inevitável e inquestionável prosperidade financeira. Entretanto, como se sabe, como
tal, em grande medida, não ocorre, o que vem é frustração, raiva e, em muitos
casos, deserção. Romeiro, inclusive, propõe uma sequência: primeiro “ocorrem o
deslumbramento, a expectativa e a entrega pessoal pela causa e a confiança
despreocupada na proposta do grupo” , mas, conforme declara, “ com o tempo,
porém, vêm os questionamentos relativos à linha de pregação, à administração
financeira ou às questões éticas, provocando o rompimento” .
Contudo, não só de decepcionados o movimento dos desigrejados engrossa,
porquanto nas suas fileiras existem muitos que não possuem nenhum histórico de
decepção (até onde assumem), mas que são ou se tornaram detratores do sistema,
ou seja, críticos do modos operandi e da institucionalização da igreja. Algumas
destas vozes são conhecidas por aqui , enquanto, que, outras, são famosas nos
Estados Unidos da América , mas também já formam discípulos no Brasil . Neste
caso específico o problema não está, segundo eles, nas lideranças eclesiásticas
arbitrárias (estes são apenas parte do problema do cristianismo contemporâneo),
mas sim nas engrenagens funcionais que mantém a igreja em operação no mundo,
pois em face da necessidade de manutenção institucional, a igreja terminou
perdendo seu vigor espiritual e a sua dimensão profética, tornando-se mais um clube
de encontros religiosos, onde se canta, se aplaude, faz-se doações em dinheiros e
assiste-se a palestras irrelevantes.
Templos, os pastores e seus sermões: os grandes vilões.
Para os críticos do modos operandi da institucionalização da igreja, há vários
problemas na mesma e que a prejudica e a distancia do alvo planejado por Jesus
Cristo. Segundo os mesmos, entre os pontos críticos da igreja contemporânea está a
necessidade de construção dos templos. Talvez nada cause mais urticária em um
desigrejado do que um típico templo de alvenaria. Para os desigrejados o templo
“construído por mãos humanas”, não passa de uma corrupção dos propósitos de
Deus para a sua igreja e de uma maldita influência do paganismo grego que existe
desde os primórdios da Era Constantiniana e que entrou no cristianismo, gerando
aquilo que um dos mais habilidosos críticos da igreja contemporânea chama de
“complexo arquitetônico” . Frank Viola é um escritor norte-americano conhecido por
sua indignação com o cristianismo, sendo autor de algumas obras que propõe um
total desmoronamento da igreja como é conhecida hoje . Aliás, segundo o polêmico
escritor, a igreja como a conhecemos não tem direito algum de continuar existindo e
uma das infames práticas que a prejudicam completamente é a construção de
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templos, porquanto carrega o conceito de que igreja é um lugar onde se vai e não os
filhos de Deus, que juntos foram a verdadeira e única eclésia de Jesus Cristo. Tal
conceito, explica Viola, de igreja como lugar sagrado, deriva do ano 190 d.C., onde
Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) passou a ensinar em tais termos, ganhando
força, quando da ocasião da conversão ao cristianismo do Imperador Constantino,
no século IV, porquanto, ao tornar-se cristão, promulga o famoso Edito de Milão (313
d.C), onde a liberdade do culto cristão foi assegurada, abrindo passagem para a
oficialização do cristianismo como religião do Império Romano em anos
subsequentes . Com o fim da perseguição, os cristãos, antes reunidos em casas,
cavernas e outros lugares seguros, passaram a fazer as reuniões em lugares
públicos, desdobrando na construção de templos, os quais muitos foram
incentivados e até mesmo financiados pelo Império Romano.
Quanto aos pastores, no niilismo eclesiástico não há lugar para ministros ou
pastores ordenados. Como a igreja é apenas espiritual e logo, imaterial, sendo,
destarte, despida de sacramentos e ordenações, não há, obviamente, necessidade
para pastores ordenados. Este, então, configura em outra tensão para os
desigrejados, pois, conforme acreditam, o pastor, conforme se conhece hoje, não é
bíblico, porquanto a única vez em que o termo aparece no singular no Novo
Testamento é atribuída a Jesus Cristo (João 10. 11) e quando Paulo aplica a
funcionalidade do “dom de pastor” à igreja, ele o faz empregando o termo no plural
(pastores = Ef 4.11), sugerindo, então, que a prática neotestamentária do pastorado
era exercida em conjunto pelos cristãos dotados com a capacidade de cuidar dos
demais irmãos, não havendo naqueles tempos, em igreja alguma, a figura do pastor
único (pastor - titular; pastor-presidente; pastor-sênior).
