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Novas lutas, novas vitóriasE não querem parar por aí, a associação comunitária pretende lutar para a inserção da Boa
Vista no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com objetivo de incrementar a renda
familiar comunitária e fornecer uma alimentação que valorize a cultura local do umbu e dos frutos
da terra em Manoel Vitorino. Para além das demandas, a Associação da Boa Vista é um destaque no
empoderamento das políticas públicas e apropriação de valores como associativismo e
cooperativismo, a exemplo do crescimento da COOPROAF. O pontapé destas conquistas foi dado
através da cisterna da primeira água, viabilizando o acesso à água potável e garantindo este
direito universal, e recentemente, as tecnologias de segunda água através do Programa “Uma
Terra e Duas Águas” (P1+2), fruto do contrato de patrocínio entre a Petrobras e a Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA), com o Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania.
“Com toda dificuldade o povo planta e tem horta que a cooperativa vem buscar [para o PAA]
que numa viagem só não dá pra poder levar, tem que levar de duas ou três viagens. E agora com
esta cisterna, é que vai produzir mais ainda! E ontem eu tava falando pra COOPROAF: 'agora vocês
pode segurar viu!Porque agora a Boa Vista é a produtiva de Manoel Vitorino em hortaliças, não tem
outro lugar no município pra ganhar da Boa Vista!”, diz a presidenta da associação com muito
ânimo, completada com alegria pelo seu companheiro, Adenilton: “Vamos botar pra comer
verdura!”.
A experiência dessa família e
seu entusiasmo só ratifica o quão
importante é o t rabalho da
Articulação Semiárido Brasileiro
rea l i zado com o apo io dos
financiadores. A relevância e
substancialidade dessas ações
projeta para o semiárido um futuro
promissor de novas perspectivas de
transformação social, embasada
primazmente no protagonismo da
sociedade civil organizada. A ASA
valoriza os costumes, a cultura e os
sabe res dos camponeses e
c a m p o n e s a s d e s s e i m e n s o
semiárido, e clama a todos os
cantos que “É no semiárido que a
vida pulsa! É no semiárido que o
povo resiste!“
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1409
Junho/2013
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Empoderamento popular e políticas públicas na comunidade Boa Vista
O EMPODERAMENTO das políticas públicas pelo
povo sertanejo e camponês é uma realização
significativa da luta pela convivência com o Semiárido e
pela garantia dos direitos à dignidade humana nos
sertões. Com dez anos de existência o Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), que é uma política
pública de fortalecimento da agricultura familiar e
superação da pobreza no Semiárido, experiências
exitosas se espalham pelo campo, iguais a da família de
Vilma Bispo e Adenilton da Silva, moradores da
comunidade de Boa Vista, zona rural do Município de
Manoel Vitorino/BA.
Vilma e Adenilton são agricultores empenhados na produção de hortaliças e do
beneficiamento do umbu, exalando muito amor pelo manuseio com a terra. A família trabalha há
04 anos com o PAA, por intermédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
comercializando sua produção via Cooperativa e Associação. Em 2005, em uma visita do
secretário de Agricultura de Manoel Vitorino/BA - Cristiano Marcelo, à Cooperativa de
Agropecuária Familiar de Canudos (COOPERCUC), surgiu a oportunidade de realizar no município
uma capacitação em produção de derivados de umbu, uma vez que o mesmo tem uma forte relação
com essa fruta além de produzi-la em grande quantidade. Segundo Vilma: “(..) duas pessoas dessa
comunidade [BOA VISTA] participou, gostou, aprendeu a fazer o doce cremoso, o doce de corte, a
compota e a geléia. (...) Aí as duas pessoas que tinham feito o curso desistiu. (...) Mas como a gente
já tinha aprendido com elas, a gente pensou: 'Vamos seguir em frente, não vamos desistir'! Aí
ficamos em três”.
Em 2007, a persistência das experimentadoras levou à parceria com a Cooperativa Mista
Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (COOPASUB) dando início ao
primeiro contato com o PAA, que representaria mais tarde o alicerce da Associação de Boa Vista. As
vendas geraram o primeiro lucro, mas não foram a frente devido a necessidade em cooperar para
dar continuidade à proposta. “Não, não adiantava a cidade Manoel Vitorino ir cooperar em
Conquista, sendo que aqui pode criar uma cooperativa”, diz Vilma ao recordar a retomada e
fortalecimento da Associação Boa Vista no que se refere a comercialização via PAA.
