Post on 04-Jul-2015
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A ARTE NO
SÉCULO XIX
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ÍNDICE
Literatura – página 3
Música – página 5
Arquitectura – página 6
Pintura – página 8
Escultura – página 10
Artes Decorativas – página 12
Design – página 14
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LITERATURA
A actividade literária do século XIX é verdadeiramente
impressionante, não só pela diversidade ou pela qualidade
como também pela quantidade! Aqui, novamente a disputa
entre o Romantismo e o Realismo, entre o antigo e o novo,
entre a forma e o conteúdo.
A literatura nesta época é caracterizada por uma
maior liberdade na inspiração e uma maior consciência
científica na reflexão. Estes dois caracteres, sucedendo-se
em preponderância, subdividem este movimento em dois
períodos: o primeiro que se pode chamar romântico, o
segundo que se pode designar como crítico (realismo,
naturalismo). Ambos, em Portugal como na Europa,
representam uma regressão à Natureza: no primeiro
período sob uma forma tumultuária e inconsciente, no
segundo sob uma forma reflexa e filosófica. Daí a
superioridade da epopeia e do drama no primeiro, e do
romance e da crítica no segundo.
O Romantismo português está sobretudo ligado a
Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de
Castilho. Obras como: Frei Luís de Sousa e as Folhas Caídas
são tipicamente românticas.
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O Realismo está relacionado com Antero de Quental,
Eça de Queirós e Oliveira Martins (Geração de 70). Esta
geração agitou a literatura portuguesa e de modo mais
amplo, a própria cultura portuguesa na célebre Questão
Coimbrã. Portugal Contemporâneo (Oliveira Martins), Os
Maias (Eça) e Odes Modernas (Antero de Quental) são os
principais exemplos deste movimento.
Para Eça, o Realismo “é a negação da arte pela arte; é
a proscrição do convencional, do enfático e do piegas” e “É
a crítica do homem (…) para condenar o que houver de
mau na nossa sociedade”. Este testemunho foi dado na 4ª
Conferência do Casino intitulada “A Literatura Nova – O
Realismo como Nova Expressão de Arte” em que Eça era o
orador principal, a 12 de Junho de 1871 (nota: este discurso
é uma reconstituição pois o texto original perdeu-se).
O Séc. XIX é considerado o século das disputas
literárias e da evolução do português que se falava
antigamente para o português que falamos moderno. Por
exemplo, em "Os Maias" a linguagem é perfeitamente
acessível a todos os jovens ainda que tenha sido escrito há
119 anos!
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MÚSICA
O Século XIX foi dominado pela música tipicamente
romântica. O seu objectivo era apelar aos sentimentos e a
verdades mais profundas que só poderiam ser alcançados
pela arte, no caso, pela música. Romântico nesta época,
não está relacionado com o sentimento de amor com o qual
é conotado hoje em dia, mas está intimamente ligado a
uma visão sonhadora da realidade.
No campo da música, sobressaem nomes de grandes
compositores do século XIX, tais como:
Ludwig van Beethoven (1770 - 1827)
Frédéric Chopin (1810 – 1849)
Richard Wagner (1813 – 1883)
Giuseppe Fortunino
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Francesco Verdi (1813 – 1901)
Peter Ilyich Tchaikovsky (1840 - 1893)
Achille-Claude Debussy (1862 –1918)
ARQUITECTURA
A arquitectura de todo o século XIX assistiu a uma
série de crises estéticas que se traduzem nos movimentos
chamados revivalistas: ou pelo facto das inovações
tecnológicas não encontrarem naquela contemporaneidade
uma manifestação formal adequada, ou por diversas razões
culturais e contextos específicos, os arquitectos do período
viam na cópia da arquitectura do passado e no estudo de
seus cânones e tratados uma linguagem estética legítima
de ser trabalhada.
O Parlamento inglês é uma das realizações mais
exemplares da arquitectura revivalista inglesa.
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O primeiro destes movimentos foi o já citado
neoclássico, mas ele também vai se manifestar na
arquitectura neogótica inglesa, profundamente associada
aos ideais românticos nacionalistas. Os esforços revivalistas
que aconteceram principalmente na Alemanha, França,
Inglaterra, por razões especialmente ideológicas, viriam
mais tarde a se transformar em um mero conjunto de
repertórios formais e tipológicos diversos, que evoluiriam
para o ecletismo, considerado por muitos como o mais
decadente e formalista entre todos os estilos históricos.
A primeira tentativa de resposta à questão tradição
contra industrialização (ou entre as artes e os ofícios) se
deu pelo pensamento dos românticos John Ruskin e William
Morris, proponentes de um movimento estético que ficou
conhecido justamente por Arts & Crafts (cuja tradução
literal é "artes e ofícios"). O movimento propôs a pesquisa
formal aplicada às novas possibilidades industriais vendo no
artesão uma figura de destaque: para eles, o artesão não
deveria ser extinto com a indústria, mas tornar-se seu
agente transformador, seu principal elemento de produção.