Finalmente, na tríade maligna, os desigrejados também criticam o sermão, visto que
na época de Jesus Cristo, as pregações não eram sistematizadas, mas realizadas
de forma espontânea e inesperada, tendo como ponto de partida o cotidiano real das
pessoas nos contextos onde os encontros casuais com Jesus aconteciam, os
desigrejados, então, vêem nesta forma a única legítima para instruir o povo de Deus.
Destarte, nada de liturgia, sermões com introdução, desenvolvimento e conclusão e
elaborados como se fosse uma palestra. Como não poderia ser diferente, enxergam
também neste ponto as garras do Lúcifer, porquanto, afirmam que o sermão
estruturado entrou nas comunidades cristãs por causa dos sofistas gregos, mestres
da retórica e que quando se tornaram cristãos levaram para o ambiente da fé a
prática dos discursos eloquentes, estruturados e comoventes. Nada tendo de cristão,
o sermão, portanto é, também, pagão (segundo os desigrejados).
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Críticos no Brasil?
As vozes discordantes do cristianismo oficial não emitem seus sons apenas dos
Estados Unidos. Há, no Brasil, líderes conhecidos que demonstram sua insatisfação
com os modelos institucionais de igreja cristã. O caso mais conhecido e polêmico é
do pastor Caio Fábio D’Araújo Filho, que, em recente entrevista concedida aos
repórteres de Cristianismo Hoje, declarou que mais de três milhões de pessoas,
muitas delas desigrejadas, abastecem-se de tudo o que é produzido em seu
ministério, o Caminho da Graça, uma alternativa de comunhão cristã, que tem em
Caio Fábio o seu mentor principal . Caio Fábio é hoje um crítico dos mais intensos
da igreja evangélica, e sem cerimônia, afirma que o cristianismo, seja em sua
expressão católica ou protestante, não passa de um fenômeno sociológico, tendo
suas raízes históricas em Constantino. Em seu atual ministério, não há templos
construídos, pastores ordenados, estatutos. Contudo, há locais e horas de
celebração, pregação, louvor e ofertório. Uma demonstração prática que ainda que
se esforcem ao máximo, teóricos do niilismo eclesiástico jamais conseguiram
eliminar por completo formas e estruturas. Um mínimo sempre permanecerá. É
inevitável aos ajuntamentos. Outro desigrejado celebrado por estas terras tupiniquins
é Paulo Brabo, autor de “A Bacia das Almas – Confissões de ex-dependente de
Igreja”, publicada em 2009, pela editora Mundo Cristão.
Nada há, pois, de novo abaixo do sol (Ec 1.9) - O que diz a História da Igreja?
Afinal, o movimento dos desigrejados é novo? Ou, conforme asseverou George
Barna, um entusiasta do movimento nos Estados Unidos, trata-se uma revolução?
Nada como a História da Igreja para ajudar a acalmar os ânimos e colocar sob
perspectivas mais sóbrias determinadas manifestações no seio do cristianismo. Ao
analisar os dois mil anos de história, podemos alistar nada menos que dez
movimentos de deserção eclesiástica. Isso mesmo, dez! E dez, entre outros! De
Montano (século II) a Dietrich Bonhoeffer (século XX), a igreja de Jesus Cristo se
deparou com críticos de seu sistema, ensino, dogmas, doutrina e instituição. Às
vezes por motivos corretos e outras vezes nem tanto, o fato é que muitas vozes
importantes dentro da igreja se levantaram para atacar sua estrutura. Não apenas
propondo uma purificação e santidade, mas até o seu total desaparecimento
institucional. Muitas destas vozes apontaram para algo que hoje os desigrejados
pensam que são os primeiros a fazerem. De quem eram essas vozes? E que
movimentos foram estes? Alistaremos três, em épocas estanques da história: O
montanismo, o joaquimismo e o darbismo.