Vitória da
Conquista
Realização Patrocínio
Vilma e outras companheiras cooperadas da Boa Vista
Entrega de produção diversificada ao PAA orgulha comunidade
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Articulação Semiárido Brasileiro – BahiaBoletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Organizar para fortalecer
Após um processo de organização da
associação a qual Dona Vilma e Sr. Adenilton
fazem parte , a lgumas v i tór ias foram
alcançadas, como a aprovação de “107 mil reais,
beneficiando 24 agricultores, sendo 3 com
hortaliças, 4 com melancia e o restante com
derivados do umbu. Foi entregue para 4
entidades, sendo o ISFA e 3 colégios.
Terminamos a proposta, em 2010 criamos a
Cooperativa, e em um ano, ela legalizou”, conta
a agricultora.
O associativismo e o cooperativismo
combinados geraram na comunidade de Boa
Vista uma valorização dos agricultores e
agricultoras, que reconhecem que a agricultura familiar em consonância com as políticas de
convivência com o Semiárido é uma aposta que dá certo. “Agora em 2012, a gente mandou a
proposta maior com a COOPROAF e tá executando ainda, com 60 agricultores entregando pro
PAA, beneficiando 17 entidades sendo associação, grupo religioso, ISFA e colégios de Manoel
Vitorino e região. A gente tá vendendo derivados de umbu - doce, compota e a geleia, hortaliças e
agora também banana e melancia”.
Atualmente, Vilma é presidenta da Associação de Boa Vista, e se orgulha no crescimento da
sua entidade e comunidade: “Hoje nossa associação conta com 100 associados e é organizada,
começou com 15 associados e tem gente de outras comunidades que querem se associar aqui, e
eu falo: “Não, vocês tem que fortalecer a comunidade de vocês!”. Adenilton também se alegra em
perceber que a força da luta está representada no
crescimento da comunidade: “Duas entidades que
começaram sozinhas, a Associação da Boa Vista e a
COOPROAF e hoje estamos aí!”.
A ocupação pelo agricultor e agricultora no
devido espaço dentro da política pública, trouxe
mudanças para a família, conferindo autonomia e
fortalecimento da agricultura familiar, “às vezes eu
tinha que tá afastado daqui pra São Paulo, Jequié...
Trabalhei muito em São Paulo, porque a gente não
tinha projetos pra desenvolver. Eu tenho 15 anos que
eu moro aqui e hoje eu vejo a Boa Vista com outros
olhos. De dez anos pra trás, eu trabalhava pros outros
(...), E hoje não, trabalho fora... só se querer, se eu
quiser tentar... eu vou e enfrento, mas enquanto tiver o PAA, vai continuar como tá dando 'certim'”.
Amor à terra: resistência rural
Além de acreditar na agricultura como fonte de vida, Adenilton também aproveita para por
em prática novas formas de cultivo, utilizando a sabedoria popular através da Agroecologia: “A
gente trabalhando certinho com a verdura sem agrotóxico é coisa de primeiro mundo! A gente
trabalha com produto natural da gente mesmo, com este adubo que é o biogeo da ASA, que é um
remédio bom, não para matar, mas para afastar o inseto”, explica o agricultor com a certeza de
que a troca de saberes promovida pelos cursos que integrou nos projetos da ASA foi vital ao
manejo saudável de sua produção. “O biogeo fortalece a planta pra a vegetação da raiz sair mais
rápido. É uma coisa natural, sem produto químico e é feito com quê? Com comida, rapadura, cana,
fubá de milho, só coisas boas que vem pra alimentar. E ainda melhor, o esterco! Muito bom, se
depender de mim, topo trabalhar até onde chegar”, complementou Adenilton.
Sem utilizar nenhum tipo de agrotóxico, Adenilton e Vilma querem espalhar a agroecologia
a todos os moradores e integrantes da grande família da Boa Vista ajudando a todos diretamente
com práticas agroecológicas. São experiências positivas de resistência e amor à terra como a
deste casal que inspiram agricultores e agricultoras a buscarem novas possibilidades através da
agricultura familiar, a lutar pelo apoio para a Convivência com o Semiárido e ao acesso à política
pública. “Se for pra eu sair daqui pra cidade, eu prefiro sair daqui pra ir mais pra dentro da roça! Pra
mim morar numa cidade, que não tem emprego... Prefiro ficar aqui no meu sossego.”, finaliza com
orgulho o agricultor.
Entrega semanal da produção para cooperativa via PAA
Adenilton e filho em horta familiar
Vilma, agricultora experimentadora na horta familiar
Produção agroecológica é experimentada na Boa Vista