Com a diluição dos seus ideais e a dispersão de seus
defensores, as ideias do movimento evoluíram, no contexto
francês, para a estética do “art noveau”, considerado o
último estilo do século XIX e o primeiro do século XX.
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PINTURA
Ao nível da pintura, evoluiu-se do Romantismo para o
Realismo (opostos). Na segunda metade do século,
apareceu o Impressionismo.
Assim, passou-se de um estilo no qual a forma era o
mais importante (muitas vezes falseava-se o conteúdo para
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obter mais bonitas formas) – Romantismo – para um estilo
onde o conteúdo passou a ter maior preponderância (tudo
passou a ser retratado com maior rigor, eventualmente,
científico) – Realismo. As principais figuras da pintura desta
época são ainda hoje muito reconhecidas por todos. A
forma mais extrema do Realismo é o Naturalismo (retrato
exacto da Natureza).
Em Portugal, Aurélia de Sousa (que dá o nome à nossa
escola) é considerada uma das mais conceituadas
naturalistas, nomeadamente com o seu auto-retrato, na
imagem) símbolo da ESAS.
Aqui ficam alguns dos pintores mais conhecidos:
Eugène Delacroix (1798 –1863) - Romantismo
Paul Cézanne (1839-1906) - Pós-Impressionista
Claude Monet (1840 – 1926) - Impressionista
(fundador)
Pierre-Auguste Renoir (1841 – 1919) - Impressionista
Vincent Van Gogh (1853 – 1890) - Pós-Impressionista
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Delacroix, A Liberdade guiando o Povo, 1830
Van Gogh, O Café Terrace na praça do fórum, Arles, à noite,
1888
ESCULTURA
Se a posteridade quisesse admitir como válidos os
juízos que lhe transmite a moda duma época, a Itália teria
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possuído então umdos maiores escultores da sua história:
Cánova. Um concerto de admirações erguia-se em volta
dele. Napoleão, que ele representou em estado de nudez
heróica, Paulina Borghèse, igualmente nua, mas mais
frívola, e o Papa foram os seus modelos. Para os
contemporâneos, ele simbolizou a pureza do antigo. Temos
hoje dificuldade em conceber tal unanimidade, porque
sentimos em extremo a frieza desta escultura, de que se
apagou todo o modelado e, com ele, o sentimento da vida.
O que preferimos de Cánova são os nus grá-ceis, em que o
artista tão bem traduziu a morbidez da carne. No meio
romano o rival de Cánova foi o dinamarquês Thowaldsen,
mais másculo, mas não menos frio. A Alemanha opunha-lhe
Trippel, perdido nas brumas das suas ambições gigânteas.
Mais tarde, os talentos de Schadow e do seu discípulo
Ranch, embora menores, levantaram de novo a reputação
deste país. O que eles fizeram na Alemanha tem uma graça
verdadeira, despojada de enfeites, mas sem resvalar no
exagero. A estátua mortuária da Rainha Luísa da Prússia
pelo segundo deles é uma obra ao mesmo tempo deliciosa
e emotiva: símbolo da beleza lastimosa vencida pela morte.
Quanto aos franceses, que tiveram a fortuna de achar mais
tarde, nas grandes empresas do Império, um emprego
frutuoso dos seus talentos, não é lícito menosprezá-los
embora se apaguem um pouco com a adopção do
anonimato. Mas, quando consideramos hoje as suas
estátuas e os seus bustos, admiramos a soma de ciência
que testemunham e, se escapam — o que raro sucede — à
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frieza, um lindo sentimento de vida. Neste aspecto, o lionês
Chinard deu-nos dos seus contemporâneos amáveis efígies.
No entanto, se se considerar a qualidade constantemente
mantida pela escultura francesa, o Império surge afinal
como um período vão.
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ARTES DECORATIVAS
O azulejo neoclássico, inspirado na pintura a fresco,
apresenta efeitos decorativos singelos e de cores variadas
produzidas pela Real Fábrica do Rato e pelo pintor
Francisco de Paula e Oliveira. Mas é a conjugação de
plumas, fitas e grinaldas, enquadrando pequenas cenas,
pintadas a azul ou roxo sobre fundo branco, que caracteriza
este período.
Após a revolução liberal, emerge a burguesia, e com
ela os prédios de rendimento, decorados por azulejos de
características semi-industriais e simplificados.
A produção industrial (estampilha manual ou
industrial) vai apresentar séries decorativas repetitivas, que
irão ser utilizadas em muitas povoações. Sobressai Luís
Ferreira, o Ferreira das Tabuletas, e José da Silva, que
evocam a azulejaria do passado.