A insatisfação de Montano (Século II)
Montano foi um sacerdote pagão da região da Frígia (atual Turquia) que se
converteu ao cristianismo por volta do século II. Ao lado de duas profetisas (Priscila
e Maximila) organizou no ano de 155 , um movimento de reação ao cristianismo
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ensinado pelos bispos, herdeiros espirituais dos apóstolos, por considerá-lo por
demais formal, dependente de uma liderança humana e pouco aberto à direção do
Espírito Santo. Acreditando que a igreja estava espiritualmente morta e acusando os
bispos cristãos de “destituídos de vida, corruptos e apóstatas” , Montano se
apresentava como alguém que passava por experiências extáticas, declarando que
o Espírito Santo o usava para falar diretamente aos homens e relativizava o conceito
já crescente na época de que os escritos apostólicos seriam o caminho mais seguro
para se conhecer a vontade de Deus. Aliás, quanto a este ponto, o sacerdote da
Frígia acreditava ser exagerada a ideia de uma supremacia dos textos sagrados
quanto à vontade revelada de Deus, pois, alegava que isto terminaria restringindo a
atuação do Espírito a um mero texto escrito em papel. Além da indisposição com a
institucionalização do cristianismo, cujas expressões eram o fortalecimento do clero
e o conceito de uma ortodoxia, Montano também afirmou que a segunda vinda de
Cristo aconteceria na Frígia.
O montanismo cresceu e se tornou uma alternativa vigorosa na época, uma vez que
os seguidores de Montano conseguiram fundar diversas congregações que
rivalizaram com as comunidades dirigidas por bispos ligados ao cristianismo oficial .
O movimento era chamado de Nova Revelação e Nova Profecia . Sendo acusado de
heresia, Montano e todos os seus discípulos foram excomungados da Igreja Cristã,
configurando, assim, no primeiro caso de divisão da história do cristianismo.
Ecclesia Spirituallis: O Sonho de Joaquim de Fiore (século XII)
Após a virada do milênio muitos foram os questionamentos sobre os rumos do
cristianismo. Havia uma intensa inquietação com o poder e a projeção que a igreja e
o papado alcançaram no mundo. Muito mais do que uma agência de propagação do
Evangelho do Senhor Jesus Cristo e encarnação dos valores do Reino de Deus, a
igreja havia se tornado uma potestade com fortíssima presença na condução da
política dos reinos que existiam na Idade Média. Preocupado com essa presença
institucional foi que um monge cisterciense, nascido na Calábria em 1135, chamado
Giovanni dei Gioachini e conhecido historicamente como Joaquim de Fiore, começou
a pregar e ensinar que haveria de se manifestar no mundo uma nova igreja, despida
de toda materialidade e sem qualquer necessidade clerical e que seria trazida
através da religião dos monges, sendo, destarte, “uma nova Igreja, livre e espiritual,
humilde e silenciosa” , substituindo a “Igreja dos Clérigos e dos doutores” . As ideias
de Joaquim de Fiore germinaram, produzindo muitos joaquimitas que, no decorrer
dos anos, especialmente após a sua morte, em 1202, resistiram fortemente à
hierarquia eclesiástica da igreja romana.
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O Sectarismo de John Nelson Darby (século XIX)-
Nas ilhas britânicas do século XIX, um grupo de cristãos insatisfeitos com o estado
da igreja protestante que consideravam formal e sem vigor espiritual, começou a ler
as Escrituras Sagradas e celebrar a Ceia do Senhor, sem a presença de um ministro
ordenado. Tais manifestações foram espontâneas e descentralizadas, mas, sem
dúvida, o grupo praticante dessa forma livre e desengajada de igreja que ficou mais
conhecido na Inglaterra e, posteriormente, em toda Europa, tornando-se
proeminente, foi o de Plymouth . Seus participantes ficaram conhecidos como os
Irmãos de Plymouth, que mais tarde receberam a alcunha de darbistas, por causa de
um dos seus membros que se tornou um grande defensor das ideias do movimento,
chamado John Nelson Darby (1800-1882). Advogado e teólogo anglicano, John
Nelson Darby uniu-se aos Irmãos em 1821, ao decepcionar-se com a degradação
espiritual da igreja inglesa. Dono de uma mente brilhante, Darby pregava
fluentemente em alemão, francês e, claro, inglês, idiomas em que traduziu o Novo
Testamento. Publicou mais de 50 livros e, em 1848, se tornou a mais importante voz
do movimento dos Irmãos de Plymouth .
Os darbistas acreditavam que a igreja nunca conseguiu se livrar totalmente das
tradições humanas que surgiram no seio da mesma após a morte dos apóstolos e no
início da Patrística. Essas tradições atravessaram os séculos com os Escolásticos ,
os Reformadores , e mesmo entre os Puritanos estiveram presente. Destarte,
propuseram uma eclesiologia que asseveravam estar mais condizente com o Novo
Testamento do que os modelos de igrejas cristãs vigorantes e conhecidas na
Inglaterra até então.
O darbismo insistia no fim do clericalismo e da institucionalização da igreja, o que
considerava graves distorções e desvios dos ensinos do Senhor Jesus Cristo e dos
apóstolos. Entendiam que a igreja é tão somente composta por aqueles que foram
alcançados com a graça de Deus e inseridos em uma grande assembleia de
remidos, e que as tentativas de oferecer a essa realidade real, mas invisível,
qualquer forma concreta de organização eclesiástica (as denominações) não
passavam de invenções humanas.
O darbismo não possuía “organização definida, ordem clerical, confissão de fé nem
qualquer vínculo visível de união” (exceto a Ceia do Senhor), e tampouco presidente
ou ministros ordenados” , o que terminou gerando desconfianças por parte de muitos
quanto ao seu futuro e sobrevivência. Entretanto, a despeito disso, o movimento
cresceu e se espalhou por toda a Anglo-saxônica, chegando à Rússia e demais
países do Leste Europeu, além de Iraque, Japão, China, Índia, Espanha, Austrália,
Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Ilhas Caraíbas, países da África, da
América do Sul e de outros do Extremo Oriente .
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No Brasil, as ideias darbistas chegaram através de Richard Holden, clérigo inglês
que trabalhou como pastor auxiliar do Dr. Robert Reid Kalley na Igreja Evangélica
Fluminense, nos idos de 1871 . Com o desligamento, a pedido próprio, de Ricardo
Holden de suas funções pastorais diante da Igreja Evangélica Fluminense, um grupo
de doze pessoas decidiu também seguir esse caminho , formando um núcleo dos
Irmãos no Brasil em 07 de julho de 1878 . Posteriormente, em 1896, Stuart Edmund
McNair, um inglês de 29 anos de idade, desembarcou no Brasil, organizando
escolas bíblicas onde morava, trabalhando também na área da literatura cristã .
Os três movimentos alistados acima e descritos propositalmente em épocas distintas
da história, revela-nos de que a deserção institucional no cristianismo não é nova e
que sua proposta é persistente, pois reapareceu diversas vezes por parte de grupos
cristãos insatisfeitos.
Afinal, a institucionalização foi/é maligna?
Os desigrejados enxergam na institucionalização do cristianismo a origem de todos
os males da igreja. É inegável que muitos dos problemas enfrentados pela igreja
cristã no decorrer dos séculos, tais como corrupção, mundanismo, proximidade com
poderes temporais, fascínio pela riqueza e, principalmente, pela política, tiveram sim,
sua fonte e origem em meio a um processo de institucionalização, onde,
gradualmente, se perdeu a dimensão e horizonte proféticos. Contudo, isto é apenas
parte da história. E, certamente, tais envolvimentos têm pouca relação com a
instituição e muito mais com a pecaminosidade do coração humano. Há legados
importantíssimos deixados para a posteridade e que foram elaborados em meio aos
processos institucionais pelos quais a igreja passou e que sem os mesmos (que
podem ser vistos como instrumentos da providência divina) o cristianismo ortodoxo
dificilmente sobreviveria até o século XXI, haja vista que nos primeiros séculos da
Era Cristã o mundo era povoado por religiões de mistério que se aproximaram
perigosamente do cristianismo. Muitas heresias procuravam emitir compreensões
acerca da pessoa de Jesus Cristo e não foram poucos os cristãos que se sentiram
atraídos por explicações esotéricas acerca do Salvador, a ponto dos próprios
apóstolos, como Paulo e João, escreverem cartas (colossenses e 1 e 2 epistolas
joaninas), condenando heresias que estavam entrando no seio da igreja. Uma
destas heresias perigosas foi o gnosticismo, uma fórmula que mesclava conceitos do
judaísmo, cristianismo, dualismo grego e religiões de mistério que formavam uma
mistura bombástica que poderia destruir as bases teológicas do cristianismo se não
fossem os Pais Apostólicos , os Apologetas e os Polemistas . Além do gnosticismo,
o cristianismo recebeu também ataques heréticos do ebionismo e marcionismo .
Uma vez que após a morte de João, o último dos apóstolos, a igreja não poderia
contar mais com aqueles que receberam o Evangelho diretamente de Jesus Cristo, a
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necessidade de explicar a fé e de preservar o conteúdo bíblico sem quaisquer
impurezas, levou os Pais da Igreja, a tomarem medidas institucionais para que a
verdade sobre Jesus Cristo, ensinada pelos apóstolos, não se perdesse em meio a
tantas afirmações conflitantes sobre o salvador. Que medidas institucionais foram
essas?