Rafael Bordalo Pinheiro, na Fábrica de Faianças das
Caldas da Rainha, realiza azulejaria relevada, quer
naturalista, quer revivalista ou Arte Nova, caracterizada
pelos magníficos vidrados e esmaltes.
A Arte Nova teve em José Jorge Pinto um característico
pintor de painéis figurativos, para além de inúmeros frisos e
composições que decoram fachadas urbanas.
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Painel de azulejos de Vieira da Silva no átrio da estação do
Metropolitano da Cidade Universitária
A azulejaria Art Déco, geometrizante, é produzida nas
fábricas de Sacavém (decoração aerografada) e Lusitânia
(decoração relevada), em Lisboa.
Jorge Colaço, revivalista, pinta cenas historicistas e
saudosistas (Palace Hotel do Buçaco).
A partir dos anos 40, uma nova tendência se desenha
no azulejo: Jorge Barradas é o seu iniciador, mas outros
nomes se evidenciam também, como Manuel Cargaleiro,
Querubim Lapa e Almada Negreiros.
Os arquitectos, influenciados por Keil do Amaral,
redescobrem o azulejo, introduzindo obras tão
diversificadas como as de Maria Keil, Sá Nogueira, Júlio
Pomar, Relógio, Eduardo Néry, Resende, onde motivos
figurativos geométricos e abstractos se conjugam com a
busca da expressividade proporcionada.
Ao contrário do azulejo, as restantes artes decorativas
obedecem a ritmos de desenvolvimento mais lentos,
persistindo, assim, por longo tempo, soluções maneiristas
ou de gosto indo-português. Pela sua função utilitária ou
sumptuária, convertem-se em agentes de um décor
barroco.
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DESIGN
A Rainha Vitória (1837-1907) da Grã Bretanha marcou
uma era muito importante para a cultura inglesa: a Era
Vitoriana. No seu reinado as artes, as ciências e a
tecnologia foram desenvolvidas em um espaço de tensão
entre a tradição do passado e a modernidade. O estilo
vitoriano, do qual os ingleses se orgulharam, se estendia
aos objectos, móveis, roupa, tecidos, gráfica, arte,
arquitectura, paisagismo e design de interiores. Sua
influência chegou a muitos outros continentes e durou mais
de um século.
O pensamento de John Ruskin (1819-1900), crítico de
arte e medievalista, as obras de A.W. Pugin (1812-1852)
arquitecto e designer e de William Morris (1834-1896)
tiveram uma grande influência sobre o design vitoriano.
Todos eles proclamaram a importância da relação entre
arquitectura e design que existia na cultura clássica greco-
romana e medieval. Este saudosismo de tempos passados,
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era parte da cultura romântica da época, mas também
revelava o medo do presente e do futuro cada vez mais
tomado pelas máquinas de ferro.
A sociedade industrial era orgulhosa do progresso
material que trazia a Revolução Industrial. Mas muitos
pensavam que este progresso material deixava de lado as
preocupações espirituais e que assim ameaçava o tecido
social. Ruskin encontrava na arte a possibilidade de
devolver o equilíbrio entre o progresso material e espiritual.
Ele escreveu muitos livros de história e crítica de arte que o
gosto vitoriano encontrava moralmente edificante. Estes
livros instruíram á classe média britânica na ideia da arte
como reflexo das condições morais de uma sociedade: "o
sinal visível da virtude nacional" (EFLAND, A., 1990).
Ruskin via a arte como a imitação da natureza, além
disto devia proporcionar também prazer. Mas aquilo que
tornava um objecto em uma obra de arte era o propósito
moral: a maior quantidade de grandes ideias. Para Ruskin
as obras de arte são encontros com as grandes ideias. Por
causa disto ele defendia a importância de viver em
ambientes altamente estéticos.
O arquitecto Pugin levou as ideias de Ruskin ao plano
do design. Como Ruskin, Pugin propunha um design
baseado na utopia regressiva do retorno à beleza da
natureza, em oposição às novas tendências que exaltavam
a beleza das máquinas. Eles sentiam aversão pelas
tendências arquitectónicas marcadas pelo Palácio de
Cristal. Para Ruskin e Pugin a beleza devia expressar uma
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função social: "só pode ser belo aquilo que é bom", esta era
uma ideia medieval que explicava a beleza como a
materialização do bem.
Nas artes, o movimento Pré-rafaelista, que tentava
retornar á simplicidade e sinceridade da arte foi o que
melhor representou a estética e moral vitoriana.
O gosto vitoriano cresceu no coração da burguesia
britânica do século XIX. Na arquitectura, na decoração, no
paisagismo e nas artes gráficas e nos objectos
predominaram as formas orgânicas estilizadas de linhas
marcadas e os arabescos com decoração austera e volumes
geométricos.