Credo, Cânon e Concílios: Legados da institucionalização do Cristianismo.
Pense em uma época em que qualquer pessoa poderia fazer qualquer afirmação
acerca de Jesus Cristo. Imagine alguém em uma praça pública ensinando que Jesus
Cristo não foi uma pessoa de carne e osso, mas, que, na verdade, possuía apenas
uma aparência humana, quase como a de um fantasma ! Semelhantemente,
fantasie uma espécie de monge ministrando uma palestra para jovens e crianças,
ensinando que o Deus do Antigo Testamento era mal, caprichoso e violento, mais
parecido com um demiurgo e que o Deus do Novo Testamento, o pai amoroso de
Jesus Cristo, era outro Deus absolutamente diferente daquele ser perverso ! Ou,
para espanto geral, considere um pastor ensinando que Jesus de Nazaré era a
encarnação do Pai, isto é, que quem sofreu na cruz não foi o Filho de Deus e, se
não bastasse, afirmasse também que o Espírito Santo fora criado pelo Filho e que
era uma espécie de servo do Pai e, também, do próprio Filho ! Como avaliar tais
declarações em uma época em que os apóstolos não estavam mais vivos para
refutá-las e onde não havia instrumentos que servissem de análise e crivo? Como
defender a fé cristã contra os ataques que vinham de todas as direções e de
diferentes formas ? A resposta da igreja veio de forma gradual, pensada e
sistematizada. Primeiramente, desenvolveram uma síntese doutrinária, onde uma
série de afirmações teológicas sobre Deus Pai, Filho, Espírito Santo e da obra da
redenção entre os homens foi elaborada com a finalidade de tentar explicar o
mistério da fé cristã, defendendo-a das heresias, preservando o conteúdo bíblico,
garantindo-o para toda a posteridade. A síntese ficou conhecida como o Credo
Apostólico.
O Credo dos Apóstolos foi parte do “desenvolvimento da uma regra de fé , ou seja,
“uma declaração de fé para uso público” , sendo o mais antigo documento que
contém as doutrinas fundamentais do cristianismo e uma evidência da necessidade
de instrumentalização da igreja para lidar com os ataques heréticos, uma vez que
não contava mais com a presença dos apóstolos para orientá-la. Roger Olson, autor
da excelente “História da Teologia Cristã” (Editora Vida), reconhece que sem a
estrutura organizacional, da qual o Credo Apostólico foi uma das expressões,
“qualquer pessoa podia corromper os ensinos da igreja pela persuasão e carisma” .
Outra medida por demais importante que preservou a igreja cristã, sendo um marco
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na história do cristianismo foi a oficialização do Cânon do Novo Testamento.
Obviamente, os vinte e sete livros que o compõem não caíram milagrosamente
sobre a cabeça dos cristãos daqueles primórdios e difíceis tempos. Talvez muitos
desigrejados assim pensem! Todavia, a verdade é que o Cânon foi uma medida
institucional para combate/defesa contra heresias, especialmente, o marcionismo
que elaborara um Cânon próprio, onde continham apenas uma variação do
Evangelho de Lucas e as cartas paulinas (sem as epístolas pastorais). Percebendo o
risco de não se ter uma regra de fé que fosse uma verdadeira âncora para o
cristianismo, os Pais da Igreja iniciaram um processo de identificação e
reconhecimento dos textos que verdadeiramente poderiam ser considerados como
inspirados pelo Espírito Santo e reunidos em uma obra e que, à semelhança do
Antigo Testamento, pudesse ser lida, consultada e estudada para explanação,
deleite e edificação da igreja. O processo de canonicidade foi demorado, sendo
concluído apenas no século IV, no ano de 397, quando houve a oficialização do
Cânon do Novo Testamento, promulgado no Concílio de Cartago (atual Tunísia, no
Norte da África).
E falando em concílio, há, também, uma terceira contribuição extraordinária do
cristianismo organizado / oficial/ ortodoxo / institucional (escolha o termo preferido)
para a história da igreja e também da teologia. Trata-se da realização dos Concílios
Ecumênicos! Na verdade, reuniões em que pensadores e bispos dos primeiros
séculos da Era Cristã, em longas e detidas sessões, elaboram os principais
conceitos teológicos do cristianismo. Doutrinas como Trindade e a dupla natureza de
cristo, por exemplo, pertencentes ao núcleo central da fé evangélica, foram
amplamente estudadas, sintetizadas, definidas e explicadas em tais reuniões,
garantindo de forma definitiva uma base teórica extremamente sólida, demarcando o
que era, de fato, o cristianismo bíblico, delineando o que pode ser chamado de
ortodoxia cristã. Os Concílios mais importantes e considerados como normativos
para a igreja são os de Nicéia (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431) e
Calcedônia (451).
Considerações finais
Concluímos, portanto, que o movimento dos desigrejados é tão somente a versão
cristã protestante de um fenômeno mais amplo de desvinculação institucional que
vem ocorrendo mundialmente em diversos segmentos da sociedade, sobretudo, no
campo da religião, sendo, destarte, um reflexo da pós-modernidade. Sendo assim,
não há nada de original na tendência. Também não se trata de uma novidade ou
revolução dentro do cristianismo, pois no decorrer da história diversos movimentos
tentaram despir a igreja de sua materialidade e concretude. Finalmente, a
institucionalização do cristianismo, longe de ser uma obra de satã (conforme os
desigrejados parecem sugerir), trouxe, na verdade, contribuições para a igreja,
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ajudando os cristãos, através do Credo Apostólico, da oficialização do Cânon do
Novo Testamento e das afirmações doutrinárias elaboradas nos Concílios, a
identificarem o que, de fato, era a “fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos” (Jd 3). Neste ponto específico, fica exposta a contradição dos desigrejados
contemporâneos, pois se a institucionalização da igreja foi um dano para o
cristianismo, por coerência, então, o movimento deveria rejeitar consequentemente
seus legados diretos (Credo, Cânon e Concílios). Contudo, por inconsistência ou
conveniência jamais escreveram (até onde se sabe) uma só linha contra tais
expedientes da fé cristã.
O Futuro do Movimento
Qual será o futuro dos desigrejados? É provável que muitos permaneçam
desiludidos e reticentes em retornar à frequência eclesial. Preferirão permanecer no
ceticismo comunitário. Outros, talvez encontrem modelos mais espontâneos e
informais para compartilhar a fé cristã. Há ainda àqueles que retornarão às
comunidades históricas. Após um período de desilusão institucional e de passarem
por experiências sofríveis no anseio de praticar o cristianismo, é provável que
cheguem à conclusão de que a igreja, mesmo com seus defeitos (expressão de
nossa pecaminosidade) é o melhor lugar para congregar, compartilhar e defender a
fé. Previsões e literaturas já foram apresentadas tratando deste problema. O falecido
ministro da Convenção Batista Brasileira, Darci Dusilek, alertou sobre a necessidade
das igrejas desenvolverem ferramentas para trabalhar com aqueles que se
desiludiram com o cristianismo e que se tornaram agnósticos religiosos. O alerta foi
dado em 1997. Não se falava em desigrejados e tampouco é o público a quem
Dusilek se refere, porquanto seu foco é o crente que se desapontou com o
neopentecostalismo e que sem forças para recomeçar a jornada espiritual, poderá
ser auxiliado pelas comunidades mais equilibradas liturgicamente e saudáveis em
sua teologia e prática missional, na esperança e tentativa de uma nova caminhada
nas veredas do Evangelho. Contudo, o alerta de Darci Dusilek pode ser aplicado
também em relação aos desigrejados, isto é, muitos dos atuais desencantados com
a igreja, uma vez percebendo o equívoco do abandono institucional, poderão
recomeçar a vida nas igrejas mais sadias, haja vista que uma parcela significativa
dos desigrejados é constituída por aqueles que sofreram abuso espiritual ou que
tiveram de lidar com ensinos e práticas controvertidas (talvez, até mesmo heréticas),
conforme relatado no primeiro capítulo desta pesquisa. Assim, ao encontrarem uma
comunidade que seja uma antítese a tudo que antes viveram, a reaproximação
eclesial poderá ser provável ou, até mesmo, inevitável.
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Sobre o autor
Idauro de Oliveira Campos Júnior é pastor da Igreja Congregacional de Niterói
(RJ), pós - graduado em Teologia Contemporânea, mestre em Ciências da
Religião pós – graduando em História da Igreja e autor do livro, “Desigrejados
– Teoria, história e contradições do niilismo eclesiástico”. É Colunista do
GENIZAH. idaurocampos@ibest.com.br
Os interessados no assunto encontrarão mais subsídios no livro do autor, disponível no site da editora: